A nova reforma protestante

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Trecho de reportagem da revista Época desta semana.

Irani Rosique não é apóstolo, bispo, presbítero nem pastor. É apenas um cirurgião geral de 49 anos em Ariquemes, cidade de 80 mil habitantes do interior de Rondônia. No alpendre da casa de uma amiga professora, ele se prepara para falar. Cercado por conhecidos, vizinhos e parentes da anfitriã, por 15 minutos Rosique conversa sobre o salmo primeiro (“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios”). Depois, o grupo de umas 15 pessoas ora pela última vez – como já havia orado e cantado por cerca de meia hora antes – e então parte para o tradicional chá com bolachas, regado a conversa animada e íntima.
Desde que se converteu ao cristianismo evangélico, durante uma aula de inglês em Goiânia em 1969, Rosique pratica sua fé assim, em pequenos grupos de oração, comunhão e estudo da Bíblia. Com o passar do tempo, esses grupos cresceram e se multiplicaram. Hoje, são 262 espalhados por Ariquemes, reunindo cerca de 2.500 pessoas, organizadas por 11 “supervisores”, Rosique entre eles. São professores, médicos, enfermeiros, pecuaristas, nutricionistas, com uma única característica comum: são crentes mais experientes.
Almeida Dias
SÍMBOLO
O cirurgião Irani Rosique (sentado, de camisa branca, com a Bíblia aberta no colo). Sem cargo de clérigo, ele mobiliza 2.500 pessoas no interior de Rondônia
Apesar de jamais ter participado de uma igreja nos moldes tradicionais, Rosique é hoje uma referência entre líderes religiosos de todo o Brasil, mesmo os mais tradicionais. Recebe convites para falar sobre sua visão descomplicada de comunidade cristã, vindos de igrejas que há 20 anos não lhe responderiam um telefonema. Ele pode ser visto como um “símbolo” do período de transição que a igreja evangélica brasileira atravessa. Um tempo em que ritos, doutrinas, tradições, dogmas, jargões e hierarquias estão sob profundo processo de revisão, apontando para uma relação com o Divino muito diferente daquela divulgada nos horários pagos da TV.
Estima-se que haja cerca de 46 milhões de evangélicos no Brasil. Seu crescimento foi seis vezes maior do que a população total desde 1960, quando havia menos de 3 milhões de fiéis espalhados principalmente entre as igrejas conhecidas como históricas (batistas, luteranos, presbiterianos e metodistas). Na década de 1960, a hegemonia passou para as mãos dos pentecostais, que davam ênfase em curas e milagres nos cultos de igrejas como Assembleia de Deus, Congregação Cristã no Brasil e O Brasil Para Cristo. A grande explosão numérica evangélica deu-se na década de 1980, com o surgimento das denominações neopentecostais, como a Igreja Universal do Reino de Deus e a Renascer. Elas tiraram do pentecostalismo a rigidez de costumes e a ele adicionaram a “teologia da prosperidade”. Há quem aposte que até 2020 metade dos brasileiros professará à fé evangélica.

Nota: O retorno ao cristianismo primitivo, tal como descrito no livro de Atos, é importante porque ali está um estilo de vida que realmente promoveu o crescimento sustentável da religião cristã. Um artigo interessante que faz todas as igrejas refletirem sobre sua relevância para a sociedade. Até que ponto tanta tecnologia, técnicas marqueteiras e um desejo incontrolável de se adpatar à sociedade estão surtindo efeito realmente? É provável que a simples, mas profunda mensagem bíblica (e não humana) seja mais tocante do que se imagina.

1 comentários:

  1. A questão não está no lugar onde se frequenta, mas na forma de relação entre as pessoas.
    Só se aprende a ter discernimento, quem quer viver de forma agradável a Deus, seguindo a
    Jesus. Não podemos medir nossos valores espirituais pessoais pela opinião dos outros; precisamos
    redescobrir um padrão de vida aonde possamos agir como o próprio Deus, que pelo sacrifício pessoal
    libertou vidas.
    Geralmente o sistema religioso institucionalizado combate o que não entende e o que o
    confronta; assim, o nosso guia espiritual (Espírito Santo) concebe uma comunidade entre
    pessoas unidas e o foco não é apenas o serviço religioso ou ritual mantendo as vidas como
    expectadores, mas a formação de pessoas fiéis a Deus, à Palavra, que combatam aparentes
    relacionamentos superficiais que tornam as pessoas isoladas umas das outras, disputando
    poder, atenção e influências às suas necessidades individualistas.
    Quando a instituição impõe compromissos e necessidades, há falsas expectativas que frustram as
    pessoas, onde a grande ilusão é o excesso de formalidades, que provoca acepção, falta de reflexão e
    mercantilismo religioso; o amor e sentimento de partilha são substituídos por exclusividade e
    permanência à submissão das lideranças eclesiais, aonde se confunde o planejamento organizacional
    com o saber dos propósitos providenciais e proféticos divinos.
    O projeto de Deus sempre prevalecerá a despeito de desmandos e desvios ministeriais.
    (Acesse estudo: www.discipuladosemfronteiras.com).

Postar um comentário

 
Realidade em Foco © 2011 | Template de RumahDijual, adaptado por Elkeane Aragão.