Marina Silva diz que não se opõe a ensino criacionista

domingo, 30 de agosto de 2009 0 comentários

Revista Veja, Semana de 30 de agosto de 2009.


A senadora Marina Silva, do Acre, causou um abalo amazônico ao Partido dos Trabalhadores. Depois de trinta anos de militância aguerrida, abandonou a legenda e marchou para o Partido Verde, seduzida por um convite para ser a candidata da agremiação à Presidência da República em 2010. Para o PT, o prejuízo foi duplo: não só perdeu um de seus poucos integrantes imaculadamente éticos, como ganhou uma adversária eleitoral de peso. Os petistas temem, e com razão, que a candidatura de Marina tire muitos votos da sua candidata ao Planalto, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Na semana passada, Marina, de 51 anos, casada, quatro filhos, explicou a VEJA as razões que a levaram a deixar o PT – e opinou sobre temas como aborto, legalização da maconha e criacionismo.

A senhora será candidata a presidente pelo Partido Verde?
Ainda não é hora de assumir candidatura. Há uma grande possibilidade de que isso aconteça, mas só anunciarei minha decisão em 2010.


Se sua candidatura sair, como parece provável, que perfil de eleitor a senhora pretende buscar?
Os jovens. Eles estão começando a reencontrar as utopias. Estão vendo que é possível se mobilizar a favor do Brasil, da sustentabilidade e do planeta. Minha geração ajudou a redemocratizar o país porque tínhamos mantenedores de utopia. Gente como Chico Mendes, Florestan Fernandes, Paulo Freire, Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Henrique Cardoso, que sustentava nossos sonhos e servia de referência. Agora, aos 51 anos, quero fazer o que eles fizeram por mim. Quero ser mantenedora de utopias e mobilizar as pessoas.

Sua saída abalou o PT. Além da possibilidade de disputar o Planalto, o que mais a moveu?
O PT teve uma visão progressista nos seus primeiros anos de vida, mas não fez a transição para os temas do século XXI. Isso me incomodava. O desafio dos nossos dias é dar resposta às crises ambiental e econômica, integrando duas questões fundamentais: estimular a criação de empregos e fomentar o desenvolvimento sem destruir o planeta. O crescimento econômico não pode acarretar mais efeitos negativos que positivos. Infelizmente, o PT não percebe isso. Cansei de tentar convencer o partido de que a questão do desenvolvimento sustentável é estratégica – como a sociedade, aliás, já sabe. Hoje, as pessoas podem eleger muito mais do que o presidente, o senador e o deputado. Elas podem optar por comprar madeira certificada ou carne e cereais produzidos em áreas que respeitam as reservas legais. A sociedade passou a fazer escolhas no seu dia a dia também baseada em valores éticos.

A crise moral que se abateu sobre o PT durante o governo Lula pesou na decisão?
Os erros cometidos pelo PT foram graves, mas estão sendo corrigidos e investigados. Quando da criação do PT, eu idealizava uma agremiação perfeita. Hoje, sei que isso não existe. Minha decisão não foi motivada pelos tropeços morais do partido, mesmo porque eles foram cometidos por uma minoria. Saí do PT, repito, por falta de atenção ao tema da sustentabilidade.

Ou seja, apesar de mudar de sigla, a senhora não rompeu com o petismo?
De jeito nenhum. Tenho um sentimento que mistura gratidão e perda em relação ao PT. Sair do partido foi, para mim, um processo muito doloroso. Perdi quase 3 quilos. Foi difícil explicar até para meus filhos. No álbum de fotografias, cada um deles está sempre com uma estrelinha do partido. É como se eu tivesse dividido uma casa por muito tempo com um grupo de pessoas que me deram muitas alegrias e alguns constrangimentos. Mudei de casa, mas continuo na mesma rua, na mesma vizinhança.

No período em que comandou o Ministério do Meio Ambiente, a senhora acumulou desavenças com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Como será enfrentá-la em sua eventual campanha à Presidência?
Não vou me colocar numa posição de vítima em relação à ministra Dilma. Quando eu era ministra e tínhamos divergências, era o presidente Lula quem arbitrava a solução. Não é por ter divergências com Dilma que vou transformá-la em vilã. Acredito que o Brasil pode fazer obras de infraestrutura com base no critério de sustentabilidade. Temos visões diferentes, mas não vou fazer o discurso fácil da demonização de quem quer que seja.

Um de seus maiores embates com a ministra Dilma foi causado pelas pressões da Casa Civil para licenciar as hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira. A senhora é contra a construção de usinas?
No Brasil, quando a gente levanta algum "porém", já dizem que somos contra. Nunca me opus a nenhuma hidrelétrica. O que aconteceu naquele caso foi que eu disse que, antes de construir uma usina enorme no meio do rio, era preciso resolver o problema do mercúrio, de sedimentos, dos bagres, das populações locais e da malária. E eu tinha razão. Como as pessoas traduziram a minha posição? Dizendo que eu era contra hidrelétricas. Isso é falso.


Se a senhora for eleita presidente, proibirá o cultivo de transgênicos?
Eis outra falácia: dizer que sou contra os transgênicos. Nunca fui. Sou a favor, isso sim, de um regime de coexistência, em que seria possível ter transgênicos e não transgênicos. Mas agora esse debate está prejudicado, porque a legislação aprovada é tão permissiva que não será mais possível o modelo de coexistência. Já há uma contaminação irreversível das lavouras de milho, algodão e soja.

O que a senhora mudaria no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)?
Eu não teria essa visão de só acelerar o crescimento. Buscaria o desenvolvimento com sustentabilidade, para que isso pudesse ser traduzido em qualidade de vida para as pessoas. Obviamente, é necessário que o país tenha infraestrutura adequada. Mas é preciso evitar os riscos e problemas que os empreendimentos podem trazer, sobretudo na questão ambiental.

Na economia, faria mudanças?
Não vou me colocar no lugar dos economistas. Prefiro ficar no lugar de política. Em linhas gerais, acho que o estado não deve se colocar como uma força que suplanta a capacidade criativa do mercado. Nem o estado deve ser onipresente, nem o mercado deve ser deificado. Também gosto da ideia do Banco Central com autonomia, como está, mas acho que estão certos os que defendem juros mais baixos.

No seu novo partido, o PV, há uma corrente que defende a descriminalização da maconha. Como a senhora se posiciona a respeito desse assunto?
Não sou favorável. Existem muitos argumentos em favor da descriminalização. Eles são defendidos por pessoas sérias e devem ser respeitados. Mas questões como essa não podem ser decididas pelo Executivo, e sim pelo Legislativo, que representa a sociedade. A minha posição não será um problema, porque o PV pretende aprovar na próxima convenção uma cláusula de consciência, para que haja divergências de opinião dentro do partido.

Os Estados Unidos elegeram o primeiro presidente negro de sua história, Barack Obama. Ele é fonte de inspiração?
Eu também sou negra, mas seria muito pretensioso da minha parte me colocar como similar ao Obama. Ele é uma inspiração para todas as pessoas que ousam sonhar. A questão racial teve um peso importante na eleição americana. Mas os Estados Unidos têm uma realidade diferente da do Brasil. Eu nunca fui vítima de preconceito racial aqui.

A senhora poderia se apresentar como uma candidata negra na campanha presidencial?
Não. É legítimo que as pessoas decidam votar em alguém por se identificar com alguma de suas características, como o fato de ser mulher, negra e de origem humilde. Mas seria oportunismo explorar isso numa campanha. O Brasil tem uma vasta diversidade étnica e deve conviver com as suas diferentes realidades. Caetano Veloso (cantor baiano) já disse que "Narciso acha feio o que não é espelho". Nós temos de aprender a nos relacionar com as diferenças, e não estimular a divisão. A história engraçada é que, durante as prévias do Partido Democrata americano, quando a Hillary Clinton disputava a vaga com Obama, um amigo meu brincou comigo dizendo que os Estados Unidos tinham de escolher entre uma mulher e um negro, e, se eu fosse candidata no Brasil, não teríamos esse problema, porque sou mulher e negra.

A senhora é a favor da política de cotas raciais para o acesso às universidades?
Há quem ache que as cotas levam à segregação, mas eu sou a favor de que se mantenha essa política por um período determinado. Acho que há, sim, um resgate a ser feito de negros e índios, uma espécie de discriminação positiva.

Mas a senhora entrou numa universidade pública sem precisar de cotas, embora seja negra, de origem humilde e alfabetizada pelo Mobral.
Sou uma exceção. Tenho sete irmãos que não chegaram lá.

Aos 16 anos, a senhora deixou o seringal e foi para a cidade, a fim de se tornar freira. Como uma católica tão fervorosa trocou a Igreja pela Assembleia de Deus?
Fui católica praticante por 37 anos, um aspecto fundamental para a construção do meu senso de ética. Meu ingresso na Assembleia de Deus foi fruto de uma experiência de fé, que não se deu pela força ou pela violência, mas pelo toque do Espírito. Para quem não tem fé, não há como compreender. Esse meu processo interior aconteceu em 1997, quando já fazia um ano e oito meses que eu não me levantava da cama, com diagnóstico de contaminação por metais pesados. Hoje, estou bem.

A senhora é mesmo partidária do criacionismo, a visão religiosa segundo a qual Deus criou o mundo tal como ele é hoje, em oposição ao evolucionismo?
Eu creio que Deus criou todas as coisas como elas são, mas isso não significa que descreia da ciência. Não é necessário contrapor a ciência à religião. Há médicos, pesquisadores e cientistas que, apesar de todo o conhecimento científico, creem em Deus.

O criacionismo deveria ser ensinado nas escolas?
Uma vez, fiz uma palestra em uma escola adventista e me perguntaram sobre essa questão. Respondi que, desde que ensinem também o evolucionismo, não vejo problema, porque os jovens têm a oportunidade de fazer suas escolhas. Ou seja, não me oponho. Mas jamais defendi a ideia de que o criacionismo seja matéria obrigatória nas escolas, nem pretendo defender isso. Sou professora e uma pessoa que tem fé. Como 90% dos brasileiros, acredito que Deus criou o mundo. Só isso.

A senhora é contra todo tipo de aborto, mesmo os previstos em lei, como em casos de estupro?
Não julgo quem o faz. Quando uma mulher recorre ao aborto, está em um momento de dor, sofrimento e desamparo. Mas eu, pessoalmente, não defendo o aborto, defendo a vida. É uma questão de fé. Tenho a clareza, porém, de que o estado deve cumprir as leis que existem. Acho apenas que qualquer mudança nessa legislação, por envolver questões éticas e morais, deveria ser objeto de um plebiscito.

Seu histórico médico inclui doenças muito sérias, como cinco malárias, três hepatites e uma leishmaniose. A senhora acredita que tem condições físicas de enfrentar uma campanha presidencial?
Ainda não sou candidata, mas, se for, encontrarei forças no mesmo lugar onde busquei nas quatro vezes em que cheguei a ser desenganada pelos médicos: na fé e na ciência.

Nota: Importante esses esclarecimentos da senadora Marina Silva, agora no PV, recém-saída do PT, quanto a suas crenças (com destaque em negrito). O que tenho pregado aqui nesse espaço é o direito de as pessoas expressarem suas crenças, inclusive muitos expressam em comentários crenças nas quais eu, como editor do blog, não acredito, mesmo assim respeito.

O mesmo vale em relação à crença na criação de Deus sem desmerecer a ciência ou atacar quem é cético ou ateu. Marina Silva mostra autenticidade, coisa rara hoje nos meios políticos. Não estou dizendo que votaria nela caso seja candidata à presidência, mas considerei coerente seu discurso.

Corte da Argentina dá passo para descriminalizar posse de maconha

terça-feira, 25 de agosto de 2009 0 comentários

Site G1, 25.08.2009, 16h01min.

A Suprema Corte de Justiça da Argentina declarou inconstitucional, nesta terça-feira (25), a punição à posse de quantidades pequenas de maconha para consumo pessoal para maiores de idade, informa o jornal argentino “Clarín”.

A alta corte julgou inconstitucional abrir processos em casos envolvendo o consumo privado de maconha. O caso analisado foi o de cinco jovens que foram detidos em 2006 com quantidades mínimas da droga. A Corte considerou inconstitucional a aplicação da lei sobre entorpecentes e, por essa razão, absolveu os jovens.

Com o julgamento, a Corte declarou inconstitucional a punição do consumo de maconha por adultos, desde que feito em ambientes privados e que não implique riscos para terceiros. Os magistrados, no entanto, não descriminalizaram completamente o consumo de maconha nem de outras drogas.

Os cinco jovens absolvidos pela Justiça foram condenados por portarem três cigarros de maconha, medida que foi questionada. Inicialmente, tanto os vendedores quanto os compradores foram processados. Com a decisão, estes últimos foram liberados. A Corte já havia confirmado a condenação dos vendedores da droga.

Combate ao tráfico

O governo argentino havia pedido para que a Suprema Corte revisasse a legislação sobre posse drogas, na tentativa de redirecionar os gastos estatais para a perseguição aos traficantes e o tratamento antidrogas, em vez do que as autoridades chamaram de caros processos para milhares de casos menores.

Na América Latina, Colômbia e México já descriminalizaram o porte de pequenas quantidades de drogas. Brasil e Equador estudam a possibilidade de legalizar determinados usos de droga.

"Todo adulto é livre para tomar decisões sobre o estilo de vida sem a intervenção do Estado", disse o documento judicial, sem estabelecer um limite de peso para definir o que seria pequena escala.

A decisão gerou críticas de autoridades argentinas pertencentes à Igreja Católica e de famílias de usuários de droga que temem um possível aumento do tráfico de drogas.

Cocaína

A Argentina, cuja população é menos de um quarto da brasileira, é o maior consumidor de cocaína da América Latina, de acordo com o último Relatório Mundial sobre Drogas, da Organização das Nações Unidas (ONU).

Diversas operações policiais e assassinatos ligados a quadrilhas de traficantes colocaram em evidência a situação do país como ponto de passagem da cocaína andina com destino à Europa e uma fonte de substâncias químicas usadas na fabricação de drogas como a metanfetamina.

Nota: Como relatou a própria reportagem, Brasil e outros países seguem a tendência em direção à descriminalização das drogas. Lamentável, sob o ponto de vista bíblico, onde estão contidas mensagens que orientam as pessoas a buscar aquilo que é saudável, aquilo que faz bem à mente e ao corpo. Parece que a luta contra as drogas é declarada perdida por parte dos governos. Em vez disso, a alternativa parece ser a de permitir a destruição da vida de jovens e adultos.

Presidente da CNBB diz que acordo entre Brasil e Santa Sé não fere Constituição

sexta-feira, 21 de agosto de 2009 0 comentários

Da Canção Nova Notícia, 21.08.2009 - 8h35min.

O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Geraldo Lyrio Rocha, voltou a afirmar nesta quinta-feira, 20, que o acordo sobre o Estatuto Jurídico da Igreja Católica do Brasil, assinado em novembro do ano passado pela Santa Sé e pelo Brasil, não fere a Constituição Brasileira nem concede privilégios à Igreja Católica.

"O acordo não fere em nada a Constituição Brasileira nem o Estado Laico, nem pretende conseguir privilégios para a Igreja Católica. A rigor, não há elementos novos no Acordo. Ele congrega num único instrumento jurídico, o que já está contido na Constituição Brasileira, na legislação do país e na jurisprudência", afirmou Dom Geraldo Lyrio, durante a entrevista coletiva concedida na sede da CNBB após o encerramento da reunião do Conselho Episcopal Pastoral da Conferência dos Bispos.

O vice-presidente da Conferência, Dom Luiz Soares Vieira, e o secretário geral, Dom Dimas Lara Barbosa, também participaram da coletiva. A entrevista completa pode ser lida em
http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=273641.

Nota: Um questionamento importante fica: se nada vai mudar na prática, conforme a própria concepção do presidente da CNBB, por que pedir esse acordo então?

Fifa quer proibir manifestações religiosas na próxima Copa do Mundo

quinta-feira, 20 de agosto de 2009 2 comentários

Zero Hora On Line, 20.09.2009 - 9h56min

A Fifa estuda proibir manifestações religiosas de jogadores na Copa de 2010. Na decisão da Copa das Confederações, a Seleção Brasileira, liderada por Kaká, rezou após vencer os Estados Unidos. A atitude dos atletas provocou reclamação do presidente da Federação da Dinamarca, Jim Stjerne Hansen, que disse que a religião não tem lugar no futebol. Diante do fato, o presidente da entidade máxima do futebol, Joseph Blatter, advertiu o Brasil. As informações são do jornal AS.

A ideia de banir a religião dos estádios recebeu críticas do Vaticano. Eddio Constantini, presidente da Fundação João Paulo II, declarou que é um erro esvaziar o futebol dos valores da fé.

– Espero que reconsiderem. Só uma revolução capaz de formar homens e atletas poderá restituir ao esporte o significado autêntico que a violência, o doping, o racismo e o dinheiro ameaçam tirar-lhe – afirmou.

A Fifa também espera proibir mensagens religiosas em camisas. A medida afetará a todas as religiões - os jogadores muçulmanos também não poderão rezar nos estádios da África do Sul.

Nota: Como se o problema do futebol fossem as manifestações religiosas. É o tipo de medida para agradar os céticos e os ateus de plantão que não toleram a crença das pessoas. O fato de jogadores terem ligações religiosas não torna o futebol profissional mais corrupto, as transmissões menos interessantes para as emissoras de TV comerciais e nem melhoram a religião também. É simplesmente a exteriorização do que as pessoas pensam. O que a Fifa e confederações de futebol dos países deveriam fazer era se preocupar com a violência crescente em muitos estádios e com a corrupção na administração de muitos clubes.

A Bíblia tem uma recomendação muito importante para quem é cristão de não se envolver com ambientes em que atitudes que desonram a Deus são praticadas livremente como em muitos estádios. Muitos levam a família para um local como esse, porém é fundamental cuidado. Em Efésios 5:11, há um texto interessante que diz "e não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as".

Excesso de embutidos provoca câncer no intestino

quarta-feira, 19 de agosto de 2009 0 comentários

Comentário de Gulberto Dimenstein na Rádio CBN, 19.08.2009.

Muito interessante essa relação científica entre embutidos e o câncer. Vale a pena ouvir em http://cbn.globoradio.globo.com/comentaristas/gilberto-dimenstein/2009/08/18/EXCESSO-DE-EMBUTIDOS-PROVOCA-CANCER-DE-INTESTINO.htm.

Vegetarianos tomam Buenos Aires

domingo, 16 de agosto de 2009 1 comentários


Revista IstoÉ, Semana de 16 de agosto de 2009.

A terra da parrilla já não é mais a mesma. Os tradicionais cortes de carne argentina, como ojo de bife, assados de tira e bife ancho, estão perdendo lugar nas mesas da capital, Buenos Aires, para brotos de feijão, saladas e derivados de soja. Com a crise econômica, agravada pela debandada de turistas atormentados pela gripe suína que castiga a região, caiu drasticamente o movimento nos restaurantes típicos portenhos. Pratos vegetarianos, muito mais baratos, estão ganhando um espaço que não se imaginava. Pelo menos num país com fama de ser um dos mais carnívoros do mundo. Para dar um colorido às novas casas, elas têm influência da culinária asiática, como a indiana e a chinesa, por exemplo.

O governo argentino não divulga a produção de carne em 2009, mas um dos indicadores informais que abalizam o pessimismo dos pecuaristas é a proporção da quantidade de novilhos abatidos para o corte e a dos que são mantidos para reprodução. A parcela destinada ao abate foi a maior das últimas três décadas. Menos reses para reprodução significa que os produtores estão receosos de investir na criação.

Nesse cenário, o florescimento dos vegetarianos é a facada final no orgulho gastronômico argentino. Raridade há alguns anos, atualmente há dezenas de restaurantes verdes em Buenos Aires, todos opções muito mais baratas do que as casas de parrilla, naturalmente caras por demandar manutenção e infraestrutura complexas. O argentino Guillermo Ávila, dono do Ávila Restaurante, em São Paulo, especializado em parrilla, vê com desgosto essa tendência. “Eles enlouqueceram”, afirma. Mas reconhece que o momento econômico do país tornou o consumo da carne mais difícil. “Hoje é muito caro para um argentino comer um churrasco. Como os restaurantes sofrem uma influência forte do turismo, o preço vai parar nas nuvens.”

A gripe suína também fez seu estrago. Belarmino Iglesias Filho, do grupo paulista Rubayat, afirma que o movimento no Cabaña Las Lilas, a filial de Buenos Aires, caiu 40% em julho, auge da pandemia no Hemisfério Sul. “Em agosto, a queda foi menor: 25%.” Iglesias não se impressiona com a moda e acredita que, se a carne baixar de preço, o consumo volta ao normal. “O argentino é um parrilheiro como o brasileiro é um técnico de futebol. Nisso não se mexe.” O portenho médio deve consumir 57 quilos de carne neste ano, bem menos do que os 68 quilos de 2008. Por enquanto, com refeições vegetarianas sendo vendidas por menos da metade do preço de uma parrillada, só os turistas devem continuar cedendo aos prazeres da carne.

Nota: A busca por uma saúde maior se transformou em uma necessidade, ainda mais no tempo atual quando a boa alimentação pode ser um importante antídoto para doenças. A Bíblia declara que devemos ser um templo de habitação do Espírito Santo e isso passa pelo cuidado não apenas com a alimentação, mas com repouso, ingestão de água, tempo de trabalho equilibrado, entre outras ações.

A fé não está à venda

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“Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras...e muitos seguirão as suas práticas libertinas, e por causa deles, será infamado o caminho da verdade; também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda e a sua destruição não dorme”. (II Pedro 2:1-3 – Versão Bíblica Almeida Revista e Atualizada).

Estas são as palavras atribuídas ao discípulo de Jesus Cristo, chamado Pedro, mas poderiam ser as palavras de algum grande pensador moderno que trate de liderança religiosa ou secular. O grau de pertinência das palavras inspiradas de Pedro é comprovado pelo noticiário cotidiano. A expressão “farão comércio de vós (ou vocês)” encontra eco hoje na mente de muita gente que é vítima ou praticante da comercialização da fé. Sim, definitivamente para muitos oportunistas e aproveitadores inescrupulosos a fé virou produto que já gera, também, como podemos assistir nos últimos dias, a uma guerra entre emissoras de TV. Claro que não somos ingênuos e sabemos que a luta de duas grandes redes de televisão brasileiras (Globo e Record) se dá por dinheiro (audiência, espaço na mente humana consumidora voraz de dados e informações). Cada uma delas usa as armas que dispõe para atacar a outra. E ambas exploram as fragilidades da concorrente para tentar desgastar sua imagem perante o público.
Mas, por trás dessa batalha motivada pela ganância, está a mercantilização de algo que não é produto, mas que assim passou a ser considerada. A fé. Não, prezados leitores, a fé não é mais um produto a ser trabalhado pelas equipes de marketing com a finalidade única e exclusiva de ser vendido a um determinado custo. Ao contrário do que se começou a se pregar e propagar há alguns anos no meio religioso e que agora virou assunto na boca da população em geral, a fé é muito diferente do que se tem apresentado em parte da mídia, parte das igrejas, parte da sociedade civil, parte do mundo corporativo.
Se você quer ter uma definição fidedigna de fé pode se direcionar a um livro que trata com propriedade do assunto: a Bíblia. Mas não comece com preconceitos, pretextos e indisposição para entender o contexto. Vá de maneira sincera e aberta para entender o que é fé. E acabará contrastando o conceito moderno e distorcido de fé com o conceito antigo, mas atual descrito através dos vários autores da Bíblia Sagrada.
Dizem que a fé exige barganha, ou seja, a pessoa dá dinheiro e recebe algo de volta: curas físicas, bênçãos materiais (eu disse, materiais) e garantia de uma trajetória linear sem percalços nesse mundo. Jesus Cristo, no entanto, o maior entendido de fé, falou em renúncia do próprio eu, em abnegação, em altruísmo e disse que a fé sincera poderia remover uma montanha. Nas palavras Dele, “não acumuleis para vós tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam” (Mateus 6:19), ou então, “buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mateus 6:33). A fé tem relação com algo espiritual essencialmente. Obviamente Deus não se alegra com o sofrimento humano por falta de dinheiro ou doenças, mas aqui Ele trata de algo bem maior, a confiança e a dependência Dele. A máxima dita por Jesus, conforme João 16:33, é a de que “no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”.
Alegam que a fé é uma atitude positiva, um estado de espírito, algo que surge e vai embora com a mesma intensidade, um sentimento fugaz, passageiro, transitório. Mas de acordo com o grande entendido, Jesus Cristo, que para alguns não passa de revolucionário ou profeta de grande importância – mas que na Bíblia é chamado de Deus mesmo – fé tem a ver com uma convicção plena a qualquer momento, ainda que não se consiga enxergar o que está à frente. Na inspiração do autor do livro de Hebreus, “fé é a certeza das coisas que se esperam, a convicção de fatos que não se veem” (Hebreus 11:1). Não é simplesmente um bom pensamento, uma “fezinha” capaz de assegurar uma bolada de dinheiro através de um sorteio.
Enfim, a fé não pode ser vendida pelo óbvio motivo de que não é um produto ou um serviço que se oferece, nem no templo e nem na lotérica. A fé é a confiança em Deus e isso não tem preço ou custo humanos. “A fé não vem de vós, é dom de Deus”, diz o apóstolo Paulo em Efésios 2:8. Consigo concluir que a fé é algo bem maior que o ser humano tenta reduzir, por interesse ou conveniência, querendo obter vantagem sem pensar que poderia ser beneficiado de maneira mais ampla ainda. É isso mesmo! Se tivermos uma fé genuína, ainda que pequena como o grão de mostarda, faremos coisas muito maiores do que simplesmente ter dinheiro ou alívio físico ou emocional. Seremos felizes de verdade porque teremos confiança e esperança.

Felipe Lemos

Ministério Público acusa Edir Macedo de uso indevido dos dízimos e ofertas

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Revista Veja, semana de 16 de agosto de 2009.
Há 32 anos, os templos da Igreja Universal do Reino de Deus recebem ricos e pobres, crédulos e descrentes, doentes, despossuídos e desesperados. A todos a igreja oferece consolo e, muitas vezes, também uma porta de saída para escapar do vício, do crime e da solidão. Mas cobra caro por isso. Baseada numa particular Teologia da Prosperidade, a Universal, fundada e chefiada pelo bispo Edir Macedo, prega que a maior expressão da fé são as oferendas de dinheiro à igreja (e também de carros, casas e cheques pré-datados). A ideia de que, "quanto mais se doa, mais Deus dá de volta", levada ao paroxismo pela eloquência dos bem treinados pastores da Universal, já fez com que almas crédulas arruinassem suas finanças, seu casamento, sua vida. O Código Penal, contudo, não alcança práticas religiosas. Em linhas gerais, se um brasileiro quiser doar tudo o que tem a qualquer igreja, estará livre para isso. E quem receber a doação também não encontrará empecilhos na legislação. O que não se pode é tapear a lei – e é precisamente isso o que vêm fazendo Macedo e outros nove integrantes da cúpula da Universal, segundo uma peça de acusação elaborada por promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo. A partir da denúncia oferecida pelo Gaeco, e aceita pela Justiça na última segunda-feira, Macedo e seu grupo tornaram-se réus em um processo criminal sob as pesadas suspeitas de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

Com base numa investigação de dois anos, o MP afirma que Macedo e seu grupo se converteram em uma organização criminosa ao usar as doações de fiéis para engordar seu próprio patrimônio – no caso do bispo, nada desprezível. Além de dono de 90% da Rede Record, Macedo e a mulher, Ester Eunice Rangel Bezerra (ela, dona dos outros 10% da emissora, segundo aparece no contrato de concessão), têm uma coleção de imóveis que incluem, apurou VEJA, dois apartamentos em condomínios de luxo em Miami, nos Estados Unidos: o primeiro, em nome de Ester, foi comprado em 2006 e está avaliado em 2,1 milhões de dólares. O segundo, registrado em nome do casal, foi adquirido no ano passado e custou mais do que o dobro do primeiro: 4,7 milhões de dólares. Ambos ficam na Collins Avenue, um dos endereços mais sofisticados da cidade. A matéria continua na edição impressa da revista desta semana.

Centenas dizem não ao abuso e violência no Vale do Paraíba

quarta-feira, 12 de agosto de 2009 0 comentários

Portal Adventista, 12.08.2009.

O centro de São José dos Campos, SP, ficou ainda mais movimentado na manhã do sábado, 8 de agosto. Centenas de pessoas caminharam juntas em prol do amor e contra o abuso e a violência cometidos com crianças, mulheres e idosos. A ação faz parte do projeto “Quebrando o Silêncio”, promovido pela Igreja Adventista do Sétimo Dia para o Vale do Paraíba. O objetivo do evento foi oferecer informações a fim de reduzir os abusos contra essas classes mais sensíveis da sociedade.

“Amor, solução para a violência doméstica. Diga não a violência. Denuncie”. Uma grande faixa levava as palavras de advertência à sociedade local. A fanfarra do Clube dos Desbravadores Luzeiros do Vale, com seus bumbos, surdos e cornetas, deu o tom das passadas, chamando a atenção das pessoas que passavam pelo local. No alto dos prédios, acenos positivos aprovavam a manifestação dos adventistas. Cartazes com os dizeres “Amai uns aos outros” sintetizavam o objetivo.

No final do pequeno percurso, um palco aguardava os participantes. A praça Afonso Pena serviu de platéia para a movimentação que agitou o centro da cidade. Autoridades do município compareceram para confirmar publicamente a preocupação com o tema. Estiveram presentes os vereadores Macedo Bastos e Cristóvão Gonçalves; a presidente do Conselho Tutelar Circunscrição Sul, Irandi de Oliveira Santos; a conselheira fiscal da mesma entidade, Edna Gomes; o advogado Brígido Cruz; a socióloga do SOS Mulher, Ana Maria Braga, entre outros.

A liderança administrativa da Igreja Adventista para o Vale do Paraíba esteve presente, além de líderes de departamentos e de pastores distritais da região. Todas as congregações adventistas da cidade terminaram as suas programações locais mais cedo para acompanhar de perto o evento na praça.

Apresentações musicais também fizeram parte da programação. O grupo “Nosso Amiginho” e os cantores Rogério Reis e Maricéu chamaram a atenção dos adultos e principalmente das crianças com canções que falavam de paz, amor e de esperança.

Milhares de folhetos e revistas sobre a campanha foram distribuídos. O impresso voltado às crianças dá dicas práticas, por exemplo, para que os pequenos se afastem de possíveis agressores e pedófilos. Indica, entre diversas recomendações, que ninguém tem o direito de tocar as partes íntimas do seu corpo.

De acordo com a diretora do Ministério da Mulher para o Estado de São Paulo, Sônia Rigoli, que foi uma das convidadas especiais, todo o material desenvolvido e distribuído sobre a campanha “Quebrando o Silêncio” tem uma grande importância preventiva. “Ela é educativa, pois alerta os pais e instrui as crianças a respeito do problema e detecta possíveis casos. Além disto, a população e órgãos públicos podem conhecer um pouco mais a igreja adventista e, até mesmo, quebrar preconceitos em relação à mesma”.

A movimentação prendeu a atenção da dona-de-casa Cícera Aparecida dos Santos, que foi atraída pela música e pelas mensagens. “Sou evangélica e gosto muito das coisas de Deus. Esse assunto da violência e pedofilia é muito importante e grave. Tenho uma netinha e fico preocupada com essa questão. É preciso falar mais sobre isso. Parabéns pela iniciativa”.

Um concurso de redação sobre o tema da campanha foi promovido nos nove colégios da rede educacional adventista para o Vale do Paraíba. A divulgação dos vencedores foi feita no palco do evento. Os três primeiros colocados receberam prêmios especiais.
Uma das organizadoras do projeto, a diretora associada dos Ministérios da Criança, Adolescente e da Mulher para o Vale, Ellen Rossi, acredita que a Igreja Adventista, através da passeata, levou a mensagem de que através da solidariedade, do amor ao próximo, e da atitude de dizer não a violência, é possível se preparar para um Futuro com Esperança.

Para a diretora do Ministério, Elane Ferreira, o principal objetivo da campanha foi alcançado, que é divulgar o trabalho que a igreja realiza há mais oito anos. “Quebramos literalmente o silêncio com esse evento. A maioria das programações era feita para dentro das igrejas. Dessa vez, mostramos para a sociedade e órgãos competentes. Foi um sucesso. Nosso próximo passo é encaminhar para a Câmara Municipal um pedido para que seja criado o dia municipal do ‘Quebrando o Silêncio’”.

Nota: Em tempos de abuso infantil, maus tratos contra idosos e violência contra a mulher, a conscientização é fundamental. Claro que a Igreja Adventista do Sétimo Dia faz uma parte do processo que é mobilizar entidades e as próprias autoridades para a necessidade de uma ação eficaz contra o problema. Tem a parte da população que é denunciar esse crime que ocorre silenciosamente.

"Sexo" é quarto termo mais buscado por crianças na Internet

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Site UOL (área de entretenimento) - 12.08.2009 - 9h36min

Crianças estão usando a Internet para ver vídeos no YouTube, se conectarem com amigos em redes sociais e fazer buscas com as palavras sexo e pornografia, afirmou uma pesquisa divulgada esta semana.

A companhia de segurança de computadores Symantec Corp identificou os 100 principais termos de buscas realizadas entre fevereiro e julho por meio do serviço de segurança familiar OnlineFamily.Norton, que monitora o uso da Internet por crianças e adolescentes.

A companhia descobriu que o termo mais popular de busca nessa faixa de público foi YouTube, site de vídeos do Google. A estrela da Internet Fred Figglehorn, personagem de ficção cujos vídeos no YouTube são populares entre crianças, aparece na nona posição entre as principais pesquisas online.

O Google é o segundo termo mais popular e o Yahoo aparece na sétima posição. Enquanto isso, o site de redes sociais Facebook ficou em terceiro e o MySpace em quinto.

Mas as palavras "sex" e "porn" também entraram na lista dos 10 termos mais pesquisados, aparecendo nas quarta e sexta posições, respectivamente.

Outros termos populares incluem Michael Jackson, eBay, Wikipedia, a atriz Miley Cyrus, que interpreta a personagem Hannah Montana em um seriado da Disney, Taylor Swift, Webkinz, Club Penguin, e a música "Boom Boom Pow", da banda Black Eyed Peas.

A representante da Symantec para segurança na Internet, Marian Merritt, afirmou que a lista mostra que os pais precisam ter consciência sobre o que seus filhos estão fazendo online.

"Também ajuda a identificar momentos em que os pais devem falar com seus filhos sobre comportamento apropriado na Internet e outras questões relacionadas à vida online de suas crianças", afirma ela em comunicado da empresa.

A lista foi produzida depois que a Symantec avaliou 3,5 milhões de pesquisas feitas pela ferramenta OnlineFamily.Norton, que permite que os pais vejam o que crianças estão pesquisando e com quem estão falando em mensagens instantâneas e que redes sociais estão usando.

Comentário interessante do jornalista Ronaldo Nezo - http://blogdoronaldo.wordpress.com/

Nota: A Internet é uma faca de dois gumes. Pode ser um ótimo instrumento para pesquisa acadêmica/escolar e até troca de boas ideias entre jovens, crianças e adultos. Mas, no caso dos menores, sem o devido controle e acompanhamento, pode se tornar um buraco aberto para o que degrada moralmente e espiritualmente. Mais uma vez, a questão não é a ferramenta. E, sim, a proximidade entre pais e filhos e o diálogo franco e aberto sobre as questões do cotidiano. É sobre isso que devemos pensar.

Fumar em empresa pode gerar demissão por justa causa

domingo, 9 de agosto de 2009 0 comentários

Folha de S.Paulo, 09.08.2009.

Com a nova lei antifumo, que entrou em vigor em todo o Estado de São Paulo anteontem, o empregado que for pego com cigarro no ambiente de trabalho pode ser demitido por justa causa e a empresa tem o direito de descontar o valor da multa, que varia de R$ 792,50 a R$ 1.585, do contracheque do fumante, dizem juízes e advogados trabalhistas.
Além de bares, boates e restaurantes, o cigarro também foi banido de empresas e repartições públicas paulistas.
Juiz da 20ª Vara do Trabalho do Distrito Federal, Rogerio Neiva Pinheiro diz que a lei antifumo tem implicações tanto para o empregado, quanto para o empregador.

Indenização
De um lado, explica, o funcionário pode ser demitido por justa causa se fumar. Do outro, a empresa pode ser processada, com pedido de indenização à Justiça, se não proibir o cigarro e não gerar um ambiente de trabalho salubre.
"Se o empregador se compromete a cumprir a lei, o que é o caminho natural, e o empregado vai contra a lei, essa conduta configura insubordinação e indisciplina", diz o juiz Pinheiro.
Ele diz ainda que a legislação trabalhista permite que, depois de pagar a multa por violação à proibição ao cigarro, a empresa tenha o direito de pedir o ressarcimento ao empregado, descontando o valor do salário.
Segundo a juíza Josélia Morais da Costa, ex-presidente do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de Pernambuco, como as leis antifumo são muito posteriores, não há menção à proibição ao cigarro na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), que é da década de 1940. Com isso, o juiz tem de estudar o caso concreto.
"Uma justa causa, que é uma coisa muito grave, não se forma assim genericamente, cada caso é um caso", diz Josélia.

Intervalo
Para a advogada trabalhista Maria Lúcia Benhame, fumar na empresa pode dar demissão por justa causa em caso de reincidência. "Não dá para demitir na primeira vez que pegar o empregado fumando, a falta não é tão grave assim, mas que dá justa causa, isso dá", diz.
Ela afirma ainda que a empresa não é obrigada a ceder intervalos para fumar, além do horário para refeição. "Sem os fumódromos, gasta-se muito mais tempo que antes. O empregado tem de descer, ir à rua, subir de volta", completa.
Na sexta, quando os fumódromos nas empresas foram extintos, era comum ver funcionários de escritórios na avenida Paulista concentrados na calçada para fumar.
"Na minha empresa tem sacada em todos os andares e não posso mais fumar ali. Agora vou ter de fumar menos porque pega mal com o chefe descer várias vezes", diz o economista Paulo Bittencourt, que trabalha num centro empresarial.
O governo ainda não informou se alguma empresa foi multada nos primeiros dias de proibição ao fumo.

Nota: Todas essas medidas, por melhores que pareçam ser, são, na minha opinião, paliativas e não resolutivas. Não sou contra leis duras contra o hábito de fumar em público porque realmente quem não fuma tem o direito de não respirar a fumaça repleta de substâncias químicas prejudiciais à saúde. Por outro lado, esse tipo de legislação só ataca o problema depois de ocorrido. Faltam políticas públicas e iniciativas da sociedade civil organizada (empresas, igrejas, ONGs, etc) para que o fumante seja tratado como uma pessoa dependente que precisa de ajuda para abandonar o vício. Cito, como exemplo, a boa iniciativa da Igreja Adventista do Sétimo Dia que realiza, em muitos lugares do Brasil, um curso para quem quer abandonar o vício em cinco dias. Não é um curso que oferece medicação e, sim, um processo terapêutico em grupo muito animador com bons resultados. Talvez não seja perfeito e nem 100% eficaz, mas é uma maneira de ajudar as pessoas e não apenas condená-las através de lei.
Algumas legislações, inclusive, podem cheirar a oportunismo para se ganhar espaço na mídia, etc. Isso é não querer resolver o problema, porém investir somente contra os efeitos.

Entrevista com psicóloga: "homossexuais podem mudar"

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Revista Veja, Semana de 08 de agosto.

A psicóloga repreendida pelo conselho federal por anunciar que muda
a orientação sexual de gays diz que ela é quem está sendo discriminada

Aceitar as diferenças e entender as variações da sexualidade são traços comuns das sociedades contemporâneas civilizadas. A psicóloga Rozângela Alves Justino, 50, faz exatamente o contrário. Formada em 1981 pelo Centro Universitário Celso Lisboa, do Rio de Janeiro, com especialização em psicologia clínica e escolar, ela considera a homossexualidade um transtorno para o qual oferece terapia de cura. Na semana passada, foi censurada publicamente pelo Conselho Federal de Psicologia (formado, segundo ela, por muitos homossexuais "deliberando em causa própria") e impedida de aceitar pacientes em busca do "tratamento". Solteira, dedicada à profissão e fiel da Igreja Batista, Rozângela diz que ouviu um chamado divino num disco de Chico Buarque e compara a militância homossexual ao nazismo. Só se deixa fotografar disfarçada, por se sentir ameaçada, e faz uma defesa veemente de suas opiniões.

A senhora acha que os homossexuais sofrem de algum distúrbio psicológico? O Conselho Federal de Psicologia não quer que eu fale sobre isso. Estou amordaçada, não posso me pronunciar. O que posso dizer é que eu acho o mesmo que a Organização Mundial de Saúde. Ela fala que existe a orientação sexual egodistônica, que é aquela em que a preferência sexual da pessoa não está em sintonia com o eu dela. Essa pessoa queria que fosse diferente, e a OMS diz que ela pode procurar tratamento para alterar sua preferência. A OMS diz que a homossexualidade pode ser um transtorno, e eu acredito nisso.


O que é não estar em sintonia com o seu eu, no caso dos homossexuais? É não estar satisfeito, sentir-se sofrido com o estado homossexual. Normalmente, as pessoas que me procuram para alterar a orientação sexual homossexual são aquelas que estão insatisfeitas. Muitas, depois de uma relação homossexual, sentem-se mal consigo mesmas. Elas podem até sentir alguma forma de prazer no ato sexual, mas depois ficam incomodadas. Aí vão procurar tratamento. Além disso, transtornos sexuais nunca vêm de forma isolada. Muitas pessoas que têm sofrimento sexual também têm um transtorno obsessivo-compulsivo ou um transtorno de preferência sexual, como o sadomasoquismo, em que sentem prazer com uma dor que o outro provoca nelas e que elas provocam no outro. A própria pedofilia, o exibicionismo, o voyeurismo podem vir atrelados ao homossexualismo. E têm tratamento. Quando utilizamos as técnicas para minimizar esses problemas, a questão homossexual fica mínima, acaba regredindo.

Há estudos que mostram que ser gay não é escolha, é uma questão constitutiva da sexualidade. A senhora acha mesmo possível mudar essa condição? Cada um faz a mudança que deseja na sua vida. Não sou eu a responsável pela mudança. Conheço pessoas que deixaram as práticas homossexuais. E isso lhes trouxe conforto. Conheço gente que também perdeu a atração homossexual. Essa atração foi se minimizando ao longo dos anos. Essas pessoas deixaram de sentir o desejo por intermédio da psicoterapia e por outros meios também. A motivação é o principal fator para mudar o que quiser na vida.

A senhora é heterossexual? Sou.

Pela sua lógica, seria razoável dizer que, se a senhora quisesse virar homossexual, poderia fazê-lo. Eu não tenho essa vivência. O que eu observei ao longo destes vinte anos de trabalho foram pessoas que estavam motivadas a deixar a homossexualidade e deixaram. Eu conheço gente que mudou a orientação sem nem precisar de psicólogo. Elas procuraram grupos de ajuda e amigos e conseguiram deixar o comportamento indesejado. Mas, sem dúvida, quem conta com um profissional da área de psicologia tem um conforto maior. Eu sempre digo que é um mimo você ter um psicólogo para ajudá-lo a fazer essa revisão de vida. As pessoas se sentem muito aliviadas.

Esse alívio não seria maior se a senhora as ajudasse a aceitar sua condição sexual? Esse discurso está por aí, mas não faz parte do grupo de pessoas que eu atendo. Normalmente, elas vêm com um pedido de mudança de vida.

Se um homem entrar no seu consultório e disser que sabe que é gay, sente desejo por outros homens, só precisa de ajuda para assumir perante a família e os amigos, a senhora vai ajudá-lo? Ele não vai me procurar. Eu escolho os pacientes que vou atender de acordo com minhas possibilidades. Então, um caso como esse, eu encaminharia a outros colegas.

Não é cruel achar que os gays têm alguma coisa errada? O que eu acho cruel é ser uma profissional que quer ajudar e ser amordaçada, não poder acolher as pessoas que vêm com uma queixa e com um desejo de mudança. Isso é crueldade. Eu estou me sentindo discriminada. Há diversos abaixo-assinados de muitas pessoas que acham que eu preciso continuar a atender quem voluntariamente deseja deixar a atração pelo mesmo sexo.

Por que a senhora acha que o Conselho Federal de Psicologia está errado e a senhora está certa? Há no conselho muitos homossexuais, e eles estão deliberando em causa própria. O conselho não é do agrado de todos os profissionais. Amanhã ele muda. Eu mesma posso me candidatar e ser presidente do Conselho de Psicologia. Além disso, esse conselho fez aliança com um movimento politicamente organizado que busca a heterodestruição e a desconstrução social através do movimento feminista e do movimento pró-homossexualista, formados por pessoas que trabalham contra as normas e os valores sociais.

Gays existem desde que o mundo é mundo. Aparecem em todas as civilizações. Isso não indica que é um comportamento inerente a uma parcela da humanidade e não deve ser objeto de preconceito? Olha, eu também estou sendo discriminada. Estou sofrendo preconceito. Será que não precisaria haver mais aceitação da minha pessoa? Há discriminação contra todos. Em 2002, fiz uma pesquisa para verificar as violências que as pessoas costumam sofrer, e o segundo maior número de respostas foi para discriminação e preconceito. As pessoas são discriminadas porque têm cabelo pixaim, porque são negras, porque são gordas. Você nunca foi discriminada?

Não como os gays são. Não? Nunca ninguém a chamou de nariguda? De dentuça? De magrela? O que quero dizer é que as pessoas que estão homossexuais sofrem discriminação como todas as outras. Eu tenho trabalhado pelos que estão homossexuais. Estar homossexual é um estado. As pessoas são mulheres, são homens, e algumas estão homossexuais.

Isso não é discriminação contra os que são homossexuais e gostam de ser assim? Isso é o que você está dizendo, não é o que a ciência diz. Não há tratados científicos que digam que eles existem. Eu não rotulo as pessoas, não chamo ninguém de neurótico, de esquizofrênico. Digo que estão esquizofrênicos, que estão depressivos. A homossexualidade é algo que pode passar. Há um livro do autor Claudemiro Soares que mostra que muitas pessoas famosas acreditam que é possível mudar a sexualidade. Entre eles Marta Suplicy, Luiz Mott e até Michel Foucault, todos historicamente ligados à militância gay.

Quantas pessoas a senhora já ajudou a mudar de orientação sexual? Nunca me preocupei com isso. Psicólogo não está preocupado com números. Eu vou fazer isso a partir de agora. Vou procurar a academia novamente. Vou fazer mestrado e doutorado. Até hoje, eu só me preocupei em acolher pessoas.

O que a senhora faria se tivesse um filho gay? Eu não teria um filho homossexual. Eu teria um filho. Eu iria escutá-lo e tentaria entender o que aconteceu com ele. Os pais devem orientar os filhos segundo seus conceitos. É um direito dos pais. Olha, eu quero dizer que geralmente as pessoas que vivenciam a homossexualidade gostam muito de mim. E também quero dizer que não sou só eu que defendo essa tese. Apenas estou sendo protagonista neste momento da história.

A senhora se considera uma visionária? Não. Eu sou uma pessoa comum, talvez a mais simplesinha. Não tenho nenhum desejo de ficar famosa. Nunca almejei ir para a mídia, ser artista, ser fotografada.

A senhora já declarou que a maior parte dos homossexuais é assim porque foi abusada na infância. Em que a senhora se baseou? É fato que a maioria dos meus pacientes que vivenciam a homossexualidade foi abusada, sim. Enquanto nós conversamos aqui, milhares de crianças são abusadas sexualmente. Os estudos mostram que os abusos, especialmente entre os meninos, são muito comuns. Aquelas brincadeiras entre meninos também podem ser consideradas abusos. O que vemos é que o sadomasoquismo começa aí, porque o menino acaba se acostumando àquelas dores. O homossexualismo também.

A senhora é evangélica. Sua religião não entra em atrito com sua profissão? Não. Sou evangélica desde 1983. Nos anos 70, aconteceu algo muito estranho na minha vida. Eu comprei um disco do Chico Buarque. De um lado estavam as músicas normais dele. Do outro, em vez de tocar Carolina, vinha um chamamento. Eram todas canções evangélicas. Falavam da criação de Deus e do chamamento da ovelha perdida. Fui tentar trocar o LP e, na loja, vi que todos os discos estavam certinhos, menos o meu. Fiquei pensando se Deus estava falando comigo.

O espírito cristão não requer que os discriminados sejam tratados com maior compreensão ainda? Se eu não amasse as pessoas que estão homossexuais, jamais trabalharia com elas. Até mesmo os ativistas do movimento pró-homossexualismo reconhecem o meu amor por eles. Sempre os tratei muito bem. Sempre os cumprimentei. Na verdade, eles me admiram.

Nota: Liberdade de expressão, nos dias atuais, é coisa meio rara. Fala-se muito em democracia, em livre pensamento, etc, mas na prática é outra história. A opinião dessa profissional pode muito bem ter eco no discurso de outros, mas a represália é grande.

Lei antifumo de São Paulo é paliativa

domingo, 2 de agosto de 2009 2 comentários

Portal G1, 02.08.2009.

Revolta e indignação foram as palavras mais proferidas por fumantes ouvidos pelo G1 em bares e baladas neste fim de semana, o último antes de a lei antifumo entrar em vigor em São Paulo.

Nos quatro locais visitados na noite de sexta-feira (31) os clientes criticaram de diversas formas a nova lei – que, segundo eles, é muito rígida. A partir do dia 7 de agosto, estabelecimentos que permitirem que seus clientes fumem receberão multa que pode variar entre R$ 792,50 até R$ 1.585. Na segunda irregularidade, a cobrança será dobrada e, na terceira autuação, o estabelecimento comercial poderá ser totalmente interditado por 48 horas. Caso volte a desrespeitar a lei, as outras interdições serão por 30 dias.


“É uma lei totalitária”, afirmou o advogado Mauro Kertzer, de 48 anos. Sentado em seu bar favorito, o São Pedro São Paulo, no Itaim Bibi, Kertzer reclamava do governador do estado – e idealizador da lei –, José Serra. Entre uma pitada e outra em seu cachimbo, revelou: “Sempre votei no PSDB [partido do governador]. Agora não mais votarei”.

O medo de assaltos também foi lembrado pelos fumantes. Conforme a lei, quem quiser fumar e estiver em estabelecimentos como bares e restaurantes deverá sair do local para acender seu cigarro. “A polícia estará lá fora para me proteger?”, questionou a psicóloga Maria Theresa de Souza, de 42 anos.

Quem também temia a vulnerabilidade em ficar nas calçadas de bares e baladas durante a noite era a arquiteta Ana Paula de Luca, de 33 anos. “Serei ressarcida se for assaltada?”, perguntou. Para ela, a lei seria mais aceita se fosse abrandada. Uma solução seria a possibilidade de os estabelecimentos criarem áreas para não fumantes que impedissem efetivamente a passagem da fumaça do cigarro.

Também aproveitando o último happy hour de sexta-feira antes da proibição, o bem humorado Osvaldo Silveira, 64 anos, após acender um cigarro no Píer Paulista, próximo à Avenida Paulista, afirmou que, para ele, o argumento de que essa nova lei será benéfica à saúde pública não se sustenta. “Picanha também faz mal. Vão proibir?” Questionado sobre sua profissão, afirmou: “Sou fumante inveterado e revoltado”.

Fim da balada

Baladeiros menos pacientes afirmavam que tomarão medidas extremas. “Se não puder fumar, não vou mais”, afirmou a publicitária Gláucia Kanashiro, 28 anos. Se a vontade de sair for maior que a revolta contra a lei, ela disse que poderá tentar medidas alternativas para aplacar o vício, como o uso de adesivos de nicotina. “Já usei e sei que funciona. Só não sei se irá adiantar junto à bebida.”

Quem também pretende deixar de ir a baladas é o diretor de galeria Raphael Octávio, 24 anos. “Semana que vem, só vou a lugares onde se possa fumar”, disse, enquanto soprava fumaça no Geni Club, na região central de São Paulo.

A administradora Andreza Fontana, 32 anos, discorda da lei e afirmou que não deixará de fumar em casas noturnas e em festas como a Trash 80’s, no Centro da capital. “Vou ao banheiro escondida fumar”, contou.

Nota: Volto a dizer, o que falei na Rádio Novo Tempo, na quarta-feira, dia 26 de julho, no programa Conexão Novo Tempo, que esse tipo de medida adotada não resolve o problema do cigarro. É algo isolado, próprio de ação populista com o intuito de promover o autor ou autores da legislação e não uma saída para o problema.
Se realmente há a intenção de combater o tabagismo, que governos e sociedade (empresas, igrejas, ONGs, etc) se mobilizem para acabar com o plantio, a fabricação e tomem providências para que cursos e orientações psicológicas e médicas sejam dadas gratuitamente para quem é dependente do tabaco. Vale lembrar que a Igreja Adventista desenvolve os cursos para deixar de fumar em cinco dias com sucesso em muitos lugares. Tal iniciativa poderia ser ampliada em parceria com órgãos governamentais.
Não estou aqui pregando que a lei de São Paulo é ruim. De forma alguma. Chama a atenção para um problema que é, na verdade, maior e mais complexo. A realidade é que poucos estão enfrentando esse problema de frente com seriedade.

Celebrantes alternativos "abençoam" enlaces matrimoniais

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Revista Veja, Semana de 2 de agosto de 2009.

Igual, mas diferente. No sempre movimentado e competitivo mundo dos casamentos, esse é hoje em dia o lema de muitos casais. Eles querem uma cerimônia, claro, que tenha votos, troca de aliança e beijo, evidentemente, mas que não seja igualzinha à que todo mundo já conhece. Está criado o ambiente perfeito para a atuação do celebrante, uma figura que, sem ser juiz, padre, pastor ou rabino, formata e comanda cerimônias "personalizadas". O bom celebrante paira acima de crenças e age como se conhecesse o casal de longa data, pontuando suas falas com histórias dos dois. Pode ser médico, professor de ioga, mestre esotérico, radialista, amigão do noivo ou nenhuma das alternativas anteriores, desde que ofereça postura, boa fala e um ritual convincente. Inicialmente requisitado nas festas de quem já caminhava para a segunda união (ou terceira, ou quarta) e por casais homossexuais, os celebrantes passaram a ocupar mais espaço na cena casamenteira tradicional do ano passado para cá. Segundo os mais requisitados organizadores de festas do Rio de Janeiro e de São Paulo, a cada dez casamentos que montam, hoje pelo menos dois são nesse formato.

No leque de opções disponíveis, há celebrantes que se especializaram em nichos, como a carioca Pérola Kaminietz, que conduz cerimônias em que um é judeu e o outro não. De currículo eclético – fonoaudióloga, terapeuta familiar, professora de hebraico e mãe de um ex-participante do Big Brother –, Pérola faz em média dois casamentos por mês. Cobra cerca de 4 000 reais por cerimônia, que prepara como se fosse "criar um enredo de filme". O advogado carioca Marcel Britz, 31 anos, judeu, convocou seus serviços em novembro para se casar com a funcionária pública Nathália Diniz, espírita. "Queria que meu casamento tivesse alguma referência à cultura judaica. Pérola contou muitas coisas da nossa intimidade e tocou até o hino do Flamengo, meu time", diz Britz, que se casou sob a chupá, a tradicional cabana de tecido usada em cerimônias judaicas, e quebrou o copo no final. Na comunidade zen, bacana é contratar os serviços de Marcia de Luca, professora de ioga em São Paulo e madrasta da primeira-dama da França, Carla Bruni. Requisitadíssima, Marcia escolhe a dedo os clientes, dos quais cobra 6 000 reais, o cachê mais alto do meio. Em julho, no Guarujá, litoral de São Paulo, casou Vivian e o atacante Robinho, que não joga exatamente na tribo esotérica, mas atendeu a uma recomendação da organizadora da festa. Já Marcia desempenha bem em todas as posições: usa roupas indianas estilizadas, tira sons de uma cuba tibetana de cristal, borrifa no ar essência de flor de lótus, salpica pitadas de hinduísmo e ao final saca um apanhador de sonhos, talismã dos índios americanos. "Peço que noivos e convidados coloquem ali sua intenção de felicidade e dou o objeto ao casal. Eu mesma criei essa simbologia", explica.

A necessidade de rituais, tão antiga quanto a humanidade, e o espírito da nova era, em que a religiosidade é uma espécie de bufê, com um pouquinho de cada coisa, impulsionam as novas cerimônias. O casamento do chef francês Claude Troisgros com a produtora Clarisse Sette, no Rio de Janeiro, em março, foi celebrado por Philippe Bandeira de Mello, que reúne os coloridos títulos de psicoterapeuta junguiano e mestre da Arca da Montanha Azul, um grupo multirreligioso criado por ele. Entre os adeptos, os casamentos incluem fogueiras e chás, daquele tipo plenamente legalizado. Na festa de Troisgros, Mello apenas leu um texto falando sobre a plenitude da união entre masculino e feminino. "O que praticamos não é reles mistura, e sim a integração de cultura afro, hinduísmo, xamanismo e cabala, entre outras coisas. Todos nós estamos navegando na mesma arca e sou uma espécie de Noé moderno", filosofa mestre Mello, que não cobra cachê, mas aceita doações. Uma vantagem adicional dos celebrantes alternativos é que os noivos podem estabelecer a duração da cerimônia. "Eu não queria lenga-lenga, queria uma coisa bem objetiva", diz a estilista Roberta Tordin, 30 anos, que em abril se casou com o empresário Aleandro Fortunato, 32, numa fazenda em Itatiba, interior de São Paulo, tendo por celebrante Fredh Hoss. Radialista de profissão, com nome de fábrica de Fred Rodrigues, ele tem oitenta festas agendadas até fevereiro de 2010, cobra 1 500 reais e cobre um amplo espectro confessional. Já fez, por exemplo, uma cerimônia fundindo oferenda de frutas (noiva cigana) com bênção e crucifixo (noivo católico). No de Roberta limitou-se a, como ela pediu, ser breve: preparou uma fala curta baseada na história de vida dos noivos, que aprendeu submetendo-os antes a um questionário escrito. Foi show.

Nota: A frase em que o repórter fala que a religiosidade da nova era é um bufê ilustra exatamente o pensamento pós-moderno sobre crenças. Isso significa dizer que você pode construir sua própria religião ao unir os pedaços do que considera relevante emm cada uma das inúmeras seitas e religiões cristãs ou não cristãs que existem.
É a religião da conveniência, do mosaico criado segundo o gosto de cada um. Ou seja, não há verdades a serem entendidas e vividas. Como li em um livro de um filósofo chamado Richard Rorty, são diversas verdades que as pessoas têm e podem viver conforme bem entendem. Para mim, no entanto, existe uma verdade bíblica a qual me guia e me norteia.
Em relação ao casamento, entendo que é mais uma forma de tornar a celebração religiosa algo banal e comum e fazer com que literalmente qualquer um possa "abençoar" a união matrimonial. Os valores morais e espirituais, nesse caso, são colocados em xeque e o que resta é são " profissionais" que mais se preocupam em agradar os noivos em suas diferenças culturais ou religiosas e não ministros focados em realmente obter o favor de Deus para aquela união.

 
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