PAPAI NOEL, SÃO NICOLAU OU ODIN?

domingo, 7 de janeiro de 2007

Artigo de Antonio Luiz M. C. Costa no site Terra Magazine.

Antônio Costa é formado em engenharia de produção e filosofia, fez pós-graduação em economia e é um entusiasta das ciências sociais e naturais. Ex-analista de investimentos, atua no jornalismo desde 1996.

Muitas tradições européias pré-cristãs falam de seres mágicos ou divinos a testar o comportamento dos humanos disfarçados de velhos (ou velhas) pedintes ou andarilhos. Atena faz isso no mito de Aracne, Zeus no de Licaon, Deméter no de Demofonte e Triptólemo. No folclore da Cantábria, isso fazem as anjanas, como já contamos em A Outra Origem de Janaína.
Mas e nos países de língua alemã ou influenciados pelos antigos impérios germânicos, onde a tradição do São Nicolau presenteador se desenvolveu? Ora, na mitologia nórdica e teutônica, quem anda entre os humanos disfarçado de velho andarilho barbudo, munido de capa, chapelão e uma longa vara - exatamente como o Gandalf de "O Senhor dos Anéis", inspirado em seu mito -, é Odin ou Wotan. Esse deus conta com dois ajudantes fiéis: os corvos Hugin e Munin (Pensamento e Memória), que lhe servem de olheiros. Voam sobre as batalhas e lhe dizem quais guerreiros merecerão, ao morrer, ser conduzidos ao Valhalla pelas Valquírias e quais farão companhia, no mundo subterrâneo a Hel - que, apesar de Armando Gimenez, era uma deusa e não um deus, a mesma que, com o nome de Huld ou Holle, também mencionamos no artigo acima referido.
Não é muito difícil imaginar camponeses mal saídos do paganismo germânico e desejosos de conservar uma tradição antiga e querida, a "batizar" o antigo senhor de Asgard, com a complacência de uma Igreja ainda bastante aberta ao sincretismo, com o nome cristão de São Nicolau. E a fazer de seus corvos aqueles ajudantes de preto, tão temidos pelas crianças mal-comportadas.
Isto explica razoavelmente bem, no mínimo, a geografia da tradição. Fora do alcance da mitologia teutônica, a imagem de São Nicolau é bem diferente e são outros atributos de sua lenda os mais recordados. E, se há alguma figura folclórica tradicional a distribuir presentes, tem uma aparência bem diferente. Assim, na Itália, existe a bruxa Befana ou Bifana que, segundo Armando Gimenez, que a recordava com saudade, teria chegado a distribuir presentes também no Brasil:
"A Bifana, segundo a lenda, era uma velha que, no dia de Reis, saía pelas ruas da cidades a entregar presentes aos meninos que tivessem sido bons durante o ano que findara. (...) Depois, com a influência francesa e inglesa em nossas tradições a Epifania ou Bifana foi substituída pelo Papai Noel, a quem muitos estudiosos atribuem uma origem pagã e outros, para disfarçar o sentido comercial da sua presença no dia de Natal, confundem com São Nicolau."
A acusação de paganismo a Papai Noel pode não ser totalmente infundada, como se viu, mas a verdade é que também sua querida Bifana não está isenta disso. Se São Nicolau pode ser Odin em disfarce cristão, La Befana, como se mencionou no artigo sobre Janaína, pode ser Diana, Sácia, Abúndia ou Herodíade, a deusa das feiticeiras italianas - relacionada, como se viu, às janas e anjanas -, sob a máscara católica de uma personificação da Epifania. Como vimos, no século IV o São Nicolau cristão foi o arquiinimigo da Diana (Ártemis) pagã. É uma curiosa ironia se, no século XX, foi uma versão "cristã" de Diana que tenha sido proposta como alternativa "religiosamente correta" ao Papai Noel "pagão". De uma forma ou de outra, os dois continuariam rivais.

Eis uma versão interessante sobre o lado pagão do Papai Noel e de seus similares. Convite à reflexão daqueles que infelizmente não compreendem o nascimento de Jesus Cristo e Sua importância para toda a humanidade.

4 comentários:

  1. Anonymous disse...:

    Infelizmente o deus
    das crianças é esse tal de papai noel. Elas já não fazem seus pedidos e agradecimentos ao verdadeiro Deus.
    Não existe nascimento de Cristo.
    Esse deus pagão já tomou conta da mente e do coração das crianças e,
    por que não?, dos adultos também, desses que tem uma mente limitada,
    engole tudo o que a mídia atira pra cima deles. Só é lamentável essa situação.

  1. Lamentavelmente a indústria cinematográfica e o medíocre comércio oportunista,transformaram mais uma linda e singela festa cristã em mais um pacote de consumismo carregado de MITO,PAGANISMO E FOLCLORE.Doendes,papais-noéis com suas renas e trenós etc...Tudo isso faz parte de uma versão PAGÃ das "modernas" festas natalinas! Esse dito bom velhinho do bucho quebrado,sem qualquer convite ou saudação de boas-vidas,invadiu os lares cristãos e, tirou o foco do verdadeiro sentido natalino. É uma verdadeira,porêm, discreta idolatria,pois se enaltece e se hospeda com aclamação esse barba cumprida;que na verdade não passa de uma figura periódica com data de validade prevista.Enquanto isso,Jesus permanece no anonimato,pois os refletores dos bastidores dos natais modernos estão muito mais interessados em colocar em evidência uma fachada de ilusão e miticismo. Pessoal, acorda! Natal não é carnaval nem é festa de 12 de outubro; não é fantasia mas, pura realidade e, como tal não podemos aceitar essa roupagem ridícula,repleta de enredos e alegorias que não chega a ser nem uma caricatura do verdadeiro NATAL!!!

  1. Teste disse...:

    Diante de tudo quanto foi dito conclui-se que o "Natal" é uma festa pagã que se adequou, talvez por imposição ou persuasão da Igreja, ao cristianismo. Hoje preconizada pela Indústria Cinematográfica Infantil, pelos meios de comunicação e pelo comércio a Figura do Papai Noel tem roubado do cristianismo o verdadeiro sentido do Natal. E o verdadeiro sentido talvez seja mais louco que a existência do Papai Noel . O filho do Altíssimo, criador de todas as coisas, ter decido do céu, se encarnado em uma mulher para cumprir a difícil missão de reintegrar a raça humana à comunhão com Deus, dando-se a si mesmo como sacrifício. Mas como disse Gandh o que está escrito nos evangelhos só pode ser verdade pois ninguém conseguiria inventar palavras tão espectaculares. E são essas palavras: de pacificação, de verdade, de amor, de compaixão, de coragem contra tudo que é errado, de perdão e regeneração e acima de tudo de humildade. E quanto mais seguimos esses mandamentos – esses preceitos, tanto mais nos alegramos pois quando praticamos o bem nos despojamos do que é ruim e permanecemos crucificados com ele, deixando que ele habite no trono dos nossos corações.

  1. Gwydion disse...:

    Dirijam essas reclamações à sua Igreja, que quis converter nós, pagãos, à fogo e ferro e transformou nossas celebrações da natureza em festas cristãs descaracterizadas. Se tivessem celebrado o nascimento do seu Jesus em paz e no seu canto, hoje teriam um Natal provavelmente em Março (quem disse que ele nasceu em Dezembro? Isso foi imposto porque uma de nossas celebrações de inverno é em Dezembro - no Hemisfério Norte) e sem simbolismos externos à sua religiosidade.

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