NOVO LIVRO SOBRE A INFÂNCIA DE JESUS CRISTO

domingo, 7 de outubro de 2007

Parte de reportagem na Revista IstoÉ, desta semana.

Quem um dia recorreu à Bíblia para conhecer melhor a história de Jesus, o homem que deu origem ao cristianismo, certamente terá notado a falta de informações a respeito da infância do filho de Deus. Dos quatro evangelhos que contam o surgimento do chamado Messias, somente dois – os de Mateus e Lucas – trazem episódios da primeira fase de sua biografia. As menções são escassas e frustram quem gostaria de saber mais da vida do menino. Mas agora estão se tornando populares certas narrativas que descrevem momentos reveladores da relação do jovem Jesus com sua família e com as outras crianças. De acordo com esses textos, ele foi um garoto consciente de seu poder divino e fazia milagres desde pequeno. Ainda assim, não deixou de cometer travessuras que lhe valeram reprimendas da mãe, Maria. Inteligente ao extremo, chegava a desafiar seus mestres. Um professor, Zaqueu, teria procurado José para se queixar de Jesus, que recebera para aulas quando este tinha cinco anos. “Ai de mim, não sei o que fazer. (...) Não posso suportar a agudeza de seu olhar, nem chego a entender suas explanações. (...) Queria um aluno e encontrei um mestre. (...) José, leve-o para casa.”
Apesar de não receberem a chancela do Vaticano, relatos como esses, produzidos entre os séculos I e III, têm sido analisados por teólogos, historiadores e até mesmo por religiosos católicos. São os evangelhos apócrifos ou pseudoevangelhos, elaborados como complemento dos textos bíblicos. O termo apócrifo é empregado para designar relatos cuja autenticidade não é reconhecida pelo Vaticano. Ao todo, são 60, de diversas autorias. Citações sobre os primeiros anos do filho de Deus estão em alguns desses textos, entre eles o evangelho chamado de Armênio da infância e nos livros atribuídos a Tiago e Tomé, dois apóstolos de Cristo. Tomé detalha fatos ligados propriamente à infância, enquanto Tiago (tido como irmão de Jesus em narrativas não-oficiais) aborda mais a vida da família nos primeiros anos do futuro Salvador. Durante muito tempo, relatos desse gênero ficaram relegados a segundo plano, conhecidos basicamente apenas por quem se dedicava a estudar religião. Essas histórias, no entanto, começam a se espalhar inclusive entre os não-católicos, principalmente por ação de escritores que enxergam na força do mito Jesus um belo caminho rumo ao estrelato. Que o diga Dan Brown, o autor de O código Da Vinci.
Uma das novidades nesse sentido é o livro Cristo Senhor, da americana Anne Rice, que chega nesta semana às prateleiras brasileiras. Autora do best seller Entrevista com o vampiro – que gerou um filme, possível passo do atual livro –, Anne nasceu em família católica, mas abandonou a religião aos 18 anos. E só a retomou em 1998, quando se recuperou de um coma provocado pela diabete. Em 2002, mergulhou nos textos apócrifos para elaborar a sua versão do menino Jesus. Em Cristo Senhor, que ficou três meses na lista dos mais vendidos do jornal The New York Times, o narrador é o filho de Maria, com a idade de sete anos. É uma ficção reforçada pelos textos não sacramentados pela Igreja. Ela assegura, porém, ter se disciplinado para não contradizer o que está na Bíblia. “Há bastante informação para que possamos imaginar como pode ter sido a vida de toda a família”, disse a ISTOÉ. E completa: “Coloquei na minha cabeça que faria uma história muito realista, absolutamente conectada com as escrituras. Usei o que pude.”

Jesus Cristo novamente é capa de uma revista semanal brasileira. Nesta semana, novamente na IstoÉ, uma das três mais conhecidas publicações semanais de nosso país. E novamente sob um prisma polêmico, afinal de contas o sensacionalismo religioso é que tem garantido certamente boas vendas nos últimos tempos em todo mundo.
A reportagem, na verdade, apresenta trechos de um novo livro “Cristo Senhor” (que está chegando ao Brasil), escrito pela norte-americana Anne Rice, autora da conhecida obra “Entrevista com o vampiro” e de outros livros na mesma linha de bruxas e vampiros. Dizendo-se reconvertida ao catolicismo, ela lançou o novo livro que pretende abordar, entre outras questões, a infância de Jesus Cristo especialmente após a fuga do Egito com os pais. Segundo a reportagem da Revista IstoÉ, em “Cristo Senhor”, que ficou três meses na lista dos mais vendidos do jornal The New York Times, o narrador é o filho de Maria, com a idade de sete anos. É uma ficção reforçada pelos textos não sacramentados pela Igreja Católica. A autora assegura, porém, ter se disciplinado para não contradizer o que está na Bíblia.
Como não li o livro evidentemente não vou tecer comentários a respeito do que está escrito na obra. Prefiro falar sobre essa tendência de se criar uma atmosfera sensacionalista em torno da biografia de Jesus Cristo com a nítida intenção de ganhar dinheiro na comercialização de livros, DVDs e outros produtos. Porque o sensacionalismo religioso, tão em voga atualmente, só pretende dar popularidade a quem realiza tais obras. Não vem com a proposta de consolidar a fé e a religiosidade das pessoas e nem de fortalecer os escritos bíblicos. Não serve, também, para ajudar os fiéis cristãos a verem Jesus Cristo como Deus tal qual descrito nos evangelhos e demais textos das Sagradas Escrituras. É para alavancar vendas em um segmento com profundo interesse popular.
Trata-se de uma cadeia de interesses comerciais. O livro vende bem e dá matéria na revista que também pode vender mais por causa disso. Conseqüentemente, o livro passa a vender mais ainda e quem sabe se transforma em um filme. O filme vende bem e gera interesse para se produzir uma série. A série vende bem e pode até se transformar em um seriado e assim continua o ciclo do sensacionalismo religioso, baseado exclusivamente em textos chamados apócrifos. Alguns, diga-se de passagem, como já comprovado no caso do livro Código da Vinci, encontrados em pedaços que mal se encaixavam e cujo conteúdo ainda não está completamente esclarecido. Mesmo assim, a irresponsabilidade de quem só quer ganhar dinheiro e fama com especulações da vida de Jesus Cristo continua firme e forte.

1 comentários:

  1. Enzo Almeida disse...:

    olá Amigo Felipe,

    Como sempre com muito conteúdo e pertinência a leitura que fazes da realidade!!

    Amigo, coloquei seu blog como indicação no me (www.encontrocomopoder.blogspot.com) sinta-se a vontade de linkar o meu (rsrsrs) Abraços!!

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