Gospel Prime.
Adolfo Huerta Alemán, da diocese de Saltillo, no México, é um fenômeno de popularidade em seu país. Ele é mais conhecido pelo apelido de “El Gofo” e seu visual pode fazê-lo ser confundido com um músico de uma banda de heavy metal. O sacerdote disse recentemente que faz sexo com frequência e que a existência de Deus para ele não importa.
Por causa de suas declarações e do sucesso que faz especialmente entre os jovens mexicanos, o bispo local decidiu que Gofo deverá responder diante do tribunal eclesiástico diocesano.
Tudo começou com uma entrevista publicada em 22 de março pela revista mexicana Proceso, onde Adolfo, vigário recentemente nomeado da Paróquia Senhor da Misericórdia, disse “se Deus não existe, pouco me importa”. Para ele, disse, a fé é simplesmente “uma motivação para dar sentido à vida”, que o motiva “a encontrar um significado e conseguir melhorar nossos relacionamentos, algo que vai ajudar a me tornar um ser humano melhor.”
Quando perguntado pelo repórter se faz sexo, Gofo admitiu que “frequentemente”, mas observou que não tem compromisso com ninguém porque seu rebanho exige muito de seu tempo.
De acordo com a mesma publicação, o padre usa bótons com as imagens de Che Guevara e personagens da série South Park, desenho animado que constantemente ofende a Cristo, a Igreja e o Papa. Gofo pinta seu longo cabelo de azul e vermelho e comumente pinta o rosto com tinta branca para enviar alguma mensagem.
Alemán também expressou repetidas vezes seu apoio a ideologia dos ”transgênero” e republicou mensagens na rede social Twitter da organização católica Free Choice, que nos últimos 10 anos tem gastou mais de US $ 13 milhões para promover o aborto na América Latina, especialmente no México.
Em 18 de Fevereiro, publicou na internet uma “carta aberta ao novo Papa” onde pedia que Francisco aceitasse “padres casados”, “sacerdotisas” e “abortistas incompreendidas”. Ordenado há seis anos, padre Gofo tem um forte trabalho social na área de El Toreo, onde predomina a população pobre e é forte a presença do crime organizado.
Embora já que tenha dito não crer que a Bíblia é a palavra de Deus, usa trechos dela nas missas, juntamente com citação de filmes de Hollywood ou canções de rock. Muitas vezes usa seu senso de humor ácido e se defende: “Temos de atualizar o Evangelho à cultura contemporânea.”
Para ele, “A renúncia de Bento reflete o cansaço de uma igreja que está se enfraquecendo. Não irá acabar, mas não causa nenhum impacto nem mudança de mentalidade. Você precisa entender que a fé nada mais é que um compromisso com a minha realidade histórica, de mudar as circunstâncias da Igreja, ter compromisso com as vítimas de tráfico, com os familiares dos desaparecidos, com os transexuais. A Igreja Católica não deveria ser um fardo para a sociedade, mas um alívio”.
Andando pelas ruas, pergunta às pessoas se querem que ele celebre uma missa em suas casas. A resposta geralmente é sim. Centenas de pessoas, sobretudo jovens, vão ouvi-lo falar nessas cerimonias a céu aberto. Aos 35 anos de idade, ele anda em uma moto de 125 cilindradas, bebe cerveja e ouve a banda de heavy metal Iron Maiden em seu celular.
Publicou um texto que lhe rendeu a acusação de ser pornográfico. Recebeu como punição três meses em um retiro com outros padres.
Gofo se sente discriminado por ser diferente. Por sua aparência, já foi acusado de ser satânico. Mas ele não se importa, afinal não acredita no diabo. “Eu acho que o diabo é um personagem, um conceito não me ajuda a crescer como pessoa nem fazer meu trabalho corretamente… Eu acredito que a linguagem da Igreja tem de ser atualizada, precisa evoluir, (…) esse tipo de linguagem não é mais útil, não atende mais às necessidades do nosso povo”, finaliza.
Entrevista originalmente publicada em http://www.proceso.com.mx/?p=336919
Meu comentário - A entrevista com o polêmico e extravagante líder religioso chama a atenção por suas afirmações notoriamente destinadas a causar espanto e, consequentemente, atrair os holofotes para si mesmo e seus conceitos bem próprios de liderança. Independente disso, há uma afirmação que é mais significativa, na minha avaliação, e que tem a ver com outras entrevistas que já li de outros líderes religiosos.
O padre Adolfo Alemán diz, em determinado momento, que "temos de atualizar o Evangelho à cultura contemporânea". Essa, para mim, é uma das maiores ameaças hoje à literalidade da Bíblia Sagrada, pois implica relativizar o que contém a Palavra de Deus e, em última instância, relativiza o próprio conceito sobre Deus. Essa contextualização é perigosa, pois fica a cargo da livre vontade e interesse pessoal de cada liderança ou segmento religioso. No meio cristão, isso já ocorre há alguns anos, mas a impressão é que vai se aprofundar e que religiosos com o mesmo pensamento de Adolfo serão cada vez mais comuns e populares, principalmente entre o grupo de pessoas que já não se identifica com igrejas ou denominações, mas prefere se autodenominar apenas adepto de algo mais sobrenatural ou místico.
Caminhamos para um gradual fim do pensamento voltado para a religião tal como descrita na Bíblia e início de uma identificação com manifestações aqui e acolá sobrenaturais sem que necessariamente haja um comprometimento do adorador com o Criador. Ou seja, as pessoas estão deixando as religiões tradicionais e também abandonando os ensinamentos originais da Bíblia e se entusiasmando muito mais com "sinais e maravilhas" a exemplo do que previa Cristo nos evangelhos.
Essa realidade é muito mais ameaçadora, para mim, do que as declarações aparentemente contraditórias do padre mexicano. Ele é muito mais um símbolo de um modo de pensar típico de alguns líderes evangélicos ou mesmo religiosos que desejam questionar o papel essencial da Bíblia Sagrada e de um Deus pessoal na vida humana.
Adolfo Huerta Alemán, da diocese de Saltillo, no México, é um fenômeno de popularidade em seu país. Ele é mais conhecido pelo apelido de “El Gofo” e seu visual pode fazê-lo ser confundido com um músico de uma banda de heavy metal. O sacerdote disse recentemente que faz sexo com frequência e que a existência de Deus para ele não importa.
Por causa de suas declarações e do sucesso que faz especialmente entre os jovens mexicanos, o bispo local decidiu que Gofo deverá responder diante do tribunal eclesiástico diocesano.
Tudo começou com uma entrevista publicada em 22 de março pela revista mexicana Proceso, onde Adolfo, vigário recentemente nomeado da Paróquia Senhor da Misericórdia, disse “se Deus não existe, pouco me importa”. Para ele, disse, a fé é simplesmente “uma motivação para dar sentido à vida”, que o motiva “a encontrar um significado e conseguir melhorar nossos relacionamentos, algo que vai ajudar a me tornar um ser humano melhor.”
Quando perguntado pelo repórter se faz sexo, Gofo admitiu que “frequentemente”, mas observou que não tem compromisso com ninguém porque seu rebanho exige muito de seu tempo.
De acordo com a mesma publicação, o padre usa bótons com as imagens de Che Guevara e personagens da série South Park, desenho animado que constantemente ofende a Cristo, a Igreja e o Papa. Gofo pinta seu longo cabelo de azul e vermelho e comumente pinta o rosto com tinta branca para enviar alguma mensagem.
Alemán também expressou repetidas vezes seu apoio a ideologia dos ”transgênero” e republicou mensagens na rede social Twitter da organização católica Free Choice, que nos últimos 10 anos tem gastou mais de US $ 13 milhões para promover o aborto na América Latina, especialmente no México.
Em 18 de Fevereiro, publicou na internet uma “carta aberta ao novo Papa” onde pedia que Francisco aceitasse “padres casados”, “sacerdotisas” e “abortistas incompreendidas”. Ordenado há seis anos, padre Gofo tem um forte trabalho social na área de El Toreo, onde predomina a população pobre e é forte a presença do crime organizado.
Embora já que tenha dito não crer que a Bíblia é a palavra de Deus, usa trechos dela nas missas, juntamente com citação de filmes de Hollywood ou canções de rock. Muitas vezes usa seu senso de humor ácido e se defende: “Temos de atualizar o Evangelho à cultura contemporânea.”
Para ele, “A renúncia de Bento reflete o cansaço de uma igreja que está se enfraquecendo. Não irá acabar, mas não causa nenhum impacto nem mudança de mentalidade. Você precisa entender que a fé nada mais é que um compromisso com a minha realidade histórica, de mudar as circunstâncias da Igreja, ter compromisso com as vítimas de tráfico, com os familiares dos desaparecidos, com os transexuais. A Igreja Católica não deveria ser um fardo para a sociedade, mas um alívio”.
Andando pelas ruas, pergunta às pessoas se querem que ele celebre uma missa em suas casas. A resposta geralmente é sim. Centenas de pessoas, sobretudo jovens, vão ouvi-lo falar nessas cerimonias a céu aberto. Aos 35 anos de idade, ele anda em uma moto de 125 cilindradas, bebe cerveja e ouve a banda de heavy metal Iron Maiden em seu celular.
Publicou um texto que lhe rendeu a acusação de ser pornográfico. Recebeu como punição três meses em um retiro com outros padres.
Gofo se sente discriminado por ser diferente. Por sua aparência, já foi acusado de ser satânico. Mas ele não se importa, afinal não acredita no diabo. “Eu acho que o diabo é um personagem, um conceito não me ajuda a crescer como pessoa nem fazer meu trabalho corretamente… Eu acredito que a linguagem da Igreja tem de ser atualizada, precisa evoluir, (…) esse tipo de linguagem não é mais útil, não atende mais às necessidades do nosso povo”, finaliza.
Entrevista originalmente publicada em http://www.proceso.com.mx/?p=336919
Meu comentário - A entrevista com o polêmico e extravagante líder religioso chama a atenção por suas afirmações notoriamente destinadas a causar espanto e, consequentemente, atrair os holofotes para si mesmo e seus conceitos bem próprios de liderança. Independente disso, há uma afirmação que é mais significativa, na minha avaliação, e que tem a ver com outras entrevistas que já li de outros líderes religiosos.
O padre Adolfo Alemán diz, em determinado momento, que "temos de atualizar o Evangelho à cultura contemporânea". Essa, para mim, é uma das maiores ameaças hoje à literalidade da Bíblia Sagrada, pois implica relativizar o que contém a Palavra de Deus e, em última instância, relativiza o próprio conceito sobre Deus. Essa contextualização é perigosa, pois fica a cargo da livre vontade e interesse pessoal de cada liderança ou segmento religioso. No meio cristão, isso já ocorre há alguns anos, mas a impressão é que vai se aprofundar e que religiosos com o mesmo pensamento de Adolfo serão cada vez mais comuns e populares, principalmente entre o grupo de pessoas que já não se identifica com igrejas ou denominações, mas prefere se autodenominar apenas adepto de algo mais sobrenatural ou místico.
Caminhamos para um gradual fim do pensamento voltado para a religião tal como descrita na Bíblia e início de uma identificação com manifestações aqui e acolá sobrenaturais sem que necessariamente haja um comprometimento do adorador com o Criador. Ou seja, as pessoas estão deixando as religiões tradicionais e também abandonando os ensinamentos originais da Bíblia e se entusiasmando muito mais com "sinais e maravilhas" a exemplo do que previa Cristo nos evangelhos.
Essa realidade é muito mais ameaçadora, para mim, do que as declarações aparentemente contraditórias do padre mexicano. Ele é muito mais um símbolo de um modo de pensar típico de alguns líderes evangélicos ou mesmo religiosos que desejam questionar o papel essencial da Bíblia Sagrada e de um Deus pessoal na vida humana.