Evento discute publicidade e consumismo infantil

domingo, 26 de agosto de 2012



Do site Infância Livre de Consumismo - 24.08.2012
O sentimento de estar naquela primeira mesa do 1º Seminário Infância Livre de Consumismo, em Brasília, no último dia 09, foi importante. Não que eu tenha me sentido importante. Senti que estava participando de algo muito, muito importante que tantos outros mães e pais no Brasil gostariam de poder fazer. E foi a primeira vez que o Poder perguntou aos pais: “Mas como vocês se sentem vendo as suas crianças serem bombardeadas pela propaganda por todos os lados?” Tentei falar sobre isso nos miúdos 10 minutos que me foram concedidos. E a melhor parte foi olhar a plateia nos olhos.
 Nos olhos da audiência lotada de pessoas que ainda participariam das outras mesas, congressistas e jornalistas que acompanhavam o evento, enquanto eu falava encontrei muita simpatia. A cada palavra que falava, contando da minha experiência de mãe, podia ver rostos silenciosamente dizendo que “sim, isso realmente acontece.” Toda esta angústia que nos assalta quando vemos que os valores que tentamos passar para nossos filhos com horas de conversa são tão facilmente jogados por terra com 30 segundos de filme publicitário infantil.
Foi muito reconfortante ouvir os especialistas da minha mesa, como a professora Inês Vitorino, da Universidade Federal do Ceará, e perceber como suas pesquisas acadêmicas corroboram o que vivemos em casa. E, quando deixei a mesa, os cumprimentos ao Movimento e manifestações de solidariedade dos presentes foram tantos que aí, sim, finalmente me caiu a ficha por completo e ouvi o click.
Estamos falando sobre algo que tudo mundo sabe que existe: o abuso por parte da publicidade ao dialogar com crianças, seres ainda em formação intelectual e psicológica. Se este tipo de prática ainda é permitido em nossa sociedade é somente por que ela ainda não estava madura para o debate. Isso agora é passado. Nosso pensamento vai ao encontro do sentimento de tantos pais, e o Infância Livre é prova disso.
Meu comentário - Essa temática do consumismo infantil, que é praticamente ignorada pela mídia em geral, pelo poder público e mesmo pela maioria das igrejas, é um problema bastante preocupante. E acredito que seja preocupante principalmente sob o ponto de vista espiritual. 
Em um de seus livros, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman já advertia quanto aos riscos do consumismo de maneira geral.Tratando especialmente do conceito que permeia o consumismo, no livro Vida para Consumoele afirma que "a sociedade de consumo prospera enquanto consegue tornar perpétua a não-satisfação de seus membros (e assim, em seus próprios termos, a infelicidade deles)". 
Nessa sociedade de consumo, os primeiros aprendizes são as crianças que passam a desenvolver essa ideia de que incapacidade de satisfação que os leva a consumir de maneira progressiva e ilimitada. E por que isso afeta a questão espiritual? Obviamente porque contraria princípios bíblicos de uma vida feliz a partir do simples. 
Jesus, ao comentar sobre a ansiedade das pessoas de acordo com relato dos evangelhos, ilustrou com a metáfora dos lírios do campo que não fiam e nem tecem, mas que se vestiam mais esplendidamente do que o próprio poderoso e rico rei Salomão. O conceito aqui é o da simplicidade de vida, que se choca frontalmente com a ideologia da sociedade de consumo e, sendo mais claro, de consumismo. 
Crianças, jovens e adultos precisam entender, na minha opinião, que o consumismo apoiado pela mídia, pelo governo e por muitas igrejas não é bíblico e não conduz à felicidade verdadeira. Se o aspecto for espiritual, então isso fica mais evidente. 

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