Meio & Mensagem On Line, 13.12.2010, às 12h30min
Segundo nota publicada no site oficial da Atea, as duas empresas desistiram da veiculação por receio da repercussão da campanha publicitária. O presidente da organização, Daniel Sottomaior, revelou a reportagem de M&M Online que as empresas de mídia responsáveis pela ação eram a Fastmidia, em Salvador e a Objectif, em Porto Alegre.
Segundo a nota do site, a empresa da capital baiana declarou que desistiria do projeto por conta de possíveis reclamações do Estado e também dos proprietários das empresas de ônibus da cidade. Já a notícia referente a empresa de Porto Alegre aponta que a ação foi barrada na cidade.
A campanha
A ideia da associação era, a partir desta segunda-feira 13, veicular peças em cinco ônibus de Salvador e dez ônibus de Porto Alegre sugerindo às pessoas que questionassem suas crenças e respeitando a liberdade religiosa. Segundo a Atea, a campanha não tem o objetivo de provocar uma descrença em massa, mas sim de lutar pela igualdade de opinião e pela aceitação na sociedade daqueles que não creem em uma entidade superior.
O conceito dos anúncios e a criação da identidade visual da campanha foram assinados pela agência Elefantte, localizada na cidade de Montes Claros, em Minas Gerais. Segundo o redator da agência, Neto Macedo, contribuir para uma causa desse tipo foi muito gratificante. Segundo ele, os conceitos criados para as peças tinham dois objetivos: mostrar que os ateus são pessoas comuns, assim como qualquer outra e também desconstruir a ideia de que as pessoas que creem em Deus tem um caráter melhor do que aquelas que não creem. “Tivemos muito cuidado para não ofender nenhuma crença religiosa, pois o objetivo das peças era unicamente o de promover a consciência de que o preconceito com os ateus é errado”, frisou Macedo.
A Atea não informou se existe a possibilidade de contratar uma nova empresa para a realização da campanha e quando as peças serão veiculadas.
Nota: Provavelmente o que levou à decisão é o fato de que a religiosidade brasileira constrangeu os anunciantes e a própria associação em última instância. As empresas não quiseram pagar o alto custo de uma publicidade, como esta, que geraria mais polêmica e muita represália. A manifestação oficial dos ateus é legítima, assim como a manifestação de criacionistas, evangélicos, católicos, espíritas e pessoas de outras crenças. O limite, no entanto, é a liberdade de expressão do outro. Conforme os princípios elementares da liberdade religiosa, nenhuma igreja, seita ou ramo filosófico pode denegrir ou ofender outro com suas ações. Isto é muito claro, mas por que, então, ainda existe a intolerância? Porque algumas pessoas ou grupos, cujas crenças não têm a consistência desejada, preferem tentar destruir o que os outros pensam em vez de exaltar aquilo no qual acreditam. A imposição de pontos de vista, de qualquer natureza, é nociva à boa convivência entre as pessoas. Isso vale para os ateus e para os que não são ateus. Cristãos e outros grupos, somente para exemplificar, que pretendem realizar ações expressivas de fé devem, também, ponderar sobre a maneira como vão difundir suas crenças. O respeito, amplamente ensinado por Jesus Cristo - referência maior do cristianismo, precisa prevalecer. Se isso não ocorre, alguma coisa errada está nos militantes.
Olá Felipe, como vai? Só para constar, as peças criadas pela Elefantte foram:
- a que aparece o Hitler e o Chaplin e
- uma que não foi veiculada onde tinha escrito "7% das pessoas neste ônibus não têm religião*. Já conseguimos um espaço no ônibus. Agora falta um espaço na sociedade. Diga não ao preconceito contra ateus".
Cremos que estas duas peças não ofendem ninguém nem nenhum credo. A intenção foi sempre a de conscientizar para o não-preconceito, e não "converter" pessoas ao ateísmo ou ofender religiosos. A que tem os dados do censo é quase inocente e a do hitler é simplesmente para provar o ponto que religião não define, caráter. Temos religiosos bons e ruins e ateus bons e ruins. =)
Se quiser, posso te enviar as peças em alta resolução para você complementar sua notícia. É só me passar o seu email. Se você pudesse colocar um link para o site nosso quando cita a agência, ficaria muito agradecido também. Um abraço e obrigado por ter publicado a notícia e também por ter feito uma observação pessoal. Esse era o principal objetivo, o debate. Abraço!
*de acordo com o censo de 2000.