Por Felipe Lemos, mantenedor deste blog.
Sempre no final de ano, perto da época que se convencionou chamar de Natal (25 de dezembro), documentários, reportagens em revistas, jornais, TV e web tratam de sempre trazer à tona conteúdo relacionado a Jesus Cristo. É praxe que isso se perpetue anualmente com a pretensa finalidade de mostrar um pouco mais sobre o personagem que revolucionou o mundo há mais de dois milênios. Contudo, quanto mais o tempo passa, mais creio que o objetivo central de grande parte deste conteúdo oferecido às pessoas em geral é diverso do que se propaga. Penso que, por trás desta movimentação midiática em torno de Jesus Cristo em dezembro, há outras intenções: entretenimento puro e questionamento da divindade de Cristo.
Para se chegar a esta conclusão, basta consumir parte do material que tenta “revelar” quem é Jesus Cristo de fato e contratá-lo com as boas traduções bíblicas. São documentários sugerindo a ligação de Jesus Cristo maritalmente com Maria Madalena, ou então, seu perfil meramente de um líder que se contrapôs ao sistema tradicional judaico e romano. Materiais são publicados e veiculados, também, na intenção de apresentar o cristianismo como fruto de aperfeiçoamento de outras seitas anteriores e colocam em dúvida, por conjecturas de historiadores e ditos estudiosos, o fato de a Bíblia Sagrada confirmar que Jesus Cristo é Deus.
Partindo da Bíblia, a revelação mais substancial acerca de Jesus Cristo, preciso chamar a atenção para alguns fatos que não são levados em conta na hora de retratá-lo em programas sensacionalistas de final de ano. Há alguns elementos que necessitam, ao menos, ser colocados diante das pessoas para que saibam que a Bíblia Sagrada pode não relatar tudo o que a curiosidade alheia espera entender sobre o Jesus histórico, mas é mais abrangente acerca da Sua figura do que se imagina.
Divindade e cumprimento de plano divino em Jesus – A falta de detida leitura da Bíblia em seu contexto permite suposições sobre o papel de Jesus Cristo ao vir a este mundo. O significativo trecho de João 1:1-3, que algumas novas versões parecem estar tendo a ousadia de alterar, é muito transparente no que diz respeito ao Seu papel. Diz ali que “No Princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por meio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez”. O versículo 14 trata de esclarecer que ele se tornou homem ao referir que “O Verbo se fez carne e habitou entre nós. Vimos a sua glória, a glória como a do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”. E, dentro deste contexto, sua missão também não é segredo algum conforme o Novo Testamento. O apóstolo Paulo, que posteriormente se uniu à fé cristã e tratou de ser um dos mais decididos responsáveis pela disseminação teológica do cristianismo pelo mundo conhecido, sintetizou bem o plano divino ao qual Jesus estava totalmente conectado. Diz ele, em I Timóteo 1:15 que “Fiel é esta palavra e digna de toda a aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal”. Jesus Cristo objetivamente se tornou homem para salvar os homens.
Relação direta entre Sua primeira vinda e Seu retorno – Para muitos curiosos e simples observadores do esforço midiático anual na promoção do Jesus histórico, Seu ministério terrestre foi o início, o meio e o fim de toda a trajetória. A Bíblia, no entanto, faz a conexão entre Seu nascimento, morte na cruz (significativa espiritualmente e não apenas o resultado de uma insurreição ao poder constituído), ressurreição (que passou a ser questionada, mas sem qualquer amparo arqueológico para eliminar sua fundamentação) e breve retorno a este mundo (para implantar Seu reino tal como predito, inclusive no Antigo Testamento). Em Hebreus 9:28, está registrado que “Assim também Cristo, oferecendo-se uma só vez, para levar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez sem pecado, aos que o esperam para a salvação”. Não é possível interpretar de outra maneira este texto bíblico inspirado que faz alusão ao papel de salvador de Jesus, sem pecado, ao mesmo tempo em que declara que a redenção final se dará por ocasião de Seu retorno para se encontrar com os que esperam a salvação.
Papel de intercessor de Jesus - Finalmente, tenho de considerar que Jesus não apenas nasceu, morreu e ressuscitou. A Bíblia esclarece que Ele assumiu o papel de intercessor. A Bíblia, que infelizmente é utilizada diversas vezes de maneira distorcida servindo a interesses distintos, declara, em Hebreus 9:24, que “Pois Cristo não entrou em santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu para comparecer, agora, por nós, perante a face de Deus”. O leitor atento e sincero em busca de sabedoria advinda da leitura da Bíblia, como Palavra de Deus, encontrará informações preciosas sobre o paralelo entre o santuário terrestre (livros de Êxodo e Levítico, por exemplo) no período em que o povo hebreu era guiado diretamente por Deus, como nação. Também vai se deparar, se ler atentamente capítulos 7,8 e 9 do livro de Hebreus (cuja autoria é atribuída, por muitos, ao apóstolo Paulo) com o importante papel que Cristo passou a exercer, após Sua ascensão ao céu, como intercessor entre Deus e os homens (conforme I Timóteo 2:5).
Não aconselho, portanto, neste final de ano, a se pensar em um Jesus apenas pequenino e indefeso na manjedoura, ou em um personagem meramente histórico, mítico, falível, cuja vida é um emaranhado de sombrios mistérios. Eu não consigo ser levado a pensar nisso. Na minha avaliação, este é um Jesus fragmentado, em pedaços. Meditando na Bíblia, percebo Jesus como Deus, amando a humanidade de tal maneira que morre, ressuscita e passa a interceder de maneira especial em um santuário celestial por cada um. E que efetivamente está vivo e tem um objetivo bem nítido: salvação espiritual.

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