Colunista da Veja defende ensino de criacionismo nas escolas

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Do blog do jornalista Reinaldo Azevedo, que também tem coluna na Revista Veja.

DARWIN E DEUS
A questão do ensino do criacionismo pegou fogo, não é? Dona Reinalda postou os comentários. Disse-me ao telefone que teve de cortar muita coisa, “gente puxando a faca de um lado e de outro”. Pois é. Nas minhas andanças, tenho dito que esse negócio de a gente se pôr no lugar do outro para debater é bobagem mesmo. Reivindique a diferença. Temos de argumentar estando no nosso lugar. Mas o confronto precisa ter regras, tenho afirmado também.
Nos comentários que eu mesmo mediei, noto que alguns que falam em nome da ciência, da razão, do laicismo, do agnosticismo e até do ateísmo pretendem que Deus tem de estar ausente da escola já que, dizem, é uma realidade que não pode ser comprovada. É nessa hora que enrosco com essa turma. Querem ver Deus? Só admitem Deus se ele falar na Sarça Ardente, mas, desta feita, cara a cara com o vivente? Está posto que não sou Santo Tomás. Não vou eu aqui expor provas da existência de Deus, muito menos provas novas. Hoje em dia, esse debate é inútil.
O que acho evidência de obscurantismo e, perdoem-me, um pouco tolo também é querer negar a importância, então, cultural de Deus. De todos os argumentos, o que menos pára em pé é o que sustenta que as religiões já mataram muito. É mesmo? Só elas? E o cientificismo? Estará assim com os ombros tão leves? Por aí, estamos numa guerra sem vencedores.

Já disse: nessa questão do ensino, nego-me a entrar no mérito religioso. A questão que debato desde sempre é outra: democracia e tolerância. Podem as escolas religiosas sustentar um ponto de vista religioso sobre a origem das espécies? Eu acho que podem. E recomendo – parece que assim tem sido feito – que busquem informar o aluno sobre a amplitude do debate. E os pais têm de estar cientes das escolhas que estão sendo feitas.Aí diz um leitor: “Ah, mas então elas teriam de falar sobre todas as religiões”. Não, meu caro. Essa “religião” é outra: o ecumenismo. Vale como princípio de paz entre os povos.
Mas as posições propriamente religiosas são, muitas vezes, inconciliáveis. Compreendo também outra restrição: “Que falem de criacionismo na aula de religião, não na de biologia”. Prefiro assim: que, na aula de biologia, se faça a melhor exposição possível da teoria darwinista e também da concepção criacionista. Aliás, acredito que, NO QUE CONCERNE À FORMAÇÃO INTELECTUAL DOS ALUNOS, isso poderia ser feito tanto nas escolas laicas como nas religiosas. Conviver com as diferenças é difícil? Ô se é! Afinal, qual é o ponto ou a exigência? “Olhem, nós estamos aqui, numa escola católica (presbiteriana, batista, judaica, islâmica...), mas estamos convictos de que essa gente só diz bobagem”.
Não é possível. Ademais, as escolas não-religiosas estão aí, ao alcance de todos.O estado brasileiro é laico? É. A maioria dos estados democráticos exibe essa condição – democracia que, não custa lembrar, o cristianismo ajudou a construir. Mas deixo agora esse aspecto de lado.
Que não haja uma orientação religiosa oficial, parece-me positivo, o que não quer dizer que os valores das, vá lá, religiões não pudessem ser abordados na sua dimensão histórica, cultural, moral e ética. Ademais, expostas as concepções sobre a origem das espécies, suponho que um professor de biologia tenha mais o que fazer, não? Duvido que, numa escola confessional, depois de explicar a meiose, ele emende: “Gente, é assim porque Deus quer”.Há, sim, muito de intolerância nessa conversa toda.
Mas, dado o que tenho visto, ela parte bem menos dos religiosos. Um das minhas filhas estuda numa escola que pertence a uma ordem católica. E vou ficar muito bravo se os professores lhe sonegarem as verdades de Darwin e as da nossa religião.Sim, sei: é bem mais fácil ser tolerante com os que concordam com a gente...

Interessante o ponto de vista do jornalista Reinaldo Azevedo, famoso por suas críticas ácidas em todos os níveis. Mas o que ele disse os criacionistas equilibrados concordam: o que se espera em educação é o direito de estabelecimentos de ensino de apresentarem, tanto a teoria evolucionista, quanto a criacionista.

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