Mortes em hospital evangélico: até onde vai o ser "humano"?

domingo, 24 de fevereiro de 2013 0 comentários


Site do Jornal Hoje, 22.02.2013.

A polícia investiga a participação de outros funcionários do Hospital Evangélico de Curitiba na morte de alguns pacientes da UTI. A chefe da unidade está presa há três dias. A direção do hospital afastou 47 funcionários.
Uma técnica de enfermagem diz que não aguentou ver o que faziam com os pacientes graves na UTI e pediu demissão depois de quatro meses de trabalho. A moça contou que a médica Virgínia Helena Soares de Souza tinha ajuda de outros funcionários para matar pacientes.
Ela cita o caso de uma senhora de 83 anos, que morreu na UTI do Hospital Evangélico, em 2009. “Eu a vi [Virgínia Helena Soares de Souza] conversando com um enfermeiro. Uns cinco ou dez minutos depois, ele chegou com uma seringa para mim. Que era para fazer uma medicação. Eu falei ‘o que é isso?’, porque não era horário da medicação. Ela não precisava ser sedada, porque estava tranquila”, conta.
Segundo ela, o enfermeiro respondeu que eram ordens superiores e todo mundo entendia que era ordem da doutora Virgínia. “Eu respondi que jamais [não iria medicar a paciente] porque precisava saber o que era. Ele disse: ‘não vai fazer? Eu faço’. Minutos depois ela foi a óbito”, relata.
A direção do hospital não quis conversar com a equipe de reportagem do Jornal Hoje, mas confirmou que 13 médicos e 34 pessoas da equipe de enfermagem que trabalhavam na UTI geral foram afastados. Eles estão agora em outros departamentos do hospital. Para a polícia, a médica não agia sozinha.
“Obviamente sabemos que, se comprovado, a ação dela não foi isolada. Obviamente sabemos que demandaria da conivência de outras pessoas que trabalhavam com ela na UTI”, diz o delegado-geral da Polícia Civil Marcus Michelotto.
Uma sindicância interna tem prazo de 30 dias para apresentar um relatório ao Conselho Regional de Medicina e ao Ministério Público. Outra investigação do hospital foi determinada pela Secretaria da Saúde, com a participação do Ministério da Saúde.
“Esta comissão de sindicância vai trabalhar investigando todos os óbitos que ocorreram na UTI, em 2012 e 2013. Nós vamos entrevistar todas as pessoas que trabalhavam lá dentro e vamos investigar outras coisas que possam estar acontecendo”, explica o médico Mário Lobato, do departamento de auditoria do SUS.
Ontem, uma ex-paciente contou como escapou da morte na UTI. Ela escreveu um bilhete para a filha, durante uma visita, pedindo para sair dali porque estavam tentando matá-la. A mulher conta que ouviu a médica Virgínia mandar que o respirador fosse desligado, e que só se salvou porque outra enfermeira, descumprindo a ordem, religou o aparelho.
“Ela falou assim: que era para desligar para ver se eu aguentava sobreviver. Se eu não conseguisse, eu não tinha chance. Isso eu ouvi da boca dela. Só que daí uma enfermeira viu que eu estava agoniando, ela veio e ligou de novo”, conta.
O advogado de Virgínia Helena, Elias Assad, questionou por que a técnica de enfermagem que apareceu na reportagem não denunciou o colega enfermeiro em 2009.
Notícia completa em http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2013/02/hospital-evangelico-de-curitiba-afasta-47-funcionarios-da-uti.html

Meu comentário - É evidente que se trata de um caso sob investigação ainda, mas meu comentário é no sentido de destacar o pouco valor que a vida humana passou a ter nos atuais dias. Cada vez, infelizmente, parecem ser mais comuns as notícias (imagine, então, o que não vem à tona na imprensa) sobre o descaso em hospitais e clínicas em relação a pessoas que foram até esses locais justamente para terem uma esperança de vida.
Não vou entrar no mérito do caso em si, pois o mesmo ainda não está completamente fechado e resolvido. 
Mas quanto vale a vida humana? Em II Timóteo 3:2-5, o apóstolo Paulo enumera uma lista que caracteriza o comportamento moral das pessoas no que ele chama de últimos dias. Entre as expressões está cruéis. A crueldade contra alguém que não pode se defender agrava a atitude de quem a praticou.
Evidentemente os críticos de plantão poderão dizer que crueldade sempre existiu, mas o que vemos hoje é uma indiferença maior com relação à vida. Se ficar provado que médicos agiam dessa maneira em uma instituição de saúde, estamos, então, vendo, mais uma vez, o retrato do perfil "humano" dos últimos dias. Ou seja, cada vez menos humano, menos semelhante a Deus e mais próximo do conceito apregoado pelo inimigo.

Para que a renúncia?

sábado, 16 de fevereiro de 2013 1 comentários

Por Felipe Lemos.


A especulação mundial em torno da renúncia do líder religioso alemão Joseph Ratzinger ao papado está direcionada quase que totalmente às razões pelas quais Bento XVI tomou a decisão inusitada. Há, também, uma enorme curiosidade sobre o tipo de vida que levará o futuro cidadão comum (ou nem tão comum devido ao provável assédio que receberá de parte dos formadores de opinião) a partir de sua renúncia oficial.
Mas talvez uma das perguntas mais importantes que possa ser feita é: “para que renunciou Ratzinger?”. A que ou a quem interessa sua saída repentina de uma das funções mais conhecidas do planeta e que tem relação com milhões de pessoas diretamente ou indiretamente influenciadas pelas ações do estado religioso? A resposta não é fácil, mas existem indícios importantes.
É preciso compreender primeiramente que o Vaticano não é uma religião. É um estado soberano politicamente com assento na Organização das Nações Unidas (ONU). É uma nação praticamente como qualquer outra, mas com uma crença religiosa oficial: católica romana. E como um país, com administração eminentemente pautada por diretrizes humanas e terrenas, está sujeito aos mesmos tipos de contratempos. Convive com a corrupção, com as crises de imagem, com a disputa interna de poder, com a oposição política, com problemas econômicos, com dificuldades nas relações diplomáticas, enfim, com toda a sorte de percalços comuns a um país independente.
É nesse contexto, portanto, que Ratzinger renuncia. Como qualquer chefe de Estado, diante da impossibilidade de continuar governando e satisfazendo a todos os interesses que orbitam em torno de Roma, ele sai. O alemão deixa o papado para atender ao Vaticano em suas estratégias político-administrativas. Evidentemente isso não será dito em público agora. Fica, portanto, a informação oficial sobre a saúde do religioso como razão principal. O contexto ao redor, no entanto, permite outras interpretações. Lembre-se: é um estado político-religoso.
É bem provável que o Vaticano intensificará o diálogo com outras religiões no plano ecumênico, ou seja, todos em torno de uma proposta administrativo-financeira não doutrinária e muito menos bíblica. Certamente será pressionado a aceitar o aborto, o casamento homossexual, o evolucionismo ateísta, a legalização de drogas em vários países, enfim, continuará agindo como tem agido há centenas de anos da maneira como se comporta uma nação regida por leis e princípios humanos. É a expectativa normal para uma nação que busca harmonia não com a moral bíblica e, sim, com o que pensam os demais países com os quais têm negócios e troca de favores.
Saída bíblica – Vários estudiosos da Bíblia, desde os séculos passados, identificaram o Vaticano como agente que se encaixa perfeitamente no cumprimento profético de livros como Daniel e Apocalipse. Mesmo o célebre cientista Isaac Newton, na obra As profecias do Apocalipse e o livro de Daniel datado de 1733, concordava que o Vaticano era o poder político descrito como chifre pequeno ou a primeira besta e que foi responsável por perseguir os verdadeiros fieis a Deus e a Sua palavra. Poderque repetirá a perseguição, no entendimento de outros teólogos, antes da volta de Jesus, evento predito na Bíblia e confirmado pelos escritos dos evangelistas, biógrafos oficiais de Cristo.  
Diante da renúncia de Ratzinger (Papa Bento XVI), os cristãos que acreditam na Bíblia como regra literal de fé e princípios válidos para os nossos dias têm pelo menos duas reações possíveis. A primeira delas é orar para que os ensinamentos genuinamente bíblicos (e não aqueles inventados ao longo dos séculos por gente inescrupulosa que criou tradições para gerar medo, ganhar dinheiro e propagar a ignorância acerca do livro sagrado do cristianismo) sejam ensinados a todos os que desejam conhecer. E a segundaé a de orar por si mesmos.
A renúncia do sucessor de João Paulo II é um convite para religiosos e não religiosos lerem, estudarem e amarem os ensinamentos contidos na Bíblia. Esse hábito não os ajudará apenas a entender o contexto  profético em que o Vaticano está inserido, mas a amar a Jesus Cristo e se preparar para o dia em que Ele voltará e colocará fim a esses reinados terrenos frágeis e contaminados pelo estilo de governo terreno.
Cristãos que creem no advento não estarão tão preocupados com as razões que levaram o papa a renunciar ao trono oferecido pelo mundo e nem com a incrível quantidade de ilações que poderão ser feitas a partir dessa notícia. Estarão preocupados em viver o que Cristo mostrou na prática e a abandonar aquilo que é contrário à vontade divina. Buscarão sinceramente um compromisso espiritual com Deus traduzido em uma prática real. Não estarão inseguros quanto ao futuro, mesmo se não souberem exatamente cada passo que o Vaticano ou qualquer outro país adotará nos próximos anos.

Seriado deve distorcer visão bíblica dos apóstolos

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013 1 comentários

Do site Gospel Prime, 14.02.2013.


Estreia hoje (14/2) nos Estados Unidos a série “Zero Hour” que, segundo informações divulgadas, pretende mexer com alguns conceitos bíblicos. Será exibido pela rede ABC, a mesma que no ano passado lançou as séries “GCB” e “666 Park Avenue”. Acusadas de ridicularizar os cristãos, ambas foram canceladas por causa da baixa audiência.
O novo “drama de mistério” tem o roteiro de Paul Scheuring, criador de “Prison Break”. A história envolve os 12 novos apóstolos de Jesus Cristo e sua batalha contra o que seria o “anticristo”.
O início da série mostra como um jornalista cético acaba conhecendo um dos maiores segredos da história. Ele fará uma perigosa jornada ao redor do mundo, onde poderá coletar provas sobre a existência desses novos apóstolos em nossos dias.
O personagem principal é Hank Foley (Anthony Edwards), que edita a revista “Modern Skeptic”, dedicada a questionar a tudo e a todos. Curiosamente, ele frequenta uma igreja católica. White Vincent (Michael Nyqvist), será o grande vilão por trás da conspiração que começou durante a segunda Guerra Mundial. Ele é um dos assassinos mais perigosos do mundo, estando envolvido com vários governos e religiões, mas mantém um aspecto demoníaco, indicando que ele pode ser o Anticristo ou algo similar.
Quando Laila (Jacinda Barrett), a esposa de Hank, é sequestrada, ele descobre um mapa escondido em um relógio. Esse mapa o leva a diferentes lugares do mundo onde vai descobrindo com a  agente do FBI Deck (Carmen Ejogo), como a ordem Rosacruz recriou os 12 apóstolos de Jesus Cristo para salvar o mundo.
Segundo as primeiras informações divulgadas, a série promete ser polêmica, seguindo a trilha do que os livros e filmes “O Código Da Vinci” e “Anjos e Demônios” causaram entre os cristãos alguns anos atrás. Ainda não há data de estreia prevista para o Brasil, mas certamente não deve demorar.
Hank representa o homem moderno, um cético que questiona tudo que não pode ser explicado racionalmente, alguém cujo lema seria “a lógica é o caminho certo”. Não está claro, ainda, como a ordem (ou seita) Rosacruz se encaixa no processo de salvação da humanidade, mas elementos do mundo sobrenatural devem fazer parte da trama que envolve nazistas, a descoberta da vida eterna e o possível triunfo do mal sobre o bem na Terra.
Meu comentário - Lamentavelmente se trata de mais uma investida da indústria do entretenimento barato e sem comprometimento com conteúdo (especialmente bíblico e histórico) para ganhar audiência e chamar a atenção de uma audiência com pouca base para crítica. Na linha dos filmes inspirados na obra do oportunista Dan Brown, essa série é mais uma demonstração de que o interesse da mídia em geral (incluindo o cinema) não é o de levar as pessoas a conhecerem mais sobre a Bíblia Sagrada ou fortalecerem sua fé.
A intenção é criar mistério e tornar os assuntos das Sagradas Escrituras questionáveis, irrazoáveis ou simplesmente lendários. Com isso, atrai-se a atenção da curiosidade alheia e não se ensinam mais valores e nem princípios. Além disso, a contextualização histórica também é geralmente desprezada e fatos destituídos de coerência histórica mesmo são apresentados como verdades incontestáveis.
Esses supostos "segredos" que uma organização aqui ou ali escondem não passam de desvios para que as pessoas creiam cada vez menos na Bíblia e sequer considerem a gama enorme de evidências de sua historicidade e relevância moral e espiritual para a sociedade hoje. 
Se vão gastar dinheiro com filmes, que pelo menos o façam com base no registro bíblico e busquem bons livros que aprofundem a narrativa dos evangelhos, por exemplo, para não inventar enredos que são absolutamente fictícios, mas acabam vendidos como resgates históricos.

Saída de Bento XVI: inesperada, estratégica ou profética?

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013 0 comentários

Cidade do Vaticano (RV) - Bento XVI anunciou esta segunda-feira que renunciará no dia 28 de fevereiro. Eis o texto integral do anúncio:

Caríssimos Irmãos,

convoquei-vos para este Consistório não só por causa das três canonizações, mas também para vos comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado. Por isso, bem consciente da gravidade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de Fevereiro de 2013, às 20,00 horas, a sé de Roma, a sé de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.
Caríssimos Irmãos, verdadeiramente de coração vos agradeço por todo o amor e a fadiga com que carregastes comigo o peso do meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos. Agora confiemos a Santa Igreja à solicitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo, e peçamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista, com a sua bondade materna, os Padres Cardeais na eleição do novo Sumo Pontífice. Pelo que me diz respeito, nomeadamente no futuro, quero servir de todo o coração, com uma vida consagrada à oração, a Santa Igreja de Deus.

Vaticano, 10 de Fevereiro de 2013.

BENEDICTUS PP XVI

Meu Comentário - Esse assunto da renúncia de Bento XVI interessa a todo o mundo, especialmente ao cristianismo. Independente de crenças ou descrenças, o Vaticano é um dos mais poderosos e influentes estados do mundo e o único com status religião, o que lhe empresta uma peculiaridade digna de análises. 
É muito provável que Ratzinger tenha renunciado por uma questão estratégica da Cúria Romana. As repetidas e crescentes denúncias de abusos sexuais por parte de padres e bispos têm maculado a imagem do Vaticano e isso desgastou a administração do papa alemão, cujo irmão também pode estar envolvido em denúncias. Talvez agora surja alguma estratégia diferenciada para lidar com essa permanente crise de imagem a partir de um novo líder menos comprometido com essa nefasta acusação.
O momento pode ser de ruptura com uma determinada maneira conservadora de administrar e o início de uma fase que consiga dialogar mais ainda com outras religiões e grupos antagônicos e que frequentemente causam constrangimento ao Vaticano como os pró-homossexualismo, pró-aborto, entre outro. Para isso, nova liderança pode ser necessária. 
Historicamente, conforme livros escritos, por exemplo, pelo jornalista inglês David Yallop, sabe-se que o Vaticano é um conjunto de interesses políticos e o papa tem de administrar esses interesses todos. É provável que Ratzinger já não seja o líder ideal para tudo isso. Ainda mais com um forte desgaste de imagem em tempos de globalização da informação e de secularização e crítica veemente aos modelos religiosos  por parte das correntes pós-modernas de cosmovisão.
É bom lembrar que a Bíblia não ensina nada acerca de escolhas de papas pelo simples motivo de que nunca, nas Sagradas Escrituras, foi dito que um homem governaria a igreja de Deus nesse mundo com características como infalibilidade. O tema de escolha papal, conclave ou administração político-religiosa são invenções humanas destituídas de qualquer base bíblica. 
A Bíblia assinala, no entanto, de acordo com Apocalipse 13, que um poder político e religioso se levantaria nos tempos finais desse mundo para fazer oposição final contra os fiéis a Deus enquanto guardadores dos mandamentos e do testemunho de Jesus. Ainda de acordo com a inspiração profética de Daniel, nesse perfil só se encaixa o Vaticano como herdeiro da tradição pagã-pseudocristã do Império Romano desmontado oficialmente em 476 d.C. 
Esse poder religioso teria força dos homens, mas não legitimidade divina para atuar. O Vaticano sofre abalos e agora perde repentinamente ou estrategicamente seu líder máximo. Mas outro será nomeado rapidamente antes mesmo que os boatos sobre sucessores consigam se avolumar. Não importa se será um italiano, um ganês, um canadense ou de qualquer outra nacionalidade, terá de se submeter a um sistema já existente e que é bastante forte. Forte o suficiente para, quem sabe, até trocar quem não estiver cumprindo com o papel exigido para a função. 
Vamos acompanhar essa sucessão.

Carne em essência - uma reflexão bíblica sobre o Carnaval

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013 0 comentários

Por Felipe Lemos

Uma parte do Brasil da a impressão de tentar fugir do estereótipo de país do Carnaval, mas, na prática, a festa continua mais popular do que nunca e com patrocínio público e privado que lhe dá longevidade. Nos últimos anos, a participação de entidades e igrejas cristãs parece ter aumentado nesse que se transformou em um negócio lucrativo para muitos. E qual é a posição bíblica a respeito do Carnaval? Há algum tipo de aprovação, da parte de Deus, para a realização e participação nessa festa?
Antes de mencionar a Bíblia, é prudente compreender a história do Carnaval e o que hoje essa festa representa no Brasil. Segundo alguns sites de história, a origem do carnaval é desconhecida. Há os que atribuem a origem dessa festa aos cultos agrários realizados pelos povos primitivos, dez mil anos antes de Cristo, quando esses povos celebravam as boas colheitas com cânticos e danças. Outros atribuem às festas em homenagem a deusa Ísis e ao boi Ápis, no Egito antigo, ou ainda na Grécia e Roma antigas.
Segundo o Guia do Estudante da Abril, voltado a quem estuda, “eram grandes festejos pagãos, cheios de comida e bebida, para comemorar colheitas e louvar divindades e ocorriam entre novembro e dezembro”. O site Brasil Escola, também referência para pesquisas, informa que “o carnaval é uma festa que se originou na Grécia em meados dos anos 600 a 520 a.C. Através dessa festa os gregos realizavam seus cultos em agradecimento aos deuses pela fertilidade do solo e pela produção. Posteriormente, os gregos e romanos inseriram bebidas e práticas sexuais na festa, tornando-a intolerável aos olhos da Igreja”. Na edição de 2002, a revista Superinteressante divulgava que “só no século VII, na Grécia, o Carnaval foi oficializado como festejo à honra de Dionísio, deus do êxtase e do entusiasmo. A partir daí, os carnavais passaram a incluir orgias sexuais e etílicas – uma característica que chegou ilesa aos dias de hoje”. E a Igreja Católica, que inicialmente combatia os festejos carnais, acabou incorporando o feriado ao seu calendário oficial e o Carnaval passou a ter aval religioso também.
Conceito claro – Basta perceber, nos textos sobre a história do Carnaval, as palavras-chave mais usadas para se ter uma noção do conceito que caracteriza a festividade. Termos como pagão, orgia, bebidas e prazer dão uma ideia bem definida do que se trata o Carnaval. Foi uma invenção humana para tentar celebrar algo com as divindades aceitas por aqueles que não creem em um Deus único e pessoal tal como descrito na Bíblia Sagrada.
Na Bíblia, Deus não aprova quaisquer práticas que desvirtuem o casamento ou a sexualidade. O sexo foi estabelecido no Éden quando Deus uniu homem e mulher como uma só carne e não deu margem para que fosse praticado de maneira despreocupada ou inconsequente. Pelo contrário. Em toda a trajetória do povo de Israel, o Senhor deixou claro que um dos segredos do êxito estaria em seguir os conselhos divinos e fugir do mau exemplo de nações vizinhas quanto à adoração de vários deuses e tudo que isso acarretava como orgias e bebedeiras. Aliás, a embriaguez que leva a uma dificuldade de racionalmente estar em contato com Deus, por causa da alteração fisiológica, também não tem a aprovação divina. Os episódios que envolveram Noé, Ló, o rei Elá e outros demonstram claramente que o uso de bebidas alcoólicas em excesso não teve bons resultados.
E eu pergunto: o Carnaval mudou muito desde suas origens pagãs romanas ou gregas? Provavelmente não. Entre as grandes patrocinadoras da festa no Brasil estão cervejarias e até mesmo o governo faz questão de incentivar muita festa e busca por prazer sensual desde que a pessoa use preservativos para evitar doenças venéreas ou AIDS. Ou seja, orgia, depravação sexual e embriaguez continuam sendo palavras-chave da festa dos tempos atuais.
Testemunho prejudicado – Diante disso, é preciso refletir sobre se há espaço para pessoas cristãs, que dizem seguir os ensinamentos bíblicos, nessa festa popular. O argumento comum de muitos cristãos que vão, até mesmo em blocos organizados, para esse tipo de evento é que estão ali para influenciar, para serem o sal da terra. Só devem atentar para o fato de que o ambiente não é propício para esse tipo de intenção. Pessoas dispostas a ter o máximo de prazer sensual e carnal, muitas delas entorpecidas pelo uso de substâncias que alteram seu estado normal de consciência, dificilmente conseguirão absorver qualquer tipo de mensagem bíblica que exige a capacidade racional em seu melhor desempenho. Recordemos que Daniel, o humilde servo de Deus, não se atreveu a ingressar nas festas promovidas pelos monarcas babilônicos a fim de dar qualquer mensagem profética. Seu exemplo, como excelente profissional e fiel temente ao Senhor, falou muito mais alto e não o impediu de dar um testemunho. Mas você não lerá sobre Daniel misturado a uma festa pagã tentando mostrar os ensinos divinos.
                Além disso, há o risco de levar jovens a esse tipo de local, pois muitos deles vivem uma luta espiritual a fim de se manterem ao lado de Cristo diante de tantas tentações. Conduzi-los a um terreno em que são abertamente realizadas práticas contrárias à Bíblia é submetê-los a uma provação que poderia ser evitável. Vai causar a nítida ideia de que, afinal de contas, o pecado não é tão desagradável, visto tanta gente sorrindo. Ainda que, em essência, essa alegria seja passageira e motivada por uma alienação da realidade.
                Fico com o conselho de Paulo, que em Romanos 12:1,2 diz “rogo-vos irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com esse século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. Pessoas que desejam ter uma vida qualificada espiritualmente não podem experimentar ambientes em que o enfoque é saciar os desejos carnais.

 
Realidade em Foco © 2011 | Template de RumahDijual, adaptado por Elkeane Aragão.