Livro conta como fabricantes de medicamentos criam doenças e patrocinam pesquisas para vender mais

terça-feira, 29 de julho de 2008 0 comentários

Revista Exame, Segunda quinzena de julho de 2008.

O suíço Daniel Vasella, presidente da Novartis, é um dos expoentes da indústria farmacêutica mundial. Médico de formação, ele decidiu abandonar o consultório em 1988, aos 35 anos de idade, para trabalhar na área de vendas da fabricante de medicamentos americana Sandoz. Vasella fez, então, uma carreira rápida e bem-sucedida e, em 1996, assumiu o comando da Novartis, empresa resultante da fusão da Sandoz com a Ciba-Geigy e uma das cinco maiores do mundo no setor. Anos atrás, durante uma entrevista, Vasella foi perguntado sobre como sua empresa conseguia criar os medicamentos de sucesso exigidos pelos investidores. Sua resposta foi tão direta quanto surpreendente. “Você cria um desejo”, afirmou ele, como se estivesse falando de um produto de consumo como qualquer outro.
Quem fez a pergunta a Vasella foi a jornalista Melody Petersen, ex-repórter do The New York Times, especializada na cobertura da indústria farmacêutica. Depois de vários anos nesse privilegiado posto de observação, Melody decidiu revelar os meandros do bilionário mercado de saúde. O resultado está no recém-lançado Our Daily Meds — How the Pharmaceutical Companies Transformed Themselves into Slick Marketing Machines and Hooked the Nation on Prescription Drugs (numa tradução livre, “Os remédios nossos de cada dia: como as empresas farmacêuticas se transformaram em máquinas de marketing escorregadias e viciaram a nação em drogas prescritas”). Para Melody, os tempos quase românticos em que a indústria farmacêutica era movida por cientistas e médicos interessados em pesquisar a cura de doenças graves ficaram inexoravelmente para trás. Agora, o setor — fundamental para o bem-estar e para a longevidade — é dominado por marqueteiros. “Vender remédios, e não inventá-los, tornou-se a obsessão”, diz ela.
As empresas parecem estar triunfando nessa nova missão. Em 2005, os americanos gastaram 250 bilhões de dólares em remédios vendidos sob prescrição médica — mais do que consumiram com fast food ou gasolina, por exemplo. Se comparado a outros países, esse volume é ainda mais impressionante. Os Estados Unidos gastam mais com remédios que Japão, Alemanha, França, Itália, Espanha, Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia, Canadá, México, Brasil e Argentina — juntos. Em 2006, um americano tomou, em média, 12 remédios prescritos por médicos — em 1994, a média foi oito. Entre a população idosa, o índice chega a 30 drogas anualmente. Graças a essa epidemia, entre 1995 e 2002, a indústria farmacêutica foi o setor mais lucrativo da economia americana. Em 2004, segundo dados da revista Fortune, a cada dólar vendido pelas farmacêuticas, 16 centavos se transformavam em lucro — ante a média de 5 centavos dos outros setores.
A prevenção na saúde, baseada em alimentação equilbrada, repouso, ar puro, água e confiança plena em Deus, é desconsiderada por muitos profissionais. Talvez o motivo resida no fato de que a indústria farmacêutica precisa vender e, através de médicos, ela consegue isso. Tomar remédios é necessário em várias ocasiões, mas o uso desenfreado é um problema sério e podem ter certeza de que é uma realidade não apenas nos EUA, mas no Brasil. A prevenção é barata e realmente precisa ser levada mais em consideração pelas pessoas.

BRASIL POSSUI JUVENTUDE RELIGIOSA, MAS NÃO PRATICANTE

segunda-feira, 28 de julho de 2008 2 comentários

Revista IstoÉ, semana de 30 de julho de 2008.

O Brasil possui a terceira população jovem mais religiosa do mundo, segundo estudo da consultoria alemã Bertelsmann Stiftung: pelo menos 95% dos brasileiros entre 18 e 29 anos declararam que seguem uma religião. Esse índice coloca o País entre os mais religiosos do planeta – estamos apenas atrás da Nigéria e da Guatemala. Marrocos e Indonésia (países muçulmanos) têm os mesmos índices do Brasil (predominantemente católico). Os jovens brasileiros também estão entre os que mais rezam: 74% declararam fazê-lo diversas vezes ao dia, embora um terço deles tenha admitido que não vive totalmente de acordo com os preceitos da religião.

Essa é a realidade social brasileira e mundial: muito se fala sobre religião, muitos dizem viver uma fé, mas poucos são os que efetivamente praticam aquilo que afirmam viver. Na minha opinião, esse é um dos grandes problemas das religiões. Fico pensando se, na época de Jesus, os doze discípulos e posteriormente outros que se uniram à fé apostólica fossem cristão não-praticantes o que seria do cristianismo hoje. Certamente não existiria. Uma religião sem prática é morta em si mesma, destituída de sentido, restrita a formalismos e ritualismos. Essa questão de não viver totalmente os preceitos da religião é subjetiva, mas demonstra que o que se busca efetivamente é uma religião livre de qualquer comprometimento. Bem diferente do que Cristo ensinou aqui, ao falar em abnegação, renúncia ao mundo e ao que é terreno.

Pesquisa revela o que os jovens pensam

segunda-feira, 21 de julho de 2008 2 comentários


Revista IstoÉ, Semana de 21.07.2008.

EDUCAÇÃO 37% consideram a escolaridade essencial para um bom emprego
SEXO 33% dos garotos dormem com a namorada em casa. Apenas 8,5% delas podem fazer o mesmo

A juventude sempre foi vista como uma breve transição para a idade adulta. A ordem era trabalhar cedo, casar logo e constituir família. Os anos 60 romperam com este padrão. Rebeldes, os jovens daquela década lutaram por várias causas, como liberdade política, sexual e igualdade entre os sexos, e criaram um ideal de juventude até hoje cultuado. Vinte anos depois, o espírito de rebeldia mantinha-se vivo, mas as causas eram mais difusas. Hoje, a ditadura é uma lembrança e o conflito de gerações quase desapareceu. O jovem está preocupado em deslanchar na carreira (sem muito stress), valoriza o suporte familiar e sua atuação política é menos partidária e mais social, como a defesa do meio ambiente.
O que passa pela cabeça desta geração foi mapeado por um estudo da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A pesquisa, inédita, com dez mil brasileiros de 15 a 29 anos, resultou no livro Juventudes: outros olhares sobre a diversidade, da coleção Educação para Todos, do Ministério da Educação. É a primeira tese de fôlego no País sobre esta faixa etária, que corresponde a 51 milhões de pessoas e só começou a ser estudada há dez anos. O trabalho traz dados surpreendentes – para os mais velhos – sobre a geração que comandará o Brasil daqui a 20 anos.

Para eles, a aparência é fundamental. Quase 27% dos entrevistados disseram que a maneira de vestir os define. Futilidade? Nada disso. A roupa é uma mensagem. “É uma forma de o jovem marcar seu território e anunciar qual é sua personalidade”, afirma a socióloga Miriam Abramovay, organizadora da obra e pesquisadora da Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana.
A estagiária de relações públicas Fernanda Araújo, 23 anos, diz sem medo que é consumista. Com o primeiro salário do estágio, gastou R$ 600 num sapato. Mas Fernanda trabalha desde os 15 anos, ajuda a pagar a faculdade e é voluntária de uma entidade. O modo como se veste faz parte de seu objetivo de crescer profissionalmente. “Me dedico ao trabalho, sou prática e sei resolver problemas. Minhas roupas expressam essas qualidades”, acredita. Fernanda está satisfeita com os rumos da própria vida, assim como 75% dos participantes do estudo.
“Mesmo com violência, educação deficiente e um mercado de trabalho disputado, o jovem acredita que as dificuldades serão superadas”, diz Miriam. “É uma juventude forte, que mantém a esperança. São características fundamentais que fazem a sociedade evoluir.” Ao contrário de gerações passadas, eles encontram confiança e segurança em casa e têm na família sua maior fonte de alegria. É a ela que o estudante carioca Frederico Lacerda, 21 anos, dedica o tempo livre após o estágio, a faculdade, a namorada e os esportes. Ele janta todos os dias com a mãe, a avó e os irmãos. Quando o pai, gerentegeral de um hotel em Angra dos Reis (RJ), está no Rio, os filhos até cancelam compromissos. “Eu e meus irmãos fazemos questão disso. O ambiente em nossa casa é tão bom que amigos e namoradas gostam de freqüentá- la.”
Reportagem completa em www.istoe.com.br
Alguns resultados não surpreendem, porque refletem aquilo que vemos na prática. Pelo menos 33,3% dos garotos afirma que dorme com a namorada, ou seja, certamente pratica sexo com ela sem qualquer comprometimento advindo do casamento. Isso é um retrato real de nossa sociedade que se distancia rapidamente dos ideais bíblicos. O casamento, como instituição criada por Deus (não pelo homem), deixa velozmente de ter importância na sociedade a começar pelos hábitos dos jovens.
Outro dado curioso é que, para a maior parte dos entrevistados, o que melhor define um jovem é a moda e a aparência. Isso deveria preocupar a sociedade bastante. Significa dizer que os próprios jovens estão afirmando, com todas as letras, que convicção de atitudes, ideologia, responsabilidade, compromisso ficam para trás quando se procura uma auto-definição. Claro que temos uma carga histórica envolvida nisso, mas a estrutura familiar infelizmente está mudando mesmo. Na minha opinião, para pior, porque se um jovem se considera muito mais fruto do que ele aparenta do que o que ele efetivamente é, então alguma coisa bem errada existe.

 
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