Artigo: Jesus fragmentado

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010


Por Felipe Lemos, mantenedor deste blog. 
  

Sempre no final de ano, perto da época que se convencionou chamar de Natal (25 de dezembro), documentários, reportagens em revistas, jornais, TV e web tratam de sempre trazer à tona conteúdo relacionado a Jesus Cristo. É praxe que isso se perpetue anualmente com a pretensa finalidade de mostrar um pouco mais sobre o personagem que revolucionou o mundo há mais de dois milênios. Contudo, quanto mais o tempo passa, mais creio que o objetivo central de grande parte deste conteúdo oferecido às pessoas em geral é diverso do que se propaga. Penso que, por trás desta movimentação midiática em torno de Jesus Cristo em dezembro, há outras intenções: entretenimento puro e questionamento da divindade de Cristo.
Para se chegar a esta conclusão, basta consumir parte do material que tenta “revelar” quem é Jesus Cristo de fato e contratá-lo com as boas traduções bíblicas. São documentários sugerindo a ligação de Jesus Cristo maritalmente com Maria Madalena, ou então, seu perfil meramente de um líder que se contrapôs ao sistema tradicional judaico e romano. Materiais são publicados e veiculados, também, na intenção de apresentar o cristianismo como fruto de aperfeiçoamento de outras seitas anteriores e colocam em dúvida, por conjecturas de historiadores e ditos estudiosos, o fato de a Bíblia Sagrada confirmar que Jesus Cristo é Deus.
Partindo da Bíblia, a revelação mais substancial acerca de Jesus Cristo, preciso chamar a atenção para alguns fatos que não são levados em conta na hora de retratá-lo em programas sensacionalistas de final de ano. Há alguns elementos que necessitam, ao menos, ser colocados diante das pessoas para que saibam que a Bíblia Sagrada pode não relatar tudo o que a curiosidade alheia espera entender sobre o Jesus histórico, mas é mais abrangente acerca da Sua figura do que se imagina.
Divindade e cumprimento de plano divino em Jesus – A falta de detida leitura da Bíblia em seu contexto permite suposições sobre o papel de Jesus Cristo ao vir a este mundo. O significativo trecho de João 1:1-3, que algumas novas versões parecem estar tendo a ousadia de alterar, é muito transparente no que diz respeito ao Seu papel. Diz ali que “No Princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por meio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez”. O versículo 14 trata de esclarecer que ele se tornou homem ao referir que “O Verbo se fez carne e habitou entre nós. Vimos a sua glória, a glória como a do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”. E, dentro deste contexto, sua missão também não é segredo algum conforme o Novo Testamento. O apóstolo Paulo, que posteriormente se uniu à fé cristã e tratou de ser um dos mais decididos responsáveis pela disseminação teológica do cristianismo pelo mundo conhecido, sintetizou bem o plano divino ao qual Jesus estava totalmente conectado. Diz ele, em I Timóteo 1:15 que “Fiel é esta palavra e digna de toda a aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal”. Jesus Cristo objetivamente se tornou homem para salvar os homens.
Relação direta entre Sua primeira vinda e Seu retorno – Para muitos curiosos e simples observadores do esforço midiático anual na promoção do Jesus histórico, Seu ministério terrestre foi o início, o meio e o fim de toda a trajetória. A Bíblia, no entanto, faz a conexão entre Seu nascimento, morte na cruz (significativa espiritualmente e não apenas o resultado de uma insurreição ao poder constituído), ressurreição (que passou a ser questionada, mas sem qualquer amparo arqueológico para eliminar sua fundamentação) e breve retorno a este mundo (para implantar Seu reino tal como predito, inclusive no Antigo Testamento). Em Hebreus 9:28, está registrado que “Assim também Cristo, oferecendo-se uma só vez, para levar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez sem pecado, aos que o esperam para a salvação”. Não é possível interpretar de outra maneira este texto bíblico inspirado que faz alusão ao papel de salvador de Jesus, sem pecado, ao mesmo tempo em que declara que a redenção final se dará por ocasião de Seu retorno para se encontrar com os que esperam a salvação.
Papel de intercessor de Jesus  - Finalmente, tenho de considerar que Jesus não apenas nasceu, morreu e ressuscitou. A Bíblia esclarece que Ele assumiu o papel de intercessor. A Bíblia, que infelizmente é utilizada diversas vezes de maneira distorcida servindo a interesses distintos, declara, em Hebreus 9:24, que “Pois Cristo não entrou em santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu para comparecer, agora, por nós, perante a face de Deus”. O leitor atento e sincero em busca de sabedoria advinda da leitura da Bíblia, como Palavra de Deus, encontrará informações preciosas sobre o paralelo entre o santuário terrestre (livros de Êxodo e Levítico, por exemplo) no período em que o povo hebreu era guiado diretamente por Deus, como nação. Também vai se deparar, se ler atentamente capítulos 7,8 e 9 do livro de Hebreus (cuja autoria é atribuída, por muitos, ao apóstolo Paulo) com o importante papel que Cristo passou a exercer, após Sua ascensão ao céu, como intercessor entre Deus e os homens (conforme I Timóteo 2:5).
                Não aconselho, portanto, neste final de ano, a se pensar em um Jesus apenas pequenino e indefeso na manjedoura, ou em um personagem meramente histórico, mítico, falível, cuja vida é um emaranhado de sombrios mistérios. Eu não consigo ser levado a pensar nisso. Na minha avaliação, este é um Jesus fragmentado, em pedaços. Meditando na Bíblia, percebo Jesus como Deus, amando a humanidade de tal maneira que morre, ressuscita e passa a interceder de maneira especial em um santuário celestial por cada um. E que efetivamente está vivo e tem um objetivo bem nítido: salvação espiritual.

0 comentários:

Postar um comentário

 
Realidade em Foco © 2011 | Template de RumahDijual, adaptado por Elkeane Aragão.