Coluna de Jairo Bouer, na revista Época, 28.08.2012.
Numa tentativa de combater o narcotráfico, o governo uruguaio do presidente José Mujica enviou ao Congresso há algumas semanas um projeto de lei para descriminalizar a maconha. Prevê estatizar a produção, a distribuição e a venda da droga. No Uruguai, pesquisas mostram que cerca de 8% da população usou maconha nos últimos 12 meses. E algo entre 130 mil e 150 mil pessoas a consomem com regularidade.
No Brasil, o consumo da droga aumentou entre os jovens nos últimos seis anos. De acordo com o segundo Levantamento Nacional de Álcool e Drogas, feito pela Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (Uniad) da Universidade Federal de São Paulo, 7% da população já experimentou maconha pelo menos uma vez na vida. São cerca de 8 milhões de brasileiros. Além disso, o estudo diz que 3% dos adultos e dos adolescentes tiveram contato com a droga nos últimos 12 meses. Metade desses adultos e adolescentes admite usar maconha todos os dias (quase 1,5 milhão de pessoas).
Um terço da população adulta brasileira que fuma maconha pode ser considerada dependente, levando em conta não apenas a quantidade e frequência de uso, mas comportamentos como ansiedade, sensação de perda de controle sobre o consumo, preocupação exagerada com o uso e tentativas seguidas de largar o vício. Um terço deles tentou parar, e quase 30% tiveram sintomas de abstinência (mal-estar, ansiedade, dificuldade de concentração).
Ainda segundo a pesquisa, 60% dos usuários começaram a usar a droga antes dos 18 anos. Quanto mais cedo o primeiro contato, maiores as chances de padrões mais nocivos de uso. Se, em 2006, havia menos de um adolescente usuário de maconha para cada adulto, em 2012, essa proporção saltou para 1,4 para cada adulto. Uma pesquisa com universitários das 27 capitais brasileiras feita em 2010 pela Faculdade de Medicina da USP mostrou que quase 6% dos estudantes com menos de 18 anos já experimentaram maconha e 4,5% consumiram nos 12 meses antes da pesquisa.
Se o Parlamento uruguaio aprovar o projeto de lei, o presidente promete submeter a decisão à opinião da população. No Brasil, pela vontade da maioria, a maconha não seria legalizada. De acordo com a pesquisa da Uniad, 75% dos brasileiros são contra. Essa posição tem respaldo na opinião de muitos especialistas. Algumas variedades atuais de maconha têm maior concentração do princípio ativo THC. Como consequência do consumo surgem quadros de ansiedade, surtos psicóticos e dependência muito mais comuns que há duas ou três décadas. A maconha não é uma droga tão inocente quanto muita gente imagina.
Originalmente publicada em http://revistaepoca.globo.com/Vida-util/jairo-bouer/noticia/2012/08/maconha-nao-e-tao-inocente.html
Meu comentário: É bom que, de vez em quando, alguns artigos científicos e consistentes a respeito de drogas sejam publicados. A análise do psiquiatra Jairo Bouer é muito interessante, pois mostra que, sob o ponto de vista médico e de saúde, não há razões plausíveis para se legalizar o uso da planta com substâncias comprovadamente nocivas à mente e ao corpo. E aí vem duas questões bem importantes.
(1) O tráfico de drogas não será diminuído ou enfraquecido porque a maconha estará liberada para uso. Esse pensamento é bastante utópico na medida em que o tráfico internacional, por exemplo, ocorre com outros tipos de drogas como maconha, ecstasy e outras substâncias ainda ilegais. E é o tráfico internacional que movimenta em grande parte prostituição, homicídios, lavagem de dinheiro, etc. O combate a isso tem de se dar de outras maneiras.
(2) A Bíblia aconselha que os seres humanos cuidem de seu corpo e entendam que se trata do templo de habitação do Espírito Santo. Se a maconha provoca todo esse tipo de alteração, fica mais do óbvio que seu uso não deve ser feito por aqueles que desejam usar seu corpo e sua mente de maneira plena para ter uma relação mais próxima com Deus. E, mesmo quem não crê em Deus, pode ser mais inteligente ao preservar a saúde que tem em vez de destrui-la com substâncias tóxicas e manter um padrão deficiente de saúde.
(1) O tráfico de drogas não será diminuído ou enfraquecido porque a maconha estará liberada para uso. Esse pensamento é bastante utópico na medida em que o tráfico internacional, por exemplo, ocorre com outros tipos de drogas como maconha, ecstasy e outras substâncias ainda ilegais. E é o tráfico internacional que movimenta em grande parte prostituição, homicídios, lavagem de dinheiro, etc. O combate a isso tem de se dar de outras maneiras.
(2) A Bíblia aconselha que os seres humanos cuidem de seu corpo e entendam que se trata do templo de habitação do Espírito Santo. Se a maconha provoca todo esse tipo de alteração, fica mais do óbvio que seu uso não deve ser feito por aqueles que desejam usar seu corpo e sua mente de maneira plena para ter uma relação mais próxima com Deus. E, mesmo quem não crê em Deus, pode ser mais inteligente ao preservar a saúde que tem em vez de destrui-la com substâncias tóxicas e manter um padrão deficiente de saúde.