Na ONU, alerta de presidente dos EUA contra os opositores

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Agência Reuters, 25.09.2012.
Originalmente publicada em http://br.reuters.com/article/worldNews/idBRSPE88O0AL20120925


O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu nesta terça-feira aos líderes mundiais que acabem com a intolerância e a violência que levaram recentemente à morte do embaixador norte-americano na Líbia, e também alertou o Irã de que fará o que for necessário para impedir que o país desenvolva armas nucleares.

Em 30 minutos de discurso à Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, Obama novamente defendeu o fim do regime de Bashar al-Assad na Síria, após 18 meses de guerra civil, mas sem dizer como isso poderia acontecer. Tampouco ofereceu novas ideias para solucionar o conflito entre israelenses e palestinos.

O presidente, que disputa um novo mandato dentro de seis semanas, começou e encerrou seu discurso evocando o embaixador Christopher Stevens, morto com três outros funcionários neste mês durante um ataque ao consulado norte-americano em Benghazi, na Líbia, realizado por uma multidão indignada com um filme anti-islâmico feito nos Estados Unidos.

"Hoje, devemos afirmar que nosso futuro será determinado por gente como Chris Stevens, e não por seus assassinos", disse Obama. "Hoje, devemos declarar que essa violência e essa intolerância não têm lugar entre as nossas Nações Unidas".

O filme semiamador, que mostrava o profeta Maomé como mulherengo, tolo e abusador de crianças, provocou protestos contra o Ocidente em dezenas de países islâmicos. Obama voltou a criticar o vídeo, que chamou de "rude e repugnante", mas defendeu o direito à livre expressão.

"A arma mais forte contra o discurso odioso não é a repressão, é mais discurso --as vozes da tolerância que se mobilizam contra a intolerância e a blasfêmia", disse Obama, que citou a necessidade de "tratar honestamente das tensões entre o Ocidente e o mundo árabe" em seu processo de democratização.

Ele disse que não espera a concordância de todos, mas que é "obrigação de todos os líderes em todos os países se manifestar incisivamente contra a violência e o extremismo. Não há discurso que justifique a violência insensata."

"Como presidente do nosso país, e como comandante-em-chefe das nossas forças militares, aceito que as pessoas me chamem de coisas horríveis todos os dias, e sempre defenderei seu direito de que o façam", acrescentou Obama, sendo respondido com aplausos e alguns risos.

Meu comentário: Em outros jornais,como o The Washington Post, é possível perceber que o discurso do presidente norte-americano é obviamente duro contra a violência que não tem qualquer justificativa mesmo. É importante, porém, analisar que os EUA voltam a falar abertamente contra todos os que de alguma maneira se opõem ao seu modo de agir nas questões mundiais e que se tornam, de certa forma, obstáculos aos intentos estadunidenses. 
Essa postura de Obama, já demonstrada por seus antecessores, pode ser um posicionamento bastante contundente contra os que de alguma maneira contrariam aquilo que os EUA entendem que seja o melhor para o planeta em várias questões. E isso é perigoso, pois se constitui, em certa medida, no caminho para uma intolerância, também, a quem tem uma visão diferente.
Volto a dizer que a violência praticada por extremistas contra autoridades norte-americanas é inadmissível, porém esse caos já instalado entre parte do Oriente e parte do Ocidente dá espaço para uma tentativa dos EUA liderarem os países da ONU em uma cruzada contra todos os que não pensarem ou agirem conforme a orientação norte-americana. A longo prazo, outras imposições poderão vir a partir desse tipo de postura. E darão espaço para que o contraditório não exista e qualquer grupo ou movimento não aprovado pelos ditames norte-americanos seja rechaçado imediatamente. Perigoso à vista com esse tipo de discurso...tão ruim quanto a intolerância religiosa. 

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