Cristãos pensantes - Artigo

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Viver em uma sociedade livre é algo muito mais desafiador do que aparenta ser. As pessoas têm corrido de um lado para outro em busca de sentido para a vida. De formas variadas, tentam desvendar o mistério da existência. A razão questionadora, que coloca tudo em dúvida, não encontra terreno seguro onde possa se firmar. O grande número de questionamentos que assombram a intrigante atualidade também alcança o cristianismo. Muitos o veem apenas como manifestação cultural e histórica. Torná-lo regra de vida seria retrógrado, uma atitude alienada de alguns seguidores incautos. Porém, estaríamos destinados a uma vida de problemas insolúveis e perguntas sem respostas, feitas para o vazio?


Enquanto alguns duvidam de tudo, outros parecem sentir-se suficientes em suas crenças, mesmo sem saber por que acreditam naquilo em que se dispuseram a crer. Em ambos os casos, a vida carece de um fundamento sólido. A antiga cultura helenista, com a qual se confrontou o cristianismo primitivo, apresentava desafios semelhantes. É o que observamos em Atos 17, no impressionante relato da viagem do apóstolo Paulo para a cidade de Atenas, onde ele esteve em contato com algumas correntes filosóficas da época, como os epicureus e os estoicos. Os epicureus eram mais imediatistas e baseavam a vida no prazer. Os estoicos acreditavam que o mundo todo era regido pelas leis aleatórias da natureza, considerada um deus. Adeptos dessas ideias debatiam incansavelmente suas frágeis teorias.


Em Atenas, Paulo apresentou uma proposta diferente de tudo o que seus filósofos tinham visto e ouvido. Era inevitável que houvesse um choque de ideias. O cristianismo de Paulo, assim como o nosso, encontrava-se em conflito com a incerteza especulativa. Fala-se aqui de pessoas sem um claro conceito de Deus. Paulo viu ali a oportunidade de revelar uma crença contextualmente bem colocada e fundamentada em conceitos concretos. Ele pôde mostrar que o “deus desconhecido” na verdade é o verdadeiro Deus, que se revela e se faz conhecer por meio de Cristo Jesus.


Em seu sermão ao povo de Atenas, Paulo encontrou o ponto comum com seu público-alvo, dando aos ouvintes um possível fundamento que, por tanto tempo, foi procurado. Ele cita dois escritores gregos respeitados da época para apresentar seus conceitos com argumentos familiares à audiência. Aparentemente simples, mas carregado de muito conhecimento, Paulo, acima de tudo, confirma a contextualização do Cristianismo. Muito mais do que um fundo histórico ou uma listagem de normas teológicas: um cristianismo inteligente, racional.


Como cristãos, de que modo devemos agir diante de desafios semelhantes? Como Paulo, precisamos entender o que está acontecendo ao redor para saber onde estamos inseridos. O que os filósofos contemporâneos nos dizem hoje? A exemplo de Paulo, cabe a nós, baseados na verdade divina,  expor nossa filosofia, conforme a Palavra de Deus, estando preparados para responder a todo aquele que nos pedir razão de nossa esperança (1Pe 3:15). Estamos preparados a apresentar um cristianismo pensante e social, em meio à mistura descuidada de fundamentos flutuantes? Estamos dispostos a levar a verdade ao mundo, com relevância, deixando de lado todo espectro de visão unilateral? Pela revelação divina, conhecemos o que procede de Deus (1Jo 4:1). Com base em nossa sólida convicção em Cristo, podemos ter uma certeza relevante e atrativa.

Lucas Diemer de Lemos, revisor da Casa Publicadora Brasileira

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