Pesquisa indica que jovens conseguem conciliar ciência e religião

domingo, 29 de abril de 2012 0 comentários

Jornal O Estado de S.Paulo, 29.04.2012.


A maioria dos jovens brasileiros vive em paz com suas crenças religiosas e a ciência da teoria evolutiva. Tem fé em Deus e, ao mesmo tempo, concorda com as premissas estabelecidas por Charles Darwin mais de 150 anos atrás, de que todas as espécies da Terra - incluindo o homem - evoluíram de um ancestral comum por meio da seleção natural. É o que sugere uma pesquisa realizada com mais de 2,3 mil alunos do ensino médio no País, coordenada pelo professor Nelio Bizzo, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).

Futuro? Uma interpretação mais elástica das doutrinas religiosas e mais sensível à ciência
A conclusão flui de um questionário sobre religião e ciência respondido por estudantes de escolas públicas e privadas de todas as regiões do País, com média de 15 anos de idade. A base de dados e a metodologia usadas na pesquisa foram as mesmas do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), segundo Bizzo, para garantir que os resultados fossem estatisticamente representativos da população estudantil brasileira. “É o primeiro dado com representatividade nacional sobre esse assunto para esta faixa etária”, diz o educador, que apresentou os dados pela primeira vez neste mês, em uma conferência na Itália.

“Ainda vamos fracionar e analisar mais profundamente as estatísticas, mas já dá para perceber que os alunos religiosos brasileiros são bem menos fundamentalistas do que se esperava”, avalia Bizzo, que também é formado em Biologia e tem livros e trabalhos publicados sobre a história da teoria evolutiva. “É surpreendente. Algo que sugere que no futuro teremos uma população com uma interpretação mais elástica das doutrinas religiosas e mais sensível à ciência.”

Aos 15 anos, diz Bizzo, os jovens estão passando por uma fase de definição moral, em que consolidam suas opiniões sobre temas fundamentais relacionados à ética e à moralidade. “É um período crucial. Dificilmente os conceitos de certo e errado mudam depois disso.”

O questionário apresentava aos alunos 23 perguntas ou afirmações com as quais eles podiam concordar ou discordar em diferentes níveis. Mais de 70% disseram que se consideram pessoas religiosas e acreditam nas doutrinas de sua religião (52% católicos e 29% evangélicos, principalmente, além de 7,5% sem religião). Ao mesmo tempo, mais de 70% disseram que a religião não os impede de aceitar a evolução biológica; e 58%, que sua fé não contradiz as teorias científicas atuais. Cerca de 64% concordaram que “as espécies atuais de animais e plantas se originaram de outras espécies do passado”.

Só quando a evolução se aplica ao homem e à origem da vida, as respostas ficam divididas. Há um empate técnico, em 43%, entre aqueles que concordam e discordam que a vida surgiu naturalmente na Terra por meio de “reações químicas que transformaram compostos inorgânicos em orgânicos”. E também entre os que concordam (44%) e discordam (45%) que “o ser humano se originou da mesma forma como as demais espécies biológicas”.

Sensibilidade. Os pesquisadores chamam atenção para o fato de que nenhuma das respostas que seriam consideradas fundamentalistas, do ponto de vista religioso, ultrapassam a casa dos 29%, porcentagem de entrevistados que se declararam evangélicos (denominação em que a rejeição à teoria evolutiva costuma ser mais forte). Apenas em dois casos elas ultrapassam 20%: entre os alunos que “discordam totalmente” que o ser humano se originou da mesma forma que as outras espécies (24%) e que os primeiros seres humanos viveram no ambiente africano (26%).

“A porcentagem dos que rejeitam completamente a origem biológica do homem é menor que a de evangélicos da amostra, o que é uma surpresa, já que os evangélicos no Brasil costumam ser os mais fundamentalistas na interpretação do relato bíblico”, avalia Bizzo. “A teoria evolutiva é talvez a coisa mais difícil de ser aceita do ponto de vista moral pelos religiosos. Mesmo assim, os dados mostram que a juventude brasileira é sensível aos produtos da ciência.”

Divulgada em 1859, com a publicação de A Origem das Espécies, a teoria evolutiva de Charles Darwin propõe que todos os seres vivos têm uma ancestralidade comum, e que as espécies evoluem e se diversificam por meio de processos de seleção natural puramente biológicos, sem a necessidade de intervenção divina ou de forças sobrenaturais - um conceito amplamente confirmado pela ciência desde então.

Apesar de ser frequentemente (e erroneamente) resumida como “a lei do mais forte”, a teoria evolutiva é muito mais complexa que isso. A Origem das Espécies tinha 500 páginas, e Darwin ainda considerava isso muito pouco para explicá-la. Desde então, com o surgimento da genética e o desenvolvimento de várias outras linhas de pesquisa evolutiva, a complexidade da teoria só aumentou, dificultando ainda mais sua compreensão - e, possivelmente, sua aceitação - pelo público leigo.

“O problema é que a maioria dos estudantes - ainda mais com 15 anos - não tem muita clareza sobre o que está envolvido na teoria darwiniana. Com isso há o potencial de surgirem respostas contraditórias”, avalia o físico e teólogo Eduardo Cruz, professor do Departamento de Ciência da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. “Isso não tem a ver com a qualidade da pesquisa, mas com a pouca compreensão de temas tanto científicos quanto teológicos. Além do que, quando se trata de perguntas que envolvem a intimidade das pessoas, as respostas nem sempre são confiáveis. É como perguntar a rapazes de 15 anos se ainda são virgens.”

Aceitação. Uma pesquisa nacional realizada pelo Datafolha em 2010, com 4.158 pessoas acima de 16 anos, indicou que 59% dos brasileiros acreditam que o homem é fruto de um processo evolutivo que levou milhões de anos, porém guiado por uma divindade inteligente. Só 8% acreditam que o homem evoluiu sem interferência divina. Os dados também mostram que a aceitação da teoria evolutiva cresce de acordo com a renda e a escolaridade das pessoas - o que pode ou não estar relacionado a uma melhor compreensão da teoria.

“Há uma discussão se a aceitação depende do entendimento, e uma análise mais precisa será realizada, mas uma análise superficial dos dados não encontrou essa correlação”, afirma Bizzo sobre sua pesquisa, financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Faculdade de Educação da USP. “Há indícios de que a compreensão básica seja acessível a todos e que a decisão de concordar que a espécie humana surgiu como todas as demais não depende de estudos aprofundados na escola.”

Para a filósofa e educadora Roseli Fischmann, os resultados da pesquisa são “compatíveis com a capacidade dos jovens de viver o mundo de descoberta da ciência sem abalar sua fé”.

“A fé, se bem sustentada, não é ameaçada pelo conhecimento científico”, diz Roseli, coordenadora da Pós-Graduação em Educação da Universidade Metodista e professora da USP. “Sozinhas, nem a ciência nem a religião garantem que o ser humano seja bom e que o bem comum seja alcançado. É preciso a presença da ética, do respeito a todo ser humano, da consciência da responsabilidade individual na construção do bem comum.”

Pensar de forma analítica reduz fé em Deus, diz estudo

Pensar de maneira mais analítica induz as pessoas a acreditar menos em Deus, segundo um estudo publicado na edição passada da revista Science. Os pesquisadores, da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, submeteram cerca de 180 alunos de graduação a uma bateria de testes e questionários e descobriram que, ao forçar os estudantes a pensar de forma mais analítica sobre algum assunto, esse raciocínio influenciava a sua fé, tornando-os menos religiosos.

Acredita-se que o cérebro humano tem dois “modus operandi” para processar informações e tomar decisões: um mais intuitivo e outro mais analítico. Os resultados do estudo sugerem que a religiosidade flui do modo intuitivo e perde força à medida que as pessoas são forçadas a pensar de modo mais analítico.

Em um dos testes aplicados, os alunos eram apresentados com problemas matemáticos que tinham uma resposta intuitiva errada e uma resposta analítica correta. Depois, respondiam a um questionário sobre sua fé e religiosidade. Os alunos que resolviam os problemas de forma analítica relatavam acreditar menos em Deus. / H.E.

Nota: Essa conciliação é, na verdade, um atestado de que a fé é solapada pela argumentação científica convencional defendida por vários profissionais de diversas áreas do conhecimento humano hoje. É muito interessante constatar que nas escolas públicas, especialmente no Brasil, a qualidade do ensino de ciências é questionável e fica complicado querer extrair da mente de um jovem mal formado no Ensino Médio uma visão abrangente e consistente sobre conciliação entre ciência e religião. 
A ciência explicada e apresentada a ele é, via de regra, unicamente sob o ponto de vista evolucionista salvo raríssimas exceções. Por outro lado, sua visão de religião é exclusivamente fundamentada no ensino tradicional com forte ênfase católica apostólica romana. E como se bem sabe, até mesmo por pesquisas, há cientistas que evocam estudos capazes de fazer alusão a uma criação inteligente e não sucessivos processos evolutivos. E, ao mesmo tempo, há diferentes pontos de vista religiosos, especialmente com grande enfoque no conteúdo bíblico, que diferem de maneira contundente dos dogmas advogados pelo catolicismo predominante.
Se essas distorções fossem corrigidas, então poderíamos falar em uma conciliação de ciência e religião como algo real e interessante. Sugiro que o leitor leia, também, a segunda reportagem relacionada essa primeira em que um cientista criacionista é ouvido e dá sua opinião - http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,biologos-querem-reforcar-ensino-da-evolucao,866626,0.htm?reload=y, o doutor Marcos Eberlin. 

Sistema de vigilância global: qual o objetivo?

quinta-feira, 26 de abril de 2012 0 comentários


Artigo assinado por Valério Cruz Brittos e Jéssica M. G. Finger que são, respectivamente, professor titular no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Unisinos; e graduanda do Curso de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda na mesma instituição.



Em 2000, parte do Parlamento Europeu esteve reunido para discutir e votar a favor da realização de um relatório que procurava analisar e compreender uma prática que vinha sendo realizada por alguns países ao redor do globo, desde o final da Segunda Guerra Mundial, de captura de dados planetariamente. O chamado sistema Echelon de escuta e vigilância global fora aí pela primeira vez alvo de especulações de fontes oficiais. O estímulo para a investigação vinha da constatação, cada vez mais segura, de que cinco países – Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia – estavam utilizando sistemas de interceptação de satélite para não somente apurar dados militares e de segurança nacional, mas, muito provavelmente, para ter vantagem econômica sobre outros países ou empresas, assim como coletar qualquer espécie de informação que lhes fosse útil, inclusive de civis.
Isto remete à questão dos dados captados por um sistema midiático que se espalha em todos os cantos e sobre tudo. Nessa situação, muitos deputados nem mesmo se mostravam inteirados a respeito da existência de tal sistema, situação que não surpreende, visto que o sistema é operado por agências de inteligência e seguridade, permanecendo no quadro dos assuntos escusos dos governos envolvidos. O panorama, contudo, não pareceu mudar muito, mais de 10 anos depois. Os governos não têm interesse de propagação desse conhecimento e muitos cidadãos são céticos ao depararem com essa possível realidade, indagando-se de que maneira o sistema poderia, de fato, interferir em sua vida privada. Não obstante, muitos ignoram que a simples existência de um sistema dessa natureza, utilizado também em escuta e vigilância de civis, já estará interferindo em seus direitos de privacidade e democracia.
As estações de monitoração
Diversas estações terrestres equipadas e construídas para tal fim compõem o sistema Echelon. São pelo menos 11 estações reconhecidas e expostas no relatório da União Europeia, mas é grande a probabilidade de existirem outros postos que operam com a mesma finalidade. Elas estão construídas e posicionadas de forma estratégica ao longo de quatro continentes – Europa, América, Ásia e Oceania –, visando a facilitar a comunicação com os diversos satélites que orbitam a exosfera, compondo um quadro de monitoração de alcance global. Estas estações estão, desde 1980, equipadas com antenas capazes de captar sinais de comunicação via Intelsat. Trata-se do primeiro sistema mundial de comunicação por satélite que pode interceptar qualquer espécie de informação que trafegue no globo, seja por meio da internet, do rádio, de e-mails, telefones, fax ou telex. Ou seja: o sistema não trabalha apenas para a monitoração de satélites, mas também de cabos e ondas de rádio.
Sendo a massa de comunicações efetuadas diariamente ao redor do globo gigantesca, o esforço necessário para filtragem da informação deve ser proporcional. Dessa maneira, mecanismos e sistemas de busca foram desenvolvidos para otimizar o trabalho. Nicky Hager, jornalista neozelandês que estudou o sistema e relatou sua pesquisa no livro Secret Power, New Zealand's Role in the International Spy Network(ainda sem tradução para o português), conta que o sistema Echelon trabalha segundo uma lógica de filtragem que seleciona mensagens que contenham palavras-chave pré-determinadas, que compõem o chamado Echelon Dictionary. As palavras podem tanto ser nomes e localidades, quanto assuntos específicos ou qualquer outra questão que seja do interesse dos grupos que operam o sistema.
Dessa maneira, tarefas são distribuídas entre as estações de monitoração. Há certos postos que interceptam satélites específicos, o que depende de suas posições geográficas. Por exemplo, uma estação de Waihopai, na Nova Zelândia, monitora satélites Intelsat localizados sobre o Pacífico, e outra de Sugar Grove, nos EUA, intercepta comunicações que estão sobre o Atlântico. Contudo, palavras-chave de interesse exclusivo de algum dos países, mesmo que a interceptação seja feita em estação fora de seu território, não serão reveladas às estações que a interceptarem. Destarte, é possível afirmar que o modus operandi é engendrado de forma a ser quase automático, visto que é todo processado e realizado através de computadores, mantendo o sigilo absoluto de tudo o que é procurado e encontrado.
Atividades, comportamento e preferências
Agora vem a pergunta: isso é legal, se todos têm direito à privacidade, em Estados que prezam pela democracia e a liberdade de expressão? O que a Constituição europeia aponta é que, em relação à circulação livre de dados e à proteção da privacidade no setor das telecomunicações, não é aplicado em caso de tratamento de informações ou atividades que tangem a defesa e segurança pública, incluindo o bem-estar econômico do Estado. Ou seja, constitucionalmente o Echelon não infringe as leis de direito, se aplicado a situações de segurança de Estado, uma definição por si só controversa. Sabe-se, contudo, que são os mesmos satélites que carregam informações de interesse do Estado, de empresas e companhias de natureza econômica competitiva e de civis que utilizam qualquer plataforma de comunicação tecnológica, estando a sua interceptação a alguns cliques de distância.
Como saber, então, se a utilização do sistema é, de fato, voltada apenas para a segurança? Utilizada de maneira irregular, essa tecnologia pode pôr em perigo a liberdade que cada indivíduo tem de se expressar e se posicionar contra ideias pré-estabelecidas, ou de fomentar qualquer espécie de movimentação que aja contra a “máquina”, pois todos os seus movimentos passariam a ser vigiados e as transgressões, punidas. Seria mais uma engrenagem da sociedade disciplinar que rastreia, detecta, castiga e corrige. Essa discussão também traz à tona questionamentos a respeito da tecnologia em geral, que estão presentes de forma massiva e modeladora nas sociedades atuais. O nível de exposição que possibilitam é gigantesco, facilitando o rastreamento de atividades, padrões de comportamento e preferências gerais. A questão é que os mecanismos estão dispostos. Só resta saber exatamente para que.
Nota: Sistemas de vigilância global não são novidade, pois há vários anos esse tipo de tecnologia tem interessado a muitos governantes por motivos nunca totalmente esclarecidos. O que parece curioso é que sorrateiramente esses sistemas são testados atualmente pelos governantes com a ideia de centralizar informações e, de alguma maneira, armazenar informações dos cidadãos. Mas com que intenção? Essa é a mesma pergunta que as articulistas acima fizeram?
O comprometimento da direito à privacidade abre um precedente enorme para outras perdas de liberdade, o que inclui certamente a de crença ou expressão religiosa. Até que ponto se pode pensar que uma crença é verdadeiramente livre se os cidadãos que professam determinado pensamento religioso têm seus diálogos e conceitos monitorados por serviços oficiais? 
Recebi alguns e-mail sobre um vídeo a respeito de um suposto microchip obrigatório que o governo dos Estados Unidos estaria querendo lançar em março de 2013 com a finalidade de monitorar as pessoas que utilizam o sistema de saúde público. Há alguns documentos que parecem aludir a isso, mas, como não concluí minha pesquisa mais aprofundada acerca desse material, não irei publicar nada mais a respeito. Se for um instrumento para controle é igualmente perigoso, pois pode, no médio prazo, servir de instrumento para um controle sobre o que pensam e fazem as pessoas, incluindo no campo religioso.
Jesus advertiu profeticamente que haveria perseguições a cristãos que fielmente se mantivessem ao Seu lado nos dias finais desse mundo. Isso está registrado com exatidão nos evangelhos. Não sou alarmista e nem quero fazer um terrorismo escatológico aqui, mas vejo com preocupação mecanismos para vigilância dos cidadãos. A que se presta tudo isso? E por que os motivos para essas sistemáticas existirem não são declarados de uma maneira mais franca? Questionamentos que permanecem e que põem em xeque o direito à privacidade. 

Geólogo defende criacionismo no Globo Ciência

domingo, 15 de abril de 2012 0 comentários

Site do Globo Ciência, 14.02.2012.


Na nova temporada do Globo Ciência, especialistas respondem às perguntas dos espectadores. O primeiro programa de 2012, traz respostas à questão levantada por Elizangela Queiroz, do Rio de Janeiro, que quis saber: “Quem veio primeiro, o ovo ou a galinha?”. O assunto tem tudo a ver com as teorias do criacionismo e do evolucionismo. Para os criacionistas, que acreditam que Deus é o criador de todos os seres, é claro que a galinha veio primeiro. Mas, para os estudiosos da evolução, que defendem que os seres vivos compartilham ancestrais comuns, foi o ovo que veio primeiro. A brincadeira é, na verdade, uma forma divertida de explicar conceitos fundamentais que nos ajudam a entender o que somos e para onde vamos. E essa discussão entre os adeptos das duas teorias é bem acirrada. O geólogo Nahor Neves de Souza Junior, da Universidade Adventista de São Paulo (Unasp), defensor do criacionismo, reconhece que a capacidade humana de produção de conhecimento é espantosa, e que eles nunca quiseram usar apenas Deus para a explicar a origem da vida.

“Não ficamos de braços cruzados, dizendo que Deus criou tudo. Eu vejo um robô, por
exemplo, e fico impressionado com a inteligência humana. Mas acho que às vezes
as explicações dadas pelos evolucionistas carecem de detalhes mais abrangentes.
Então antes do Big Bang não tinha nada? A vida surgiu do nada? Tendo em vista isso,
só posso pensar que ou há uma divinização da natureza, ou existe Deus por trás da
criação”, ressalta.
Já Mario de Pinna, professor titular do Museu de Zoologia da Universidade de Paulo (USP)  questiona, de cara, o termo “evolucionismo”. “Existe teoria da evolução. Temos algumas controvérsias em relação a mecanismos específicos do processo, mas não quanto à evolução em si. Não adotamos a ideia de que a vida surgiu do nada, e sim que houve uma transformação. Não é mágica. As aves são resultado da transformação de certos tipos de dinossauros, que punham ovos. Não há embate científico com o criacionismo, porque ele não existe como campo de pesquisa independente, tem apenas motivações sociopolíticas com ideias que já foram refutadas há muito tempo", diz o professor, explicando também que a ideia de seleção natural como mecanismo propulsor da evolução biológica é talvez a contribuição mais emblemática de Charles Darwin:

"A ideia é tão simples que poderia ter sido elaborada centenas, ou mesmo milhares, de anos antes. A seleção natural consiste na reprodução diferencial de indivíduos no decorrer das
gerações, com consequentes mudanças na frequência de características herdáveis (ou frequências gênicas) no decorrer do tempo. A variabilidade das populações fornece a matéria-prima sobre a qual a seleção atua, e variabilidade nova é suprida por mutações que ocorrem constantemente. Na época de Darwin e dos outros idealizadores da seleção natural, claro, não se conhecia quase nada sobre genética ou mecanismos de herança. Sabia-se, contudo, que a maioria das características dos seres vivos era herdável".

Em muitas ocasiões, os criacionistas são criticados por não apresentarem evidências científicas, o que o professor Nahor contesta. “Eu sou geólogo, tenho evidências científicas sim. Quando vejo os fósseis, é inevitável compará-los a um cemitério – eles se harmonizam com a narrativa bíblica do dilúvio. Minhas convicções criacionistas só aumentaram com o conhecimento científico, não diminuíram”, garante.
A ideia de um grande dilúvio planetário é somente um mito para o professor Mario de Pinna e para a maioria da comunidade científica. Segundo ele, é impossível entender nossa posição no mundo sem a perspectiva evolutiva. “A evolução sempre foi a melhor explicação para os fatos sobre os seres vivos. A elaboração de uma teoria evolutiva consistente durante os últimos 150 anos nos permitiu entender uma imensa gama de fenômenos biológicos. Descobertas revolucionárias, como a estrutura do DNA, somente confirmaram a perspectiva evolutiva. A organização em diferentes planos, do morfológico ao molecular, não deixa dúvidas de que as similaridades são herdadas de ancestrais comuns. O homem é um tipo de macaco, assim como é um tipo de mamífero, um tipo de vertebrado etc. A teoria evolutiva é a realização mais extraordinária da única espécie que conseguiu desvendar sua própria história”, diz.

Entenda mais a respeito da controvérsia em reportagem veiculada em 17 de junho de 2011 no programa NT Repórter, da TV Novo Tempo.



Nota: Embora a reportagem escrita tenha ouvido um pesquisador científico criacionista, nos vídeos apresentados o "representante" do conceito criacionista ouvido foi um padre, ou seja, um religioso que, ao que parece, não estuda o assunto profundamente, mas fez praticamente uma descrição de como surgiu a controvérsia com o evolucionismo. É interessante, por outro lado, a abordagem da TV sobre a controvérsia, pois, ao menos, deu voz na parte escrita ao pensamento criacionista ao contrário de outras publicações que fazem questão de não dar espaço ao contraditório como é uma das premissas básicas da apuração jornalística.
Importante a argumentação do geólogo Nahor, uma vez que apresenta pesquisas embasadas em estudos e não apenas opinião religiosa.

Consumismo e vida simples: reflexões de André Trigueiro

quinta-feira, 12 de abril de 2012 0 comentários

Em tempos de proximidade com Rio + 20, ótimo vídeo com o jornalista André Trigueiro, uma cabeça pensante sobre ambientalismo no Brasil. Gostei desse trecho, incluído no You Tube em 2010, em que ele fala sobre os malefícios do consumismo para o meio ambiente.
Vou além, pois a vida simples, da qual ela fala, é apontada pela Bíblia Sagrada como solução para males modernos que envolvem a saúde, a família e mesmo os relacionamentos interpessoais. Ao final, algumas palmas, mas quantos estão dispostos a repensar o estilo de vida não somente em função da escassez de recursos naturais, mas para se aproximar do ideal divino.


Mulher há 36 anos com paralisia escreve livro

quarta-feira, 11 de abril de 2012 0 comentários

Portal G1, 07.04.2012.

Uma paciente do Hospital das Clínicas de São Paulo vai lançar um livro escrito com a boca. Eliana Zagui teve paralisia infantil e quase não mexe o corpo. Mesmo assim, ela decidiu contar o que viveu em mais de 35 anos internada.
Eliana teve poliomielite com 1 ano e 9 meses. Desde então, vive em uma cama. Seu cérebro, entretanto, não se acomodou. Ela aprendeu inglês, italiano, fez curso de história da arte e virou pintora. Tudo isso está no livro “Pulmão de aço – uma vida no maior hospital do Brasil”, que será lançado no dia 10 de abril no Hospital das Clínicas.
Eliana escreveu o livro usando uma caneta amarrada a uma espátula. Primeiro, anotou as memórias em um diário. Depois, passou a usar o computador. Em quase 250 páginas, ela narra as situações divertidas que viveu na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do HC, e os raros momentos que saiu do hospital.
Atualmente, os únicos pacientes com poliomielite que ainda moram no Instituto de Ortopedia e Traumatologia do HC são Eliane e Paulo Machado. O instituto foi inaugurado em 1953, quando São Paulo vivia uma epidemia de paralisa infantil. Mais de 120 pacientes chegaram a ficar internados.
Machado é um dos personagens do livro e encara sem amargura as dificuldades. “Não é tão arrasador assim. Existem dificuldades, mas vale a pena a gente compartilhar”, diz ele.
Eliana quer compartilhar as experiências, mas detesta ser considerada modelo de superação. “Não é só porque está em uma cama que você vai ser exemplo para o outro”, afirma. O editor do livro, Eduardo Belo, completa: “A Eliana não gosta de dizer que ela é um exemplo, mas a gente não vê todo dia um caso como o dela.”.

Nota: Esse é o tipo de reportagem que nos ensina a enfrentar as dificuldades com um olhar de superação. A Bíblia fala muito em superação não dos outros, mas de nós mesmos. Há um texto muito interessante em que o apóstolo João afirma, em sua primeira carta, no capítulo 2 e versículo 14, que "jovens, vos escrevi, porque sois fortes e a Palavra de Deus permanece em vós e tendes vencido o maligno". É evidente que se trata aí de uma motivação para a superação, nesse caso, das lutas espirituais.
O exemplo dessa mulher é um convite a uma vida inspiradora de convivência diária com Deus que possibilita enxergar um horizonte quando o presente é desolador e desanimador. Finalmente um aspecto que me chama a atenção é que, em vez de se posicionar como vítima das circunstâncias, Eliana trabalhou para alterar as circunstâncias adversas que a cercavam. Belo exemplo e, ainda mais, se Deus fizera parte dessa vida.


 
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