O Egito e os precedentes das crises

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Por Felipe Lemos, mantenedor deste blog.


                Mesmo sem uma ampla pesquisa documental histórica, é possível intuir que períodos de crise econômica geralmente precedem grandes revoluções ou insurreições populares. O historiador Eric Hobsbawn, em A Era das Revoluções, à página 162, por exemplo, diz no capítulo introdutório das revoluções que “por trás destas grandes mudanças políticas estavam grandes mudanças no desenvolvimento social e econômico”. A história escrita diariamente na mídia confirma isso. Recentemente a Grécia apresentou conflitos na sua capital por causa da crise econômica pela qual o país passou. Na França, alterações nas regras previdenciárias motivaram confusões em Paris. Na Tunísia, a insustentável fragilidade das políticas sociais e econômicas, levadas a um ponto máximo, originaram insurreições e a fuga dos dirigentes da nação. E agora o Egito também esboça a reação motivada, sobretudo, por questões econômicas. A clã Mubarak está ameaçada, principalmente, porque grande parte da população padece com baixos ganhos regulares e não vê perspectiva de significativa e rápida melhora. Ouvi que alguns ganham menos de 2 dólares por dia. Parece ser um motivo mais do que justificável para protestar. Isso sem falar na decadência agora visível e patente ao mundo inteiro de Cuba, onde recentemente grande parte dos servidores públicos foram demitidos para desonerar a folha de pagamento governamental. Há uma gama de razões para as insurreições populares e assim sempre foi, mas o fundo econômico, que sempre foi uma das razões, adquiriu maior força ultimamente.
                O que me interessa analisar é o que está por trás deste enfraquecimento da estabilidade financeira de um país. É fato que ainda perduram regimes ditatoriais no planeta e que se perpetuam, claro que por força militar, mas amparados e alicerçados, também, por  uma certa estabilidade econômica. É um fato destacado que, diante de inflação controlada, poder de compra razoavelmente garantido e índices de desemprego sob controle, a população tende a se manter pacata, mesmo diante de regimes políticos caracterizadas por corrupção e mesmo cerceamento de determinadas liberdades individuais. A revolução surge quando se mexe literalmente no bolso.
                E quando os parâmetros de solidez financeira de uma nação deixam de existir e isso redunda em perdas para os cidadãos comuns, surge um precedente enorme. Abrem-se as possibilidades de se impor formas de governar ainda mais coercitivas em nome de uma ordem pública. Mudanças, neste caso, podem ser boas ou ruins, pois depende da situação. Parece que governos e população, quando ameaçados pela queda de classe social e status quo, recorrem à violência e à guerra urbana. Falo dos dois lados.
                Algo que ocorre diante das insurreições, sob uma análise espiritual e bíblica. É a de que fica provado que o que mantém, muitas vezes, a estabilidade social a salvo de convulsões constantes é o fato de as finanças andarem equilibradas. Com dinheiro no bolso e crescimento econômico sustentável, os ânimos são mantidos calmos. Só que quando isso acaba, nada mais parece manter a “casa em ordem”. Fica evidente a falta de algo adicional, algo que chamo de estabilidade espiritual. As relações humanas, predominantemente pautadas pelo ganhar em termos materiais, desfragmentam-se diante dos recursos escassos que movem a roda comercial e industrial. Se não existir um pensamento “do alto”, como comenta o apóstolo Paulo em uma de suas cartas aos cristãos colossenses, o vil metal vira moeda de briga. A busca pessoal de Deus e um comprometimento com princípios, e não com apenas com metas financeiras, mudam efetivamente o estado das coisas.
                O abalo das nações, por conta das dificuldades financeiras a curto, médio e longo prazo, não tem solução. Cedo ou tarde, as crises vão bater à porta dos países ricos ou dos que se consideram em desenvolvimento. E o que vai permanecer é a capacidade de reação não por violência ou um desespero diante da possível perda dos benefícios advindos de uma estabilidade de moeda e de uma macroeconomia ajustada. A melhor reação é a fundamentada em uma esperança espiritual e eterna. Vai além do perecível e das lutas humanas.

1 comentários:

  1. Pereira disse...:

    “Cristo, o Verbo, o Unigênito de Deus, era um com o eterno Pai - um na natureza, no caráter e no propósito - o único Ser em todo o Universo que poderia entrar nos conselhos e propósitos de Deus.” O Grande Conflito Página 493

    Mas Deus no-las revelou pelo Seu espírito: porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus. I Cor. 2: 10-11



    Observação: Se a Sra. White diz que somente Cristo – “o único Ser” - em todo o Universo que pode entrar nos conselhos e propósitos de Deus, e o texto bíblico diz que o Espírito penetra todas as coisas, só podemos deduzir o seguinte:


    - O espírito santo não é um Ser.
    - Porque os textos não podem se contradizer,e não e contradizem, somente se completam e se esclarecem.
    Se não é um Ser, não é uma pessoa! – Não tem trindade!


    ser2
    ser2
    sm (de ser1) 1 Ente. 2 Ente humano. 3 Existência, vida. 4

    ente
    en.te
    sm (lat ente) 1 O que é, existe ou pode existir. 2 Ser. 3 Coisa, objeto, substância. 4 Cálculo, projeto. E. de Deus: pessoa. E. de razão: o que não tem existência real e só existe no entendimento. E. humano: o homem. E. imaginário: ente de razão. E. pensante: o homem. E. real: o que tem existência real. E. supremo: Deus.

    Urso10000@gmail.com - escrevam-me.



    Mas pág. 493

Postar um comentário

 
Realidade em Foco © 2011 | Template de RumahDijual, adaptado por Elkeane Aragão.