Padre mexicano diz não acreditar nem em Deus, nem no diabo

domingo, 21 de abril de 2013 0 comentários

Gospel Prime.


Adolfo Huerta Alemán, da diocese de Saltillo, no México, é um fenômeno de popularidade em seu país. Ele é mais conhecido pelo apelido de “El Gofo” e seu visual pode fazê-lo ser confundido com um músico de uma banda de heavy metal.  O sacerdote disse recentemente que faz sexo com frequência e que a existência de Deus para ele não importa.
Por causa de suas declarações e do sucesso que faz especialmente entre os jovens mexicanos, o bispo local decidiu que Gofo deverá responder diante do tribunal eclesiástico diocesano.
Tudo começou com uma entrevista publicada em 22 de março pela revista mexicana Proceso, onde Adolfo, vigário recentemente nomeado da Paróquia Senhor da Misericórdia, disse “se Deus não existe, pouco me importa”. Para ele, disse, a fé é simplesmente “uma motivação para dar sentido à vida”, que o motiva “a encontrar um significado e conseguir melhorar nossos relacionamentos, algo que vai ajudar a me tornar um ser humano melhor.”
Quando perguntado pelo repórter se faz sexo, Gofo admitiu que “frequentemente”, mas observou que não tem compromisso com ninguém porque seu rebanho exige muito de seu tempo.
De acordo com a mesma publicação, o padre usa bótons com as imagens de Che Guevara e personagens da série South Park, desenho animado que constantemente ofende a Cristo, a Igreja e o Papa. Gofo pinta seu longo cabelo de azul e vermelho e comumente pinta o rosto com tinta branca para enviar alguma mensagem.
Alemán também expressou repetidas vezes seu apoio a ideologia dos  ”transgênero” e republicou mensagens na rede social Twitter da organização católica Free Choice, que nos últimos 10 anos tem gastou mais de US $ 13 milhões para promover o aborto na América Latina, especialmente no México.
Em 18 de Fevereiro, publicou na internet uma “carta aberta ao novo Papa” onde pedia que Francisco aceitasse “padres casados”, “sacerdotisas” e “abortistas incompreendidas”. Ordenado há seis anos, padre Gofo tem um forte trabalho social na área de El Toreo, onde predomina a população pobre e é forte a presença do crime organizado.
Embora já que tenha dito não crer que a Bíblia é a palavra de Deus, usa trechos dela nas missas, juntamente com citação de filmes de Hollywood ou canções de rock. Muitas vezes usa seu senso de humor ácido e se defende: “Temos de atualizar o Evangelho à cultura contemporânea.”
Para ele, “A renúncia de Bento reflete o cansaço de uma igreja que está se enfraquecendo. Não irá acabar, mas não causa nenhum impacto nem mudança de mentalidade. Você precisa entender que a fé nada mais é que um compromisso com a minha realidade histórica, de mudar as circunstâncias da Igreja, ter compromisso com as vítimas de tráfico, com os familiares dos desaparecidos, com os transexuais. A Igreja Católica não deveria ser um fardo para a sociedade, mas um alívio”.
Andando pelas ruas, pergunta às pessoas se querem que ele celebre uma missa em suas casas. A resposta geralmente é sim. Centenas de pessoas, sobretudo jovens, vão ouvi-lo falar nessas cerimonias a céu aberto. Aos 35 anos de idade, ele anda em uma moto de 125 cilindradas, bebe cerveja e ouve a banda de heavy metal Iron Maiden em seu celular.
Publicou um texto que lhe rendeu a acusação de ser pornográfico. Recebeu como punição três meses em um retiro com outros padres.
Gofo se sente discriminado por ser diferente. Por sua aparência, já foi acusado de ser satânico. Mas ele não se importa, afinal não acredita no diabo. “Eu acho que o diabo é um personagem, um conceito não me ajuda a crescer como pessoa nem fazer meu trabalho corretamente… Eu acredito que a linguagem da Igreja tem de ser atualizada, precisa evoluir, (…) esse tipo de linguagem não é mais útil, não atende mais às necessidades do nosso povo”, finaliza.

Entrevista originalmente publicada em http://www.proceso.com.mx/?p=336919

Meu comentário - A entrevista com o polêmico e extravagante líder religioso chama a atenção por suas afirmações notoriamente destinadas a causar espanto e, consequentemente, atrair os holofotes para si mesmo e seus conceitos bem próprios de liderança. Independente disso, há uma afirmação que é mais significativa, na minha avaliação, e que tem a ver com outras entrevistas que já li de outros líderes religiosos.
O padre Adolfo Alemán diz, em determinado momento, que "temos de atualizar o Evangelho à cultura contemporânea". Essa, para mim, é uma das maiores ameaças hoje à literalidade da Bíblia Sagrada, pois implica relativizar o que contém a Palavra de Deus e, em última instância, relativiza o próprio conceito sobre Deus. Essa contextualização é perigosa, pois fica a cargo da livre vontade e interesse pessoal de cada liderança ou segmento religioso. No meio cristão, isso já ocorre há alguns anos, mas a impressão é que vai se aprofundar e que religiosos com o mesmo pensamento de Adolfo serão cada vez mais comuns e populares, principalmente entre o grupo de pessoas que já não se identifica com igrejas ou denominações, mas prefere se autodenominar apenas adepto de algo mais sobrenatural ou místico. 
Caminhamos para um gradual fim do pensamento voltado para a religião tal como descrita na Bíblia e início de uma identificação com manifestações aqui e acolá sobrenaturais sem que necessariamente haja um comprometimento do adorador com o Criador. Ou seja, as pessoas estão deixando as religiões tradicionais e também abandonando os ensinamentos originais da Bíblia e se entusiasmando muito mais com "sinais e maravilhas" a exemplo do que previa Cristo nos evangelhos. 
Essa realidade é muito mais ameaçadora, para mim, do que as declarações aparentemente contraditórias do padre mexicano. Ele é muito mais um símbolo de um modo de pensar típico de alguns líderes evangélicos ou mesmo religiosos que desejam questionar o papel essencial da Bíblia Sagrada e de um Deus pessoal na vida humana. 

Abuso de álcool ocorre mais entre pobres, diz pesquisa

domingo, 14 de abril de 2013 2 comentários

Estadão online, 13.04.2013.


Sete entre cada dez brasileiros que ganham menos de R$ 1 mil por mês bebem de forma abusiva. O consumo, que já era bastante expressivo, aumentou muito nessa parcela da população nos últimos seis anos, segundo o Levantamento Nacional de Álcool, feito pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
“O fenômeno neutraliza benefícios da melhoria de renda e ajuda a perpetuar o ciclo de baixa qualidade de vida”, avalia o coordenador do trabalho, Ronaldo Laranjeira, da Unifesp.
O levantamento mostra que, quanto menor a renda, maior o consumo excessivo de álcool. Na classe E, 71% bebem de forma exagerada; na C o índice é de 60%, na B de 56% e na A de 45%. A lógica se repete quando se analisa o crescimento do consumo excessivo entre os diferentes grupos sociais. Quanto menor a renda, maior o aumento no período avaliado, de 20006 a 2012.
O estudo foi feito com base em dados de 4.607 pessoas com mais de 14 anos, coletados em 149 municípios.
Para homens, é considerado beber de forma abusiva o consumo de ao menos cinco doses de bebida em um período de duas horas. Entre mulheres, a relação é de quatro doses em duas horas. Uma dose equivale a uma lata de cerveja, uma taça de vinho ou uma dose de pinga.
Segundo Renato Meirelles, sócio-diretor do Instituto Data Popular, especializado em pesquisas de consumo nas classes C e D, a melhora do padrão de vida promove a diversificação de compras de produtos industrializados. E, assim, o álcool vem ganhando espaço. O Data Popular observou dois movimentos que evidenciam a melhoria da renda, que se destacam no Nordeste: “Quem começa a ganhar mais dinheiro na classe C passa a comprar destilados como uísque e vodka, enquanto as classes D e E mudam da pinga para a cerveja”.
Meu comentário: Embora o estudo mostre que o consumo abusivo de álcool seja mais prevalente entre as pessoas de renda menor, o problema das bebidas alcoólicas é uma realidade muito mais ampla que países como o Brasil ainda insistem em não enfrentar.
Concordo que devam haver campanhas de conscientização quanto aos malefícios de drogas como crack (com alto poder de destruição ou destruição mais rápida do ser humano), mas o álcool não é combatido com veemência, o que é um erro estratégico. O álcool é usado habitualmente por adolescentes e jovens brasileiros com efeitos a médio e longo prazo extremamente ruins.
As únicas campanhas estão restritas ao uso do álcool vinculado à prática de dirigir, ou seja, a preocupação maior governamental parece ser a de que as pessoas apenas não dirijam sob efeito de álcool.
Quando leio pesquisas como essas, vejo que a preocupação oficial é muito pequena perto do contexto maior de danos comprovados pelo uso do álcool em maior ou menor quantidade. 
Na própria Bíblia, grande parte dos personagens bíblicos envolvidos com ingestão de álcool são mencionados em circunstâncias desfavoráveis. Foi o caso de Noé, cuja embriaguez desencadeou a maldição de um dos filhos, Ló e sua relação promíscua com as filhas após ficar bêbado, além de um rei de Israel antigo chamado Elá (que bebeu e foi assassinado por um de seus oficiais que tomou seu lugar) e mesmo o déspota babilônico Belsazar que, em meio a uma orgia com embriaguez com milhares, viu o aviso divino de que seu reino seria destruído por outros impérios.
É por essa e outras razões que cristãos fundamentados na Bíblia Sagrada não apoiam o uso de qualquer quantidade de álcool, muito menos por pobres ou jovens e crianças. 
Falta, sim, uma campanha corajosa e contundente que tire as bebidas alcoólicas dos supermercados e das lojas frequentadas por grande parte dos consumidores especialmente os mais novos e que conscientize a população de que há muito mais malefícios do que benefícios em se ingerir álcool. 
Mas a luta é contra grandes corporações que investem milhões de dólares nas próprias ações dos governos e que não têm qualquer receio de que grande parte da população seja consumidora de bebidas alcoólicas. Ganham dinheiro fácil, colocam uma parte em mídia, em eventos sociais e isso lhes garante mais consumidores e o ciclo não acaba.
Enquanto uma conscientização governamental não surgir, cada pessoa precisa ter consciência de que sua família não necessita desse vilão aceito pela sociedade, mas que só prejudica.

 
Realidade em Foco © 2011 | Template de RumahDijual, adaptado por Elkeane Aragão.