Simples Olhar

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011 0 comentários

Por Felipe Lemos.


                Talvez um dia eu consiga assimilar algumas das características de Amair de Jesus. Uma delas é a capacidade de viver uma vida longe dos dilemas e dramas urbanos de maneira simples. Indiferente aos conflitos na Líbia, aos ronaldinhos, aos terremotos, às discussões financeiras, às ameaças de guerra no planeta, Amair só nutre uma sincera preocupação: avisar a população de que a lancha de auxílio médico adventista está para chegar à comunidade. Pudera, diria o espertalhão de plantão, já que Amair vive em uma localidade ribeirinha às margens do rio Manacapuru, na Amazônia. Mas não é apenas isso. O sorriso franco de quem não se importa em vestir calção e calçar surrados chinelos todos os dias mostra que a vida pode ser dura em muitos sentidos, mas vai além do que eu compreendo a capacidade de digerir os ditames do cotidiano. É um exercício diário.
                Como observador fora da comunidade, ainda me coloco alheio à realidade. Tenho dificuldade de entender vida como uma rotina de passar o dia inteiro em atividades agrícolas sem energia elétrica em casa, olhando a natureza e convivendo no sentido pleno de comunidade. Claro que lá há dilemas, dramas, vicissitudes, erros, pecados. Mas eles parecem mais poéticos, menos estressantes, menos traumáticos, mais possíveis de serem enfrentados com esperança. O calor extenuante durante o dia não desanima o solícito Amair. É interessante vê-lo conduzindo a voadeira pelo riozão, quase mar, encontrando caminhos onde a mente urbanóide e bitolada não consegue sequer enxergar um palmo diante do nariz. Desce rápido quando atraca às margens de uma comunidade, sai correndo em busca de algum mantimento e avisa os vizinhos de que logo a lancha estará por ali, dentro de alguns dias, algumas horas, não importa.
                Gratificante é constatar que o simples homem do rio não chegou a estudar as ciências dos doutos. Mas tem capacidade de liderar seu grupo, criar meios de tornar boa a convivência na “ilha” afastada centenas de quilômetros da dita civilização de cimento e pedra. Confia na solidariedade dos lancheiros, que levam saúde e prevenção ao povo que nem sabe muito bem se está doente ou se doença tem cura, tem tratamento. Acredita nas pessoas ainda. Sorri quando olha para alguém que se amedronta com o banzeiro no rio.
                Eu ainda quero pensar um pouco mais como o Amair; que a perspectiva da vida não está no solo duro do asfalto e nem na tecnologia que me faz escravo diário. Que os hábitos simples na terra da noite silenciosa podem me ensinar muita coisa que não aprendi ainda. Que as amizades desenvolvidas em torno da cooperação mútua ainda existem. E que consolidam uma saudável comunidade. Como eu disse: não me iludo, há problemas no simples e no complexo, mas a singeleza do assovio para chamar o companheiro e alertá-lo em alto rio é um aprendizado marcante.

Populações da Amazônia têm esperança com Luzeiro

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011 0 comentários

Na região do rio Manacapuru, no estado do Amazonas, a ADRA - Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais tem feito a diferença onde nem o poder público consegue chegar com regularidade. Pelo menos 32 comunidades são atendidas atualmente, no ano em que a lancha solidária Luzeiro completa 80 anos de atuação. Há várias famílias que estavam há mais de dois anos sem atendimento médico por conta das distâncias até o hospital mais próximo e que agora são visitadas periodicamente pela lancha que oferece clínica geral, dentista e muita orientação preventiva. O objetivo não é o de apenas resolver imediatamente os problemas, mas evitá-los com um trabalho de conscientização para mais de 2.100 pessoas ao longo deste rio, no coração da Amazônia.








Veja vídeo feito pelo jornalista Heron Santana e algumas fotos que fiz nesta semana na região.

Jovem mata a mãe por causa de videogame

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011 0 comentários

Portal Olhar Digital, 16.02.2011, às 11h40min.

Um jovem de 16 anos, morador da Filadélfia (Estados Unidos), confessou ter matado sua própria mãe nesta semana. O que mais chocou a opinião pública, no entanto, foi o motivo: a proibição de jogar PlayStation.

O menino Kendall Anderson disse que assassinou sua mãe, Rashida Anderson, enquanto ela dormia, ao acertar um martelo na cabeça da vítima. Logo após o crime, o jovem tentou esconder as evidências, cremando a arma do crime no forno da cozinha e escondendo o corpo da mãe atrás da casa para, só então, telefonar para a polícia, informando sobre o desaparecimento de Rashida.

Essa não foi a primeira vez em que um jogo motivou uma ocorrência policial. Em outubro de 2010, uma mãe matou o filho de três meses por conta do Farmville.

Nota: Infelizmente este é o reflexo da sociedade consumista na qual todos estão inseridos. Embora nem todos tenham a mesma reação desmedida e insana deste rapaz, a falta de valores sólidos nas famílias revela crimes como este. Muitos, ao lerem este tipo de notícia, podem ser levados a pensar que em sua casa isso não acontece. Pode ser que não ocorra e que bom que a situação não está neste nível. O problema é que se o consumismo e o desejo de apenas possuir coisas e obter estas coisas a qualquer preço (problema de crianças, adolescentes, jovens e adultos) inevitavelmente pode levar a uma situação trágica como a descrita na nota do portal. Os valores espirituais (bíblicos) deveriam ser elevados nas casas desde cedo e a figura dos pais não deveria estar associada ao conceito do "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço". O respeito e o apego a coisas boas deriva de referências dentro do lar. Se os próprios pais não valorizarem aspectos espirituais, dificilmente os filhos terão este interesse. Claro que religião em casa não significa antídoto eficaz contra criminalidade. Mas é uma contribuição importante que pode fazer a diferença.

Realidade em Foco agora em vídeo

sábado, 12 de fevereiro de 2011 1 comentários

Começamos hoje uma experiência que deverá se repetir por várias vezes. Comentários em vídeo. Comente, sugira e divulgue.

O Egito e os precedentes das crises

domingo, 6 de fevereiro de 2011 1 comentários

Por Felipe Lemos, mantenedor deste blog.


                Mesmo sem uma ampla pesquisa documental histórica, é possível intuir que períodos de crise econômica geralmente precedem grandes revoluções ou insurreições populares. O historiador Eric Hobsbawn, em A Era das Revoluções, à página 162, por exemplo, diz no capítulo introdutório das revoluções que “por trás destas grandes mudanças políticas estavam grandes mudanças no desenvolvimento social e econômico”. A história escrita diariamente na mídia confirma isso. Recentemente a Grécia apresentou conflitos na sua capital por causa da crise econômica pela qual o país passou. Na França, alterações nas regras previdenciárias motivaram confusões em Paris. Na Tunísia, a insustentável fragilidade das políticas sociais e econômicas, levadas a um ponto máximo, originaram insurreições e a fuga dos dirigentes da nação. E agora o Egito também esboça a reação motivada, sobretudo, por questões econômicas. A clã Mubarak está ameaçada, principalmente, porque grande parte da população padece com baixos ganhos regulares e não vê perspectiva de significativa e rápida melhora. Ouvi que alguns ganham menos de 2 dólares por dia. Parece ser um motivo mais do que justificável para protestar. Isso sem falar na decadência agora visível e patente ao mundo inteiro de Cuba, onde recentemente grande parte dos servidores públicos foram demitidos para desonerar a folha de pagamento governamental. Há uma gama de razões para as insurreições populares e assim sempre foi, mas o fundo econômico, que sempre foi uma das razões, adquiriu maior força ultimamente.
                O que me interessa analisar é o que está por trás deste enfraquecimento da estabilidade financeira de um país. É fato que ainda perduram regimes ditatoriais no planeta e que se perpetuam, claro que por força militar, mas amparados e alicerçados, também, por  uma certa estabilidade econômica. É um fato destacado que, diante de inflação controlada, poder de compra razoavelmente garantido e índices de desemprego sob controle, a população tende a se manter pacata, mesmo diante de regimes políticos caracterizadas por corrupção e mesmo cerceamento de determinadas liberdades individuais. A revolução surge quando se mexe literalmente no bolso.
                E quando os parâmetros de solidez financeira de uma nação deixam de existir e isso redunda em perdas para os cidadãos comuns, surge um precedente enorme. Abrem-se as possibilidades de se impor formas de governar ainda mais coercitivas em nome de uma ordem pública. Mudanças, neste caso, podem ser boas ou ruins, pois depende da situação. Parece que governos e população, quando ameaçados pela queda de classe social e status quo, recorrem à violência e à guerra urbana. Falo dos dois lados.
                Algo que ocorre diante das insurreições, sob uma análise espiritual e bíblica. É a de que fica provado que o que mantém, muitas vezes, a estabilidade social a salvo de convulsões constantes é o fato de as finanças andarem equilibradas. Com dinheiro no bolso e crescimento econômico sustentável, os ânimos são mantidos calmos. Só que quando isso acaba, nada mais parece manter a “casa em ordem”. Fica evidente a falta de algo adicional, algo que chamo de estabilidade espiritual. As relações humanas, predominantemente pautadas pelo ganhar em termos materiais, desfragmentam-se diante dos recursos escassos que movem a roda comercial e industrial. Se não existir um pensamento “do alto”, como comenta o apóstolo Paulo em uma de suas cartas aos cristãos colossenses, o vil metal vira moeda de briga. A busca pessoal de Deus e um comprometimento com princípios, e não com apenas com metas financeiras, mudam efetivamente o estado das coisas.
                O abalo das nações, por conta das dificuldades financeiras a curto, médio e longo prazo, não tem solução. Cedo ou tarde, as crises vão bater à porta dos países ricos ou dos que se consideram em desenvolvimento. E o que vai permanecer é a capacidade de reação não por violência ou um desespero diante da possível perda dos benefícios advindos de uma estabilidade de moeda e de uma macroeconomia ajustada. A melhor reação é a fundamentada em uma esperança espiritual e eterna. Vai além do perecível e das lutas humanas.

Exercícios melhoram a memória

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011 0 comentários

Agência Fapesp, 1º.02.2011.

Exercícios físicos aeróbicos podem diminuir a perda de memória em idosos e prevenir o declínio cognitivo associado com o envelhecimento, indica estudo que será publicado esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
A pesquisa, feita nos Estados Unidos, verificou que um ano de exercícios físicos moderados foi capaz de aumentar o tamanho do hipocampo em adultos mais velhos, levando a uma melhoria na memória espacial. De acordo com estudos anteriores, o hipocampo diminui com a idade, o que afeta a memória e aumenta o risco de demência.
Arthur Kramer, da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, e colegas examinaram os cérebros de 60 adultos saudáveis com idades entre 55 e 80 antes, durante e após o período de um ano de exercícios.
Os pesquisadores observaram que os participantes que caminharam por 40 minutos, três vezes por semana, tiveram um aumento de em média 2,12% no volume do hipocampo esquerdo e de 1,97% no direito. O grupo que praticou apenas exercícios de alongamento teve diminuição média de 1,40% no hipocampo esquerdo e de 1,43% no direito no período.
Testes de memória espacial foram conduzidos antes, com seis meses e após um ano. Aqueles que integraram o grupo de exercício aeróbico apresentaram melhoria nas funções de memória, que os cientistas apontam estar associado com o aumento no hipocampo.
O grupo que praticou atividade física aeróbica também teve aumento em diversos biomarcadores associados com a saúde cerebral, como no fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF, na sigla em inglês), uma pequena molécula envolvida na memória e na aprendizagem.
“Os resultados do estudo são particularmente interessantes por indicarem que mesmo pequenas quantidades de exercícios em adultos mais velhos e sedentários podem levar a melhorias substanciais na memória e na saúde cerebral”, disse Kramer, que dirige o Instituto Beckman na Universidade de Illinois.

Nota: A Bíblia declara que o nosso corpo é o templo de habitação do Espírito Santo, por isso precisamos cuidar dele adequadamente. Não cuidar simplesmente para exibição ou por medo de doenças. O objetivo do cuidado do corpo é espiritual, na medida em que as pessoas saudáveis física e  mentalmente se tornam canais mais eficazes para ouvir a voz de Deus e compreendê-la. Este é o conceito bíblico de saúde integral. E a ciência concorda com isso em suas pesquisas, mostrando a íntima relação entre mente e corpo. E, podemos acrescentar, a questão espiritual também como beneficiada com uma prática saudável.  

 
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