Revista Época, Semana de 10 de julho de 2011.
Um instituto de pesquisas americano traçou um dos retratos mais completos de que se tem notícia das ideias dos líderes evangélicos. Os investigadores do centro de pesquisas Pew, uma instituição sem fins lucrativos que estuda costumes e tendências da sociedade, aproveitaram que líderes evangélicos do mundo todo se reuniram em um congresso na Cidade do Cabo, na África do Sul, em outubro de 2010, e fizeram aos religiosos uma série de perguntas. O relatório ficou pronto no mês passado. As respostas de 2.196 líderes, vindos de 166 países, revelaram as ideias e os sentimentos dos pastores, que inspiram um grupo de fiéis, cujo número varia de 246 milhões (de acordo com o Pew) a 600 milhões de pessoas (segundo a Aliança Evangélica Mundial). No Brasil, calcula-se que a população evangélica seja de 50 milhões de pessoas. A pesquisa descobriu que a ameaça mais temida pelos líderes entrevistados é a separação entre a fé e a vida moral e intelectual, conhecida como secularismo. Mais de 80% deles acreditam que devem manifestar suas opiniões políticas. Surpreendentemente, 58% dos líderes evangélicos das nações pobres e emergentes acreditam que a Bíblia deveria se tornar a lei de seus países.

Nota: Interessantes as respostas dadas por esses líderes pesquisados, mas a questão mais importante é o que se faz de prático diante das situações identificadas. Vários dados me chamam a atenção, mas o temor do secularismo é sintomático. O secularismo, ou seja, a dissociação da fé e da vida prática do cristão ou crente, é algo que está impregnado em muitas denominações religiosas há muito tempo. O combate a isso não é nada fácil, até porque muitas igrejas cristãs preferem estar com suas reuniões lotadas por causa de cultos e/ou programas que se preocupam exclusivamente com a forma, ou seja, são verdadeiros shows que servem para "fisgar" gente e não necessariamente ensinar princípios ou doutrinas bíblicas. Não digo aqui que a forma não é importante, mas há religiões que primam somente pela forma (shows, efeitos, manifestações absurdas cujo intuito final é chamar mais a atenção para quem as pratica do que para a Bíblia) e o conteúdo é superficial. Falo do conteúdo essencialmente fundamentado na Bíblia que, segundo a própria pesquisa com os líderes, é a regra de fé para a maioria das crenças evangélicas. É uma dicotomia impressionante. Ao mesmo tempo em que a Bíblia é exaltada nos discursos inflamados dos pregadores, por outro lado os cultos seguem direção contrária e evidenciam muito mais shows televisivos destituídos dos conceitos simples e sólidos encontrados na própria revelação divina. Para mim, trata-se de evidência clara do secularismo nas entranhadas de muitas congregações cristãs.
Ao mesmo tempo, na última pergunta apresentada na reportagem, os líderes responderam acerca da sua expectativa quanto à volta de Jesus Cristo. Ao menos 44% dos ouvidos diz que provavelmente Jesus voltará durante sua vida. Ótima aspiração. Em torno disso, vem, também, a necessidade de preparação espiritual e pessoal sobre isso. Os próprios líderes que responderam a esses questionamentos devem se preocupar em apresentar aos seus liderados o que efetivamente é necessário para uma preparação para o encontro com Jesus. Mas será que isso ocorre nas igrejas hoje?
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