Pesquisa mostra que jovens discordam de determinações religiosas

domingo, 28 de março de 2010 1 comentários

Revista Istoé, Semana de 28.03.2010.

A posição retrógrada das igrejas em relação ao sexo, cada vez mais distante da realidade dos jovens, é um dos fatores que afastam a juventude da religião. Uma pesquisa inédita com universitários entre 17 e 25 anos que investigou, entre outros assuntos, o que eles pensam sobre a orientação de suas igrejas no campo sexual mostrou quanto esta tese é verdadeira. Das 374 pessoas que responderam a essa questão, 65% discordaram das determinações religiosas. A enquete torna clara uma impressão que estava no ar: se tiver de escolher entre a religião e o livre exercício de sua sexualidade, o jovem abre mão da primeira. “Ele acredita em Deus como um ser superior que não deve se meter em sua vida”, diz o teólogo Jorge Claudio Ribeiro, professor do departamento de ciência da religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Os dados serão compilados em um livro a ser lançado em breve. A publicação faz parte da série “Religiosidade Jovem” (Ed. Olho D’Água). A equipe do teólogo já havia estudado o tema em 2000 e 2004, aplicando questionários para 1.825 estudantes. Como nas três etapas a frase “concordo com as orientações de minha igreja em questões sexuais” sempre esteve entre as mais rejeitadas, Ribeiro resolveu, dessa vez, quantificar o tamanho do embate entre sexo e religião. A pedido de ISTOÉ, as  respostas foram organizadas considerando os quatro maiores grupos religiosos dos jovens pesquisados (leia quadro). “Para o jovem, ter fé é mais importante do que ter religião”, explica Ribeiro. Ao não aceitar o livre arbítrio da juventude, a igreja deixa de evangelizar muitos fiéis.

Essa é a opinião da aeroviária paulista Fernanda Correa do Prado, 25 anos, criada em berço católico. “É um absurdo condenar o uso da camisinha. O sexo não é praticado apenas como forma de reprodução. E vivemos em um mundo cheio de doenças”, protesta. Fernanda recorda um episódio que a fez repensar a sua devoção ao catolicismo. “Uma colega do grupo de jovens foi repreendida pelo padre por estar grávida. Ele disse que ela não deveria ser representante da comunidade porque iria ser mãe solteira.” A aeroviária estranhou o fato. Não abandou o catolicismo, mas passou a ir menos à igreja. O psicólogo e sociólogo Antonio Carlos Egypto acha saudável essa grita da garotada. Para ele, os religiosos deveriam ser menos normativos em questões comportamentais. “O correto seria discutir mais os temas, para dar espaço à reflexão e à escolha e não apresentá-los como diretrizes fechadas”, diz Egypto, que presta assessoria a colégios na área de orientação sexual. Ateu, o músico Danilo Espada Barba, 23 anos, não enxerga o sexo como um entrave na relação entre a juventude e a religião. Para ele, o jovem não deixa de ir à igreja, mas também não fica sem transar. “Ele mantém a religião que escolheu apenas para cultivar as aparências”, explica. Barba é contra a proibição de quaisquer necessidades inerentes ao ser humano, especialmente as que se referem à sua sexualidade. “A negação do sexo compromete não só um grupo que segue uma doutrina, mas a perpetuação da espécie.” Para o padre e doutor em teologia Márcio Fabri dos Anjos, professor de bioética do Centro Universitário São Camilo, um sem-número de jovens se sente mais seguro sob uma moral rígida imposta por católicos e evangélicos.

O webdesigner Leandro Carreira e sua esposa, a jornalista Luciana Carniti, iniciaram um relacionamento amoroso em 2002. Dois anos mais tarde, depois de passarem a estudar a “Bíblia” com um grupo de pentecostais, decidiram abdicar do sexo e iniciar um namoro conforme os preceitos da igreja. Nessa nova fase, deixaram também de viajar e dormir juntos e procuravam evitar intimidades como abraços calorosos, para não caírem em tentação. “É pecado provocar em alguém o desejo que você não pode cumprir”, explica Luciana. “Nosso corpo é um templo de Deus.” O sexo só retornou à rotina do casal após a troca de alianças, em 2006. Hoje, aos 27 anos e pais de Ana Carolina, de 1, eles dedicam boa parte do tempo à Comunhão Cristã em Adoração, igreja que fundaram há três anos. Protestantes, como o casal Luciana e Leandro, são os que mais concordam com a oratória da sua igreja sobre temas sexuais, de acordo com “Religiosidade Jovem”. No geral, porém, a obediência é uma exceção. Entre os pesquisados, religião ficou em último lugar entre as questões mais importantes para a vida deles, atrás de família, amigos, universidade, trabalho e política. Não é de estranhar, portanto, que seja rejeitada como conselheira sexual. Mas, então, quem tem autoridade para falar sobre sexo com os jovens? “Hoje, mídia e ciência são mais respeitadas”, afirma o sociólogo Egypto. “À escola cabe produzir capacidade de reflexão para que se faça uma boa escolha.” Para ele, os pais deixam de fazer uma avaliação objetiva em uma discussão sobre sexualidade com os filhos por causa do envolvimento afetivo. “Mas eles têm de estar por perto, principalmente para vigiar a informação fragmentada que chega”, pondera.

Espíritas, os pais do estudante mineiro Felipe Torres de Oliveira, 21 anos, discutem sobre sexo com ele e os irmãos. Há nove meses namorando a estudante Fernanda Pena de Sousa, 18, que conheceu durante reuniões de estudos espíritas para jovens, Oliveira afirma que “o sexo está a serviço da humanidade, é uma possibilidade divina”. E aponta o divórcio entre a religião e a razão  como o responsável pela distância entre os jovens e os templos. “Como teólogo, é bem mais fácil desejar que as comunidades religiosas evitem os caminhos da moralidade repressiva, para contribuir positivamente com os jovens no encontro de razões e espiritualidade em favor de uma vida sexual construtiva e digna”, afirma o padre dos Anjos, da São Camilo. Do papa ao pároco, passando pelo médium e o pastor, a evangelização da juventude interessa a qualquer doutrina. Para tanto, conhecê- la é condição fundamental. “Esse tipo de fiel quer ver o mundo pelos próprios olhos. E, em relação ao sexo, não admite intromissão”, afirma Ribeiro, da PUC. “Deus nos fala pelo jovem. É uma realidade teológica, que precisamos aprender a ler e a desvelar.” 

Nota: Realmente parece ser verdadeira a "evasão jovem" das religiões. A reportagem dá a entender que o motivo são as "determinações religiosas" das igrejas. É importante frisar, no entanto, que, no caso dos protestantes, há uma grande aceitação por parte dos jovens em relação ao que suas denominações religiosas ensinam. Há, aí, uma exceção a esta mesma regra evidenciada pela pesquisa. Curioso é notar que a reportagem, ao apresentar visões de igrejas cristãs, não mencionou preceitos bíblicos defendidos por algumas destas religiões e que são transmitidos e aceitos, inclusive, por muitos jovens. 
O que eu concluo quando leio a Bíblia é que, se não houvesse limites fundamentados na responsabilidade para as pessoas, teríamos todo o tipo de ações que tornariam o mundo um completo caos moral ou social. Os mandamentos, por exemplo, presentes no livro de Êxodo 20, e que representam nada mais do que o caráter divino, não são prisões ou mesmo motivos para os jovens deixarem de amar a Deus. Pelo contrário, funcionam até mesmo como uma proteção para jovens, adultos e todo o tipo de pessoas. É uma questão de entender mais profundamente o significado.
 

A leitura que fazem para nós

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Sempre que se aproximam as eleições no Brasil, uma meia dúzia de propagandas do governo e da Justiça cansam e teimam em tentar criar uma consciência eleitoral. Com linguagem jovem, jeito descontraído, apelo emocional, apelo à racionalidade - ou seja lá que outro expediente - a tentativa é de fazer com que os eleitores entendam que seu voto pode modificar alguma coisa ou deixar na mesma situação. Como se isso fosse acontecer mesmo, se a escolha dos candidatos às vagas continua a mesma da época imperial. Leia-se sem participação da população, só de uns poucos filiados a partidos políticos.

Mas por que falo isso? Porque a mesma tentativa existe hoje em relação aos meios de comunicação. Com a absurda e desequilibrada difusão de dados descontextualizados, vulgarmente chamados de informações, todo mundo pensa que está bem informado, que já entendeu tudo o que se passa ao redor e que pode comentar sobre os mais diferentes e divergentes temas com profundidade e grande sapiência. E ensinam por aí que precisamos ser conscientes quanto ao que vemos, ouvimos e lemos. Consciência ao consumir a dita "informação". Está certo, mas parece que não funciona.

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Pesquisadora diz que "não existe droga segura"

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Revista Veja, Semana de 28.03.2010.


A psiquiatra mexicana Nora Volkow, 54 anos, é uma das mais importantes pesquisadoras sobre drogas no mundo. Quando, porém, o assunto são os danos neurobiológicos que essas substâncias causam, Volkow pode ser considerada a número 1. Foi a psiquiatra quem primeiro usou a tomografia para comprovar as consequências do uso de drogas no cérebro e foi também ela quem, nos anos 80, mostrou que, ao contrário do que se pensava até então, a cocaína é, sim, capaz de viciar. Desde 2003 na direção do Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas, nos Estados Unidos, Volkow esteve no Brasil na semana passada para uma palestra na Universidade Federal de São Paulo. Dias antes de chegar, falou a VEJA, por telefone, de seu escritório em Rockville, próximo a Washington.
Há quinze dias, um cartunista brasileiro e seu filho foram mortos por um jovem com sintomas de esquizofrenia e que usava constantemente maconha e dimetiltriptamina (DMT), na forma de um chá conhecido como Santo Daime. Que efeitos essas drogas têm sobre um cérebro esquizofrênico? Portadores de esquizofrenia têm propensão à paranoia, e tanto a maconha quanto a DMT (presente no chá do Santo Daime) agravam esse sintoma, além de aumentar a profundidade e a frequência das alucinações. Drogas que produzem psicoses por si próprias, como metanfetamina, maconha e LSD, podem piorar a doença mental de uma forma abrupta e veloz.
Que efeitos essas drogas produzem em um cérebro saudável? Em alguém que não tenha esquizofrenia, os efeitos relacionados com a ansiedade e com a paranoia serão, provavelmente, mais moderados. Não é incomum, porém, que pessoas saudáveis, mas com suscetibilidade maior a tais substâncias, possam vir a desenvolver psicoses.
Estudos conduzidos pela senhora nos anos 80 provaram que a cocaína tinha, sim, a capacidade de viciar o usuário e de causar danos permanentes ao cérebro. Até então, ela era considerada uma droga relativamente "segura". Existe alguma droga que seja segura no que diz respeito à capacidade de viciar e de causar danos à saúde? Não existe droga segura, a não ser a cafeína. Como ela é estimulante e produz efeitos farmacológicos nos receptores de adenosina, é, sim, uma droga. Mas não há evidências de que vicie nem de que seja tóxica - a não ser que você tenha problemas cardiovasculares. Ainda não sabemos se é prejudicial a crianças e adolescentes, mas para adultos não há nenhum problema.
E a maconha? Há quem veja a maconha como uma droga inofensiva. Trata-se de um erro. Comprovadamente, a maconha tem efeitos bastante danosos. Ela pode bloquear receptores neurais muito importantes. Estudos feitos em animais mostraram que, expostos ao componente ativo da maconha, o tetraidrocanabinol (THC), eles deixam de produzir seus próprios canabinoides naturais (associados ao controle do apetite, memória e humor). Isso causa desde aumento da ansiedade até perda de memória e depressão. Claro que há pessoas que fumam maconha diariamente por toda a vida sem que sofram consequências negativas, assim como há quem fume cigarros até os 100 anos de idade e não desenvolva câncer de pulmão. Mas até agora não temos como saber quem é tolerante à droga e quem não é. Então, a maconha é, sim, perigosa.
A senhora concorda que ela seja a porta de entrada para outras drogas? Se você olhar os dados, verá que a maior parte dos usuários de cocaína começou com a maconha. Mas, ao olharmos os dados de quem fuma maconha, veremos que essas pessoas geralmente começaram com cigarros ou álcool. Qual seria a verdadeira droga de entrada, então? Uma das leituras sobre essa questão é que, durante a adolescência, as pessoas bebem e fumam cigarros porque esses produtos estão disponíveis e são legais e, quando crescem, elas se tornam propensas a usar drogas mais pesadas. Uma leitura alternativa é que a exposição à nicotina e ao álcool na juventude faz com que as pessoas fiquem mais vulneráveis aos efeitos de outras drogas. Para mim, essa é a hipótese correta. A exposição precoce às drogas muda a sensibilidade do sistema de recompensa do cérebro. Como esse sistema se torna menos sensível, os dependentes químicos buscam uma compensação nas drogas.
Por que em geral as pessoas começam a usar drogas na adolescência? O cérebro do adolescente é muito menos conectado do que o de um adulto. Como resultado, os adolescentes não conseguem controlar e regular a intensidade de suas emoções e desejos da mesma forma que os mais velhos. Isso faz com que vivam de maneira mais vigorosa, mas, ao mesmo tempo, assumam riscos maiores, como experimentar drogas.
O uso de drogas na adolescência é mais perigoso do que na vida adulta? Certamente, porque o cérebro de um adolescente é mais plástico e mais sensível aos estímulos externos que vão moldá-lo. A forma que seu cérebro vai tomar na idade adulta depende muito dos estímulos que você recebeu quando criança e adolescente. O risco de desenvolver o vício também é maior para o adolescente. O motivo é o mesmo: a plasticidade cerebral nessa fase, que faz com que o jovem apreenda informações muito mais facilmente do que o adulto.
Por que é tão difícil quebrar o ciclo de desejo, compulsão e perda de controle que o vício traz? É difícil porque o cérebro, em consequência do uso de drogas, é modificado de maneira física. A dependência química é uma doença cerebral que muda a bioquímica, a função e a anatomia do cérebro. Ocorre da seguinte maneira: todas as drogas aumentam a concentração de dopamina no cérebro. Quando o sistema dopaminérgico é ativado vez após outra pelo consumo repetido dessas substâncias, ele sofre modificações, de forma que passa a não funcionar mais quando a pessoa não está sob efeito da droga. Com isso, o usuário procura usar mais drogas - para tentar compensar esse déficit.
O que faz alguém se viciar em uma droga? Isso pode variar de pessoa para pessoa e de acordo com o tipo de droga. Mas, de modo geral, é preciso que a pessoa seja exposta à substância repetidamente. Mesmo nessas condições, nem todos os usuários se viciam. Porém cerca de 10% deles desenvolvem o vício depois de pouco tempo de uso. Nos casos em que isso ocorre, o usuário tem uma vulnerabilidade que pode ser de ordem biológica ou social. Isso significa que ele pode ter uma predisposição genética para o vício ou estar sob algum tipo de stress que ajudou a disparar o gatilho da adição. Os traumas mais potentes ocorrem na infância: abandono, repetidas negligências, abusos físicos, sexuais, convivência com pais presos ou portadores de doenças mentais. Mas é claro que nada disso resulta em vício se a pessoa não tiver acesso às drogas.
É possível curar o vício? Nós não podemos curá-lo atualmente, apenas tratá-lo. Quando você tem uma infecção bacteriana, toma um antibiótico e está curado. Agora, se você tem asma ou diabetes, tem de tomar algum tipo de medicamento ao longo de sua vida. É um tratamento para sua condição, não uma cura. Hoje, existem apenas tratamentos para o vício, que combinam medicamentos e terapias comportamentais. Estamos desenvolvendo uma vacina contra o vício de cocaína e nicotina, mas são apenas pesquisas ainda.
É possível, depois de se reabilitar, voltar a usar drogas sem se viciar? Há casos já identificados. Por muito tempo se disse, principalmente sobre o alcoolismo, que, se você é alcoólatra, nunca, mas nunca mesmo, poderá chegar perto de novo da droga. Em pesquisas, há evidências de que alguns alcoólatras conseguem voltar a beber um ou dois copos de vez em quando sem se viciar, mas eles são a minoria. O problema é que não sabemos quem será capaz de se ater a apenas alguns drinques e quem vai se viciar de novo, por isso recomendamos clinicamente que todos fiquem afastados da droga.
Está em curso no Brasil uma campanha para descriminalizar a maconha. A senhora concorda com isso? Não concordo porque, ao descriminalizar a maconha, você estará contribuindo para que mais gente a consuma. Há quem não fume por medo da repercussão negativa que a atitude pode provocar - e descriminalizá-la significa dizer: "Se você fumar, está tudo bem".
Um grupo de pesquisadores brasileiros está discutindo a possibilidade de permitir o uso medicinal da maconha. Quais são os benefícios já comprovados da droga? As pesquisas mostram que os canabinoides, inclusive o THC, têm algumas ações terapêuticas úteis. Por exemplo, diminuem a resposta à náusea, o que é muito útil para pacientes com câncer que estão enfrentando uma quimioterapia. Outra vantagem comprovada é que eles aumentam o apetite e podem ajudar a combater a anorexia que acomete pacientes com doenças como a aids, por exemplo. Além disso, podem ter benefícios analgésicos e diminuir a pressão interna do olho, o que pode evitar um glaucoma. O que nosso instituto apregoa é que você pode ter o benefício dos canabinoides sem os efeitos colaterais que resultam do fumo da maconha, como a perda de memória, por exemplo. Por isso, estamos encorajando o desenvolvimento de medicamentos que maximizem as propriedades terapêuticas da droga sem seus efeitos danosos. No mercado americano, já existem algumas pílulas, como a Marinol, que permitem isso.
Em suas pesquisas a senhora descobriu que o córtex orbitofrontal, a principal área do cérebro afetada por quem tem transtorno obsessivo-compulsivo, também está ligado ao vício. É essa a chave da compulsão pelas drogas? Eu concluí que a pessoa viciada em drogas desenvolve uma obsessão e uma compulsão pela droga similares às daquela que tem transtorno obsessivo-compulsivo. O que o vício e o TOC têm em comum é que ambas as doenças afetam as mesmas áreas do cérebro, aquelas relacionadas aos hábitos e aos controles. Mas, embora o local afetado seja o mesmo e a apresentação dos sintomas se dê de forma parecida, os mecanismos que levam a essas anormalidades não são.
A senhora também estudou a função da dopamina em quem come compulsivamente. Que relações se podem fazer entre a obesidade e o vício em drogas? Ambos resultam em uma busca compulsiva por uma recompensa: no caso da obesidade é a comida e no caso da adição é a droga. Nos dois, há a perda de controle. Quem é patologicamente obeso come mesmo quando não quer. Podemos dizer que algumas pessoas parecem ser viciadas em comida, embora até o momento isso não tenha sido aceito nas comunidades clínica e científica.
A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, disse recentemente que o povo americano tem uma demanda insaciável por drogas. A senhora acredita que essa demanda é mesmo mais intensa nos EUA do que em outros países? O prazer oriundo das drogas é uma comodidade que você compra, como um luxo. Então há, sem dúvida, um elemento econômico nessa discussão. Também existem elementos relacionados à estrutura social e às normas. Os americanos são mais tolerantes em relação a comportamentos diferentes do que muitos outros povos. Isso resulta também em maior aceitação do uso de drogas. 
A senhora nunca sentiu vontade de experimentar alguma droga? Bebo de vez em quando um copo de vinho e experimentei cigarros quando era adolescente. Nunca usei cocaína, maconha nem outro tipo de droga ilícita. Amo meu cérebro e nunca pensei em estragá-lo.

Nota: Parabéns por finalmente algum pesquisador que não defende o uso "terapêutico" de drogas prejudiciais à saúde ser entrevistado. Claro que a publicação segue a linha da polêmica, por isso quanto mais opiniões que alimentem a polêmica, melhor. Por outro lado, é importante que muitos desfensores da liberação de maconha e consequentemente de outras drogas na nefasta sequência leiam um pouco mais sobre o assunto e vejam o que uma determinada corrente de cientistas pensa a respeito. Daqui a pouco, até igrejas vão estimular o uso de drogas se não houver ao menos algumas vozes para oferecer o contraditório.

Belém do Pará: lugar de histórias que fazem história

domingo, 21 de março de 2010 1 comentários

Normalmente, não utilizo este espaço para informações sobre minhas andanças por aí. Mas hoje vou quebrar a rotina de postagens aqui do blog. Quero falar um pouco de histórias que fazem a história.
Estive na cidade de Belém, capital do Pará (aliás, enquanto escrevo ainda estou em solo paraense), e vi alguns locais e falei com algumas pessoas que me mostraram a importância da preservação histórica para entendimento do presente.
Vi na capital realmente locais antigos e que nos fazem entender um pouco mais sobre a colonização brasileira. É impressionante a quantidade de fortes que foram construídos para proteger a costa e o território do Norte do Brasil da aproximação de estrangeiros não-portugueses como os holandeses e os franceses. É o caso do Forte do Presépio, estabelecido em 1622, com canhões e todo o aparato de defesa. Deu certo porque os portugueses mantiveram o comando nesta região também.
Saindo da colonização brasileira pelos lusitanos, vou para a história do adventismo em solo nacional. Ao conhecer a Faculdade Adventista da Amazônia (FAAMA), em Benevides, cidade próxima a Belém, logo na entrada é possível ver a primeira lancha missionária adventista chamada Luzeiro I. Foi idealizada pelo pioneiro Leo Halliwell (1892-1967), que trabalhou de maneira desbravadora como médico missionário através de lanchas na Amazônia. A lembrança está bem na entrada da Faculdade. Um trabalho, que pelo que estou sabendo, terá continuidade este ano em Manaus, capital do Amazonas.
Por fim, quero registrar que esta Faculdade, uma instituição que está se estruturando de maneira organizada no Pará, já abriga 62 estudantes, inclusive de teologia. Tem gente da região na fila para estudar na instituição adventista. E os que lá estão mostram satisfação. Conversei com Marcel, um teologando de Benin, país africano perto da Nigéria. Marcel me disse que é formado em sociologia, já atuou no Senegal e em seu país também na obra adventista. E agora quer ser pastor. E estuda na FAAMA. Certamente vai fazer história e contribuir para a história desta instituição.
A vida, caros internautas, é feita de histórias que efetivamente fazem a história.

Jornalistas adventistas agora têm blog

domingo, 14 de março de 2010 1 comentários

Caros internautas. Gostaria de recomendar os acessos a um novo blog criado para reunir os jornalistas adventistas, tanto os que trabalham em instituições adventistas quanto os que não trabalham em toda a América do Sul. Acesse www.jornalismoadventista.blogspot.com e veja um pouco do que está acontecendo com os divulgadores das mensagens de esperança.

Leia, inclusive, reportagem sobre o primeiro encontro do gênero ocorrido recentemente em SP.

Encontro inédito de jornalistas adventistas discute comunicação estratégica

Supostos pastores praticavam tráfico no Rio de Janeiro

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Revista Veja, Semana de 17 de março de 2010.

A polícia do Rio de Janeiro suspeita, há algum tempo, que certas igrejas evangélicas com filiais em favelas cariocas mantenham um relacionamento promíscuo com os traficantes de drogas, servindo como mera fachada para negócios escusos. Na semana passada, isso finalmente se confirmou, com a prisão de dois pastores de uma obscura Igreja Mundial do Poder de Deus. Eles foram flagrados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Mato Grosso do Sul, rumo ao Rio de Janeiro, levando no carro sete fuzis M15, escondidos nos vãos das portas e sob o banco traseiro. Pelo alto poder de fogo, essas armas, também empregadas pelas Forças Armadas americanas no Iraque, são capazes de atingir um alvo a 3 quilômetros de distância e até de perfurar coletes à prova de balas. O destino delas era uma favela de São Gonçalo, município na região metropolitana do Rio que funciona como entreposto de armas e drogas para a capital. Diz o chefe da divisão de combate ao crime da PRF, Giovanni Di Mambro: "Vamos tentar descobrir agora se essa é uma quadrilha estruturada".
Os fuzis M15 vieram da Bolívia – de onde, já é notório, se origina parte do armamento mais pesado em poder hoje dos traficantes cariocas e de quadrilhas espalhadas por outros estados. Apesar de a rota seguida pelos contrabandistas já ser conhecida, é flagrante a falta de uma fiscalização mais maciça por parte das polícias Federal e Rodoviária. Os especialistas concordam que uma maior eficácia delas, aliada à ação das Forças Armadas nas fronteiras – algo que depende da aprovação de um projeto em tramitação no Senado –, é um avanço necessário, e urgente. A história da dupla de pastores, flagrada numa peneira aleatória da polícia, chama atenção para isso. Imagine quantos carros com carregamento parecido transitam por ali, à luz do dia, sem ser notados.

Nota: Apesar da exposição na mídia, este tipo de lamentável situação pode ocorrer em qualquer tipo de denominação religiosa, inclusive igrejas cristãs tradicionais. Líderes religiosos que não estiverem realmente conectados com Deus de maneira que sua vida seja um reflexo da Bíblia Sagrada certamente poderão cometer atos deste ou de outros tipos ainda piores ou obscuros que nem venham a ser conhecidos pela opinião pública. O episódio evidencia, mais uma vez, a importância de comunhão sincera com Deus e que as pessoas, religiosas ou não, não compactuem com práticas pecaminosas de grande ou pequena escala. 

 
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