O jeito como vemos Deus nos massacres

domingo, 16 de dezembro de 2012

Por Felipe Lemos.


Todas as possíveis discussões serão feitas nos próximos meses em torno da brutal tragédia ocorrida em Connecticut, nos Estados Unidos. Um jovem atirou e matou quase 30 pessoas em um colégio, sendo a maioria crianças com seis ou sete anos de idade apenas. Matou, ainda, a própria mãe, que era professora no estabelecimento de ensino. Comentários e comentaristas repercutirão o tema por muito tempo ainda com diferentes desdobramentos e pontos de vista.
Vai se falar de tudo: do perfil psicológico do atirador, da insegurança em escolas norte-americanas, da facilidade para se adquirir armas nos EUA, da proximidade do fim do mundo e de acontecimentos horríveis como esse, dos motivos que puderam levar a essa tragédia, etc. Tudo será objeto de análise de especialistas e gente de todo o mundo tentando encontrar alguma explicação para o que ocorreu e infelizmente de vez em quando ocorre em outros lugares, inclusive no Brasil.
Quero refletir sobre como percebemos o papel de Deus nesse tipo de massacre. Não estou falando da atuação em si de Deus, mas da maneira como nós vemos o Seu papel. Há pelo menos três conceitos. O primeiro é o defendido pelo descrente em Deus. Daquele que não enxerga uma ação divina sobrenatural no mundo e que, portanto, considera que nesse episódio simplesmente há uma boa argumentação racional que não inclui Deus ou um poder maior do que o dos homens. Deus, para esses pensadores, é um constante ausente na trajetória dos seres vivos e na história do mundo.
O segundo conceito provém dos que creem em Deus e atribuem a Ele os massacres protagonizados pelos seres humanos, as catástrofes climáticas, enfim, tudo o que de ruim acontece. Para esses, a culpa inevitavelmente é de Deus. Ele tem o controle de todas as coisas e, por isso, é responsável, também, por aquilo que não dá certo e causa sofrimento. Na conta de Deus, como entendem os que advogam essa ideia, são creditados todos os infortúnios do planeta. Veem a Deus como causador de problemas e benesses.
E finalmente tem o grupo que defende a terceira via possível para digerir mentalmente os massacres como o de Connecticut. Creem que Deus observa tudo e que, apesar de saber do impacto que uma tragédia dessas acarreta sobre familiares e toda a sociedade, permitiu por alguma razão que isso ocorresse no momento e da maneira como agora sabemos que foi.
Mas eu pergunto: quem está certo? Quem defende a ideia mais apropriada, mais plausível, mais coerente?
Não me atrevo a responder porque respeito o direito de cada um pensar como bem entende. Ainda mais diante de uma situação como essa que é extrema e profundamente dolorosa de perda. Mas eu acredito na terceira tese.
Entendo que Deus existe e vê esse massacre como tantos outros na história de um mundo de incrível. Com um olhar de amor e misericórdia, mas com a capacidade de ver muito mais além do que as lágrimas de familiares agora conseguem expressar. Creio que Deus não ignora a dor e nem o pesar sentidos e é de Sua índole consolar os que choram. A revelação bíblica assegura esse perfil. Ao mesmo tempo, Ele sabe o futuro por ser onisciente. Os tiros disparados, a tentantiva de alguns sobreviverem, as professoras que fizeram o que foi possível para salvar alunos, enfim, a atmosfera que envolveu o episódio, tudo isso Ele acompanhou. Nada escapou de Sua atenção que, imagino, é infalível e total.
Só que creio em um aspecto que talvez seja difícil para quem sofre agora entender. Não estou vivendo isso, portanto, falo com o conforto de quem está de fora como mero analista. Mais um, aliás, para a tarefa. Creio que Deus tem planos mais longínquos do que os nossos mesmo. Enxergamos o pequeno mundo ao nosso redor, que nossos olhos permitem visualizar.
Pois os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês, nem os seus caminhos são os meus caminhos”, declara o Senhor em Isaías capítulo 55 e versículo 8. É duro absorver profundamente o sentido dessas palavras e pensar que nossos pensamentos ou planos ou ideias não são exatamente aquilo que Deus tem em mente. E que os pensamentos Dele são diferentes e, acrescento, melhores do que os nossos pelo simples motivo de que Ele conhece muito mais. Sabe de nossa estrutura física, psicológica e espiritual e dos tempos hoje e no futuro.
Provavelmente isso não consiga atenuar as perdas que todos temos. É, contudo, mais alentador pensar não em um Deus ausente ou tirano, mas em um Deus que – sim, é verdade, deixou que algo de ruim ocorresse – mas que tem consciência plena de que aquilo, por incrível que pareça, não aconteceu sem que Ele soubesse. E o fato de Ele saber e ter um caráter essencialmente de amor pode conforta mais do que a indiferença ou a tirania pura e simples.

1 comentários:

  1. Katia Nunes disse...:

    Felipe, adorei sua reflexão sobre o assunto. Nesse momento muitos se perguntam o por quê, e o papel de Deus nesse e em outros contextos como você mencionou.. E de forma clara e simples você coloca a visão do cristão que aguarda a volta de Jesus!

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