Bancos receberam mais dinheiro do que países pobres

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Agência Carta Maior, 24.06.2009.

O setor financeiro internacional recebeu, apenas em 2008, quase dez vezes mais recursos públicos do que todos os países pobres do planeta nos últimos cinqüenta anos. O dado foi divulgado nesta quarta-feira (24) pela campanha da Organização das Nações Unidas (ONU) pelas Metas do Milênio, destinada a combater a fome e a pobreza no mundo. Enquanto os países pobres receberam, em meio século, cerca de US$ 2 bilhões em doações de países ricos, bancos e outras instituições financeiras ganharam, em apenas um ano, US$ 18 bilhões em ajuda pública.

A ONU alertou que a crise econômica mundial piorará ainda mais a situação dos países mais pobres, lembrando que, na semana passada, a Organização para a Agricultura e Alimentação (FAO) afirmou que a crise deixará cerca de 1 bilhão de pessoas passando fome no mundo.

A revelação foi feita no início de uma conferência entre países ricos e pobres, que ocorre na sede da ONU, em Nova York, para debater o impacto da crise. Segundo o diretor da Campanha pelas Metas do Milênio, Salil Shetty, esses números mostram que a destinação de recursos públicos ao desenvolvimento dos países mais pobres não é uma questão de falta de recursos, mas sim de vontade política.

“Sempre digo que se você fizer uma promessa e não cumprir, é quase um pecado, mas se fizer uma promessa a pessoas pobres e não cumprir, então é praticamente um crime”, disse Shetty à BBC. “O que é ainda mais paradoxal”, acrescentou, “é que esses compromissos (firmados pelos países ricos para ajudar os mais pobres) são voluntários”. “Ninguém os obriga a firmá-los, mas logo eles são renegados”, criticou o funcionário da ONU.

Um dos efeitos desta perversa distorção foi apontado pela FAO: a quantidade de pessoas desnutridas aumentará no mundo em 2009, superando a casa de um bilhão. “Pela primeira vez na história da humanidade, mais de um bilhão de pessoas, concretamente 1,02 bilhão, sofrerão de desnutrição em todo o mundo”, advertiu a entidade. A FAO considera subnutrida a pessoa que ingere menos de 1.800 calorias por dias.

Do total de pessoas subnutridas hoje no mundo, 642 concentram-se na Ásia e na região do Pacífico e outras 265 milhões vivem na África Subsaariana. Na América Latina e Caribe, esse número é de 53 milhões de pessoas. Em 2008, o total de desnutridos tinha caído de 963 milhões para 915 milhões. O motivo foi uma melhor distribuição dos alimentos, Mas com a crise, o quadro de fome no mundo voltará a se agravar. Segundo a estimativa da ONU, um milhão de pessoas deverão passar fome no mundo nos próximos meses.

Nota: É interessante que, na Bíblia, encontramos o alerta nas palavras de Cristo de que a fome seria um dos indicativos dos tempos finais em que vivemos (é possível ler isso no evangelho de Mateus, capítulo 24). Por outro lado, o próprio Jesus também declarou que " o amor se esfriaria de quase todos". E o apóstolo Paulo, também nessa linha de raciocínio, declara em uma de suas cartas que "o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males". Unindo esses três trechos temos uma análise da notícia acima. A preocupação em se injetar dinheiro para a "máquina de consumo" continua firme e forte implica, é claro, no empobrecimento dos que já são pobres e no enriquecimento dos que estão no topo da pirâmide social. Falando em pirâmide,a famosa Pirâmide de Maslow, muito citada no marketing, diz que no topo estão as necessidades dos seres humanos em relação à realização pessoal, mas que, na base, estão as necessidades fisiológicas (elementares, básicas). E apregoa-se que deveriam ser satisfeitas as da base antes daquelas do topo. Não é isso que a sociedade faz. Muito menos os governos...

1 comentários:

  1. Anonymous disse...:

    ler todo o blog, muito bom

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