Inventamos um mundo complexo para justificarmos, quem sabe, nossa sapiência, nossa capacidade de desenvolver algo diferente e complicado até para explicar as outras gerações. Mas a sabedoria divina diz que o simples sempre foi soberano e quem o adotou realmente foi sábio. Não acredita? Pois leia o que se fala no mundo corporativo ou ouça o que tem dado resultado na vida de milhares que seguem os conceitos de simplicidade em sua existência. Milhares pagam bom dinheiro para tentar entender
o glamour de uma vida longe do ritmo frenético das grandes e nervosas cidades. No Parque Nacional do Xingu, no estado do Mato Grosso, no Brasil, turistas chegam a pagar 800 Reais para ver de perto como vivem índios no estado mais natural possível. Fazem excursões em busca do segredo dos hábitos modestos dos indígenas. Será que almejar uma vida mais simples é uma moda passageira ou uma necessidade que vem desde os tempos mais remotos e que o ser humano insiste em não querer suprir? Na Bíblia, livro sagrado do cristianismo, os exemplos são antigos e numerosos, mas vou me deter em três aspectos da simplicidade da vida de Jesus Cristo. Engraçado é constatar tantas pessoas admirarem Seu caráter e o que Ele representou na revolução espiritual desse mundo, mas pouco se fala sobre um de seus maiores ensinamentos: a simplicidade.
Vida simples com relacionamentos pessoais - A febre das redes sociais virtuais com seus milhões de usuários vidrados o tempo inteiro em algum tipo de tela para ver se alguém quer lhes dizer algo ou compartilhar algum momento particular ilustra muito bem o que já acontecia há pelo menos 2 mil anos. Jesus estabeleceu vínculos pessoais para mudar os conceitos de gente que possuía necessidades específicas. Atendia a cada um dos distintos públicos com abordagens diferentes e extremamente bem sucedidas. Sabia ser empático com o sofredor, firme com o hipócrita, prudente com os criadores de armadilhas e simpático com as crianças. Gastava tempo entendendo o que se passava na vida humana, observava e então agia com um profundo amor e desejo de oferecer algo melhor para quem mantinha contato com ele. Ele sabia que os relacionamentos sólidos se transformariam em gente multiplicadora de esperança para outros. Falava a multidões, mas mantinha relações pessoais. Não baseou Seu ministério em meros discursos, projetos com ideias que "desciam de cima para baixo" ou despotismo. Partia do pensamento humano para levá-lo ao ideal divino e o fazia por meio de relacionamentos. Ele tinha sua rede social pessoal com poucos seguidores e amigos, mas a força de Sua vida (mensagem encarnada) logo se traduziu em milhões de adeptos. Relacionamentos simples, mas eficazes. No livro Beyond Imagination, Baldwin, Gibson e Thomas analisam que, desde a criação do mundo, Deus estabeleceu o livre arbítrio ou livre possibilidade de decisão para justamente o homem ser livre e estabelecer relacionamentos. É o caso de alguém escolher ser amigo de outra pessoa e Deus mesmo quis esse tipo de contato com o ser humano desde o princípio.
Simples métodos de trabalho - Se analisarmos os métodos usados por Cristo veremos que eram fundamentalmente simples. Ele agiu em torno de um pequeno grupo de influência (começou com apenas doze e não comeuzentos), foi um líder-servo em todas as oportunidades (não apena falava, mas era em essência aquilo que dizia aos outros para serem) e trabalhou de maneira individualizada e não "por atacado". Era regrado e não se desviava do Seu foco principal por nenhuma razão. Jesus poderia ter exercido diversas e diferentes atividades inclusive de subversão aos governos vigentes, poderia ter empreendido uma obra puramente assistencial ou mesmo criado uma seita única e arregimentado um considerável séquito de seguidores fiéis, mas nada disso era Sua missão. Sua simples metodologia envolvia grupos menores de convivência e um ensino por parábolas que aludiam aos elementos familiares do povo. Seu ideal era alcançar o âmago da existência humana, muito mais do que apenas ser bem visto, bajulado ou aceito socialmente.
Simples hábitos sem exageros - Jesus nutria hábitos modestos e provavelmente comia alimentos mais simples e saudáveis, mas, ao mesmo tempo, via como estratégicos alguns almoços com cobradores de impostos, prostitutas e outros proscritos da sociedade. Acordava cedo e, portanto, dormia mais cedo, caminhava muitos quilômetros diários e mantinha conversação sadia com qualquer tipo de pessoa em vez do que hoje é a realidade da maioria das pessoas. Esse comportamento, que era seu estilo de vida e não uma moda passageira, fazia dele um homem singular. Para alguns, um louco revolucionário que não sabia aonde iria chegar. Para outros, um sujeito de ótimo coração e, na avaliação de poucos, alguém como Deus em pessoa. Mesmo sem participar da vida social daquela época e sem exercer qualquer cargo público importante, Sua trajetória alterou drasticamente os conceitos e preconceitos mantidos a ponto de finalmente resolverem aprovar Sua morte.
Não sou exemplo ou referência para ninguém, mas creio sinceramente na simplicidade bíblica, sobretudo a manifestada por Cristo, como algo muito forte para a humanidade imersa em tantas opções, tantas tecnologias, tantas estratégias, tantos alvos e tantas metas a perseguir. E para quem pensa que o simples significa alo raso ou superficial, basta comparar os profundos e radicais resultados obtidos por Jesus com Sua maneira de pensar e agir com aquilo que se conseguiu até hoje de mais real e concreto para qualidade de vida em todos os aspectos.
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