Fortuna de líderes religiosos distorce imagem do cristianismo

domingo, 20 de janeiro de 2013

Portal UOL, 18.01.2013.


"Religião sempre foi um negócio lucrativo." Assim começa uma reportagem da revista americana "Forbes" sobre os milionários bispos fundadores das maiores igrejas evangélicas do Brasil.
A revista fez um ranking com os líderes mais ricos. No topo da lista, está o bispo Edir Macedo, que tem uma fortuna estimada em R$ 2 bilhões, segundo a revista.

Em seguida, vem Valdemiro Santiago, com R$ 400 milhões; Silas Malafaia, com R$ 300 milhões; R. R. Soares, com R$ 250 milhões; e Estevan Hernandes Filho e a bispa Sônia, com R$ 120 milhões juntos.

OS SEIS LÍDERES EVANGÉLICOS MILIONÁRIOS, SEGUNDO A "FORBES"

NomeFortunaIgreja
Edir MacedoR$ 2 biIgreja Universal do Reino de Deus
Valdemiro SantiagoR$ 400 miIgreja Mundial do Poder de Deus
Silas MalafaiaR$ 300 miAssembleia de Deus Vitória em Cristo
R.R. SoaresR$ 250 miIgreja Internacional da Graça de Deus
Estevam Hernandes Filho e bispa SôniaR$ 120 milhõesIgreja Renascer
  • Fonte: "Forbes"
Edir Macedo, fundador e líder da Igreja Universal do Reino de Deus, além de ser o pastor mais rico do Brasil, possui templos até nos Estados e um jato bimotor particular, de modelo Bombardier Global Express XRS, estimado em R$ 90 milhões.
Macedo tem 10 milhões de livros vendidos, alguns deles extremamente críticos à Igreja Católica e a algumas religiões africanas.
Seu maior movimento aconteceu na década de 1980, quando adquiriu a rede Record, a segunda maior emissora do Brasil. Além disso, é dono do jornal "Folha Universal", que tem uma circulação de 2,5 milhões de exemplares, e do canal de notícias Record News.
Seguindo os passos de Macedo, Valdemiro Santiago é ex-pastor da Igreja Universal do Reino de Deus. Após se desentender com o chefe, ele fundou sua própria igreja: a Igreja Mundial do Poder de Deus, que tem 900 mil seguidores e mais de 4.000 templos, muitos deles adornados com imagens dele. Sua fortuna é estimada em R$ 400 milhões.
Silas Malafaia é líder da Assembleia de Deus, a maior igreja pentecostal brasileira. Entre os pastores, ele é o mais polêmico, e se envolve frequentemente em controvérsias com a comunidade gay do Brasil, já que declara ser o maior opositor ao casamento gay.
Ele também é uma figura proeminente no Twitter, onde possui mais de 440 mil seguidores.
Em 2011, Malafaia, cuja fortuna é estimada em R$ 300 milhões, lançou uma campanha a fim de arrecadar R$ 1 bilhão para a sua igreja, com o intuito de criar uma emissora de televisão global, que seria transmitida em 137 países. Os interessados podem contribuir com somas a partir de R$ 1.000, e em troca receberão um livro.
Já o cantor, compositor e televangelista Romildo Ribeiro Soares, conhecido como R. R. Soares, é possivelmente o mais multimídia entre os pastores brasileiros. Fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus, R. R. Soares é uma das faces mais regulares da TV brasileira.
Ele também é ex-membro da Igreja Universal do Reino de Deus, além de ser cunhado de Macedo. Autointitulado "missionário", tem uma fortuna estimada em R$ 250 milhões. Sua aeronave particular, de modelo King Air 350, custa "apenas" R$ 10 milhões.
Fundadores da Renascer em Cristo, o "apóstolo" Estevam Hernandes Filho e sua mulher, a "bispa" Sônia, possuem mais de mil igrejas no Brasil e no exterior – várias delas na Flórida, nos Estados Unidos.
Com uma fortuna estimada em R$ 120 milhões, o casal foi manchete dos jornais internacionais em 2007,quando foram presos em Miami sob a acusação de levarem consigo mais de R$ 100 mil não–declarados. Algumas notas estavam escondidas em meio às páginas da Bíblia, segundo agentes norte-americanos.
Eles voltaram ao Brasil um ano depois, onde respondem por outros crimes, entre eles a queda do teto de um de seus templos, que deixou nove pessoas mortas em 2009.
Entre seus ex-fiéis mais conhecidos, está o jogador de futebol Kaká, que doou mais de R$ 2 milhões no período em que frequentou a igreja. Ele deixou a instituição após as denúncias de fraude envolvendo o casal Hernandes.
Ser um pastor evangélico no Brasil é o sonho de muitas pessoas, de acordo com a Forbes. Diferente de muitas igrejas protestantes, que requerem que seus pastores tenham uma graduação, as igrejas neopentecostais brasileiras oferecem cursos intensivos para "criar" pastores com um custo de R$ 700, para poucos dias de aula.
Não é apenas uma questão de dinheiro – Malafaia, por exemplo, chega a pagar salários de R$ 20 mil a seus pastores mais talentosos – mas também de poder, segundo a reportagem.
Muitos pastores brasileiros conseguiram passaportes diplomáticos nos últimos anos. Alguns, especialmente os mais ricos, são cortejados por políticos em época de eleições. Para finalizar, igrejas são imunes a impostos.

Crescimento dos evangélicos

A Forbes também destaca o crescimento dos evangélicos no Brasil --de 15,4% para 22,2% da população na última década--, em detrimento dos católicos. Hoje, os católicos romanos somam 64,6% da população, ou 123 milhões de brasileiros. Os evangélicos, por sua vez, já somam 42 milhões, em uma população total de 191 milhões de pessoas.
Para a revista, um dos motivos do crescimento de religiões evangélicas se dá graças à teologia da prosperidade, segundo a qual o progresso material é resultado dos favores de Deus. Enquanto o catolicismo ainda prega um olhar conservador sobre o além-vida, os evangélicos --sobretudo os neopentecostais-- são ensinados a ter prosperidade nesta vida.
A fórmula parece estar funcionando. De acordo com a revista, os evangélicos formam uma parte da nova classe média brasileira, conhecida como classe C. Enquanto isso, os mais ricos e os mais pobres permanecem católicos.
Os evangélicos não só usufruem de seus bens como doam uma parte de sua renda à igreja – prática conhecida como "dízimo" e que também está presente em outras religiões cristãs. Isto faz com que certas igrejas pentecostais sejam negócios altamente lucrativos, e seus líderes, milionários. É a chamada "indústria da fé".
Outro lado
O pastor Silas Malafaia afirmou, por sua vez, que sua renda pessoal não é a informada pela revista Forbes. "Se juntarmos a receita da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que não é minha, mais a renda da Associação Vitória em Cristo, que não é minha, mais o faturamento da Editora Central Gospel, que é de minha propriedade, mais as ofertas voluntárias que recebo pelas palestras ministradas, chegaremos aproximadamente à metade do que foi anunciado pela Forbes como minha renda pessoal anual", disse, em uma nota.
"Tudo o que tenho está declarado na Receita Federal. Não devo e não temo a nada", continuou. Malafaia ainda destacou que "o que está em jogo é uma mensagem para criar na sociedade preconceito contra pastores e igrejas evangélicas".
Ele reiterou que não recebe "salário de igreja nenhuma" e informou que a Forbes "será inquirida judicialmente".
Meu comentário - Realmente a divulgação dessa lista, por parte da Forbes, tem obviamente uma conotação pejorativa no sentido de tentar mostrar que religião cristã, sobretudo evangélica, resume-se a um negócio lucrativo. Essa é a imagem que a imprensa em geral faz das religiões evangélicas. Aí me pergunto: por que essa imagem existe?
Não creio que seja algo tão gratuito como querem afirmar alguns líderes citados pela reportagem. Não estou aqui defendendo a revista que fez uma matéria com uma afirmação generalizada e equivocada. Mas a imagem de uma religião ou de qualquer instituição é constituída de pequenos pedaços como se fosse um quebra-cabeças. O problema é que, ao que parece, a imagem criada na mente não apenas dos formadores de opinião da imprensa mas do público em geral, é que líder evangélico é sinônimo de ganho ou lucratividade com a exploração da fé dos outros. De onde será que vem isso?
A Bíblia com certeza não é a origem desse conceito errôneo. Na Palavra de Deus, fica claro que não há problema algum em se obter riquezas. Abraão, Jó, Salomão e outros personagens eram providos de boa condição financeira. Um dos aspectos mais importantes é que as riquezas não devem se constituir no alvo principal da vida de uma pessoa, ou seja, o ser um deus alternativo. Nem serem geradas por meios ilícitos  e nem fruto da exploração da crença das pessoas.
Se os líderes citados pela reportagem e outros tantos não se enquadram em nenhuma dessas condições devem estar tranquilos quanto à divulgação da lista. O montante realmente é alto, mas, como se tratam de empresários acima de tudo, o valor pode até se tornar justificável. 
Evidentemente a aparência disso não é das melhores e não contribui, de maneira geral, para formar uma imagem do cristianismo hoje mais semelhante à do tempo dos apóstolos. É por isso, provavelmente, que chama tanto a atenção dos meios de comunicação. 
Se o cristianismo genuíno é discreto e não opulento, o que mais vai chamar a atenção são os resultados dessa fé em ação. Caso contrário, o assunto principal vai ser esse mesmo: os ganhos dos líderes religiosos. Triste, porque o cristianismo bíblico vai muito além disso. 

2 comentários:

  1. Noemi disse...:

    Reciban muchas bendiciones desde mi blog www.creeenjesusyserassalvo.blogspot.com
    VISITANDOLES DESDE EL SALVADOR CENTROAMERICA.

  1. Priscila Nonato disse...:

    é muito triste ver que a maioria dos lideres religiosos de hoje estão mais interessados em ajuntor dinheiro do que em ajudar as ovelhas .Jesus quando veio a terra não tinha nem onde repousar a cabeça enquanto os que dizem ser servos dele hoje tem mansões,helicopteros e fazendas ...Mas Deus irá dar a cada um segundo as suas obras ,a gente ver so a aparencia ne ,mas deus ver o coração ,ele sabe de todas as coisas ...

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