iPad na manjedoura

domingo, 5 de dezembro de 2010

Por Felipe Lemos, mantenedor deste blog.


O personagem central do Natal no Brasil não é Jesus Cristo há muito tempo. Mas agora nem o mítico Papai Noel. É o IPAD, um equipamento que chegou ao comércio de um dos países que mais cresce economicamente e se torna uma potência no que diz respeito ao volume de negócios e relevância estratégica sob o ponto de vista mercadológico. Estou falando obviamente do Brasil.
Nada especificamente contra o iPad ou sua importância tecnológica ou mesmo as facilidades engenhosamente em geral preparadas para consumo rápido de uma população com renda aumentada. Algumas reflexões, no entanto, quanto ao lugar que alguns personagens passam a ter em detrimento de outros. A tecnologia, e com ela embutido o conceito de consumismo e voracidade pelo material novo (in) capaz de saciar os desejos desenfreados do ser humano, tomou o lugar de Cristo e do Papai Noel nas capas das revistas, nos programas de TV e no coração de muitos também.
Preocupante é pensar o que isso implica nas entrelinhas. Para aqueles que ainda apreciam o hábito de tentar enxergar um pouco além do que se mostra, o iPad agora ocupa o lugar de honra na manjedoura. Não é mais o Papai Noel, que ainda simbolizava uma pessoa, alguém, um ser humano que ludicamente fazia a alegria dos pequenos distribuindo presentes no Natal quente do hemisfério sul e frio do hemisfério norte. Tampouco é Jesus Cristo, o que verdadeiramente nasceu, viveu, morreu, reviveu e que revolucionou o modo de ser humano fazendo a vontade de Deus perante os homens e os ensinando-os simplesmente a fazer o mesmo.
Enquanto o iPad dorme tranquilo na manjedoura de ouro preparada com boas campanhas publicitárias, forte apelo da mídia espontânea e rodeado de adoradores da tecnologia de ponta, o Brasil e o mundo assistem aos jovens, crianças e adolescentes não terem mais interesse por religião e nem educação. Religiosidade é coisa distante de boa parte dos jovens que querem uma experiência sobrenatural, mas talvez prefiram ficar longe de um Deus pessoal, de um Jesus vivo hoje pronto para ouvi-los e agir em seu favor. É possível que a preferência seja por um Jesus unicamente histórico e, se possível, envolto em mistérios e histórias mal contadas do passado. Pena. Jesus pode renascer na vida de cada um hoje ainda. Há tempo para isso. Não como uma fantasia natalina, nem uma lenda, mas de forma real.
Educação também é algo que já deixou de ser tão importante no país que elege o iPad como personagem principal do final de ano. Holofotes em cima do aparelho que acessa e permite muita coisa, enquanto na escuridão os números mostram jovens pouco preparados após deixar o Ensino Médio, muitos pequenos ainda fora da escola e instituições sucateadas, além de mestres desanimados, despreparados e sem vontade alguma de fazer seu melhor pela educação das futuras gerações. Religião consistente com base no relacionamento pessoal com Deus e educação de verdade para todos, duas necessidades para se pensar no próximo ano. Bem diferente do consumismo anual de fim de ano.

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