A COPA DE 2014 É NOSSA; E DAÍ?

terça-feira, 30 de outubro de 2007 0 comentários


Felipe Lemos, jornalista e editor deste blog.


Confirmado hoje, na sede da FIFA (Federação Internacional de Futebol) que o Brasil sediará a Copa do Mundo de Futebol de 2014, considerado um dos eventos mais populares do mundo juntamente com as olimpíadas. A notícia para alguns parece não ter muita relevância, mas vai repercutir de várias formas. Algumas bem fáceis de se imaginar e outras sobre as quais podemos pensar.
É óbvio que, com esse anúncio, o Brasil terá de investir em infra-estrutura mínima (não apenas construção de estádios de futebol) para que uma grande quantidade de turistas possa ter condições de assistir aos jogos. Isso significará altos investimentos dos governos e das empresas. E quando se fala em investimentos governamentais, devemos entender que haverá grandes possibilidades de superfaturamento em obras e desvios inevitáveis. Ou seja, teremos com grande probabilidade mais uma oportunidade para alguns poucos enriquecerem enquanto serviços públicos de extrema urgência para a população carente continuam sucateados.
Não sei se a realização de uma Copa do Mundo vai necessariamente melhorar as condições de vida dos brasileiros. Pode até ser um lenitivo, uma espécie de remédio contra a dor, mas que não cura a doença propriamente dita. Fala-se muito sobre a movimentação econômica, é bem verdade, mas não nos enganemos em pensar que o Brasil se desenvolverá mais como nação por causa da realização de uma Copa do Mundo. Teremos um incremento sazonal no comércio, indústria, serviços e turismo, mas desenvolvimento integral depende de políticas voltadas à educação, saúde, meio ambiente e assistência social.
O que ninguém explicou ainda é porque, ontem, na comitiva que foi à FIFA estiveram presentes governadores de estados que provavelmente não sediarão nenhum dos jogos da Copa. A imensa delegação com treze governadores, o presidente da República e mais um bocado de gente é outro exemplo de que, quando é para se gastar dinheiro público, não há limites. É salutar a alegria dos brasileiros que apreciam esporte e gostaram da notícia do Brasil como sede de Copa do Mundo de Futebol em 2014, mas os prováveis desperdícios de dinheiro público com toda essa festa é que não causam alegria alguma.

ENCONTRO CRIACIONISTA: UMA INICIATIVA QUE VEIO PARA FICAR

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Normalmente não faço comentários sobre eventos específicos aqui no blog, mas hoje abro uma exceção. O Encontro Criacionista, ocorrido em Florianópolis e Joinville, nos dias 27 e 28 de outubro, atingiu seus objetivos na medida em que fomentou o debate sobre criacionismo científico em uma platéia com interessados, curiosos, professores universitários e alunos de ensino superior e do ensino médio.
Criou, também, o desejo de se estudar mais acerca dos pontos de convergência entre a Bíblia e a ciência nos mais diferentes campos: biologia, geologia, arqueologia, história, geografia, paleontologia, medicina, etc. Os palestrantes foram extremamente felizes em suas colocações marcadas pelo equilíbrio, pelo conteúdo e pela apresentação dinâmica. Foi criado um núcleo, tanto em Florianópolis como em Joinville, que vai se reunir periodicamente para estudos mais detalhados com os interessados.
Nos painéis de debates, muitos questionamentos pertinentes e muito interesse em se aprofundar. Lamentavelmente não tínhamos a semana inteira para o evento (quem sabe, isso até ocorra em um dos próximos anos), mas foi perceptível o potencial de um evento como esse.
Agradeço em primeiro lugar a Deus, o Criador, que possibilitou tudo e a todos os que se empenharam em colaborar com o Encontro Criacionista, especialmente aos palestrantes, professor Rodrigo Silva, geólogo Nahor Neves Jr e ao grande amigo e companheiro de blog jornalista Michelson Borges.
E muito obrigado por todos os que se empenharam na organização, nos participantes e nos apoiadores de próximos encontros como esse. Estamos no caminho certo e, como senti isso, resolvi compartilhar com todos os internautas e freqüentadores deste blog.

Felipe Lemos
Editor deste blog.

PESQUISA IDENTIFICA CARIMBO DE JEZEBEL

quarta-feira, 24 de outubro de 2007 2 comentários

Site G1, 24.10.2007.

Na Bíblia, ela ganhou fama de manipuladora, inescrupulosa e até devassa. A rainha Jezebel é uma das piores vilãs do Antigo Testamento, sem dúvida. Mas pelo menos tinha um bocado de estilo, a julgar pelo sinete (uma espécie de carimbo pessoal) que uma pesquisadora holandesa acaba de identificar como pertencente à ela - um dos raros casos em que um personagem bíblico deixa traços diretos de sua existência. A análise que confirmou a associação de Jezebel com o sinete, que é feito de opala e está repleto de desenhos e inscrições, foi feita por Marjo Korpel, especialista da Universidade de Utrecht. Com o trabalho de Korpel, que será publicado numa revista científica especializada em estudos lingüísticos, parece chegar ao fim um mistério de quatro décadas. Isso porque já se suspeitava que o artefato, obtido nos anos 1960 por um arqueólogo israelense no mercado de antigüidades, tivesse pertencido a Jezebel. Mas havia um problema bizarro: o suposto nome da rainha, gravado na opala, estava escrito errado -- o que levou muita gente a achar que se tratasse de uma outra pessoa, embora de nome parecido. Com paciência de detetive, Korpel analisou o sinete e o comparou com outros objetos do mesmo tipo e da mesma época, ou seja, produzidos por volta do ano 850 a.C., quando viveram Jezebel e seu marido Acabe, rei de Israel. Pela distribuição das letras e pela presença de uma pequena área quebrada no objeto, a pesquisadora holandesa estimou que originalmente havia mais duas letras hebraicas no sinete - o suficiente para "corrigir" o nome de Jezebel. Além disso, o objeto era muito maior que os outros da mesma época e repleto de símbolos associados à realeza e ao sexo feminino, como uma esfinge com coroa de rainha, serpentes e falcões. Para Morjen, tudo isso torna altíssima a probabilidade de que o sinete realmente tenha pertencido a Jezebel.

Imagem correta
Jezebel (de origem fenícia, segundo a Bíblia) e seu marido Acabe reinaram numa época em que o antigo reino israelita estava dividido em duas partes rivais: Judá, no sul, cuja capital era Jerusalém e cujo povo deu origem aos atuais judeus; e Israel, no norte, onde o casal governava e cuja capital era Samaria. No Primeiro Livro dos Reis, na Bíblia, Jezebel é retratada como uma mulher corrupta, que faz os habitantes de Israel adorarem deuses pagãos e ainda induz seu marido Acabe a tomar injustamente as terras de seus súditos. Juízos de valor à parte, o sinete parece mostrar que a rainha de fato era muito influente: ele era usado para ratificar documentos, o que significa que ela podia "despachar" por conta própria em seu palácio.

Interessante mais uma comprovação de que a Bíblia não é um livro de fábulas e sim de histórias e personagens reais que tiveram experiências que nos ensinam boas e más lições.

IGREJA CATÓLICA FALA DA MUDANÇA DO DESCANSO DO SÉTIMO DIA

segunda-feira, 22 de outubro de 2007 1 comentários

Extraído do blog de Michelson Borges.

Deu na agência Zenit: "Jesus nos deu, em primeira pessoa, o exemplo da oração incessante. Dele se diz nos evangelhos que orava de dia, ao cair da tarde, pela manhã, e que passava às vezes toda a noite em oração. A oração era o tecido conectivo de toda sua vida. "Mas o exemplo de Cristo nos diz também outra coisa importante. É ilusório pensar que se pode orar sempre, fazer da oração uma espécie de respiração constante da alma inclusive em meio às atividades cotidianas, se não reservamos também tempos fixos nos quais se espera pela oração, livres de qualquer outra preocupação. Aquele Jesus a quem vemos orar sempre é o mesmo que, como todo judeu de seu tempo, três vezes por dia – ao sair o sol, na tarde, durante os sacrifícios do templo, e no pôr-do-sol – parava, se orientava para o templo de Jerusalém e recitava as orações rituais, entre elas o Shema Israel, Escuta Israel.
No Sábado Ele também participava, com os discípulos, do culto da sinagoga, e vários episódios evangélicos acontecem precisamente neste contexto. "A Igreja igualmente fixou, pode-se dizer que desde o primeiro momento de vida, um dia especial para dedicar ao culto e à oração, o domingo [grifo acrescentado]. Todos sabemos em que se converteu, lamentavelmente, o domingo em nossa sociedade; o esporte, em particular o futebol, de ser um fator de entretenimento e lazer, se transformou em algo que com freqüência envenena o domingo... Devemos fazer o possível para que este dia volte a ser, como estava na intenção de Deus ao mandar o descanso festivo, uma jornada de serena alegria que consolida nossa comunhão com Deus e entre nós, na família e na sociedade [grifo acrescentado].É um estímulo para nós, cristãos modernos, recordar as palavras que os mártires Saturnino e seus companheiros dirigiram, no ano 305, ao juiz romano que havia mandado prendê-los por ter participado na reunião dominical: "O cristão não pode viver sem a Eucaristia dominical. Não sabias que o cristão existe para a Eucaristia e a Eucaristia para o cristão?".

A intenção da Igreja Católica é que o domingo tenha a mesma conotação que o sábado, conforme a Bíblia, tem. Ou seja, que se transforme em dia de adoração. A Bíblia trata do sábado o tempo inteiro como esse dia e não o domingo. Para quem pensa que o assunto não tem importância, seria interessante ler os vários textos a respeito da santidade do sábado para entender que Deus valoriza as coisas que Ele define.

ENCONTRO CRIACIONISTA NESTE FINAL DE SEMANA EM SC

domingo, 21 de outubro de 2007 0 comentários

Neste sábado, dia 27, e no domingo, dia 28, Florianópolis e Joinville sediarão o Encontro Criacionista, uma iniciativa da Rede de Educação Adventista e do Departamento de Comunicação da Igreja Adventista do Sétimo Dia em SC. Virão para Santa Catarina três profissionais que entendem de ciência, mídia e religião.
O jornalista Michelson Borges é autor de bons livros a respeito da controvérsia entre o criacionismo e o evolucionismo, um deles chamado "A História da Vida", editado pela Casa Publicadora Brasileira. O Michelson, com quem trabalhei durante oito meses, é um incansável pesquisador da ciência e vai abordar, entre outros temas, a forma como a mídia tem encarado essa questão.
Já o teólogo e especialista em arqueologia Rodrigo Silva tem em seu histórico não apenas o conhecimento teórico, mas a prática com participação em escavações na Jordânia, Sudão e outros países. É curador, ainda, do Museu Paulo Bork, em SP, um dos únicos (senão o único), especializado em história bíblica no Brasil. Vai falar, também, sobre arqueologia bíblica e os participantes poderão entender melhor esse fascinante ramo de investigação histórica.
O doutor em geologia Nahor Neves Jr, docente da USP e da Unasp, tem realizado palestras e participado de programas de TV para falar sobre a geologia e a relação com a Bíblia, especialmente desmistificando algumas questões sobre alguns períodos do tempo atribuídos às descobertas de ossadas e objetos da história antiga.
Haverá espaço para perguntas, sorteios para entretenimento e muita informação de qualidade sem a pretensão de obrigar as pessoas a se tornarem criacionistas. O objetivo do Encontro é mostrar que o criacionismo tem uma fundamentação que merece, ao menos, ser melhor conhecida e entendida. O evento é aberto a todos os que se interessam em aprender. Ninguém tem a pretensão de ser dono da verdade e a intenção é realmente analisar outros pontos de vista geralmente desprezados por grande parte da ciência moderna.

Locais e horários:
Encontro de Florianópolis -27.10 a partir das 9 horas - Auditório da Assembléia Legislativa
Encontro de Joinville - 28.10 a partir das 9 horas - Câmara de Vereadores de Joinville
Inscrições pelo telefone (48) 3281-3080 com Catieli Braff.

Felipe Lemos
Mantenedor do blog e organizador do Encontro Criacionista de Florianópolis e Joinville.

MELHOR NATAL DESDE 2000 - ARTIGO

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Felipe Lemos, mantenedor deste blog.

Todos os anos eu costumo ler a mesma notícia: que as vendas de Natal deste ano serão melhores do que no ano anterior. E, conforme reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, desta vez a notícia é mais alvissareira ainda. Dá conta que as vendas de 2007 serão as melhores desde 2000. O volume global de vendas do comércio varejista em dezembro deve crescer 11,5% ante 2006, segundo projeções da RC Consultores feitas com base na Pesquisa Mensal do Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No Natal de 2006, o aumento foi bem menor, de 5,6%, em relação a 2005. Segundo a reportagem, crédito farto, combinado com juro real que nunca esteve tão baixo, aumento recorde da massa de rendimentos, dólar em baixa e inflação controlada garantem esse desempenho. Animadas com as boas perspectivas, as redes varejistas se preparam isoladamente para um acréscimo de vendas de até 20%, bem maior que o comércio como um todo porque pretendem conquistar fatias dos concorrentes.
Diante desse lindo quadro econômico, seria bom abrirmos bem os olhos para alguns aspectos. Sim, eu e você que quem sabe esperamos o final do ano com esse olhar puramente comercial. Em primeiro lugar, cuidado com o crédito fácil e farto que tem feito muitos reféns de suas dívidas intermináveis e insolúveis. Outro alerta é quanto ao rendimento. Você talvez esteja ganhando um pouco melhor do que ganhava anteriormente, mas isso não significa que você pode comprar tudo o que deseja de maneira parcelada. Lembre-se que há despesas extraordinárias que podem surgir e que vão te fazer sentir o drama do orçamento particular.
Outro aspecto importante a ser visto é que se fala, também, na boa geração de empregos por conta desta movimentação do comércio em geral com o Natal. Mas não se engane! Sua contratação temporária em função de uma demanda de trabalho surgida no final de ano não significa necessariamente sua permanência na empresa. Vai depender de vários fatores, inclusive do seu desempenho. Não fique com o anacrônico pensamento do tipo "eles precisam de mim". As empresas precisam de você por um tempo, mas não terão pudor algum em dispensá-lo caso o departamento financeiro assim o recomende.
Por fim, quero apenas dizer que a origem da celebração do nascimento de Cristo (que é o Natal realmente) não tem nada a ver com esse consumismo compulsivo a que estamos totalmente ligados. Nada a ver mesmo. Então, vamos tentar pelo menos entender que o mais importante não é se endividar no cartão de crédito com uma porção de presentes importados ou nacionais e nem sair gastando tudo o que se tem e o que ainda se espera ter e sim saber se relacionar melhor com as pessoas ao nosso redor e com o aniversariante da data. Sei que sempre se fala isso, mas é que a cada ano menos se sabe sobre o que é o nascimento de Cristo, o Natal propriamente dito.Dizem as notícias que teremos o melhor Natal desde 2000. Em que sentido?

UNIVERSIDADE DO PARANÁ DEVE ALTERAR HORÁRIO DE AULAS DE ALUNO ADVENTISTA

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Do Site do Tribunal Regional Federal - 4ª Região

A 3ª Turma do Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região determinou nesta semana, por unanimidade, que a Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), de Curitiba, deverá permitir ao aluno Carlito Dutra de Oliveira, que é adventista, a freqüencia durante o dia de disciplinas oferecidas nas sextas-feiras à noite no curso de Direito Noturno. Em caso de colisão de horários, a instituição deverá abonar as faltas do estudante.
Após a UTP ter negado a alteração de turno ou o abono das faltas, Oliveira ingressou com um mandado de segurança na Justiça Federal da capital paranaense. Como a sentença também negou o pedido, o universitário recorreu ao TRF. Ele é seguidor da Igreja Adventista, que tem como dia sagrado o “sábado natural” (período que vai do pôr-do-sol de sexta-feira até o pôr-do-sol de sábado). Para o aluno, o direito de estudar à noite não pode levá-lo a desrespeitar o seu credo religioso. Além disso, é assegurada a liberdade de credo, devendo o Estado existir para a defesa do cidadão, e não para restringir seus direitos, argumentou.
Para a relatora do processo no TRF, desembargadora federal Maria Lúcia Luz Leiria, deve ser reconhecido o direito de Oliveira freqüentar, no turno diurno, as cadeiras que colidam com o respeito ao seu “sábado natural”, de forma a assegurar seu direito à liberdade de crença e à educação (ou, alternativamente, permitido o abono de faltas). A magistrada lembrou que não podem prevalecer os princípios da legalidade e da igualdade “com o sacrifício, no caso concreto, do direito à educação de aluno adepto de credo minoritário”. A questão deve ser analisada, ressaltou, “dentro de um contexto de pluralidade e de respeito ao princípio da não-confessionalidade e da tolerância”.
Maria Lúcia lembrou que a legislação federal permite a estudantes grávidas a realização de exercícios domiciliares, assim como para casos de problemas de saúde. A desembargadora ressaltou ainda a situação dos estudantes convocados para o serviço militar, que têm suas faltas abonadas quando obrigados a faltar por força de exercício ou manobras. Nenhuma dessas hipóteses, salientou a magistrada, são entendidas como violadoras do princípio da igualdade. Pelo contrário, afirmou, se reconhece que tais situações exigem um tratamento diferenciado.
Outro ponto salientado pela relatora foi a existência de lei estadual no Paraná que permite o abono de faltas de alunos em decorrência de consciência religiosa. Para Maria Lúcia, isso demonstra, “de forma flagrante, que é possível a compatibilização dos direitos em questão”.

Isso se chama respeito à liberdade religiosa, prevista na Constituição Federal. Resta saber até quando...

ZAFENATE-PANÉIA, UM TAL SONHADOR

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Por José Ricardo de Abreu, comunicólogo popular, acadêmico de pedagogia, afeito a artes em geral.

A presença daqueles homens o havia deixado completamente transtornado e aflito como nunca antes o havia visto e quando perguntei se poderia ajudá-lo, respondeu-me apenas que gostaria de ficar a sós com seus convidados. Pedi que todos os empregados se retirassem imediatamente e, enquanto aguardava na cozinha, não pude deixar de lembrar todas as lições que havia me ensinado ao longo daqueles anos.
Quando nos conhecemos no cárcere, ele tinha aproximadamente 30 anos e eu considerava um tanto audaciosos os sonhos daquele jovem hebreu exilado. Apesar disso, confesso que não demorei muito para aprender a admirar sua persistência e inabalável fidelidade ao seu Deus. No entanto, somente quando me vi livre daquela prisão é que fui forçado a reconhecer que ali estava um homem que realmente entendia da arte de sonhar.
Porém, os anos se passaram e a realidade fora das grades me fez esquecer da promessa que havia feito àquele jovem sonhador. Até que um dia fui encarregado de buscá-lo na prisão. Agora era minha vez de descrever-lhe o futuro, havia um importante enigma a ser decifrado e somente ele poderia desvendá-lo. Quando nos reencontramos naquela manhã, ele estava se barbeando. Enquanto a navalha acariciava-lhe o rosto sofrido, mas não menos esperançoso, me falava dos novos sonhos que acalentava e da maneira peculiar como Deus havia conduzido sua vida até ali.
O tempo, que é senhor de todos os sonhos, continuou sua cavalgada, entre vacas gordas e magras, e pude testemunhar cada devaneio daquele belo menino que vestia túnicas talares, se transformando em realidade. O que não poderia imaginar é que acabaria me tornando o mordomo escolhido por aquele que um dia também houvera sido um mordomo zeloso e fiel. Sinto-me orgulhoso por fazer parte da vida de um homem que, embora desde cedo tenha provado o cálice amargo da traição, da inveja, da conspiração e da injustiça, não alimente nenhum rancor ou desejo de vingança, diante daqueles que só lhe desejaram o mal. Alegro-me por servir a um senhor que tenha conservado seus valores morais, diante de tanta imoralidade e que, mesmo vivendo em meio a idolatria generalizada, tenha permanecido fiel aos seus princípios, aos seus propósitos e, acima de tudo, ao seu Deus.
Ainda viajava em meus pensamentos e lembranças , quando um grito que misturava dor, alegria e desabafo, rompeu por entre as paredes revestidas de ouro e atravessou os cômodos luxuosos daquela mansão. Por uma fresta da porta entreaberta, pude ver seu mais antigo sonho, acalentado desde a infância, se tornando realidade. E de repente, foi como se aquela sala acarpetada houvesse se transformado num imenso campo de cereais, e ali, diante de meus olhos perplexos, vi onze homens envergonhados e arrependidos, como se fossem feixes de trigo, se dobrando diante da firmeza moral de um homem que sempre acreditou em seus sonhos, sem deixar de acreditar em seu Deus.

*Baseado em Gênesis capítulos 37 a 45

A POLÊMICA DA PÍLULA ANTIGORDURA

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Revista IstoÉ, Semana de 22.10.2007.

O uso do Acomplia, medicamento que ficou conhecido como a pílula antibarriga, está provocando polêmica no Brasil. Estão surgindo casos de pacientes que usaram a droga e desenvolveram episódios de depressão. É o caso da produtora carioca Denise (nome fictício a pedido da entrevistada), 50 anos. Ela conta que, semanas depois de tomar o remédio, começou a se sentir deprimida. “Só chorava e não queria sair da cama. Parei de trabalhar e comecei a ter pânico de ir para a rua”, diz. A situação se tornou crítica. “O desespero era tanto que às vezes eu preferia morrer a continuar sentindo aquilo”, diz. Denise parou de tomar o remédio, buscou auxílio de um psiquiatra e agora toma um antidepressivo e um ansiolítico (medicação contra ansiedade). “Estou melhor, mas ainda não consigo sair de casa”, diz.
No consultório do psiquiatra Rubens Campos Filho, em São Paulo, dez pacientes procuraram ajuda desde o começo do ano. “Dois manifestaram desejo de se matar”, afirma. Entre os médicos que estão receitando a medicação, também há registros de casos. O endocrinologista Alfredo Halpern, de São Paulo, por exemplo, tem 300 pacientes usando a medicação. Seis interromperam o tratamento porque manifestaram o chamado humor depressivo. “Ficaram mais tristes, sem vontade de fazer as coisas”, conta. “Mas, assim que a droga foi suspensa, voltaram ao normal”, diz. Dos 85 pacientes atendidos pela endocrinologista paulista Maria Fernanda Barca que utilizavam o medicamento, 12 apresentaram o problema. Na experiência do endocrinologista carioca Flávio Madruga, dos 300 usuários do Acomplia, um teve variação de humor.
Na verdade, o risco de ocorrência de depressão já estava previsto, registrado inclusive na bula do remédio. “A droga é contra-indicada para pessoas que tiveram episódios da doença, que estejam depressivas ou realizando tratamento com antidepressivos”, afirma Jaderson Lima, diretor-médico da Sanofi- Aventis, laboratório fabricante do remédio. Apesar disso, na opinião de grande parte dos especialistas, o Acomplia continua sendo uma boa opção. Ele é indicado como adjuvante à dieta e ao exercício no tratamento de obesos ou pessoas com sobrepeso portadoras de fatores de risco associados como diabete tipo 2. “Todo remédio tem efeito colateral. Continuo considerando o Acomplia uma droga excelente, com muitos benefícios”, diz Alfredo Halpern. “É um remédio fantástico, como há tempos não se tinha”, afirma a endocrinologista Maria Fernanda.
Na avaliação dos médicos, porém, o importante é ter muita cautela para fazer uma indicação correta e depois realizar um acompanhamento rigoroso do doente. “Vejo os pacientes a cada 15 dias nos primeiros dois meses”, informa o endocrinologista Flávio Madruga. O procedimento é realmente obrigatório. Por meio dele é possível identificar quando algo está errado, como no caso de Nelcina Tropardi, 34 anos, e de Andréia Bergestein, 39 anos. Nelcina ficou apática e chorosa depois de tomar o remédio e Andréia, mais irritada. Assim que relataram os sintomas para os médicos, a medicação foi suspensa. “Tudo voltou ao normal”, conta Nelcina. “A irritação e a impaciência sumiram”, diz Andréia.
Segundo o laboratório Sanofi- Aventis, em julho a Agência Européia de Medicamentos confirmou que a relação benefício- risco do remédio é positiva. No Brasil, o Acomplia foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária mas ainda aguarda a fixação de preço para ser comercializado. Muitos pacientes importam o remédio de um dos 20 países onde ele já foi lançado. Outros, no entanto, compram pela internet sem nenhuma garantia do que estão tomando. A medicação ainda não foi aprovada nos Estados Unidos. O FDA, órgão americano responsável pela liberação de remédios, solicitou mais informações do fabricante antes de dar uma resposta final.

Um breve comentário. Combate à gordura envolve prioritariamente mudanças alimentares. O cuidado com drogas milagrosas é fundamental.

490 ANOS DO MOVIMENTO DE REFORMA PROTESTANTE

domingo, 14 de outubro de 2007 0 comentários


Parte de reportagem na Revista Aventuras da História, Outubro/2007.



Quem vive no século 21 costuma ter dificuldade para entender a obsessão dos antigos europeus com o fim do mundo. Para um ex-monge que viveu no século 16, porém, era difícil não acreditar que o Apocalipse estivesse chegando. Ele deixou isso claro ao comentar o livro do profeta Daniel - um dos textos bíblicos que prevêem o fim do mundo. "Tudo aconteceu e está consumado", escreveu Martinho Lutero por volta de 1530. "O Império Romano (o Sacro Império Romano-Germânico) está no fim, os turcos batem à porta, o esplendor do papismo se desvaneceu e o mundo está rachando por toda parte, como se fosse cair aos pedaços."Se ainda estivesse vivo, é possível que Lutero ficasse decepcionado com a demora para que o Apocalipse ocorresse. Mas ele não forçou tanto a barra ao afirmar que o fim estava próximo.

Graças ao ex-monge alemão e a uma geração de reformadores religiosos, um mundo, pelo menos, já tinha acabado: aquele que, durante mais de 1100 anos, unira os cristãos do Ocidente. No lugar de uma só igreja, monolítica, dominada pela supremacia do papa em Roma, metade da Europa Ocidental foi sendo tomada por igrejas que consideravam a velha tradição católica como uma corrupção inaceitável dos ideais cristãos. Esse desejo de renovação espiritual foi um dos pilares da Reforma Protestante. Mas como ela escapou de virar apenas outra "heresia" esmagada pela Igreja? O contexto histórico ajudou. Alguns camponeses, por exemplo, viram na Reforma a chance de corrigir injustiças do sistema feudal. Enquanto isso, no topo da sociedade européia, nobres sentiram que o grito dos reformadores era um ótimo pretexto para arrancar o poder de papas, cardeais e arcebispos.

A mistura de intenções puras e objetivos interesseiros ajudou a Reforma a ir longe e redefiniu o mapa da Europa.Tremor nas fundaçõesNo começo do século 16, falar em "reforma" era conversa velha. Fazia centenas de anos que os intelectuais e místicos europeus malhavam a bagunça generalizada que parecia ter tomado conta da Igreja. "Na Idade Média, a palavra reformatio estava na boca de todos, assim como ocorre hoje com a palavra 'democracia'. E se caracterizava pela mesma multiplicidade de significados", diz o holandês Heiko Oberman, um dos grandes estudiosos da Reforma, no livro Luther: Man Between God and the Devil ("Lutero: o homem entre Deus e o Diabo", inédito no Brasil). Os críticos atacavam a vida de riqueza e luxúria dos líderes católicos e ficavam exasperados com a maneira como os altos cargos da hierarquia eclesiástica (que muitas vezes eram acompanhados pela posse de ricos feudos) viravam moeda de troca política. Mas o hábito que provavelmente mais escandalizava os intelectuais era a venda de indulgências. Com doações à Santa Sé, os cristãos mais abastados podiam, em tese, reduzir o tempo no Purgatório e agilizar sua ida ao Paraíso - era quase como comprar um lugar no céu.Todos os defensores da tal reformatio, entretanto, queriam corrigir o cristianismo de dentro para fora. Quebrar a unidade da Igreja era algo quase impensável. "Havia dissidências, mas elas geralmente eram localizadas, excessivamente diversificadas e sem coordenação", diz Euan Cameron, professor de Religião da Universidade Columbia, nos Estados Unidos.

Quem deu uma mãozinha para tornar o reformismo mais radical foi o Renascimento. Com o declínio da Idade Média na Europa, a filosofia e a arte da Antiguidade estavam sendo redescobertas por estudiosos. Isso incluía os pensadores do começo do cristianismo e o texto original da Bíblia. Era a primeira vez em muito tempo que os acadêmicos da Europa Ocidental tentavam ler os Evangelhos em grego ou o Antigo Testamento em hebraico, deixando de se guiar apenas pelas versões em latim preferidas pela Igreja. Os textos antigos faziam seus leitores repensar as bases da própria fé e comparar o passado "santo" do cristianismo com seu presente mundano. O meio universitário europeu permitia uma certa liberdade para discutir esses temas.Além do Renascimento, profundas mudanças sociais completavam o cenário favorável à Reforma. Com o desenvolvimento do capitalismo, surgia um mercado europeu dinâmico, envolvendo banqueiros, artesãos e comerciantes que queriam se ver livres de amarras políticas e religiosas para negociar. Especialmente na Alemanha, a terra natal de Lutero, muitas regiões começavam a se ver mais como parte de uma grande nação alemã que como membros do velho Sacro Império (que se estendia da França à atual República Checa), muito influenciado pelo papado.


No dia 31 de outubro é comemorado o Dia da Reforma Protestante e, quem gosta de entender um pouco melhor esse movimento fundamental (divisor de águas na religião cristã), deve ler a reportagem cuja parte inicial reproduzi acima. Lutero, certamente motivado por muito mais do que por uma filosofia e percepções pessoais, foi um instrumento divino para que a Bíblia recuperasse sua importância dentro da fé cristã e o entendimento acerca da própria religião fosse revisto em benefício de muitos hoje. A oportunidade que você tem de ler sua própria Bíblia e conhecer mais sobre Deus advém, em grande parte, da reforma protestante do século XVI.

VATICANO DIVULGA DOCUMENTO QUE ABSOLVE TEMPLÁRIOS

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BBC Brasil, 12.10.2007.

O Vaticano vai divulgar documentos secretos para provar que a ordem medieval Cavaleiros Templários foi absolvida das acusações de heresia pelo papa Clemente 5º.
A reprodução das anotações que levam o título de "Processo contra os Templários - Inquérito Papal sobre o Julgamento dos Templários" fará parte de um livro que será lançado no fim deste mês pelos Arquivos Secretos do Vaticano em associação com a fundação italiana Scrinium.
Serão publicadas 799 cópias. Cada livro custará o equivalente a mais de R$ 15 mil.
A ordem dos Cavaleiros Templários foi fundada em 1118, em Jerusalém, para defender peregrinos cristãos na Terra Santa e se transformou em uma instituição de enorme poder político, militar e econômico.
No século 14, eles foram acusados de heresia e muitos acabaram perseguidos, presos, torturados e queimados, mas a ordem em si não foi declarada culpada.

Para quem tem curiosidade em saber sobre supostas ligações entre o Vaticano e ordens secretas sugiro a leitura do bom livro "Em nome de Deus", de David Yallop sobre o possível assassinato do papa João Paulo I.
Sobre os templários, eles mesmos, no site da ordem em português (http://www.templarios.org.br/), dizem o seguinte sobre sua história que "a Ordem foi fundada em 1118, na época das Cruzadas, em Jerusalém, com o fim de proteger os peregrinos que se dirigiam ao Santo Sepulcro. Como ordem de cavalaria militar, formaram a vanguarda e a espinha dorsal dos exércitos dos cruzados na Palestina. Por serem excelentes administradores, fiéis e organizados depositários, tornaram-se banqueiros de papas, reis, príncipes e particulares.Valentes até a temeridade, depositários de imensas fortunas, foram alvos da cupidez do Rei Felipe, o Belo, de França, que premido por necessidade de dinheiro, em consequência das incessantes guerras que movia aos seus vizinhos e, temeroso do poderio dos Cavaleiros Templários, resolveu apoderar-se dos bens da Ordem.
Acusados de heresia perante a inquisição onde o rei colocara validos seus, os Templários foram denunciados por possuírem um esoterismo particular, sendo caluniados, espoliados e martirizados, retiram-se para a Escócia onde juntam-se à Maçonaria. É verdade que os Templários tinham uma iniciação, mas de nenhum modo divergiam das doutrinas cristãs. De qualquer forma, procurou-se implicar os Templários numa preferência ao Evangelho de São João, considerado pelos ocultistas franceses como o Evangelho do Conhecimento Esotérico, por ser particularmente rico em ensinamentos simbólicos e esotéricos.
Cada um tire suas conclusões sobre esta curiosa ligação.

JUSTIÇA NÃO DEVE INTERFERIR EM ASSUNTO INTERNO DE IGREJA

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Revista Consultor Jurídico, 14.10.2007.

A Justiça paulista livrou a Igreja Evangélica Assembléia de Deus de pagar indenização a um pastor que se arrependeu de pedir desligamento da congregação. A decisão é da 6ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo com o fundamento de que não cabe ao Judiciário se meter nos motivos do rompimento das relações entre a igreja e seus integrantes.
Natanael Firme de Moura pediu indenização por danos morais com o argumento de que era pastor e estava no exercício do seu ministério quando foi substituído por outro colega. Ele atuava em uma igreja do Jardim Guançã, na Vila Guilherme (zona Norte da Capital). Alega que em outubro de 2004 foi surpreendido com a comunicação de sua substituição porque havia provocado “divisão” na congregação. Sustenta que teria sofrido danos morais com a conduta da igreja, que o transformou num anticristo perante os fiéis.
Em primeira instância, o juiz Renato Acácio de Azevedo Borsanelli, da 2ª Vara Cível Central, negou o pedido de indenização. O juiz sustentou que não havia provas de que o pastor tenha sido ofendido ou humilhado. Natanael entrou com recurso no Tribunal de Justiça. Argumentou que sua substituição por outro pastor causou especulação entre os fiéis e trouxe prejuízos de ordem moral e até financeira.
Os desembargadores não aceitaram os argumentos de Natanael. A turma entendeu que havia provas de que o pastor apresentou, espontaneamente, o pedido de desligamento, que foi aprovado pelos membros da igreja. Entendeu, ainda, que a liberdade de religião impede o Judiciário de impor ou discutir os estatutos de uma entidade religiosa.
“Ao que tudo indica, foi a voluntariedade da conduta da própria vítima, com exclusividade, a causa de um possível dano, de modo que está afastado o nexo causal”, afirmou o relator, Vito Guglielmi.

NOVO LIVRO SOBRE A INFÂNCIA DE JESUS CRISTO

domingo, 7 de outubro de 2007 1 comentários

Parte de reportagem na Revista IstoÉ, desta semana.

Quem um dia recorreu à Bíblia para conhecer melhor a história de Jesus, o homem que deu origem ao cristianismo, certamente terá notado a falta de informações a respeito da infância do filho de Deus. Dos quatro evangelhos que contam o surgimento do chamado Messias, somente dois – os de Mateus e Lucas – trazem episódios da primeira fase de sua biografia. As menções são escassas e frustram quem gostaria de saber mais da vida do menino. Mas agora estão se tornando populares certas narrativas que descrevem momentos reveladores da relação do jovem Jesus com sua família e com as outras crianças. De acordo com esses textos, ele foi um garoto consciente de seu poder divino e fazia milagres desde pequeno. Ainda assim, não deixou de cometer travessuras que lhe valeram reprimendas da mãe, Maria. Inteligente ao extremo, chegava a desafiar seus mestres. Um professor, Zaqueu, teria procurado José para se queixar de Jesus, que recebera para aulas quando este tinha cinco anos. “Ai de mim, não sei o que fazer. (...) Não posso suportar a agudeza de seu olhar, nem chego a entender suas explanações. (...) Queria um aluno e encontrei um mestre. (...) José, leve-o para casa.”
Apesar de não receberem a chancela do Vaticano, relatos como esses, produzidos entre os séculos I e III, têm sido analisados por teólogos, historiadores e até mesmo por religiosos católicos. São os evangelhos apócrifos ou pseudoevangelhos, elaborados como complemento dos textos bíblicos. O termo apócrifo é empregado para designar relatos cuja autenticidade não é reconhecida pelo Vaticano. Ao todo, são 60, de diversas autorias. Citações sobre os primeiros anos do filho de Deus estão em alguns desses textos, entre eles o evangelho chamado de Armênio da infância e nos livros atribuídos a Tiago e Tomé, dois apóstolos de Cristo. Tomé detalha fatos ligados propriamente à infância, enquanto Tiago (tido como irmão de Jesus em narrativas não-oficiais) aborda mais a vida da família nos primeiros anos do futuro Salvador. Durante muito tempo, relatos desse gênero ficaram relegados a segundo plano, conhecidos basicamente apenas por quem se dedicava a estudar religião. Essas histórias, no entanto, começam a se espalhar inclusive entre os não-católicos, principalmente por ação de escritores que enxergam na força do mito Jesus um belo caminho rumo ao estrelato. Que o diga Dan Brown, o autor de O código Da Vinci.
Uma das novidades nesse sentido é o livro Cristo Senhor, da americana Anne Rice, que chega nesta semana às prateleiras brasileiras. Autora do best seller Entrevista com o vampiro – que gerou um filme, possível passo do atual livro –, Anne nasceu em família católica, mas abandonou a religião aos 18 anos. E só a retomou em 1998, quando se recuperou de um coma provocado pela diabete. Em 2002, mergulhou nos textos apócrifos para elaborar a sua versão do menino Jesus. Em Cristo Senhor, que ficou três meses na lista dos mais vendidos do jornal The New York Times, o narrador é o filho de Maria, com a idade de sete anos. É uma ficção reforçada pelos textos não sacramentados pela Igreja. Ela assegura, porém, ter se disciplinado para não contradizer o que está na Bíblia. “Há bastante informação para que possamos imaginar como pode ter sido a vida de toda a família”, disse a ISTOÉ. E completa: “Coloquei na minha cabeça que faria uma história muito realista, absolutamente conectada com as escrituras. Usei o que pude.”

Jesus Cristo novamente é capa de uma revista semanal brasileira. Nesta semana, novamente na IstoÉ, uma das três mais conhecidas publicações semanais de nosso país. E novamente sob um prisma polêmico, afinal de contas o sensacionalismo religioso é que tem garantido certamente boas vendas nos últimos tempos em todo mundo.
A reportagem, na verdade, apresenta trechos de um novo livro “Cristo Senhor” (que está chegando ao Brasil), escrito pela norte-americana Anne Rice, autora da conhecida obra “Entrevista com o vampiro” e de outros livros na mesma linha de bruxas e vampiros. Dizendo-se reconvertida ao catolicismo, ela lançou o novo livro que pretende abordar, entre outras questões, a infância de Jesus Cristo especialmente após a fuga do Egito com os pais. Segundo a reportagem da Revista IstoÉ, em “Cristo Senhor”, que ficou três meses na lista dos mais vendidos do jornal The New York Times, o narrador é o filho de Maria, com a idade de sete anos. É uma ficção reforçada pelos textos não sacramentados pela Igreja Católica. A autora assegura, porém, ter se disciplinado para não contradizer o que está na Bíblia.
Como não li o livro evidentemente não vou tecer comentários a respeito do que está escrito na obra. Prefiro falar sobre essa tendência de se criar uma atmosfera sensacionalista em torno da biografia de Jesus Cristo com a nítida intenção de ganhar dinheiro na comercialização de livros, DVDs e outros produtos. Porque o sensacionalismo religioso, tão em voga atualmente, só pretende dar popularidade a quem realiza tais obras. Não vem com a proposta de consolidar a fé e a religiosidade das pessoas e nem de fortalecer os escritos bíblicos. Não serve, também, para ajudar os fiéis cristãos a verem Jesus Cristo como Deus tal qual descrito nos evangelhos e demais textos das Sagradas Escrituras. É para alavancar vendas em um segmento com profundo interesse popular.
Trata-se de uma cadeia de interesses comerciais. O livro vende bem e dá matéria na revista que também pode vender mais por causa disso. Conseqüentemente, o livro passa a vender mais ainda e quem sabe se transforma em um filme. O filme vende bem e gera interesse para se produzir uma série. A série vende bem e pode até se transformar em um seriado e assim continua o ciclo do sensacionalismo religioso, baseado exclusivamente em textos chamados apócrifos. Alguns, diga-se de passagem, como já comprovado no caso do livro Código da Vinci, encontrados em pedaços que mal se encaixavam e cujo conteúdo ainda não está completamente esclarecido. Mesmo assim, a irresponsabilidade de quem só quer ganhar dinheiro e fama com especulações da vida de Jesus Cristo continua firme e forte.

 
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