ESPERANÇAS ESPIRITUAIS

quarta-feira, 18 de janeiro de 2006 0 comentários

Na Alemanha dos anos 30, após a 1ª Guerra Mundial e a Crise da Bolsa de Nova York, imperava um sentimento de baixa auto-estima entre o povo alemão, visto os problemas sócio-econômicos enfrentados. O chamado Tratado de Versalhes impôs severas e humilhantes punições à Alemanha que, além de perdas territoriais, viu seu exército desarmado e reduzido, ficou proibida de fabricar armamentos e passou a ser obrigada ao pagamento de pesadas indenizações de guerra à Grã-Bretanha e à França. Tudo isso favoreceu o fortalecimento do Partido Nacionalista Socialista (Nazi) e, conseqüentemente, de seu maior porta-voz e posteriormente líder, o militar Adolf Hitler. Em um período de grande desemprego e de sentimento de derrotismo entre as pessoas, Hitler aproveitou para se erguer e se consolidar como uma liderança oportuna e bem vista inicialmente. Só mais tarde seu plano de conquistar o mundo por meio da força de guerra foi claramente identificado e combatido pela maioria.Há outros exemplos na história de lideranças que inconscientemente eram esperadas pela população de seu tempo. Algumas delas decepcionaram de modo geral, como Hitler, mas outras foram bem recebidas. Na antiga Judéia, dominada pelo Império Romano desde 63 a.C, o clima entre o povo judeu se caracterizava pela insatisfação e insubordinação. Vários grupos rebeldes se revezavam em protestos contra a autoridade romana e cabia aos governantes da Judéia, homologados evidentemente por Roma, sufocar essas insurreições. Além de não contar com o apoio de seus reis, que de certa forma eram corruptos e subordinados às ordens romanas, os judeus ainda amargavam o pagamento de pesados impostos aos dominadores e nutriam um desejo incontido de reconquistar a "terra prometida". Aguardavam finalmente o Messias, o Ungido, aquele que haveria de libertar o povo judeu.O problema é que a esperança judaica consistia em uma expectativa sustentada por argumentação política e social e não espiritual. Trechos bíblicos como os do profeta Isaías, no capítulo 61 e versículo 1 de seu livro, quem sabe soavam estranhos aos intérpretes da lei: "o Espírito do Senhor Deus está sobre Mim, porque o Senhor Me ungiu para pregar as boas-novas aos pobres. Enviou-Me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e abertura de prisão aos presos..." Mas o que isso significava? Seria Jesus Cristo, identificado mais tarde como o Messias, um libertador meramente político? Alguém que organizaria o povo judeu como exército para lutar contra os romanos?Tudo depende do tipo de esperança que temos. Jesus frustrou as expectativas do povo judeu ao pregar o amor aos inimigos, a necessidade de oração sincera e não de vãs repetições, o fim da tradição como um fim em si mesmo e a importância de estudar as escrituras com o intuito de conhecer a vontade de Deus. Mas muitos não quiseram entender a mensagem divina manifestada através de Jesus. Preferiram condená-Lo, puni-Lo e entrega-Lo à decisão de um procurador romano.Hoje muitos que se consideram cristãos também esperam um Jesus que atenda as suas necessidades materiais, que aprove uma vida de vícios contrária aos princípios divinos e que não se intrometa em seus pensamentos e desejos. Querem algo temporal, passageiro, assim como os judeus almejavam a libertação do jugo romano. Como se fosse o mais importante, o maior objetivo de suas vidas. Mas Jesus Cristo veio cumprir um propósito espiritual e instalar, como Ele mesmo afirmou, "um reino que não é daqui". Se hoje estamos buscando um Jesus para nos dar mais dinheiro, fama, uma falsa sensação de paz e muitas amizades interesseiras, estamos no caminho errado. Jesus demonstrou que Sua vida consistia em servir e não ser servido, e Sua missão era salvar a humanidade do pecado por meio de um relacionamento espiritual com Ele."...sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata e ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver, a qual por tradição recebestes de vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem defeito e sem mancha" (I Pedro 1:18 e 19).

Felipe Lemos

EVANGÉLICOS DENUNCIAM DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA NA REPÚBLICA DOMINICANA

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Os principais dirigentes da comunidade evangélica dominicana, que se declararam em sessão permanente desde a quinta-feira última, manifestaram-se preocupados e condenaram o tratamento discriminatório que recebem por parte do governo, do congresso e de diferentes instâncias oficiais.
“Rechaçamos a alarmante falta de eqüidade religiosa dos poderes do Estado”, disseram. Tal comportamento é contrário à Declaração Universal dos Direitos Humanos, ao pacto internacional dos direitos civis e à declaração da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a eliminação de toda a forma de intolerância e discriminação fundada na religião, apontaram em pronunciamento.
Se for necessário, os evangélicos da República Dominicana prometem comparecer diante de foros internacionais para demandar seus direitos, advertiram.
Os líderes religiosos destacaram que os evangélicos, que somam cerca de 1,5 milhão de dominicanos, representam 20% da população nacional, distribuído em mais de sete mil igrejas.
Os evangélicos denunciaram o Senado da República por demorar na aprovação da lei que facultaria aos pastores oficiar matrimônios e designar capelães nas forças armadas e polícia nacional. Também queixaram-se das dificuldades em conseguir benefícios fiscais e a falta de recursos para iniciativas de instituições evangélicas.
“Lamentamos que estejamos frente a um regime de privilégios, excepcionais a um setor religioso, enquanto os projetos sociais e educacionais de nossa comunidade são deixados de fora do orçamento nacional, que é executado com os impostos que todos nós pagamos”, argumentaram.
Parece que para o Estado a única coisa que interessa são “nossos votos e os milhões de impostos que pagamos”, afirmaram os evangélicos, que qualificaram a situação como um retrocesso no fortalecimento da democracia.
Entre os que assinaram o documento aparecem Reynaldo Franco Aquino, do Conselho Dominicano de Unidade Evangélica; Rafael Montalvo, da Confraternidade Evangélica Dominicana; Braulio Portes, do Conselho Nacional de Igrejas, Elías Samuel Peña, bispo da Igreja Metodista; Lorenzo Mota King, do Serviço Social de Igrejas Dominicanas; George Reynoso, da Rede Pastoral; Ramón H. Corniell, da Sociedade Bíblica; Manuel López, do Conselho de Fraternidades, e Moisés A. Mateo, da Igreja de Deus Pentecostal.

Notícia de 13.01.2006
Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação

UM COBERTOR, UM POR FAVOR

domingo, 15 de janeiro de 2006 3 comentários

Parecia que seus joelhos se dobrariam como quem se curva para fazer uma prece. Mas não uniu as mãos e nem fechou os olhos. Agachava-se lentamente para ver o que a lixeira poderia oferecer a uma hora daquelas. Final de tarde na rua bem asfaltada do bairro de classe média onde alguns caminhavam para desobstruir a mente, outros corriam ainda atrás do dinheiro perdido do dia e uns poucos fumavam e assistiam de suas sacadas às cenas que envolviam o andarilho. Seu nome poderia ser Paulo, José, Pedro, Rui, Carlos, enfim, isso não importava.
Já ria sozinho e vez por outra olhava para os lados com olhar perdido. Olhava sem olhar, sem fixar os olhos em alguém ou algo. Volvia novamente os olhos rapidamente para avaliar o jantar do dia e abocanhava alguma comida qualquer. Alimentava-se do nosso pior. Mas era o seu melhor. Os dentes podres impregnados de farelos de alguma coisa que se desmanchava na boca há muito vazia assustavam os transeuntes, mas o sofrimento solitário do tal andarilho não atemorizava ninguém. Nem nos fazia perder um pouco de nosso sono. Continuou mastigando como quem absorve o que de mais nutritivo há em um alimento, mas disfarçava bem que pensava no que fazer depois. Os pensamentos longínquos nem mais faziam parte de sua realidade, mas os pragmáticos sim. Pensava no hoje. No agora. Aprendeu a desapegar-se de tudo, porque nada lhe pertencia. Vivencia os instantes, porém se preocupava com o imediatamente depois.
Ria sozinho, por vezes em silêncio. Somente o rosto denunciava aquela aparente felicidade. Era um sorriso insano, por causa da mente que já não suportava tanta fome, tanto descaso, tantos insultos, tantos xingamentos nas ruas. Não conhecia a caridade dos que se proclamavam caridosos, mas precisava dela. Pelo menos um naco de solidariedade. Parcas horas de ajuda, de apoio. Talvez procurasse uma igreja, uma freira, um pastor evangélico, a assistência social da prefeitura, grupo não sei do quê, amigos de não sei quem, blábláblás mil, ilusões, tentativas, fachadas... Primeiro iria comer aquele resto de sanduíche. Praticamente intacto. Ainda conservava verduras frescas em seu interior. Apetitoso. Ia bem com a maionese encontrada no latão azul ao lado.
A tarde caiu e já era hora de levar alguma coisa. Não era condutor de carroças e nem tinha ofício de papeleiro. Caminhava somente com sua mochila nas costas e perambulava pelo bairro há uma semana. Cantarolava alguma coisa meio sem sentido até chegar a uma porta. Bateu uma meia dúzia de palmas, olhou para as luzes que lentamente se acenderam internamente e pediu um cobertor. Ouviu de dentro uma voz ríspida e rápida dizendo que pedisse por favor primeiramente. Mais do que depressa, consertou o pedido e implorou o cobertor. Um cobertor, por favor, argumentou.
As luzes se apagaram. Nada aconteceu. O andarilho foi embora sem tristeza e nem pesar. Ainda era cedo para conseguir algo. Com a ajuda do vento ligeiro no início de noite, o homem da sacada varreu rapidamente as cinzas do seu cigarro caídas na frente da porta e escondeu-se em casa. Não sem antes certificar-se da saída do andarilho. Bufou qualquer coisa em pensamento e entrou para se deitar com seu cobertor e ver qualquer programa de televisão. O andarilho ainda andou mais um pouco até adormecer junto aos jornais velhos da rua embaixo da marquise. Hoje demoraria um pouco mais para adormecer por causa do frio...

Felipe Lemos

EM BREVE INFORMAÇÕES

quarta-feira, 11 de janeiro de 2006 0 comentários

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