UNIÃO ESTUDA REGULAMENTAR ABERTURA DO COMÉRCIO AOS DOMINGOS

quarta-feira, 21 de março de 2007

Correio Braziliense, 18.03.2007.

Pressionado por uma classe que representa quase 20% da força de trabalho do país, o governo decidiu retomar o debate sobre a abertura do comércio aos domingos e feriados. Apesar de a Constituição e de uma lei federal delegarem a cada município a opção pelo funcionamento ou não das lojas nesses dias, o Ministério do Trabalho vai novamente ouvir os argumentos de patrões e empregados. De acordo com o ministro Luiz Marinho, dentro de 60 dias uma medida provisória ou projeto de lei deverá ser enviado ao Congresso Nacional. A pretensão é criar uma regulamentação única, que tenha validade para todo o varejo. Ao retomar o assunto, o governo ressuscita uma discussão que acabou fracassando no extinto Fórum Nacional do Trabalho.
No ano passado, trabalhadores e empresários não chegaram a um acordo. “Faltou muito pouco”, resume Marinho. Ao contrário do que gostariam os lojistas, governo e empregados exigem que os domingos de expediente sejam intercalados com domingos de folga. Para possibilitar a abertura das lojas em todos os domingos, defende o ministro, o comércio terá que obrigatoriamente contratar mais mão-de-obra para implantar rodízios de funcionários. “Se você vai funcionar mais horas no ano, tem de ter mais gente trabalhando”, diz Luiz Marinho. A proposta não agrada aos empregados do varejo. Geralda Godinho Sales, secretária-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços (Contracts), afirma que a abertura aos domingos não criou novas vagas. Pior do que isso: institucionalizou a “superjornada” semanal. “É compreensível que os estabelecimentos ligados ao lazer e à diversão fiquem abertos, mas os demais, não. Exceto em datas especiais, como Natal e Dia das Mães”, defende a sindicalista. “Os casais estão se separando e os filhos sendo jogados nas ruas”, completa. A Contracts estima que há 10 milhões de comerciários em todo o país. No Distrito Federal, trabalha-se domingo sim, domingo não. A jornada é de seis horas, com direito a uma folga na semana anterior ao domingo trabalhado. O funcionário ainda recebe vale-refeição e vale-transporte. São cerca de 100 mil comerciários no DF, distribuídos em supermercados, concessionárias de veículos, lojas de shoppings e de rua. Com problemas de varizes, o comerciário Antônio Alves Barros, 39 anos, reclama do ritmo e das cobranças impostas pelos gerentes das grandes redes de varejo. O domingo, segundo ele, é utilizado como uma ferramenta de exploração. “Você está cansado. É dia de ficar em casa, cuidar da família”, afirma. De tanto ficar em pé e carregar mercadorias, Barros teve um problema de circulação agravado e precisou ser operado. Está afastado dos balcões há dois anos, sobrevivendo apenas com o dinheiro do auxílio-doença pago pelo INSS. “Fiquei doente de tanto trabalhar”, diz.
A lei que está sendo preparada não pretende engessar o varejo. A idéia do governo não é obrigar a abertura das lojas aos domingos e feriados, mas estabelecer critérios que deverão ser respeitados em caso de funcionamento. Para que o comércio abra, continuará sendo necessário que patrões e empregados assinem a convenção coletiva ou firmem acordos, desde que sigam as regras definidas na futura lei. Enquanto isso, em todo o país o comércio e as administrações municipais tentam encontrar soluções que não desagradem trabalhadores, mas que também não tragam prejuízos aos empresários. Na cidade de São Paulo, direitos e deveres estão explícitos na convenção coletiva, e os paulistanos vão às compras todos os dias da semana. “Somos favoráveis ao trabalho aos domingos, desde que o funcionário não seja escravizado”, justifica Ricardo Patah, presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo.
Na última quarta-feira, Patah esteve em Brasília discutindo o tema com o secretário de Relações do Trabalho, Luiz Antônio de Medeiros, responsável por conduzir as negociações. Em Belo Horizonte, a polêmica está no auge. Até 2006, um projeto da Câmara de Vereadores estipulava o funcionamento do comércio em seis domingos do ano. Em janeiro deste ano, porém, a prefeitura vetou a proposta e colocou o assunto em consulta pública. A população está votando pela internet para decidir se quer ou não que o comércio funcione sempre. Na visão dos lojistas, deixar de atender naquele que é o segundo melhor dia de vendas é quase um suicídio contábil. “Para o empresário, 52 dias a mais de faturamento são importantes. Quem não abre está perdendo clientes para a concorrência”, argumenta o presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), Nabil Sahyon.

7 comentários:

  1. Olá!
    Mto bom teu blog...
    Vc tem talento!
    Tu é jornalista formado???
    Estou estudando Jornalismo na UNIVERSIDADE ADVENTISTA DE SÃO PAULO, Campus Engenheiro Coelho...
    Bem.. se puderes me responder...
    Meu email é keila_menezes@yahoo.com.br

    abs!

  1. Filipe Reis disse...:

    Olá Felipe.

    Em Portugal, somente as grandes superfícies comerciais não estão autorizadas a abrir aos domingos e feriados da parte da tarde (abrem de manhã por quatro horas), com excepção dos meses de Novembro e Dezembro.

    Você já está a ver o porquê, certo? Interesses comerciais da época de Natal.

    Isto quer dizer que o principal factor do qual depende a abertura de todos os espaços comerciais em qualquer dia da semana, é a economia.

    Podemos facilmente acreditar que no caso de as coisas se complicarem financeira e economicamente, todos os dias do ano serão dias de comércio... Aqui e em qualquer parte do mundo.

    Cumprmentos.

  1. Felipe Lemos disse...:

    Keila!
    Sou jornalista formado com experiência na área desde 1994. Atualmente trabalho como assessor de imprensa corporativo em Florianópolis e para a Associação Catarinense da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
    Só estou trabalhando para honra e glória de Deus.
    Continue comentando e aguardo novas sugestões.
    Deus te abençõe em seus estudos.

  1. Felipe Lemos disse...:

    Obrigado por esse comentário importante amigo Filipe.
    Então Portugal tem uma legislação federal sobre o assunto ou a decisão é nas cidades ou estados sobre o trabalho do comércio aos domingos?

  1. Filipe Reis disse...:

    Em Portugal, os horários de abertura e/ou encerramento dos estabelecimentos do comércio (ou qualquer outro tipo), é definido pelo governo central da República, com flexibilidade suficiente para as cidades (aqui chamadas autarquias) poderem também influenciar essa determinação conforme melhor servir o interesse do local.

    Cada estabalecimento é definido num grupo específico (normalmente pela dimensão ou função: supermercados, hipermercados, lojas grossistas ou de retalho, comércio tradicional, lojas de conveniência, etc.). Cada um destes grupos têm os seus horários.

    Parece-me que o governo ainda consegue proteger o comércio mais "pequeno" ou tradicional, e não se colocou refém das grandes empresas normalmente proprietárias dos grandes hipermercados e shopping-centers. Daí, dar alguma liberdade ao "poder local" nesta questão.

    Se quiser ler mais alguma informação sobre o assunto, consulte o ponto 5. HORÁRIOS DOS ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS em http://www.aped.pt/index.php?option=content&task=view&id=38&Itemid=41

    Cumprimentos

  1. Wesley Santiago disse...:

    Acredito que com o comércio abrindo aos domingo,mas sendo mantida a folga semanal,ficará bem melhor para aqueles que desejam a guarda do santo sábado,pois poderão negociar a folga.Isso é unir o necessário para esta vida ao nacessário para a outra vida,que é eterna.
    DEUS EM PRIMEIRO LUGAR!!!!!!!

  1. Anonymous disse...:

    meu comentário é um seguinte, esses porras estão amando mais o dinheiro do q a Deus...Deus disse: " AMAR DEUS OU O DINHEIRO " C AMA DINHEIRO Ñ AMA DEUS....E TBM, EU TRABALHO EM SUPER MERCADO..FAZ O FAVOR MEU..A GENTE NEM FICA SABENDO DE NADA..ESAMOS SENDO ESCRAVIZADO SIM..EU Ñ QUERO PORRA DE FOLGA NENHUMA, EU QUERO MEU DOMINGO COM A FAMILIA....A GENTE ESTA PARECENDO UM RELOGIO...MAIS ´SO Q NO TRABALHO..
    MAIS DEIXA ELES, ELES ACHAM Q PODEM TUDO, QUANDO ELES FOR PARA O OUTRO LADO ELES VÃO VER Q ESSA PORRA DE DINHEIRO Ñ VALE NADA E Q TBM O DINHEIRO Ñ VAI SALVAR ELES....BANDO DE FORGADOS..SÓ PENSAM NO PROPRIO NARIZ..EU Ñ TENHO MEDO DE DIZER ISSO Ñ...NA TERRA É TUDO ILISÃO...DEUS ESTA OLHANDO O Q ELES ESTAÕ FAZENDO..
    FALOU

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