Sociedades poligâmicas são mais violentas, diz pesquisa

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012 2 comentários

Veja OnLine, 25.01.2012, 15h36min.


Como seria o mundo se a poligamia fosse a regra? Segundo um estudo feito por pesquisadores da Universidade da Columbia Britânica, no Canadá, o mundo seria mais violento, com altas taxas de estupros e homicídios. A pesquisa, que acaba de ser publicada na revista Philosophical Transactions of the Royal Society, afirma que a monogamia se tornou a regra em quase todas as culturas do planeta justamente por evitar problemas que se tornariam crônicos em um sistema em que as pessoas têm mais de um cônjuge.
A razão, descobriu o estudo, é a estabilidade social que a monogamia traz, um contraponto às altas taxas de crimes como estupros, sequestros, roubos e homicídios das sociedades poligâmicas. Para os pesquisadores, grupos de homens solteiros são os responsáveis por crimes desse tipo. "A escassez de mulheres disponíveis aumenta a competição entre os solteiros", afirma Henrich. Como o número de homens e mulheres é parecido, mesmo com uma pequena maioria de mulheres, se alguns homens casam com várias mulheres, outros ficam sem nenhuma.A maioria das civilizações já permitiu alguma forma de poligamia em determinado momento de sua história. Invariavelmente, a prática beneficiava (e ainda beneficia, onde ela é vigente) os sujeitos mais poderosos, que podem sustentar mais esposas. Esses fatos intrigaram os pesquisadores, que acabaram concluindo que o bem estar social motivou a institucionalização da relação monogâmica.

"Nosso objetivo foi entender a razão de o casamento monogâmico ter se tornado a regra na maioria das nações desenvolvidas nos últimos séculos, já que historicamente a maioria das culturas praticou a poligamia", afirmou Joseph Henrich, professor de antropologia cultural.
O maior ganho evolutivo da monogamia, conforme a pesquisa, é garantir uma distribuição igualitária de casamentos. Com a diminuição no foco da competição, as famílias podem gastar mais tempo fazendo planos, produzindo riqueza e investindo na educação dos filhos. Além disso, a menor competição aproxima a idade média de maridos e esposas, o que faz com que a mulher ganhe poder de decisão no casamento.

Pesquisa completa e original está em http://rstb.royalsocietypublishing.org/content/367/1589/657.full?sid=e04b26cc-b99f-4549-9a61-f57d86a806bf (inglês)
Nota: Interessante essa pesquisa que afere, sob metodologia científica, os benefícios da monogamia. Na Bíblia Sagrada, existem menções de poligamia e, é importante frisar, em alguns relatos está citada também a consequência desse tipo de comportamento. Leitores atentos do livro sagrado cristão perceberão que, no caso de Jacó e Salomão, por exemplo, está clara a repercussão de o fato de esses homens terem imitado o padrão de casamento das nações não monoteístas que os circundavam. Jacó teve problemas sérios pelo fato de ter mantido duas esposas. Isso rendeu dificuldades de um maior contato de sua descendência com Deus por sucessivas gerações. 
No caso de Salomão, filho de Davi, o hábito de sustentar diversas esposas e concubinas o levou a deixar seu reino fragilizado a ponto de posteriormente nem mais conseguir a unidade que ainda se mantinha desde o reinado de Saul. Além da divisão entre reino do sul e do norte, o povo hebreu amargou uma liderança corrompida com sérios problemas de conspirações que se perpetuaram por vários anos. Evidentemente isso se deu não apenas por causa de Salomão adotar a poligamia por muitos anos em sua vida, mas por afastamento generalizado da vontade de Deus na condução dos negócios de seu reino e associação de várias formas com reis que não temiam a Deus e propuseram alianças econômicas e políticas em nítida contradição à prescrição divina. 
Certamente, de acordo com o relato de Gênesis, Deus não idealizou o casamento com várias mulheres e inclusive deixou claro, na lembrança dos mandamentos dados a Moisés no Sinais mais tarde, que o adultério não era uma prática aceitável. Na visão divina, a monogamia sempre foi o ideal a ser seguido. Os personagens, bíblicos ou não, que adotam a poligamia pagam o preço desse comportamento.
E o interessante é que, milhares de anos depois, as pesquisas científicas chegam a essa mesma conclusão.

Comunidade saudável nos EUA se manifesta contra instalação de rede de fast food

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012 0 comentários


Reportagem do jornal Los Angeles Times mostra a controvérsia que ocorre na cidade de Loma Linda, nos Estados Unidos, famosa mundialmente pelo estilo de vida saudável da significativa comunidade adventista do sétimo dia que ali reside. A polêmica se dá porque a rede de fast food McDonalds quer instalar uma unidade na cidade. Para muitos médicos e moradores em geral da cidade, é praticamente uma afronta, já que uma das principais características de Loma Linda é justamente sua diferenciação por conta de um comportamento de vida saudável em sintonia com a religião que predomina por ali, da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
O artigo não está traduzido para o português, portanto publico original em inglês.

http://www.latimes.com/news/local/la-me-loma-linda-mcdonalds-20120122,0,5540685.story?page=1&track=rss

Veja também reportagem produzida por Ana Paula Padrão, ainda no tempo do SBT, sobre o assunto da longevidade dos adventistas em Loma Linda.


Igreja Católica portuguesa cria secretariado para ecumenismo

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012 1 comentários


Rádio Vaticano, 19.01.2012.


A unidade entre os cristãos, tema que começou esta quarta feira a ser refletido pelas comunidades de fiéis, vai merecer aposta renovada por parte da Igreja Católica portuguesa, através da Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização.
o presidente daquele organismo, D. António Couto, mostra-se convicto de que “os cristãos podem dar um testemunho muito mais forte”, se estiverem “juntos”, a trabalhar “em consonância”.
Só a construção de uma dinâmica religiosa “muito forte” é que poderá ajudar a levantar uma Europa que “se está a desmoronar, não só no campo económico mas também no campo pessoal”, onde “faltam valores, princípios, alegria e amor”, sublinha o bispo.
As bases para a nova estrutura foram lançadas em novembro de 2011, durante a assembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa.
A Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização vai criar um Secretariado dedicado ao Ecumenismo, que até então estava integrado num núcleo próprio juntamente com a Doutrina da Fé.
Além de acompanhar o diálogo entre as Igrejas, o trabalho missionário e o anúncio da Palavra de Deus em território nacional e estrangeiro, sobretudo nos países em vias de desenvolvimento, D. António Couto vai ter também sob a sua alçada o projeto “Repensar a Pastoral em Portugal”.
Uma ideia que os bispos portugueses lançaram em 2010 para promover a renovação da ação evangelizadora da Igreja, a partir de uma colaboração mais estreita entre dioceses, paróquias, congregações e movimentos de apostolado.
D. António Couto recorda ainda a importância de iniciativas como o Ano da Fé e o Sínodo da Nova Evangelização, que vão decorrer ao longo de 2012, para a consolidação do trabalho que tem vindo a ser feito, nas diversas áreas.
Entre 18 e 25 de janeiro, a Igreja Católica associa-se à Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, este ano com o tema ‘Todos seremos transformados pela vitória de nosso Senhor Jesus Cristo’, retirado da carta bíblica de São Paulo aos Coríntios.
Em Portugal a celebração nacional, que junta anualmente representantes de várias Igrejas cristãs, está marcada para Braga, no dia 20.


Nota: Sintomático que um dos países com maior adesão às causas do Vaticano, Portugal, crie mecanismos para claramente intensificar o diálogo ecumênico. Evidentemente, a Igreja Católica de Portugal, que deve somar seguramente em torno de 7 milhões de professos seguidores (maioria cristã no país europeu), segue tendência do próprio Vaticano de abrir cada vez mais canais de conversação com outras religiões. 
Sempre, porém, gosto de pensar nas repercussões desse tipo de movimento.
(1) O tema da unidade sempre vem à tona, mas se faz questão de não detalhar em que aspectos se busca essa unidade. Ou seja, será uma unidade doutrinária, de ação, de projetos? Não está claro, portanto, essa unidade é um termo propositadamente abstrato. Unidade cristã, segundo a Bíblia, especialmente as cartas do apóstolo Paulo, se dá em torno de Cristo, o cabeça da igreja visível nesse mundo. Todas as outras tentativas de unidade, que não estão alicerçadas nos ensinamentos de Cristo tais como descritos na Bíblia Sagrada, são colocadas por mim sob suspeita.
(2) Fica meio subentendido, nas entrelinhas, que o objetivo maior dessa conversação ecumênica é por motivação econômica e por causa do que na reportagem é chamado de desmoronamento da Europa. Falam da questão econômica e da questão "pessoal". Bem, todos sabem da crise econômica pela qual passa a União Europeia e da sua fragilidade devido aos calotes que vários de seus membros estão dando em relação às dívidas. A Igreja Católica Portuguesa, portanto, declara que pretende fortalecer a unidade, também, para enfrentar essa situação. O objeto principal, portanto, não é uma harmonização de ideias e nem de ensinamentos bíblicos, mas estabelecer uma força religiosa capaz de chegar a soluções para problemas de ordem eminentemente econômica. 
Continuo acompanhando essa movimentação que parece bastante distante da unidade cristã pela qual Cristo orou em João 17.

Por que os jovens deixam a fé?

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012 5 comentários

Site Cristianismo Hoje, 27.11.2011. 
Autoria de Drew Dick.


Mais do que em gerações anteriores, os jovens crentes entre 20 e 30 têm abandonado a fé.

Momentos importantes fazem parte da jornada de todo jovem quando ingressa na idade adulta: a chegada à universidade, o começo da carreira, a compra do primeiro apartamento, o casamento e – no caso de muitos cristãos hoje em dia – o distanciamento da fé. Para cada vez mais rapazes e moças na faixa entre os 20 e os 30 anos, tudo o que se aprendeu ao longo de anos e anos de escola dominical infantil, atividades de grupos de adolescentes ou reuniões de oração da mocidade simplesmente parece perder o sentido diante da realidade da vida autônoma e suas múltiplas possibilidades. Motivos para tal esfriamento não faltam: o sentimento de liberdade pessoal, o convite aos prazeres antes proibidos, a ênfase exagerada na vida profissional e no próprio sucesso... Longe da tutela dos pais crentes, jovens que um dia eram vistos na igreja como promissores nas mãos de Deus vão, pouco a pouco, assumindo um estilo de vida mundano. E logo já não são nem um pouco diferentes de seus amigos que jamais estiveram num culto.
Não há, dizem, uma razão específica. O que se alega é um certo cansaço da vida religiosa ou a impressão de que a história do Evangelho, afinal de contas, não é tão verdadeira assim. Todo crente conhece pessoas nesta situação. E a quantidade de gente que deixa a igreja para trás tem aumentado – só no Brasil, segundo o último Censo, já há cerca de 14% de evangélicos confessos sem ligação formal com uma igreja. A tendência é mais aguda entre os jovens adultos, e não apenas por aqui. Na última edição da Pesquisa Americana de Identificação Religiosa, um fato chamou a atenção. A porcentagem de americanos que responderam “sem religião” praticamente dobrou nas últimas duas décadas, crescendo de 8,1% nos anos 90 para 15% em 2008. O estudo também observou que assombrosos 73% deles vêm de famílias religiosas – e quase dois terços foram descritos no estudo como “ex-convertidos”.
O resultado de outra pesquisa também foi expressivo. Em maio de 2009, no Fórum de Religião e Vida Pública, os cientistas políticos Robert Putnam e David Campbell apresentaram uma pesquisa descrevendo o fato de que jovens estão abandonando a religião em “ritmo alarmante”, cinco a seis vezes mais rapidamente do que anteriormente registrado. Fato é que a sociologia já descobriu que a migração para longe da fé cristã, por parte de jovens antes engajados na vida eclesiástica, é um fenômeno crescente. E uma resposta para este fato requer primeiramente uma análise de tal êxodo e o questionamento honesto das razões pelas quais ocorre.

ABANDONO
O presidente do Barna Group, entidade cristã de pesquisas sediada na Califórnia (EUA), David Kinnaman, revela que cerca de 65% de todos os jovens de seu país afirmam ter feito um compromisso com Jesus Cristo em algum momento de suas vidas. Kinnaman entrevistou milhares de jovens para a elaboração de seu livroUnChristian. Segundo ele, a maior parte dos ‘não-cristãos’ da sociedade hoje é formada por gente que em algum momento freqüentou igreja e serviu a Jesus. “Em outras palavras, eles são nossos antigos amigos, adoradores de outrora”, acentua.
Grande parte dos pesquisadores avalia que este dramático número de abandonos espirituais por gente na faixa dos vinte e poucos anos constitui, na verdade, uma etapa no curso da vida de quem chegou à conclusão que vale mais a pena dormir até tarde ou fazer outros tipos de programa aos domingos. O sociólogo Bradley Wright salienta que a tendência da juventude ao abandono da fé é uma característica do cristianismo contemporâneo. A questão do comprometimento moral parece estar na base do processo. Donos do próprio nariz, não poucos jovens de origem evangélica começa a mudar de hábitos, sendo mais abertos a novas experiências e menos refratários àquilo que, durante anos e anos, ouviram ser pecado.
Quando o rapaz ou a moça recém-saída da casa dos pais vai morar com o companheiro, ou encontra na faculdade amigos que fazem convites para noitadas, os conflitos entre a crença e o comportamento pessoal parecem ficar inconciliáveis. Cansados de lidar com o que lhes resta de uma consciência de culpa e relutantes em abandonar aquilo que têm como conquistas pessoais, eles preferem abandonar o compromisso cristão. Para isso, podem usar como argumentos o ceticismo intelectual ou a decepção com a igreja, mas estes são apenas motivos superficiais para esconder a razão principal. A verdade é que a base de crenças acaba sendo adaptada para corresponder às ações.
“Em alguns casos, o processo é gerado por uma decepção com a igreja, levando ao esfriamento”, aponta o pastor Douglas Queiroz, da Igreja Plena de Icaraí, em Niterói (RJ). Há dez anos, ele dedica seu ministério à juventude, aconselhando não apenas novos convertidos como gente que nasceu na igreja mas em algum momento abandonou a fé. “Eles não se identificam mais com a igreja da qual faziam parte”. Para Douglas, esse fenômeno pode ser atribuído, em parte, ao momento em que o jovem vive. Isso se dá pelo distanciamento que existe entre a igreja e a sociedade. O jovem de hoje, detentor de muita  informação, não aceita esta  relação ambígua, não suporta mais viver numa subcultura ou dentro de um gueto com postura, linguajar e pensamentos distantes do cotidiano”, comenta. Mas existem também, diz o pastor, situações em que não se trata exatamente de um esfriamento espiritual. “A pessoa simplesmente descobre que sua fé não existe, ou seja, nunca houve uma experiência individual. O jovem é cristão simplesmente porque nasceu num lar de crentes e cresceu indo à igreja.”

O texto na íntegra está em http://cristianismohoje.com.br/interna.php?subcanal=23

Nota: Esse é um assunto que deveria preocupar o mundo cristão muito mais do que as guerras por audiência de programas televisivos ou pela web de evangelistas ou mesmo as discussões midiáticas que fazem alguns líderes evangélicos com o nítido intuito de se manter em evidência.  Muito se fala de uma maior busca das pessoas por religiosidade, mas dados e pesquisas que mostram o abandono da fé por parte dos jovens são passados por alto sem merecer talvez toda a atenção que deveria. 
Em primeiro lugar, é importante destacar que, apesar de grande parte dos números apresentados nesse artigo de Drew Dick ser referente a entrevistas realizadas nos Estados Unidos, o pequeno compromisso de jovens com a religião ou o progressivo descaso que se vê entre esse público não é problema apenas norte-americano. É problema mundial e que afeta, também, países como o Brasil. A diferença é que aqui as pesquisas são escassas e, quando realizadas, infelizmente não se cria uma estratégia para atuar em cima dos números que ali foram revelados.
Outro aspecto é que tudo que se elenca como razão para o abandono da fé ou desinteresse religioso de jovens praticamente converge em um mesmo ponto: esfriamento espiritual. Justificativas para o distanciamento dos jovens de sua fé são apresentadas em profusão e seguem até a linha de que os cultos religiosos precisam ser mais atrativos porque, no jargão evangélico, "o mundo" oferece coisas mais espetaculares e sensacionais. 
Só que algumas perguntas precisam ficar para nossa reflexão em relação a isso tudo e nortear uma busca sincera por saídas para essa situação: 
1) Os jovens têm encontrado espiritualidade nas igrejas?
2) Os jovens veem o exemplo de pais piedosos que mostram na prática cristianismo ou só se limitam a cobrar comportamento religioso exemplar?
3) O que o jovem mais precisa é de programas, cultos, ações e projetos incríveis ou de atenção e amizade cristã?


Deixo apenas essas três indagações, mas há várias outras que poderiam gerar trabalhos e pesquisas acadêmicas. Uma coisa me parece bem clara: os jovens possuem a mesma necessidade que qualquer outra faixa etária necessita, ou seja, a atuação de Deus em suas vidas. A diferença está em quanto se investe (e não se trata apenas de dinheiro, mas de tempo, influência, criatividade, etc) nas igrejas para que isso efetivamente aconteça e nos lares. 
Cobrar comportamento exemplar dos jovens é fácil e a maior parte da liderança cristã parece focada apena nisso. A parte mais difícil e menos atraente ainda é a de formar jovens cristãos. 

Obama assina lei que legaliza detenção indefinida

terça-feira, 3 de janeiro de 2012 0 comentários

31.12.2011.
Originalmente publicada em http://www.aclu.org/blog/national-security/president-obama-signs-indefinite-detention-law - pela Associação Norte-Americana de Direitos Civis.
O presidente Obama assinou, no Havaí, onde passa os feriados de fim de ano[1], a National Defense Authorization Act (NDAA) [Lei de Autorização da Defesa Nacional][2]. Com a sanção do presidente, os militares norte-americanos aproximam-se ainda mais de poder prender e manter presos quaisquer cidadãos por tempo indefinido, dentro e fora dos EUA.

Como se sabe, a Casa Branca havia ameaçado vetar uma versão anterior dessa lei, mas mudou de ideia logo depois de o Congresso ter aprovado a versão agora sancionada. Embora o presidente Obama tenha distribuído uma declaração, em que diz que tem “sérias reservas” sobre o conteúdo da nova lei, a declaração só se aplica ao seu governo, e de modo algum afetará o modo como a lei será interpretada por outros governos que venham depois desse.

Durante o governo Bush, o mesmo princípio que agora está próximo de ser convertido em lei nos EUA, para prender e manter sob custódia militar quaisquer cidadãos, sem processo e sem qualquer acusação formalizada, foi usado até para prender cidadãos norte-americanos em território dos EUA. Muitos, no Congresso, dizem hoje que a nova Lei de Prisão Indefinida pode ser usada para a mesma finalidade.

A Associação Norte-Americana de Direitos Civis, ACLU, entende que qualquer tipo de prisão militar, de cidadãos norte-americanos ou quaisquer outros,, é inconstitucional e ilegal nos EUA, mesmo depois de aprovada a Lei de Prisão Indefinida. Além disso, a autoridade que a nova lei dá a militares norte-americanos viola a legislação internacional, porque não se limita a autorizar a prisão de combatentes capturados em contexto de guerra, como exigem as leis internacionais.  

Desaponta-nos muito que o presidente Obama tenha assinado essa lei, em momento que seu governo já enfrenta processos em vários pontos do mundo, por prisões ilegais. Felizmente, os EUA são governados por três poderes, e a palavra final sobre a extensão do poder de prender cidadãos caberá à Suprema Corte. Mas o Congresso e o Presidente também têm o dever de desfazer a confusão que criaram, para impedir que todos os cidadãos, nos EUA e em todo o mundo, passem a viver sob o medo de que o atual ou qualquer futuro presidente dos EUA dê mau uso ao poder que a Lei de Detenção Indefinida lhes outorgue.

A Associação Norte-Americana de Direitos Civis (ACLU) combaterá em todo o mundo a Lei de Detenção Indefinida, por todos os meios e em todos os fronts, nos tribunais, no Congresso e internacionalmente.

Nota: A manobra governamental norte-americana no sentido de aprovar uma lei marcial é justificada, como sempre, dentro de um conceito geral de combate ao terrorismo mundial. Ou seja, em nome do direito do governo combater terroristas, inclusive em seu próprio território, aprova-se lei que efetivamente pode levar a algumas situações bem claras:
(1) Os critérios para definição de quem efetivamente é um suspeito de terrorismo são bastante amplos e questionáveis, portanto, é praticamente certo que excessos e erros serão cometidos nesse processo de julgamento informal.
(2) É instalada uma cultura de oficialização do cerceamento das liberdades individuais na medida em que todo o cidadão passa a conviver com o medo de ser fiscalizado, autuado e até responsabilizado criminalmente caso se enquadre no que o governo entenda que é terrorismo. 
(3) Consequentemente esse tipo de lei abre espaço para que toda e qualquer manifestação futura, ideológica, filosófica ou religiosa, que contrarie os interesses do governo e dos poderes que mandam no planeta, sejam combatida dentro dos rigores da lei. Ou seja, expressar-se acerca de conceitos que não sejam exatamente aqueles defendidos pelo governo pode se tornar algo extremamente perigoso e digno de punição.
Em resumo, vejo com péssimo olhos iniciativas como essa, embora entenda que, segundo a Bíblia Sagrada, as liberdades individuais tão propagadas no passado pelo EUA (antigo berço da democracia e do respeito aos direitos humanos, inclusive os religiosos) começam a perder força em nome de um ódio a tudo que está embaixo de um enorme guarda-chuva chamado "terrorismo".
Abaixo, reportagem em inglês da TV Al Jazeera, do Catar, sobre o tema.

Enoque, um homem reavivado - reflexão para 2012

domingo, 1 de janeiro de 2012 0 comentários

Reflexão para 2012.

Enoque, em imagem puramente ilustrativa: ninguém o fotografou

Realmente Enoque não era do tipo que apreciava fazer as mesmas promessas, todos os finais de ano, dizendo que no ano seguinte faria mais exercícios, comeria mais frutas, passaria mais tempo com a família, investiria mais tempo em oração, etc. Nada disso. Enoque era homem com hábitos bem claros e que sabia aonde queria chegar. Não era muito afeito a sentimentalismos típicos de Ano-Novo, mas optava por decisões consistentes e duradouras. Isso ele aprendeu diretamente com seus pais e com Deus. Aliás, o sujeito se tornou companheiro inseparável do Eterno.
Quem não conhecia Enoque, pensava que era mais um louco. Parecia que, às vezes, falava sozinho enquanto caminhava. Nem pensar em insanidade. Apesar da longevidade, Enoque não tinha qualquer traço de senilidade. Tratava-se de um homem bem lúcido, capaz de ter uma boa palavra para quem se aproximava dele. Aliás, seus conselhos valiam ouro. Com a experiência de dezenas de anos de vida e a proximidade com o Criador, Enoque bem que podia cobrar até 500 mil dólares por palestras. Ficaria rico em pouco tempo! Convites não faltavam para se assentar nas várias rodas de ouvintes e a todos procurava atender.
De vez em quanto, entretanto, Enoque sumia temporariamente. Subia um monte, afastava-se por um rápido período de tempo do povo em geral e ficava em profunda reflexão com Seu grande amigo. Era a hora de providenciar uma recarga especial de baterias. Mas longe de ser um ermitão, um cidadão isolado, alheio às necessidades daqueles que conviviam com ele. Enoque, com seus filhos, mantinha um bom relacionamento na comunidade. Homem de ótima reputação; em resumo, era uma referência para quem tinha dúvidas acerca de como as coisas funcionavam no reino celestial. Queria entender um pouco mais de Deus? Não precisava navegar na web, nem assistir a programas de TV ou comprar livros específicos. Bastava passar uns minutos com Enoque que muitas dúvidas eram esclarecidas.
Dizem que o hábito faz o monge, mas, no caso de Enoque, o hábito fez muito mais do que isso. Repetidamente esse contato com o Eterno fez com que o próprio Deus resolvesse tomar uma atitude meio “radical”. Resolveu recompensar o amigo da terra e o levou para morar com Ele, só que no céu. Que presente de Ano-Novo! E, para completar, recebeu um vislumbre do que seria o futuro com o Salvador da humanidade. O que mais poderia querer o bem-aventurado Enoque?
Nada. Apenas desfrutar uma vida sem passar pela morte. Privilégio de pouquíssimos, oportunidade ímpar que o homem religioso, de hábitos cotidianos e de vida modesta, soube aproveitar. Quem não passou um tempinho com Enoque, enquanto ele viveu sua vida por aqui na terra, agora pode meditar no seu passado exemplar. Se ele foi perfeito, isso eu não sei. Mas certamente é um modelo a ser seguido por todos aqueles que não querem fazer apenas promessas em 2012, mas tomar importantes decisões.
Para mim, Enoque, sem dúvida alguma, foi um homem reavivado espiritualmente.

*Para saber mais sobre Enoque, leia Gênesis, a carta de Judas e o livro Patriarcas e Profetas, da escritora norte-americana Ellen White


 
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