Veja On-Line, 24.10.2009.
Na terça-feira passada, Bento XVI ofereceu condições especialíssimas para atrair os anglicanos descontentes para o catolicismo. Comunidades, paróquias e até dioceses anglicanas podem se converter sem que seja preciso sacrificar suas tradições. Até padres casados serão tolerados,
A exceção oferecida em decreto papal é similar à concedida às igrejas católicas orientais. Sua hierarquia reconhece a autoridade do papa, mas segue seus próprios ritos. O arcebispo de Cantuária, Rowan Willians, chefe da Igreja da Inglaterra, declarou-se "chocado" com a oferta da Santa Sé. Mas é sobre ele que cai o furor dos fiéis. Como líder da ala liberal da Igreja, ele é um dos responsáveis pela cisma. O racha atual entre os anglicanos é tão profundo que foram nomearam dois bispos cuja única função é a de mediar conflitos entre liberais e tradicionalistas.
Na Inglaterra, a oposição ao papa é uma questão de estado. Os membros da família real sequer podem casar com católicos sem perder o direito ao trono. Tudo isso tem raízes profundas. O rompimento com Roma ocorreu no reinado de Henrique VIII depois que o papa Clemente VII recusou-se a anular seu casamento com Catarina de Aragão. Depois de rejeitar a autoridade papal, o rei pôde se casar com seu grande amor, Ana Bolena, que mais tarde ele mandaria decapitar.
No princípio as mudanças foram pequenas, pois Henrique VIII pretendia que a Igreja da Inglaterra continuasse católica, ainda que separada de Roma. Mais tarde, a igreja aderiu à reforma protestante e o país passou por períodos sangrentos, com perseguições religiosas até que o predomínio protestante ficasse bem assentado. O retorno dos anglicanos ao seio da Igreja Católica tem o sabor de uma vitória tardia sobre a reforma protestante.
Nota: O que está por trás desta ação do Vaticano, já que a ruptura com os anglicanos é antiga? Certamente não é uma questão de princípios bíblicos e nem de dogmas exclusivamente católicos, porque conforme a, própria reportagem, as tradições anglicanas poderão ser mantidos e até padres casados serão aceitos. O que me chama a atenção é que realmente esta unificação em torno do Vaticano não passa por ensinamentos da Bíblia Sagrada, ou seja, não é uma união em torno dos ideais deixados por Deus em Sua Palavra. É a constituição de um grupo mais forte politicamente a fim de tornar mais abrangente e significativa a atuação do Vaticano junto a governos onde sua atuação tem sido mais fraca. Isso me lembra o antigo Israel, na época dos reis de Judá e Jerusalém, quando Deus pedi que a única aliança fosse feita com Ele e não com homens a fim de se aumentar o poderio militar, político, territorial. Mas não parece ser o foco mais em relação às grandes religiões cristãs hoje.
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