Escola suspende oração após reclamações de pais

quarta-feira, 24 de agosto de 2011 1 comentários




Foto produzida por Correio Braziliense
Correio Braziliense Web, 20.08.2011.
“Papai do Céu, eu agradeço.” Os agradecimentos são encerrados com a expressão “amém”. O ato religioso desencadeou uma polêmica entre pais de alunos entre 3 e 5 anos do Jardim de Infância da 404 Norte. A tradição existe há 47 anos, mas foi interrompida na última segunda-feira, após uma denúncia na Ouvidoria da Secretaria de Educação do DF. De um lado, estão pais que defendem o momento de gratidão. Do outro, os que alegam a laicidade do Estado e afirmam que a religião deve ser tratada de forma facultativa, a partir do ensino fundamental. A Secretaria de Educação garante que as escolas públicas devem abordar os valores humanos, sem focar em religião.

Segundo a diretora da escola, Rosimara Albuquerque, o momento da acolhida é feito no início do turno escolar. A finalização ficava por conta de um aluno fazendo os agradecimentos. “Eles faziam orações espontâneas e relatavam os agradecimentos a Deus, com a religiosidade que traziam de casa. Mas isso estava ofendendo alguns pais e alunos”, contou a diretora. Há seis anos como gestora da escola, Rosimara garante que essa é a primeira vez que o momento religioso é questionado. “Todos sempre adoraram, mas esse ato não ocorre desde segunda-feira. Agora, queremos entrar em um consenso de acordo com o que estabelece a lei”, disse.

Conforme a Secretaria de Educação, os 180 pais do Jardim de Infância da 404 Norte se dividem em ateus, budistas, politeístas e cristãos. Oito deles defendem o fim da atividade com teor religioso dentro da escola. “As crianças têm entre 3 e 5 anos. Será que esse é o momento de lidar com isso dentro da escola?”, questiona Heliane Batista Carvalho, 40 anos, mãe de um menino de 4 anos. A radialista conta que o filho canta músicas com o nome de Jesus. “Ele aprendeu na escola. Tenho o direito e a prerrogativa de o meu filho ter educação religiosa apenas familiar” afirma.

Para o secretário adjunto de Educação, Erasto Fortes, a atitude do jardim de infância infringe a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). “A legislação é muito clara, em que acolhe o ensino religioso como matéria facultativa, com início nos ensinos fundamental e médio. As escolas de ensino público não podem fazer nenhuma atividade religiosa obrigatória a todos os alunos”, informou.

A psicóloga Márcia Bandeira de Souza Rocha, 34 anos, estudou no Jardim de Infância da 404 Norte há 30 anos. Hoje, o filho dela, Miguel Rocha, 4, aprende no mesmo lugar. A criança está matriculada na escola há dois anos e sempre participou dos momentos religiosos. “É uma hora de pausa para dividir sentimentos de proteção, amor e carinho. A escola é um ambiente de socialização entre as crianças, que são de todas as religiões e culturas”, conta.

A psicóloga está responsável por colher assinaturas para um abaixo-assinado, pelo qual os pais reivindicam a permanência da oração na entrada das crianças; a continuidade das festas cristãs, como Natal e Páscoa; e também o ensino de músicas que falam de Deus. O documento conta com 110 assinaturas. Na próxima semana, uma reunião com os pais, os funcionários da escola e representantes da Regional de Ensino deve decidir o futuro do momento de agradecimento do Jardim de Infância da 404 Norte.

Exigências
A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. O artigo 33 determina que "o ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo". A lei diz ainda que, para definir os conteúdos do ensino religioso, os sistemas de ensino devem ouvir entidades civis, constituídas pelas diferentes denominações religiosas.

Nota: Realmente, essa interpretação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional foi bastante abrangente e considerou a oração diária com os pequenos alunos como ensino religioso. Entendo e respeito a opinião dos pais que destacam o respeito à liberdade de crença, mas talvez a atitude não precisasse ser tão incisiva. Não me parece, de forma alguma, aula de ensino religioso o que era praticado na escola citada. Dá a impressão de ser um momento em que os alunos espontaneamente faziam orações e, os que não foram assim ensinados, certamente não sofriam qualquer coação ou obrigatoriedade de exercer prática religiosa.
Agora é inegável que a religião faz parte da cultura de qualquer povo e não pode ser simplesmente negada ou desprezada. Que as escolas públicas, então, criem algum mecanismo de ensinar valores morais aos estudantes, pois isso está em grande falta, não apenas nos estabelecimentos de ensino (que refletem, a bem da verdade, o que acontece antes), mas nas famílias. Essa seria uma contribuição importante. O estado é laico mesmo, até por força de lei, mas a religiosidade faz parte do cotidiano dos brasileiros. E essa harmonização precisa ser discutida de uma maneira mais séria e sem preconceitos.

Sugiro a leitura, também, de uma reportagem a respeito do assunto em http://abj-noticias.blogspot.com/2011/08/teologo-defende-democracia-em-aulas-de.html.

Pesquisa mostra surgimento de evangélicos não praticantes

domingo, 21 de agosto de 2011 0 comentários


 Revista IstoÉ, semana de 21 de agosto de 2011.     

Acaba de nascer no País uma nova categoria religiosa, a dos evangélicos não praticantes. São os fiéis que creem, mas não pertencem a nenhuma denominação. O surgimento dela já era aguardado, uma vez que os católicos, ainda maioria, perdem espaço a cada ano para o conglomerado formado por protestantes históricos, pentecostais e neopentecostais. Sendo assim, é cada vez maior o número de brasileiros que nascem em berço evangélico – e, como muitos católicos, não praticam sua fé. Dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelaram, na semana passada, que evangélicos de origem que não mantêm vínculos com a crença saltaram, em seis anos, de insignificantes 0,7% para 2,9%. Em números absolutos, são quatro milhões de brasileiros a mais nessa condição. Essa é uma das constatações que estatísticos e pesquisadores estão produzindo recentemente, às quais ISTOÉ teve acesso, formando um novo panorama religioso no País.


Isso só é possível porque o universo espiritual está tomado por gente que constrói a sua fé sem seguir a cartilha de uma denominação. Se outrora o padre ou o pastor produziam sentido à vida das pessoas de muitas comunidades, atualmente celebridades, empresários e esportistas, só para citar três exemplos, dividem esse espaço com essas lideranças. Assim, muitas vezes, os fiéis interpretam a sua trajetória e o mundo que os cerca de uma maneira pessoal, sem se valer da orientação religiosa. Esse fenômeno, conhecido como secularização, revelou o enfraquecimento da transmissão das tradições, implicou a proliferação de igrejas e fez nascer a migração religiosa, uma prática presente até mesmo entre os que se dizem sem religião (ateus, agnósticos e os que creem em algo, mas não participam de nenhum grupo religioso). É muito provável, portanto, que os evangélicos pesquisados pelo IBGE que se disseram desvinculados da sua instituição estejam, como muitos brasileiros, experimentando outras crenças.

É cada vez maior a circulação de um fiel por diferentes denominações – ao mesmo tempo que decresce a lealdade a uma única instituição religiosa. Em 2006, um levantamento feito pelo Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais (Ceris) e organizado pela especialista em sociologia da religião Sílvia Fernandes, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), verificou que cerca de um quarto dos 2.870 entrevistados já havia trocado de crença. Outro estudo, do ano passado, produzido pela professora Sandra Duarte de Souza, de ciências sociais e religião da Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), para seu trabalho de pós-doutorado na Universidade de Campinas (Unicamp), revelou que 53% das pessoas (o universo pesquisado foi de 433 evangélicos) já haviam participado de outros grupos religiosos.

"Os indivíduos estão numa fase de experimentação do religioso, seja ele institucionalizado ou não, e, nesse sentido, o desafio das igrejas estabelecidas é maior porque a pessoa pode escolher uma religião hoje e outra amanhã”, afirma Sílvia, da UFRRJ. “Os vínculos são mais frouxos, o que exige das instituições maior oferta de sentido para o fiel aderir a elas e permanecer. É tempo de mobilidade religiosa e pouca permanência.” Transitar por diferentes crenças é algo que já ocorre há algum tempo. A intensificação dessa prática, porém, tem produzido novos retratos. Denominadores comuns do mapa da circulação da fé pregam que católicos se tornam evangélicos ou espíritas, assim como pentecostais e neopentecostais recebem fiéis de religiões afro-brasileiras e do protestantismo histórico. Estudos recentes revelam também que o caminho contrário a essas peregrinações já é uma realidade.

Em sua dissertação de mestrado sobre as motivações de gênero para o trânsito de pentecostais para igrejas metodistas, defendida na Umesp, a psicóloga Patrícia Cristina da Silva Souza Alves verificou, depois de entrevistar 193 protestantes históricos, que 16,5% eram oriundos de igrejas pentecostais. Essa proporção era de 0,6% (27 vezes menor) em 1998, como consta no artigo “Trânsito religioso no Brasil”, produzido pelos pesquisadores Paula Montero e Ronaldo de Almeida, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). Para Patrícia, o momento econômico do Brasil, que registra baixos índices de desemprego e ascensão socioeconômica da população, reduz a necessidade da bênção material, um dos principais chamarizes de uma parcela do pentecostalismo. “Por outro lado, desperta o olhar para valores inerentes ao cristianismo, como a ética e a moral cristã, bastante difundidas entre os protestantes históricos”, afirma.

Em busca desses valores, o serralheiro paraibano Marcos Aurélio Barbosa, 37 anos, passou a frequentar a Igreja Metodista há um ano e meio. Segundo ele, nela o culto é ofertado a Deus e não aos fiéis, como acontecia na pentecostal Assembleia de Deus, a instituição da qual Barbosa foi devoto por 16 anos, sendo sete como presbítero. O serralheiro cumpria à risca os rígidos usos e costumes impostos pela denominação. “Eu não vestia bermuda nem dormia sem camisa, não tinha tevê em casa, não bebia vinho, não ia ao cinema nem à praia porque era pecado”, conta. Com o tempo, o paraibano passou a questionar essas proibições e acabou migrando. “Na Metodista encontrei um Deus que perdoa, não um justiceiro.”

A teóloga Lídia Maria de Lima irá defender até o final do ano uma dissertação de mestrado sobre o trânsito de evangélicos para religiões afro-brasileiras. A pesquisadora já entrevistou 60 umbandistas e candomblecistas e verificou que 35% deles eram evangélicos antes de entrar para os cultos afros. Preterir as denominações cristãs por religiões de origem africana é outro tipo de migração até então pouco comum. Não é, porém, uma movimentação tão traumática, uma vez que o currículo religioso dos ex-evangélicos convertidos à umbanda ou ao candomblé revela, quase sempre, passagens por grupos de matriz africana em algum momento de suas vidas. Pai de santo há dois anos, o contador Silvio Garcia, 52 anos, tem a ficha religiosa marcada por cinco denominações distintas – e a umbanda é uma delas. Foi aos 14 anos, frequentando reuniões na casa de uma vizinha, que Garcia, batizado na Igreja Católica, aprendeu as magias da umbanda. Nessa época, também era assíduo frequentador de centros espíritas. Aos 30, ele passou a cursar uma faculdade de teologia cristã e, com o diploma a tiracolo, tornou-se presbítero de uma igreja protestante. Um ano depois, migrou para uma pentecostal, onde pastoreou fiéis por seis anos. “Mas essas igrejas comercializam a figura de Cristo e eu não me sentia feliz com a minha fé”, diz.

Transe - A teóloga Lídia sugere que os sistemas simbólicos das religiões evangélica e afro-brasileira têm favorecido a circulação de fiéis da primeira para a segunda. “Há uma singularidade de ritos, como o fenômeno do transe. Um dos entrevistados me disse que muito do que presenciava na Igreja Universal (do Reino de Deus) ele encontrou na umbanda”, diz. Em suas pesquisas, fiéis do sexo feminino foram as que mais cometeram infidelidade religiosa (67%). Os motivos que levam homens e mulheres a migrar de religião (leia quadro à pág. 60) foram investigados pela professora Sandra, da Umesp. Em outubro, suas conclusões serão publicadas em “Filosofia do Gênero em Face da Teologia: Espelho do

Uma diferença básica entre os sexos é que as mulheres mudam de religião em busca de graça para quem está a sua volta (a cura para filhos e maridos doentes ou a recuperação do casamento, por exemplo). Já os homens são motivados por problemas de fundo individual. Assim ocorreu com o empresário paulista Roberto Higuti, 45 anos, que se tornou evangélico para afastar o consumo e o tráfico de drogas de sua vida. Católico na infância, budista e adepto da Igreja Messiânica e da Seicho-No-Ie na adolescência, Higuti saiu de casa aos 15 anos e se tornou um fiel seguidor do mundo do crime. Sua relação com as drogas foi pontuada por internação em hospital psiquiátrico, prisão e duas tentativas de suicídio. Certo dia, cansado da falta de perspectivas, viu uma marca de cruz na parede, ajoelhou-se e disse: “Jesus, se tu existes mesmo, me tira dessa vida maldita.” Há cinco anos, o empresário é pastor da neopentecostal Igreja Bola de Neve, onde ministra dois cultos por semana. “Quero, agora, ganhar almas para o Senhor”, diz.

Antes de se fixar na Bola de Neve, Higuti experimentou outras quatro denominações evangélicas. Mobilidades intraevangélicas como as dele ocorrem com aproximadamente 40% dos adeptos de igrejas pentecostais e neopentecostais, segundo a especialista em sociologia da religião Sílvia, da UFRRJ. Os neopentecostais, porém, possuem uma particularidade. Seus fiéis trocam de igreja como quem descarta uma roupa velha: porque ela não serve mais. São a homogeneização da oferta religiosa e a maior visibilidade de algumas denominações que produzem esse efeito. “Esse grupo, antigamente, era o tal receptor universal de fiéis, para onde iam todas as religiões. Hoje, a singularidade dele é o fato de receber membros de outras neopentecostais”, diz Sandra, da Umesp. “Quanto mais acirrada a concorrência, maior a migração.” A exposição na mídia, fundamentalmente na tevê, é a principal estratégia dos neopentecostais para roubar adeptos da concorrente direta. E cada vez mais as pessoas estabelecem uma relação utilitária com a religião. De acordo com a pesquisadora Sandra, se não há o retorno (material, na maioria das vezes), o fiel procura outra prestadora de serviço religioso. Estima-se, por exemplo, que 70% dos atuais adeptos da Igreja Mundial – uma dissidente da Universal – tenham migrado para lá vindos da denominação de Edir Macedo. “Entre os neopentecostais não se busca mais um líder religioso, mas um mago que resolva tudo num estalar de dedos”, diz Sandra. “Essa magia faz sucesso, mas tem vida curta, uma vez que o fiel se afasta, caso não encontre logo o que quer.”

Sem religião - Cansada de pular de uma crença para outra, a artesã paulista Lucina Alves, 57 anos, não sente mais necessidade de pertencer a uma igreja. Há oito anos, ela diz ser do grupo dos sem-religião. No entanto, recorre a ritos de fé, principalmente católicos, espíritas e da Seicho-No-Ie, sempre que sente vontade de zelar pelo bem-estar de alguém. “Há um mês, fui até uma benzedeira ligada ao espiritismo para ajudar meu filho que passava por problemas conjugais”, diz. Dados do artigo “Trânsito religioso no Brasil” revelaram que 30,7% das pessoas que se encontram na categoria dos sem-religião frequentam algum serviço religioso anualmente e 20,3% fazem o mesmo mais de uma vez por mês. “Já participei de reuniões evangélicas de orações em casa de familiares”, conta Lucina.

A artesã não cultua santos, crê em Deus, Jesus Cristo e acende vela para anjos. No campo das ciências da religião, manifestações espirituais como as dela são recentes e vêm sendo tema de novos estudos. A migração de brasileiros para o islã é outro fenômeno que cresce no País. O número de convertidos na comunidade muçulmana do Rio de Janeiro, por exemplo, saltou de 15% em 1997 para 85% em 2009. Ex-umbandista que hoje atende por Ahmad Abdul-Haqq, o policial militar paulista Mario Alves da Silva Filho tem um inventário religioso de dar inveja. Batizado no catolicismo, aos 9 anos estreou na umbanda em uma gira de caboclo e baianos. Um ano depois, juntando moedas que ganhava dos pais, comprou seu primeiro livro, sobre bruxaria. Aos 14, passou a frequentar a Federação Espírita paulista, onde fez cursos para trabalhar com incorporações e psicografia. Aos 17 anos, trabalhou em ordens esotéricas ao mesmo tempo que dava expediente na umbanda. O policial, mestrando em sociologia da religião na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), decidiu se converter ao islã quando fazia um retiro de padres jesuítas. Em uma noite, sonhou com um árabe que o indicava o islã como resposta para suas dúvidas. Aos 29 anos, ele entrou em uma mesquita e disse que queria ser muçulmano. Saiu dela batizado e, desde então, faz cinco orações e repete frases do “Alcorão” diariamente. “Descobri que sou uma criatura de Deus e voltarei ao seio do Criador.”

O restante da reportagem pode ser lido em http://www.istoe.com.br/reportagens/152980_O+NOVO+RETRATO+DA+FE+NO+BRASIL?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage

Nota: A reportagem é extensa, mas revela dados de uma ampla pesquisa. Duas coisas me chamaram a atenção especialmente no relato apresentado pelo jornalista Rodrigo Cardoso nessa reportagem da revista.
A primeira de que muita gente está deixando de se comprometer com igrejas ou religiões. Na reportagem é mencionada a expressão "construir a fé sem seguir a cartilha de uma denominação". É dito que muitos evangélicos estão interpretando as questões espirituais de uma maneira bastante particular e individual, ou seja, sem qualquer vínculo com instituições religiosas e, portanto, com pouco ou praticamente nenhuma outra referência a não ser sua própria individualidade.
Isso parece soar bem, mas tem outros aspectos que precisam ser relembrados. Apesar de haver muitas igrejas ou denominações, biblicamente a igreja, conforme o ideal apresentado por Cristo enquanto aqui esteve e confirmado pelos primeiros discípulos e apóstolos, tem uma função importante de ajudar na consolidação da fé. Pessoas com as mesmas crenças (e isso implica que uma igreja cristã, por exemplo, ensine realmente as crenças tais como foram ensinadas na Bíblia) se unem e se fortalecem mutuamente em um grupo. No livro de Hebreus, o auto declara que é importante que os cristãos "não deixem de se congregar". Além disso, outro aspecto que precisa ser enfatizado é a respeito do risco de se viver uma religião fundamentada em convicções pessoais e aparentemente dissociadas dos próprios conceitos que Deus estabeleceu.
Deus já deixou muito claro, na Bíblia Sagrada, que possui leis e que a adoração a Ele (que é a função primeira de um adorador, ou seja, de uma criatura Dele) não se dá de qualquer maneira. Essa adoração ocorre, no entanto, do jeito que Ele estabeleceu simplesmente porque Ele é Deus e somos Suas criaturas. O amor a Ele e a busca consequente por sua presença diariamente levam inevitavelmente a uma obediência não cega, mas racional e alicerçada em leis que expressam, na verdade, esse amor de maneira prática em relação a Ele e às pessoa ao nosso redor. Não dá para se sustentar uma fé individualista, alijada dos próprios conceitos que Deus estabeleceu. Não vejo isso como fé, mas uma expressão de convicções meramente pessoais e até autoajuda disfarçada.
Perigosa essa tendência, pois repele indiretamente Deus e quaisquer tipos de normas que Ele estabelece ao longo de toda a narrativa bíblica e que fazem parte do Seu reino e foram confirmadas por Jesus Cristo quando aqui esteve no mundo. Um caminho bastante inseguro por onde muitos estão trilhando e eu sinceramente não gostaria de seguir. A pesquisa apenas indica, cabe a cada um refletir se realmente quer desenvolver esse tipo de religiosidade.

Microdestilaria transforma material apreendido em renda

quarta-feira, 17 de agosto de 2011 0 comentários

Meu comentário dessa semana no espaço Conexão Cidadania, da Rádio Novo Tempo - www.novotempo.org/radio

 De Santa Maria, Rio Grande do Sul, vi uma notícia muito interessante que realmente tem tudo a ver com cidadania. Na universidade federal localizada nessa cidade, uma microdestilaria está transformando o que antes era jogado fora em geração de renda. Sabe as bebidas apreendidas em fiscalizações da Receita Federal? Pois bem, em vez de continuar jogando o líquido fora como em muitos lugares ainda ocorre, na microdestilaria da Universidade Federal de Santa Maria os destilados e outras bebidas alcoólicas se transformam em combustível que garantem o trabalho da própria instituição de ensino. E mais: geram emprego para pessoas que trabalham nessa atividade em uma usina de reciclagem. Estima-se que 100 litros das bebidas possam gerar até 20 litros de combustível.


A microdestilaria andava meio parada, conforme as reportagens. O que me chama a atenção aí é que, quando vários órgãos resolvem trabalhar em sintonia (no caso, universidade e receita federal) coisas boas podem ocorrer. Fala-se tanto na necessidade de se poupar combustíveis fósseis como a gasolina e aí está um bom exemplo a ser seguido. Cidadania é, também, parcerias bem sucedidas que estimulam reaproveitamento e empreendedorismo.

Jornalista adventista dá testemunho em programa de TV

domingo, 14 de agosto de 2011 32 comentários

A fim de não  transgredir o mandamento de Deus em um programa da TV Record, Wasthí Lauers de Castro pediu para sair de um reality show comandado por Ana Hickman, porque havia provas que seriam realizadas no sábado e outras atividades que não condizem com o tipo de vida que procuram levar os guardadores do sábado. A adventista resolveu ser fiel ao princípio de Êxodo 20:8-11 e em várias outras partes da Bíblia.
Só um comentário: não sou favorável a programas de reality show e não participaria de um programa como esse, mas o testemunho da jovem é inegável. Prevaleceram os princípios imutáveis da Palavra de Deus bem colocados e defendidos por ela.

Modelo de apenas 10 anos em poses sensuais

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Revista IstoÉ, Semana de 14.08.2011.

A modelo francesa Thylane Blondeau é a nova queridinha da moda. Loura, esguia e com hipnotizantes olhos azuis, ela estrela ensaios sensuais – leia-se, inclusive, fotos de topless – nas principais publicações de moda do mundo. Esse seria apenas mais um conto de fadas de uma top model se Thylane não tivesse apenas 10 anos. Filha de uma apresentadora de tevê e de um jogador de futebol, a garota nasceu sob os holofotes. Aos quatro anos, desfilou para Jean Paul Gaultier e, recentemente, foi a estrela de um encarte da Vogue francesa no qual aparece com maquiagem carregada. O ensaio dividiu opiniões e teria contribuído para a demissão da então diretora da publicação, a poderosa Carine Roitfeld.

Afinal, 10 anos não é cedo demais para fotos sensuais? Psicanalista do Hospital das Clínicas de São Paulo, Niraldo de Oliveira explica que atropelar a inocência típica da infância pode ser prejudicial, pois, dos 7 aos 12 anos de idade a sexualidade fica adormecida para que a criança possa se desenvolver intelectual e socialmente. “Isso significa que a menina cuja sexualidade é estimulada antes da hora pode chegar à vida adulta sem a maturidade necessária.”

Alguns entusiastas da moda alegam que a maldade está no olhar de quem vê, argumentando ser comum o topless de garotas francesas na praia. O problema, no entanto, estaria na sensualidade estampada nos olhares e nas poses. A consultora de moda Gloria Kalil pensa diferente. “Ninguém espera ver criancinhas só de vestidinhos balão”, escreveu ela no site “Chic”. “O esquisito é vê-las em atitudes de adultos insinuantes que despertam mal-estar.” Também consultora, Manu Carvalho acredita que o valor da moda está na possibilidade de romper preconceitos, mas que até na flexibilidade existe limites. “Prefiro ver crianças fantasiadas de princesas e super-heróis.”

Nota: Certamente esse é o tipo de tendência que provavelmente poderá trazer prejuízos a essas crianças no futuro. Alguns "liberais" vão dizer que nada há que temer, pois cada um depois decide o melhor para sua vida. Mas as decisões do futuro são construídas hoje. A Bíblia, aliás, também nesse aspecto educacional, tem alguns conselhos muito úteis e que deveriam ser seguidos por pais. Provérbios 22;6, por exemplo, registra que os pais devem ensinar o caminho em que a criança deve andar. O livro de Deuteronômio, capítulo 6 e versículo 7, também tem a mesma ênfase e usa uma palavra que hoje parece soar meio antiquada: inculcar.
Mas eu fico pensando em uma questão. Se a mídia em geral e os espertalhões da comunicação e do marketing, bem pagos para vender conceitos de vida, utilizam a técnica de inculcar, ou seja, colocar literalmente na mente das pessoas ideias de mundo, por que os pais e professores não podem fazê-lo também, especialmente aqueles que possuem temor a Deus e acreditam na Bíblia como regra de fé?
Como vemos na matéria acima, os pais dessas meninas se preocuparam em inculcar nelas o conceito de que a beleza é mais importante e está acima de qualquer preço. Aliás, hoje o preço disso é alto literalmente. Mas e a possibilidade de se ensinar o contrário: que valores morais e espirituais são mais importantes e garantem, ao menos, a consciência de que se pode pensar o que está ao redor de outra forma? Fica para nossa necessária reflexão.

Projeto quer obrigar bibliotecas a se adaptarem a deficientes

quarta-feira, 10 de agosto de 2011 0 comentários

Comentário semanal no espaço Conexão Cidadania da Rádio Novo Tempo.

Quando se fala em inclusão de pessoas com deficiência, em praticamente tudo se pensa, menos na educação e na cultura. Uma boa notícia é que a Câmara Federal analisa um projeto que obriga as bibliotecas que integram o Sistema de Bibliotecas Públicas a viabilizar o acesso de pessoas com deficiência visual aos livros didáticos utilizados nos ensinos fundamental e médio.

Conforme o site da Câmara, o acesso poderá ser assegurado pela inclusão, no acervo, de exemplares editados em braile ou gravados em suportes de gravação digital, para empréstimo; pela veiculação de exemplares virtuais na internet, acessíveis por meio de programas sintetizadores de voz; audiolivros; ou qualquer alternativa que se mostre viável.

Espero sinceramente que projetos como esse, que ensinam cidadania de uma maneira prática, saiam do papel e se tornem realidade. E mais do que isso: é fundamental que projetos como esse se concretizem a partir de investimento. Porque há leis criadas com a pretensão de tornar menos complicada a vida das pessoas com deficiência, mas que não se tornam efetivas por falta de recursos financeiros.

Esse tipo de lei deve inspirar legisladores em todo o país a desenvolver projetos que ajudem as pessoas com deficiência em outros aspectos, mais amplos do que simplesmente o acesso a um lugar público. Esse tipo de lei ajuda na conscientização sobre a necessidade de respeito e oferecimento de oportunidades iguais a quem possui algum tipo de restrição. Cidadania é isso também.

Cristãos pensantes - Artigo

terça-feira, 9 de agosto de 2011 0 comentários

Viver em uma sociedade livre é algo muito mais desafiador do que aparenta ser. As pessoas têm corrido de um lado para outro em busca de sentido para a vida. De formas variadas, tentam desvendar o mistério da existência. A razão questionadora, que coloca tudo em dúvida, não encontra terreno seguro onde possa se firmar. O grande número de questionamentos que assombram a intrigante atualidade também alcança o cristianismo. Muitos o veem apenas como manifestação cultural e histórica. Torná-lo regra de vida seria retrógrado, uma atitude alienada de alguns seguidores incautos. Porém, estaríamos destinados a uma vida de problemas insolúveis e perguntas sem respostas, feitas para o vazio?


Enquanto alguns duvidam de tudo, outros parecem sentir-se suficientes em suas crenças, mesmo sem saber por que acreditam naquilo em que se dispuseram a crer. Em ambos os casos, a vida carece de um fundamento sólido. A antiga cultura helenista, com a qual se confrontou o cristianismo primitivo, apresentava desafios semelhantes. É o que observamos em Atos 17, no impressionante relato da viagem do apóstolo Paulo para a cidade de Atenas, onde ele esteve em contato com algumas correntes filosóficas da época, como os epicureus e os estoicos. Os epicureus eram mais imediatistas e baseavam a vida no prazer. Os estoicos acreditavam que o mundo todo era regido pelas leis aleatórias da natureza, considerada um deus. Adeptos dessas ideias debatiam incansavelmente suas frágeis teorias.


Em Atenas, Paulo apresentou uma proposta diferente de tudo o que seus filósofos tinham visto e ouvido. Era inevitável que houvesse um choque de ideias. O cristianismo de Paulo, assim como o nosso, encontrava-se em conflito com a incerteza especulativa. Fala-se aqui de pessoas sem um claro conceito de Deus. Paulo viu ali a oportunidade de revelar uma crença contextualmente bem colocada e fundamentada em conceitos concretos. Ele pôde mostrar que o “deus desconhecido” na verdade é o verdadeiro Deus, que se revela e se faz conhecer por meio de Cristo Jesus.


Em seu sermão ao povo de Atenas, Paulo encontrou o ponto comum com seu público-alvo, dando aos ouvintes um possível fundamento que, por tanto tempo, foi procurado. Ele cita dois escritores gregos respeitados da época para apresentar seus conceitos com argumentos familiares à audiência. Aparentemente simples, mas carregado de muito conhecimento, Paulo, acima de tudo, confirma a contextualização do Cristianismo. Muito mais do que um fundo histórico ou uma listagem de normas teológicas: um cristianismo inteligente, racional.


Como cristãos, de que modo devemos agir diante de desafios semelhantes? Como Paulo, precisamos entender o que está acontecendo ao redor para saber onde estamos inseridos. O que os filósofos contemporâneos nos dizem hoje? A exemplo de Paulo, cabe a nós, baseados na verdade divina,  expor nossa filosofia, conforme a Palavra de Deus, estando preparados para responder a todo aquele que nos pedir razão de nossa esperança (1Pe 3:15). Estamos preparados a apresentar um cristianismo pensante e social, em meio à mistura descuidada de fundamentos flutuantes? Estamos dispostos a levar a verdade ao mundo, com relevância, deixando de lado todo espectro de visão unilateral? Pela revelação divina, conhecemos o que procede de Deus (1Jo 4:1). Com base em nossa sólida convicção em Cristo, podemos ter uma certeza relevante e atrativa.

Lucas Diemer de Lemos, revisor da Casa Publicadora Brasileira

Empresa dá desconto para quem recicla garrafas PET

quarta-feira, 3 de agosto de 2011 0 comentários

Passo a publicar aqui no blog, semanalmente, meu comentário no espaço Conexão Cidadania da Rádio Novo Tempo - http://novotempo.com/radio/

Sustentabilidade, palavra da moda hoje, tem tudo a ver com cidadania. A preservação do meio em que vivemos, é uma questão crucial. Não precisa nem pesquisa científica para vermos que a incapacidade de darmos um destino adequado ao lixo que produzimos, como cidadãos, está jogando contra nós. Uma interessante iniciativa vem de São Paulo. Os cidadãos de Jundiaí e região já podem contar com uma nova ação de sustentabilidade na cidade. Uma empresa de bebidas no país desenvolveu o projeto de logística reversa.
A companhia instalou seis máquinas coletoras de garrafas pet em três lojas da rede de supermercados e as máquinas gerarão cupons de desconto para os consumidores que reciclarem suas garrafas Pet. A solução não é novidade no mundo. Importadas da Noruega, as eco-coletoras aceitam todos os tamanhos de embalagem pet de bebida, desde a menor até a de três litros. Importante é que outras empresas e principalmente nós, cidadãos, busquemos maneiras viáveis de dar um destino adequado ao lixo que nós mesmos produzimos e em grande quantidade diariamente.

 
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