ESTUDO LIGA DESCRENÇA RELIGIOSA A QI ALTO

sexta-feira, 27 de junho de 2008 3 comentários


BBC Brasil, 25.06.2008.

Um artigo de pesquisadores europeus, que será publicado na revista acadêmica Intelligence em setembro, defende a tese de que pessoas com QI (Quociente de Inteligência) mais alto são menos propensas a ter crenças religiosas.

O texto é assinado por Richard Lynn, professor de psicologia da Universidade do Ulster, na Irlanda do Norte, em parceria com Helmuth Nyborg, da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, e John Harvey, sem afiliação universitária.

Lynn é autor de outras pesquisas polêmicas, entre elas uma sugerindo que os homens são mais inteligentes do que as mulheres.

A conclusão é baseada na compilação de pesquisas anteriores que mostram uma relação entre QIs altos e baixa religiosidade e em dois estudos originais.

Em um desses estudos, os autores compararam a média de QI com religiosidade entre países.

No outro estudo, eles cruzaram os resultados de jovens americanos em um teste alternativo de habilidade intelectual (fator g) com o grau de religiosidade deles.

Na pesquisa entre países, os pesquisadores analisaram média de QI com o de religiosidade em 137 países. Os dados foram coletados em levantamentos anteriores.

Os autores concluíram que em apenas 23 dos 137 países a porcentagem da população que não acredita em Deus passa dos 20% e que esses países são, na maioria, os que apresentam índices de QI altos.

Exceções

Os pesquisadores dividiram os países em dois grupos.

No primeiro grupo, foram colocados os países cujas médias de QI são mais baixos, variando de 64 a 86 pontos. Nesse grupo, uma média de apenas 1,95% da população não acredita em Deus.

No segundo grupo, onde a média de QI era de 87 a 108, uma média de 16,99% da população não acredita em Deus.

Os autores argumentam que há algumas exceções para a conclusão de que QI alto equivale a altas taxas de ateísmo.

Eles citam, por exemplo, os casos de Cuba (QI de 85 e cerca de 40% de descrentes) e Vietnã (QI de 94 e taxa de ateísmo de 81%), onde há uma porcentagem de pessoas que não acreditam em Deus maior do que a de países com QI médio semelhante.

Uma possível explicação estaria, segundo os autores, no fato de que "esses países são comunistas nos quais houve uma forte propaganda ateísta contra a crença religiosa".

Outra exceção seriam os Estados Unidos, onde a média de QI é considerada alta (98), mas apenas 10,5% dizem não acreditar em Deus, uma taxa bem mais baixa do que a registrada no noroeste e na região central da Europa – onde há altos índices médios de QI e de ateísmo.

Lynn diz que uma explicação para o quadro verificado nos Estados Unidos pode estar no fato de que "há um grande influxo de imigrantes de países católicos, como México, o que ajuda a manter índices altos de religiosidade".

Mas ele reconhece que mesmo grupos que emigraram para os Estados Unidos há muito tempo tendem a ter crenças religiosas fortes e diz que, simplesmente, não consegue explicar a realidade americana.

Generalização

Os autores argumentam que essa relação entre QI e descrença religiosa vem sendo demonstrada em várias pesquisas na Europa e nos Estados Unidos desde a primeira metade do século passado.

Eles citam, também, uma pesquisa de 1998 que mostrou que apenas 7% dos integrantes da Academia Nacional Americana de Ciências acreditavam em Deus, comparados com 90% da população em geral.

Lynn admitiu à BBC Brasil que os resultados apontam para uma "generalização" e que há pessoas com QI alto que têm crenças religiosas fortes.

Segundo ele, há vários fatores, como influência familiar ou pressão social, que influenciam a religiosidade das pessoas.

"Nós temos que diferenciar a situação hoje com outros períodos da história. As pessoas tendem a adotar uma atitude de acordo com a sociedade em que vivem. Hoje em dia, na Grã-Bretanha e em outros países europeus, não há tanta pressão da sociedade para que você acredite em Deus", afirma.

Uma das hipóteses que o estudo levanta para tentar explicar a correlação entre QI e religiosidade é a teoria de que pessoas mais inteligentes são mais propensas a questionar dogmas religiosos "irracionais".

Dúvidas

O professor de psicologia da London School of Economics, Andy Wells, porém, levanta questões sobre a tese.

"A conclusão do professor Lynn é de que um QI alto leva à falta de religiosidade, mas eu acredito que é muito difícil ter certeza disso", afirma.

De acordo com Wells, vários estudos já demonstraram que pessoas com níveis de QI altos tendem a ter níveis de educação mais altos.

"E quanto mais educação as pessoas têm, é mais provável que elas tenham acesso a teorias alternativas de criação do mundo, por exemplo", afirma Wells.

O jornal de psicologia Intelligence, publicado na Grã-Bretanha, traz pesquisas originais, estudos teóricos e críticas de estudos que "contribuam para o entendimento da inteligência". Acadêmicos de universidades de vários países fazem parte da diretoria editorial.

Além de não ser totalmente conclusiva e merecer, inclusive, questionamentos científicos, a pesquisa do professor de psicologia da Irlanda do Norte reflete a realidade de um mundo cético. O que importa, para os racionalistas da nossa época, é conhecimento secular que propicia uma suposta liberdade de negar tudo e criticar toda e qualquer crença sobrenatural. Ou seja, você só é livre para pensar se for descrente. Se tiver um alto nível de ceticismo, então terá maiores chances de encontrar as respostas para os seus dilemas e dúvidas sobre a própria existência.
O interessante é que esse ceticismo é marcado, principalmente, por duas questões:
1) A imagem que se tem hoje de religião é grandemente influenciada pela história da igreja predominante ao longo dos séculos, portanto quando se fala em religião logo se associa à Igreja Católica Medieval e seu modo de agir que realmente é questionável e causa mais ojeriza do que apreciação pelos pensadores. Só que essa não é a religião descrita pela Bíblia.
2) Acredita-se que a religiosidade e a espiritualidade não sejam necessários à vida humana, quando, na verdade, já se mostrou, até cientificamente de certa forma, a importância de atitudes totalmente não explicáveis sob o ponto de vista físico como a oração e a fé. Eu não consigo imaginar que uma pessoa é mais inteligente do que outra ou tem uma capacidade maior de raciocínio, lógica, entre outras aptidões, porque é descrente no que se refere à religiosidade.

Isso não faz sentido, já que, se você ler algum dos episódios envolvendo Jesus Cristo, perceberá a inteligência em seu nível máximo na maneira de lidar com as pessoas e de resolver situações. E, pelo que consta, Jesus Cristo era extremamente crente no poder divino e na Sua missão. Amplamente digna de ser posta em dúvida ess conclusão do professor de psicologia da Irlanda do Norte.

ALERTA SOBRE PROJETO QUE CRIMINALIZA A HOMOFOBIA

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O artigo abaixo chegou até o blog através de Marcos Bomfim, pastor e terapeuta familiar. É interessante na medida em que questiona o teor de uma legislação como a que tramita no Senado e prevê prisão, inclusive, para quem for condenado por homofobia (aversão aos homossexuais e homossexualismo).
Penso que os cristãos não devem discriminar homossexuais nem qualquer pessoa seja qual for sua orientação sexual, partidária ou religiosa, mas isso não significa que todos precisam aceitar o homossexualismo como prática normal e digna de imitação para suas vidas. Então o risco existe em qualquer tipo de legislação que pode ferir o princípio da liberdade de expressão.

IDADE MÉDIA DE ROUPA NOVA

Mas a cabeça é a mesma...


A Idade Média está tentando voltar, e com muita força! Imagine se alguém for preso apenas por declarar que não aprecia o horário de verão ou porque acha que pintar o cabelo é errado! Pois isto um dia pode acontecer, e o primeiro passo já está sendo dado!

Sem que a maioria dos cidadãos se dêem conta, tramitam em nosso legislativo alguns projetos de lei que, se aprovados, darão o primeiro passo para que o brasileiro finalmente perca o direito à liberdade de pensamento e ao alienável direito de crença. E isto pode afetar não somente aos evangélicos ou religiosos em geral, mas, em uma segunda instancia a toda a sociedade. A fachada, aparentemente boa nas intenções, é incentivar a diversidade e evitar a discriminação, mas se aprovados, criarão um precedente que abrirá portas a uma série de arbitrariedades totalitárias que seguramente atentarão contra as liberdades mais fundamentais.

O primeiro projeto, que tramita no Senado (PL 122/06), “prevê detenção de um a três anos para quem for condenado por injúria ou intimidação ao expressar um ponto de vista moral, filosófico ou psicológico contrário ao dos homossexuais”, de acordo com uma informação do noticiário eletrônico do site da Missão Portas Abertas (grifo nosso), uma instituição cristã internacional que milita a favor da liberdade religiosa (veja em www.portasabertas.org.br). Note que o projeto condena quem se expressa de modo contrário à visão moral, filosófica ou psicológica dos homossexuais!

É lógico que praticamente todos seriam a favor de projetos que penalizassem aqueles que discriminam ou maltratam um homossexual, mas esse não é o caso. O projeto tem como objetivo penalizar quem pensa diferente e se expressa de acordo com o que pensa, e isso é muito sério, se pensamos em sociedades democráticas e igualitárias!! Hoje em dia se faz troça até do Presidente da República, fala-se abertamente a respeito de ideologias políticas, mas posicionar-se a respeito de suas convicções morais e filosóficas poderá ser perigoso!!

E é para este detalhe que precisamos estar alerta! Na prática, este projeto determina que “a pregação de alguns trechos da Bíblia poderá ser criminalizada, a despeito das diferentes interpretações de correntes doutrinárias”, diz o noticiário da Missão Portas Abertas. Qual será o próximo alvo? E se os leitores da Bíblia se organizassem e propusessem a proibição da divulgação dos ideais homossexuais? Todos devem ser iguais perante a lei.

É bom que você saiba que “o PL 122/06 está prestes a ser votado pelos senadores e em seguida seguirá para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para se tornar lei. O governo é favorável à criação desta nova lei e seu posicionamento está claramente expresso no programa ‘Brasil Sem Homofobia.” (Noticiário Missão Portas Abertas).

O segundo projeto que tramita na Câmara, o PL 6418/2005, “prevê aumento da pena em um terço para qualquer um que fabrique, distribua ou comercialize quaisquer pontos de vista contra homossexuais, sejam impressos ou verbais. No caso de materiais impressos, a nova lei prevê o confisco e a destruição dos mesmos, o que expõe a Bíblia Sagrada ao risco de ser recolhida e destruída pelas autoridades brasileiras. No caso de transmissões televisivas ou radiofônicas, a lei prevê a suspensão delas.” (Noticiário Missão Portas Abertas, ênfase nossa).

E você ainda achava que este tipo de coisa tinha ficado bem longe, no passado, escondido debaixo da poeira da Idade Média? Pois é, este mesmo projeto de lei ainda estabelece que quem financia (ou dá ofertas) a publicações ou a pessoas que “transgridam” a esta lei, poderá ser condenado a uma pena de dois a cinco anos de prisão!

Sobre este assunto, a VINACC (Visão Nacional para a Consciência Cristã) pondera que “ao afirmar que toda e qualquer manifestação contrária ao homossexualismo, incluindo aqui sermões e textos bíblicos que se posicionam contra as práticas homossexuais, como se constituíssem crime de homofobia – isto é, violência contra os homossexuais – o projeto está a estabelecer no Brasil o mais terrível tipo de legislação penal, típica de Estados totalitários, os crimes de mera opinião”.

Isto, é lógico, contraria totalmente nossa Constituição Federal de 1988, que no seu artigo 5º, inciso VI, afirma: "É inviolável a liberdade de consciência e de crença". Se aprovados, estes projetos abririam um terrível precedente, que poderia no futuro ser utilizado inclusive contra aqueles que o propõem.

Seguindo a este mesmo tipo de pensamento totalitário, daqui a pouco poderá ser preso e multado quem não gostar do horário de verão, por exemplo (eu estaria preso por isso...), ou simplesmente quem for contrário ao novo imposto que substitui a CPMF. Como cristãos, devemos ser os maiores defensores da liberdade de pensamento, inclusive a daqueles que pensam de modo diferente em relação ao nosso, como é o caso dos homossexuais. Quando vivemos em sociedade não podemos fazer o que queremos. Existem regras que devem ser obedecidas para o bem comum. E o desrespeito a estas regras deve ser penalizado com rigor. Mas até quando alguém poderia ser preso apenas por expressar uma opinião? O que estes projetos propõem, é uma zombaria aos direitos individuais mais básicos do cidadão.

Para entender o absurdo destes projetos, basta inverte-los e propor que receba as mesmas penas todo aquele que manifestar injúria ou intimidação ao expressar um ponto de vista moral, filosófico ou psicológico contrário à Bíblia ou às pessoas que a aceitam como regra de fé. Do mesmo modo, qualquer publicação contrária à Bíblia ou aos cristãos, receberia tratamento semelhante aos textos contrários às práticas homossexuais. Não temos todos direitos iguais? Você já pensou aonde vamos chegar quando alguém for preso apenas por pensar diferente? É este o tipo de país que desejamos para nossos filhos?

Na Idade Média a Igreja dominante utilizava-se do poder civil para cercear as consciências e perseguir aos “hereges”, ou seja aos que pensavam de modo diferente. Naquele tempo, o objetivo era converter todas as pessoas e países, e não se tinha liberdade para se divergir. Muitos foram presos, torturados e mortos simplesmente porque resolveram preservar a liberdade de consciência.

Agora, em lugar da Igreja medieval está uma outra religião querendo fazer silenciar aos seus “hereges”. Tomara que o bom senso prevaleça, e que nossos representantes, sejam eles cristãos, ateus ou mesmo homossexuais, saiam em defesa da justiça e da liberdade, sempre que ela estiver sendo ameaçada, e por quem quer que seja. Quanto a mim, prefiro ficar com o lema do governo: “Brasil, um país de todos”!

IGREJA DEVOLVE DOAÇÕES DE FIEL QUE FICOU NA MISÉRIA

terça-feira, 17 de junho de 2008 0 comentários

Consultor Jurídico, maio 2008.

A Igreja Universal do Reino de Deus está obrigada a devolver R$ 10 mil para a costureira Maria Pinho que lhe entregou todo seu patrimônio e hoje amarga a miséria. A decisão é da 4ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, por maioria de votos. Ainda cabe recurso.

Para o TJ paulista, “a liberdade de aderir a uma religião não constitui salvo conduto para que as igrejas recebam dádivas vultosas. O entendimento da turma julgadora foi o de que o Código Civil brasileiro impõe limite a doação e determina que quando ela é feita sem reserva de bens suficientes para a subsistência do doador é nula de pleno direito. Os julgadores destacaram que a decisão é um recado não só para a Universal, mas para todas as igrejas.

A costureira passou por várias igrejas evangélicas (Quadrangular, Batista, Presbiteriana, Internacional) até bater às portas da Igreja Universal do Reino de Deus, onde imaginou ter encontrado a resposta para suas angústias espirituais. Ela alegou que doou à IURD R$ 106.353,11, resultado da entrega de vários bens e da venda de dois imóveis.

Maria Pinho tinha uma pequena confecção que funcionava em sua casa. Ela disse que semanalmente entregava entre R$ 500,00 e R$ 700,00 para a igreja. Afirmou que trabalhava na limpeza de banheiros da igreja, na organização do local das missões e no auxílio de campanhas para atrair novos fiéis. A costureira afirmou, ainda, que acabou por vender as duas máquinas de costura que tinha, as ações de telefone e um apartamento no valor de R$ 20 mil. Comprou um outro apartamento por R$ 8 mil e entregou a diferença para a igreja.

Ela contou, também, que diante das pressões de pastores e das ameaças de que seria amaldiçoada por Deus caso desistisse de participar dos eventos da igreja, acabou vendendo o novo apartamento por R$ 15 mil e entregou um cheque administrativo nominal à IURD no valor de R$ 10 mil.

A ex-obreira afirmou que fez as doações na esperança de que as graças prometidas pelos pastores seriam alcançadas. Como isso não aconteceu, ela passou a viver em situação de miséria e arrependeu-se das doações que fez. Ela considera que foi vítima de armadilha, armação e cilada. Maria Pinho também disse que a receptação de seus bens foi um ato ilícito praticado pela Igreja Universal.

A turma julgadora reconheceu que a situação vivida hoje por Maria Pinho inspira piedade e compaixão. A mulher levava uma vida razoável e agora é uma indigente, sobrevivendo da misericórdia alheia. Nesse aspecto, segundo entendeu o relator sorteado, desembargador Ênio Zuliani, as provas são persuasivas. A igreja admite e confessa que recebeu doações da ex-fiel, mas a única prova material das oferendas que há é a emissão de um cheque de R$ 10 mil que foi compensado em julho de 1997.

O entendimento da maioria vencedora no julgamento foi o de que é nula a doação de todos os bens sem reserva de parte ou renda suficiente para a subsistência do doador. Que essa limitação tem interesse individual e social, para que cada membro da comunidade tenha sua própria fonte de recurso e de sobrevivência, requisito que também preserva o Estado de ter que arcar com o amparo de mais uma pessoa carente.

A reclamação

Maria Pinho disse que, em meados de 1991, conheceu os cultos da igreja e se empolgou com a idéia de trabalhar como voluntária nas missões religiosas. Em 10 anos que permaneceu na igreja, entregou todos os rendimentos que recebia com seus trabalho, além de seus bens para a Universal.

A costureira afirmou que fez as doações sob coação de que seria amaldiçoada por Deus se não agisse daquela maneira. Ela contou que depois que se arrependeu pediu para sair da igreja, tendo sido insultada e maltratada pelo bispo, que a dispensou sumariamente. Estimou que teve prejuízos da ordem de R$ 106.353,11 e pediu que a IURD fosse condenada a restituir o valor alegado como indenização.

A primeira instância julgou a ação improcedente com o fundamento de que não havia provas de que a costureira passava por transtornos em sua vida, nem que a entrega dos bens teria acontecido por força de erro ou por dolo do bispo da Igreja Universal. Insatisfeita, ela recorreu ao Tribunal de Justiça com o argumento de que houve ato ilícito da igreja, que se valeu de ardil para mantê-la em erro, com o objetivo de obter proveito material em troca de promessas impossíveis de serem cumpridas.

A defesa

A Igreja Universal do Reino de Deus sustentou que não agiu com erro ou dolo e pediu a rejeição do recurso. Apontou que as doações foram feitas com a convicção da ex-obreira que seria uma peregrina insatisfeita com as ideologias dos inúmeros templos que freqüentou e que se entregou aos eventos da IURD restritos aos fiéis que demonstram desapego dos bens materiais.

A defesa sustentou que a ex-fiel participava do quadro de voluntários obreiros e desempenhou o ministério voltado à atividade vocacional, com zelo e dedicação, por cerca de uma década, chegando inclusive a visitar Israel, num ritual de fé que integra a liturgia da IURD.

A advogada da IURD reconheceu que a ex-obreira fez a doação dos R$ 10 mil com total consciência e liberdade. A defesa afirmou que o sacrifício patrimonial é amplo e representa apenas um dos aspectos da liturgia da Igreja Universal, podendo chegar a disposição de abrir mão da riqueza material.

Fraqueza de espírito

A tese vencedora entendeu que a generosidade excessiva e a liberalidade impetuosa da costureira revelavam sua fraqueza de espírito e fragilidade emocional, numa busca irracional por uma razão religiosa.

Para o desembargador Ênio Zuliani, não é justo ou jurídico admitir que fervorosos passionais entreguem tudo em busca de um conforto espiritual que, quando não vem, causa desilusão muito mais dolorida que aquela que vem da ingratidão de filhos.

“O cheque que a Igreja compensou esvaziou o patrimônio da autora. Não permaneceram bens de raízes, sendo certo que ela não possuía rendas ou trabalho que possibilitassem a sua sobrevida com qualidade de vida semelhante ao padrão existente antes da doação”, afirmou Zuliani.

A divergência

O caso de Maria Pinho dividiu a turma julgadora. O debate foi focado nas doações de Maria e se sua conduta estaria ou não maculada por vício de consentimento, capaz de gerar nulidade e justificar a indenização. O desembargador Jacobina Rebello concluiu que não havia vício no consentimento da doação feita pela ex-obreira. O desembargador Ênio Zuliani tomou o caminho oposto entendendo que não só havia vício, como o agravante da mulher ter ficado na miséria.

O desempate do julgamento ficou a cargo do desembargador Maia da Cunha. Ele concordou com o raciocínio jurídico de Jacobina, mas decidiu acompanhar a conclusão de Zuliani, de obrigar a igreja a devolver a doação do valor comprovado pelo cheque de R$ 10 mil.

Ou seja, Maia da Cunha entendeu que não havia vício de consentimento que justificasse a indenização pelas doações feitas à IURD. Segundo o desembargador, os bens foram entregues por vontade consciente de quem participava ativamente das obras da igreja e tinha conhecimento do significado das doações que eram feitas com objetivo de receber de volta valores materiais muito maiores do que aqueles doados.

No entanto, a última doação, de R$ 10 mil, seria considerada nula por não se adequar ao Código Civil. E mais: por não reservar bens suficientes à sobrevivência do doador. Para Maia da Cunha, esse fato comprovado no processo independe da tese abraçada por ele e por Jacobina Rabello de inexistência de vício de consentimento.

A notícia é de maio, mas somente agora tomei conhecimento, por iniciativa do internauta Luis Gustavo que me enviou a notícia por e-mail. Essa é a típica notícia que não merece muitos comentários. Abusar da fé alheia deveria ser crime previsto em lei. Todas as igrejas têm direito de encontrar meios para se sustentar, mas é óbvio que, no caso descrito, trata-se de abuso e uso de técnicas para coagir pessoas a destinarem todo o seu dinheiro para uma instituição ou entidade. Não é uma atitude coerente com a Bíblia, que fala em muito mais para que as pessoas
dêem o melhor de si para Deus (não necessariamente todo o seu dinheiro).

MATEMÁTICO DIZ QUE RELIGIÃO É ERRO LÓGICO

domingo, 15 de junho de 2008 3 comentários

Revista Veja, Semana de 15 de junho de 2008.

O matemático John Allen Paulos, 62 anos, entrou na recente onda de livros ateus com Irreligion (Irreligião), lançado neste ano. Leve, bem-humorado e breve, seu livro não mostra a acidez das demais obras desse filão, no qual pontificam descrentes raivosos como o biólogo Richard Dawkins e o jornalista Christopher Hitchens. As pretensões de Irreligion não são muito diversas das dos livros anteriores de Paulos, todos devotados à sua disciplina. Professor da Universidade Temple, na Filadélfia, ele se esforça para ensinar a matemática como uma forma de pensamento, um molde rigoroso mas criativo para o exame do mundo. Irreligion é um livro devotado à lógica: Paulos analisa argumentos tradicionais sobre a existência de Deus e mostra onde fazem água. Autor de uma coluna em que examina aspectos matemáticos dos eventos do cotidiano no site da rede de televisão ABC, Paulos ganhou popularidade com Innumeracy (traduzido no Brasil como Analfabetismo em Matemática e Suas Conseqüências, em edição esgotada), livro em que alertava para as armadilhas da falta de familiaridade com números. Da Tailândia, onde leciona ocasionalmente, Paulos deu a seguinte entrevista a VEJA.

Veja – O que um matemático pode dizer sobre o ateísmo?
Paulos – Examino os argumentos tradicionais em favor da existência de Deus, e não as conseqüências sociais da religião. Eu me abstenho de fazer comentários sarcásticos sobre a religião das pessoas. Busco, isso sim, demonstrar os furos lógicos nesses argumentos. Como matemático, estou acostumado a trabalhar com provas lógicas – a partir de determinadas premissas, derivamos certas conseqüências. A lógica tem de ser rigorosa. Os argumentos teológicos não seguem esse rigor. Eles pulam de A para B, mas há um grande abismo entre os dois termos.

Veja – Pascal e Leibniz, entre inúmeros grandes filósofos do passado, eram matemáticos e crentes.
Paulos – Leibniz tinha uma concepção muito particular de Deus. Como ele, muitos dizem acreditar em Deus, mas aquilo em que crêem não seria chamado de Deus pelo cidadão comum. As leis impessoais do universo, a beleza do mundo natural – todas essas coisas já foram chamadas de Deus. Se você definir Deus assim, bem, então Deus existe, claro. Einstein costumava falar em Deus, de forma meio ambígua, e as pessoas religiosas gostam de citá-lo como exemplo de cientista crente. Mas, há pouco tempo, foi redescoberta uma carta em que ele ataca a religião como uma atividade infantil. A maioria das pessoas pensa em Deus como um ser onipotente, ou pelo menos muito poderoso, onisciente, e que tem algo a ver com a criação do universo. De resto, só porque você é um matemático de primeira ordem, isso não quer dizer que está dispensado de apresentar argumentos lógicos. O fato de um Leibniz ser religioso não prova nada a favor da religião.

Veja – Em geral, as pessoas não estão preocupadas com questões lógicas quando buscam uma religião. Elas procuram um certo sentido superior. Como o senhor responderia a essa necessidade?
Paulos – Não há resposta para isso. Se alguém diz "eu acredito porque decidi acreditar", não há muito que fazer. Você só pode apontar que não existem provas ou argumentos que sustentem essa crença. O fato, porém, é que as pessoas que acreditam quase sempre, em algum momento, recorrem a algum dos argumentos a favor da existência de Deus que eu critico no livro. Em geral, invocam a beleza da natureza como prova da existência de Deus. Outras apontam supostos milagres e coincidências e dizem que essas coisas não podem acontecer por acaso. E, nesse ponto, devemos apontar suas falhas lógicas.

Veja – É improvável que as pessoas deixem de acreditar, mesmo depois que seus argumentos são derrubados.
Paulos – Sim, claro. Não tenho problemas com isso. É uma questão de escolha individual. Ninguém pode impingir a crença ou a descrença a outra pessoa. Mas há um certo perigo nessa atitude. Se alguém diz: "Isso é tão importante para mim que você não pode questionar, não pode perguntar sobre as minhas razões", a crença se torna uma força bruta. Que, em algum momento, colide com outra força brutal. Nos Estados Unidos de hoje, com a ascensão da direita religiosa, tem havido essa afirmação da centralidade da fé. E, em geral, não se admite que ela seja discutida. Dizem que a religião está além da argumentação.

Veja – O tom de alguns novos ateus, especialmente Richard Dawkins e Christopher Hitchens, é muito agressivo. Há o risco de o ateísmo se tornar tão dogmático quanto a religião?
Paulos – Há certo risco. Eu não me sinto confortável atacando a religião frontalmente. Não é o que faço. Parte de mim acredita que, se alguma coisa ajuda você a atravessar a noite, não é de todo má. É inegável que a religião ajuda muita gente. E talvez haja, sim, o risco de que você fala. No momento, porém, acho que ele é mínimo, e é bom que os ateus exponham seus pontos de vista em uma sociedade tão marcada pela religião. Há espaço para todos os tipos de ateísmo, do mais barulhento ao matemático, com um toque de humor, que eu pratico.

Veja – Seu livro foi resenhado de forma simpática por um pastor batista. Ele reclamava, no entanto, que o senhor tendia a pintar todos os cristãos como fanáticos. Críticos da religião como o senhor estariam perdendo de vista o fato de que a maioria dos fiéis é discreta e razoável, e não fundamentalista?
Paulos – Recebi vários e-mails de leitores religiosos, que admitiram que os fiéis têm de se confrontar de algum modo com os argumentos que apresento. Eles recorrem a outra linha de argumentação: dizem que a religião é uma tradição, que une as pessoas, que lhes dá conforto, e é uma fonte de ideais elevados. Eu não discordo. O problema com os cristãos moderados é que eles fazem uma leitura seletiva da Bíblia: acreditam neste ou naquele ponto e discordam de outros. Mas como escolher os pontos da Bíblia que vale a pena sustentar e aqueles que devem ser rejeitados? Basicamente, essa escolha é feita com base em critérios seculares. A aceitação dos gays por algumas igrejas, por exemplo, não responde à tradição religiosa, mas a uma imposição dos valores seculares. Então, pergunto: por que não ser completamente secular?

Veja – Em algum sentido a tradição religiosa é positiva?
Paulos – Não tenho nenhum problema com as narrativas, os mitos, as histórias ensinadas pela religião. A Bíblia é grande literatura. Meu problema é com o literalismo. Não se pode dizer que as coisas narradas na Bíblia ou em qualquer outro texto religioso são verdadeiras – pelo menos, não no sentido em que dizemos, por exemplo, que houve um acidente de carro na última segunda-feira às 2 da tarde. Vale notar que a discussão que proponho, sobre os argumentos a respeito da existência de Deus, passa um tanto ao largo das tradições religiosas. Mesmo que você consiga provar que estou errado – que existem, sim, bons argumentos para sustentar a existência de um Deus –, haveria um grande salto, um verdadeiro abismo, entre essa afirmação e a crença, por exemplo, na divindade de Jesus Cristo ou nas restrições alimentares que tantas religiões reforçam. Uma coisa não se segue diretamente a outra. A existência de Deus não justificaria esses mandamentos e restrições. Ou, para dizer o mesmo com uma pitada de sarcasmo, não há elo causal entre "Deus existe" e "é proibido comer batatinha frita nas sextas-feiras".

Veja – Quanto respeito um ateu deve ter por uma religião?
Paulos – Não acredito que você deva sair por aí insultando as pessoas, como Christopher Hitchens faz. Mas, em algumas situações, na companhia de pessoas religiosas, uma pergunta simples pode ser útil: "Você acredita mesmo nisso?". É um modo de quebrar o encanto. Esse pode ser um benefício dessa onda de livros ateus: tornou mais aceitável fazer esse tipo de questionamento. Eu acho que há mais não-crentes – ateus, agnósticos etc. – do que se imagina. A maioria deles prefere ficar quieta. Há várias pesquisas que mostram que os americanos não confiam em ateus ou nunca votariam em um ateu para presidente. É provável que, por causa dessas coisas, as pessoas prefiram não anunciar seu ateísmo em sua comunidade. Mas é preciso lembrar que elas mentem em pesquisas de opinião. O mesmo acontece, aliás, em pesquisas sobre comportamento sexual – as pessoas não querem revelar sua intimidade.

Veja – Se as pessoas gostassem mais de matemática, gostariam menos de religião?
Paulos – Se as pessoas gostassem mais de matemática, pensariam com mais rigor. Isso faria com que pusessem muitas de suas crenças em xeque.

Veja – Quais são as habilidades matemáticas de que uma pessoa precisa para sobreviver no mundo?
Paulos – Muitas vezes, não é tanto o conhecimento técnico que faz falta. Aritmética e alguma álgebra servem para a maior parte das situações cotidianas. Mas as pessoas ainda carecem de uma certa habilidade para pensar em termos de lógica formal, para estimar quantidades e ter pelo menos um certo senso de probabilidades e estatística. Nas minhas aulas, por exemplo, proponho aos meus alunos que eles estimem quantos afinadores de piano existem na Filadélfia. Para chegar lá, eles têm de saber a população da Filadélfia, a porcentagem de casas com piano, a freqüência com que eles são afinados, quantos pianos um afinador consegue afinar em uma semana, e assim por diante. A maior parte dos números de que precisamos para fazer esse tipo de cálculo não é publicada, e temos de encontrar meios de estimá-los. Mas as pessoas muitas vezes não têm sequer uma noção dos números básicos que cercam sua vida – a população do país e da cidade onde vivem, por exemplo. É isso que chamo de "analfabetismo numérico". Noções de grandeza também são estranhas para muita gente. Por exemplo, serão poucas as pessoas que sabem o que 1 milhão de segundos representa em dias. São cerca de onze dias e meio. E as pessoas também se surpreendem com a diferença entre o milhão e o bilhão, porque não têm noção da grandeza desses números – para chegar a 1 bilhão de segundos, são necessários quase 32 anos.

Veja – Que tipo de armadilha os números podem apresentar para quem não tem uma boa formação em matemática?
Paulos – Precisão é um bom exemplo. Livros de receitas quase sempre trazem quantidades bastante grosseiras: duas ou três xícaras de farinha, uma colher de chá ou de sopa de açúcar, três ovos. E isso é suficiente para o cozinheiro conseguir um bom resultado. Mas, às vezes, a mesma receita informa, por exemplo, que uma fatia da torta terá 761 calorias. Não há como ser tão preciso. Um matemático, quando confrontado com números tão precisos, geralmente expressa ceticismo: "Como é que eles podem saber disso com tanta exatidão?". As pessoas que não dominam os fundamentos da matemática, porém, tendem a ficar muito impressionadas: "Caramba, o cozinheiro que escreveu esse livro realmente sabe o que faz". Há vários truquezinhos do gênero que os espertos usam para impressionar. Se as pessoas fossem mais expostas, desde a escola, a problemas matemáticos, passatempos, charadas, anedotas envolvendo números, seriam menos suscetíveis a esse tipo de enganação.

Veja – Probabilidade é outro campo minado. Pessoas que não tomam a mínima precaução quanto a problemas cardiovasculares morrem de medo de doenças exóticas, que têm muito menos probabilidade de atingi-las. Por que acontece isso?
Paulos – Nós não evoluímos para entender a probabilidade. Se você me permite uma historinha, imagine um homem primitivo que vê um movimento suspeito em uma moita próxima, no meio da selva. Ele corre como um louco, com medo de um tigre. Se ficasse para calcular a probabilidade de ser um coelho, acabaria devorado pelo tigre. Nós não tomamos decisões em termos de probabilidades numéricas. Pensamos, isso sim, em termos de histórias, narrativas, imagens. Eventos que são mais vívidos ou incomuns têm mais impacto para nós do que aquilo que é familiar. Por isso às vezes nos preocupamos tanto com ameaças remotas.

Veja – Como transmitir a beleza que os matemáticos encontram nos números a pessoas que não gostam de matemática – especialmente crianças em idade escolar?
Paulos – Jogos, quebra-cabeças e paradoxos ajudam a despertar a curiosidade. As pessoas às vezes acham que matemática se resume a fazer contas. Claro que fazer contas é fundamental, mas é preciso ir adiante. Se o ensino de literatura ao longo de doze anos de escola se resumisse à gramática e à análise sintática, seria surpreendente se alguém chegasse à faculdade com uma apreciação verdadeira pela literatura. Respeitadas as diferenças, é assim que o ensino de matemática ocorre nos dias de hoje: "Aqui estão 100 equações. Resolvam!". E as pessoas tendem a achar que um aluno tem pendor para a matemática só porque consegue resolver esses problemas simples rapidamente. Seria como dizer: "Você datilografa muito bem. Poderia ser um poeta".

Li cuidadosamente toda a entrevista e, em um dos trechos, Paulos afirma que “não tenho nenhum problema com as narrativas, os mitos, as histórias ensinadas pela religião. A Bíblia é grande literatura. Meu problema é com o literalismo. Não se pode dizer que as coisas narradas na Bíblia ou em qualquer outro texto religioso são verdadeiras – pelo menos, não no sentido em que dizemos, por exemplo, que houve um acidente de carro na última segunda-feira às 2 da tarde”.
Esse é o ponto que hoje ganha importante destaque nos comentários e debates entre ateus e religiosos e mesmo dentro de denominações religiosas tradicionais e conservadoras. A literalidade da Bíblia e a tal crítica ao fundamentalismo. Esse ataque ao fundamentalismo, diga-se de passagem, nada mais é do que uma crítica a quem interpreta da Bíblia tal como o registro ali está. Ou seja, o raciocínio de muitos é que, quando você lê sobre Abraão, Moisés, Isaque, Jacó, Jesus Cristo, não é bem isso que você está lendo. É um mito, uma lenda, uma simbologia, algo fictício com valorosos fundos morais e espirituais. Eu considero complicado aceitar isso, porque se a Bíblia é a base da crença em Deus e se a religião equilibrada, não ofensiva, apaziguadora e transformadora tem ajudado tantos não entendo que razão há para refutá-la e preferir apenas a lógica dos números e dos fatos históricos convencionais (que também são uma interpretação dos fatos passados). Mas lideranças de igrejas estão adotando uma leitura menos literal da Bíblia. E isso é uma distorção perigosa, pois logo a religião cristã tradicional, principalmente, poderá se transformar em uma seqüência de argumentos racionais apenas. E não é isso que tem mudado a vida de muita gente. É a crença fiel em Deus e a certeza de que Ele está presente ajudando, dando o consolo, alento e orientação para a vida humana que tem sido o sucesso da religião. Não o mercantilismo da fé, não a barganha religiosa, não a religião filosofada, mas a religião que se traduz em fé das pessoas em algo que não vêem, mas que lhes dá forças para suportar dias difíceis e momentos de crise e lhes dá esperança no futuro. O matemático Paulos representa um contingente enorme de modernos pensadores e religiosos que descarta o que eles chamam de mitos da Bíblia. Pois são essas narrativas, muitas delas já devidamente comparadas com achados arqueológicos antigos ou recentes, que conduzem pessoas sinceras em direção a Deus. E isso tem feito bem para elas. Não dá, portanto, para levar totalmente a sério os argumentos de Paulos e outros tantos.

 
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