Site do Jornal Hoje, 22.02.2013.
A polícia investiga a participação de outros funcionários do Hospital Evangélico de Curitiba na morte de alguns pacientes da UTI. A chefe da unidade está presa há três dias. A direção do hospital afastou 47 funcionários.
Uma técnica de enfermagem diz que não aguentou ver o que faziam com os pacientes graves na UTI e pediu demissão depois de quatro meses de trabalho. A moça contou que a médica Virgínia Helena Soares de Souza tinha ajuda de outros funcionários para matar pacientes.
Ela cita o caso de uma senhora de 83 anos, que morreu na UTI do Hospital Evangélico, em 2009. “Eu a vi [Virgínia Helena Soares de Souza] conversando com um enfermeiro. Uns cinco ou dez minutos depois, ele chegou com uma seringa para mim. Que era para fazer uma medicação. Eu falei ‘o que é isso?’, porque não era horário da medicação. Ela não precisava ser sedada, porque estava tranquila”, conta.
Segundo ela, o enfermeiro respondeu que eram ordens superiores e todo mundo entendia que era ordem da doutora Virgínia. “Eu respondi que jamais [não iria medicar a paciente] porque precisava saber o que era. Ele disse: ‘não vai fazer? Eu faço’. Minutos depois ela foi a óbito”, relata.
A direção do hospital não quis conversar com a equipe de reportagem do Jornal Hoje, mas confirmou que 13 médicos e 34 pessoas da equipe de enfermagem que trabalhavam na UTI geral foram afastados. Eles estão agora em outros departamentos do hospital. Para a polícia, a médica não agia sozinha.
“Obviamente sabemos que, se comprovado, a ação dela não foi isolada. Obviamente sabemos que demandaria da conivência de outras pessoas que trabalhavam com ela na UTI”, diz o delegado-geral da Polícia Civil Marcus Michelotto.
Uma sindicância interna tem prazo de 30 dias para apresentar um relatório ao Conselho Regional de Medicina e ao Ministério Público. Outra investigação do hospital foi determinada pela Secretaria da Saúde, com a participação do Ministério da Saúde.
“Esta comissão de sindicância vai trabalhar investigando todos os óbitos que ocorreram na UTI, em 2012 e 2013. Nós vamos entrevistar todas as pessoas que trabalhavam lá dentro e vamos investigar outras coisas que possam estar acontecendo”, explica o médico Mário Lobato, do departamento de auditoria do SUS.
Ontem, uma ex-paciente contou como escapou da morte na UTI. Ela escreveu um bilhete para a filha, durante uma visita, pedindo para sair dali porque estavam tentando matá-la. A mulher conta que ouviu a médica Virgínia mandar que o respirador fosse desligado, e que só se salvou porque outra enfermeira, descumprindo a ordem, religou o aparelho.
“Ela falou assim: que era para desligar para ver se eu aguentava sobreviver. Se eu não conseguisse, eu não tinha chance. Isso eu ouvi da boca dela. Só que daí uma enfermeira viu que eu estava agoniando, ela veio e ligou de novo”, conta.
O advogado de Virgínia Helena, Elias Assad, questionou por que a técnica de enfermagem que apareceu na reportagem não denunciou o colega enfermeiro em 2009.
Notícia completa em http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2013/02/hospital-evangelico-de-curitiba-afasta-47-funcionarios-da-uti.html
Meu comentário - É evidente que se trata de um caso sob investigação ainda, mas meu comentário é no sentido de destacar o pouco valor que a vida humana passou a ter nos atuais dias. Cada vez, infelizmente, parecem ser mais comuns as notícias (imagine, então, o que não vem à tona na imprensa) sobre o descaso em hospitais e clínicas em relação a pessoas que foram até esses locais justamente para terem uma esperança de vida.
Não vou entrar no mérito do caso em si, pois o mesmo ainda não está completamente fechado e resolvido.
Mas quanto vale a vida humana? Em II Timóteo 3:2-5, o apóstolo Paulo enumera uma lista que caracteriza o comportamento moral das pessoas no que ele chama de últimos dias. Entre as expressões está cruéis. A crueldade contra alguém que não pode se defender agrava a atitude de quem a praticou.
Evidentemente os críticos de plantão poderão dizer que crueldade sempre existiu, mas o que vemos hoje é uma indiferença maior com relação à vida. Se ficar provado que médicos agiam dessa maneira em uma instituição de saúde, estamos, então, vendo, mais uma vez, o retrato do perfil "humano" dos últimos dias. Ou seja, cada vez menos humano, menos semelhante a Deus e mais próximo do conceito apregoado pelo inimigo.